Sexta-feira, 04 De Novembro,2011

O LIVRE ARBÍTRIO

 

Que é o livre-arbítrio?

Abrindo “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar no Capítulo X - Da Lei de Liberdade -, 3ª Parte da obra, oito questões relacionadas com o assunto livre-arbítrio (Questões 843 a 850), nas quais os Espíritos superiores instruem-nos a respeito.

Logo na Questão 843, indaga o Codificador se o homem tem o livre-arbítrio de seus atos. E os Espíritos respondem que se tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar, porquanto, sem o livre-arbítrio ele seria máquina.

Em resposta à Questão 845, os Espíritos afirmam que conforme se trate de Espírito mais ou menos adiantado, as predisposições instintivas podem arrastá-lo a atos repreensíveis, porém não existe arrastamento irresistível.

Basta que o Espírito (encarnado ou desencarnado), sendo consciente do mal a que esteja ou se sinta arrastado, utilize a vontade no sentido de a ele resistir.

Verificamos, no contexto geral das Questões acima referidas, que não há desculpa óbvia para o mal que o homem venha a praticar, uma vez que ele, por mais imperfeito que seja, tem a consciência do ato que pratica - se é bom ou se é mau.

O livre-arbítrio é uma faculdade indispensável ao ser humano, não nos resta qualquer dúvida, pois, sem ele, já foi dito, o ser espiritual seria simples máquina ou robô, sem qualquer responsabilidade dos atos que viesse a praticar.

É justamente a faculdade do livre-arbítrio que empresta ao homem certa semelhança com o Pai soberano do Universo. E constitui desiderato pleno desse Pai magnânimo que os Espíritos, seus filhos, cresçam para a glória eterna, iluminando-se na prática da sabedoria e do bem.

A prática do mal pelo Espírito, encarnado ou desencarnado, não tem qualquer justificativa porque ele sabe quando obra indevidamente. Caim, no exemplo bíblico, ao matar Abel, tinha plena consciência do que fazia tanto que o fez às escondidas. O que faltou a Caim foi a compreensão de que nada há oculto aos olhos de Deus!

Pode-se, verdadeiramente, lesar os homens, pode-se até mesmo lesar-se a si próprio, mas nunca lesará alguém a magnânima justiça de Deus.

Esclarece-nos a Revelação da Revelação, ou “Os Quatro Evangelhos”, que o Espírito antes de encarnar toma resoluções quanto ao gênero das provações, quanto à extensão e ao termo delas, até mesmo quanto à duração da existência bem como quanto aos atos que praticará durante a mesma, no entanto, o emprego, o uso ou o abuso que ele faz da vida terrena muitas vezes o impedem de atingir o limite e o bom cumprimento daquela resolução (l.º Volume, pág. 139, 7ª edição FEB).

No caso enfocado, o Espírito teve o livre-arbítrio de programar o que seria a sua encarnação, no entanto, em função do próprio livre-arbítrio, por usá-lo mal ou dele abusar, estragou um bom programa de vida. Há, porém, aqueles que procuram justificar-se com fundamento no esquecimento produzido pelo véu da carne.

Os Espíritos, todavia, em resposta à Questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, explicam que “não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro.” E concluem: “Esquecido de seu passado ele é mais senhor de si.”

Vejamos, por exemplo, uma situação em que determinado indivíduo houvesse sido homicida em sua última encarnação e tivesse programado para a atual existência a quitação desse delito. Não obstante a desnecessidade de desencarnar assassinado, ele não teria paz até o dia de seu retorno à vida espírita. Estaria sempre sobressaltado e na expectativa da presença de alguém que lhe viesse subtrair a vida física, se recordasse sua transgressão anterior.

O esquecimento do passado é necessário, misericordioso, e justifica perfeitamente a prova ou provas a que todos estamos naturalmente submetidos, pois essa é uma das funções da vida corporal.

Sentimos a importância do livre-arbítrio quando somos levados a tomar decisões que incomodam a consciência... Isto significa quanto o Pai celestial é bom, nos ama e se preocupa com o nosso progresso. Concede-nos o livre-arbítrio, mas concede-nos igualmente a consciência, espécie de censor natural, que nos alerta quando dele pretendemos abusar.

A propósito queremos fazer um paralelo entre duas informações ou elucidações em torno do livre-arbítrio e as conseqüências de sua errônea utilização. Uma se encontra em “Os Quatro Evangelhos” ou Revelação da Revelação (l.º Vol. pág. 299, 7ª edição FEB), nos seguintes termos:

“Esses Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da Humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, encarnam em mundos primitivos, ainda virgens do aparecimento do homem, mas preparados e prontos para essas encarnações” (grifos da obra).

A outra se encontra em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo III, Item 16, edição FEB), nos termos seguintes:

“Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colocada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos revelou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, Ah! Há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”

Em ambas as elucidações, vê-se que o livre-arbítrio é um dom de que o Espírito pode abusar, mas terá sempre de enfrentar as conseqüências desse abuso, sofrendo encarnações destinadas a purificá-lo, transformá-lo, regenerá-lo, o que não deixa de ser pena de efeito verdadeiramente misericordioso.

Os itens 16 e 17 desse capítulo de “O Evangelho segundo o Espiritismo” são constituídos de uma mensagem de Santo Agostinho, que deve ser lida atenciosamente pelo espírita estudioso. Pois a questão livre-arbítrio confunde bastante aqueles que a conhecem apenas superficialmente, literariamente, sem analisar-lhe a profundidade científico-filosófica.

Há, ainda, aqueles que confundem livre-arbítrio com direito, quando são duas coisas diferentes. No livre-arbítrio temos uma ação voluntariosa de escolha entre alternativas diferentes em que o ator é responsável pelas conseqüências do seu ato. Na ciência do direito a responsabilidade do ato praticado decorre da lei humana.

A Doutrina Espírita exerce, portanto, considerável papel em sua função de Consolador prometido pelo Cristo de Deus: o de alertar as almas que atingiram determinado degrau da escala evolutiva, em que a alegação de ignorância já não atenua determinados erros cometidos em função do livre-arbítrio. No que diz respeito aos habitantes de um mundo em vias de mudança para estágio de regeneração, vale acentuar ainda, conforme vimos acima, a função da consciência como faculdade de alertamento no processo optativo das alternativas para a ação.

A Doutrina está no mundo para todos. Ela não pertence aos espiritistas. Enviou-a Jesus à Humanidade. Os espiritistas somos apenas seus instrumentos de exemplificação e divulgação sem qualquer outro “privilégio” além da consciência do livre-arbítrio.

 

Fonte: Reformador nº1984 – Julho/1994


 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:22
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Sábado, 03 De Setembro,2011

DO PECADO ORIGINAL SEGUNDO O JUDAÍSMO

 

Pode ser interessante, para aqueles que o ignoram, conhecer a doutrina dos Judeus com respeito ao pecado original; pedimos emprestada a explicação seguinte ao jornal israelita, Ia Famille de Jacob, que se publica em Avignon, sob a direção do grande rabino Benjamin Massé; número de julho de 1868.

 

"O dogma do pecado original está longe de estar entre os princípios do Judaísmo. A lenda profunda que o Talmud (Nida XXXI, 2) e que representa os anjos fazendo a alma humana, no momento em que ela vai se encarnar num corpo terrestre, prestar juramento de se manter pura durante a sua estada neste planeta, a fim de retornar pura junto do Criador, é uma poética afirmação de nossa inocência primitiva e de nossa independência moral da falta de nossos primeiros pais, Essa afirmação, contida nos livros tradicionais, está conforme o verdadeiro espírito do Judaísmo.

"Para definir o dogma do pecado original, bastar-nos-á dizer que se toma pela letra o relato da Gênese, do qual se desconhece o caráter lendário, e que, partindo desse ponto de vista errado, aceitam-se cegamente todas as conseqüências que dele decorrem, sem se importar com a sua incompatibilidade com a natureza humana e com os atributos necessários e eternos que a razão reporta à natureza divina.

"Escravos da letra, afirmam-se que a primeira mulher foi seduzida pela serpente, que ela comeu de um fruto proibido por Deus, e que ela o fez comer a seu esposo, e que, por esse ato de revolta aberta contra a vontade divina, o primeiro homem e a primeira mulher incorreram na maldição do céu, não só por eles, mas por seus filhos, mas por sua raça, mas pela Humanidade inteira, para a Humanidade cúmplice por qualquer ausência da duração que ela se encontra dos culpados, cúmplice de seu crime, do qual ela é, conseqüentemente, responsável em todos seus membros presentes e futuros.

"Segundo essa doutrina, a queda e a condenação de nossos primeiros pais foram uma queda e uma condenação para a sua posteridade; desde então, para o gênero humano, os males inumeráveis que teriam sido sem fim, sem a mediação de um Redentortão incompreensível quanto o crime e a condenação que o chamam. Do mesmo modo que o pecado original de um único foi cometido por todos, do mesmo modo a expiação de um único será a expiação de todos; a Humanidade, perdida por um único, será salva por um só: a redenção é a conseqüência inevitável do pecado original.

"Compreende-se que não discutimos essas premissas com as suas conseqüências, que não são para nós mais aceitáveis do ponto de vista dogmático do que do ponto de vista moral.

"Nossa razão e nossa consciência jamais se acomodarão com uma doutrina que apaga a personalidade humana e a justiça divina, e que, para explicar as suas pretensões, nos faz viver todos juntos, na alma como no corpo, do primeiro homem, ensinando-nos que, embora numerosos que sejamos na sucessão das idades, fazemos parte de Adão em espírito e matéria, que tomamos parte em seu crime, e que devemos ter a nossa parte nessa condenação.

"O sentimento profundo de nossa liberdade moral se recusa a essa assimilação fatal, que nos tiraria nossa iniciativa, que nos acorrentaria apesar de nós num pecado longínquo, misterioso, do qual não temos consciência, e que nos faria sofrer um castigo ineficaz, uma vez que aos nossos olhos ele não seria merecido.

"A idéia indefectível e universal que temos da justiça do Criador se recusa muito mais energicamente ainda em crer no compromisso, na falta de um só, dos seres livres criados sucessivamente por Deus na seqüência dos séculos.

"Se Adão e Eva pecaram, só a eles pertence a responsabilidade de sua ação má; só a eles sua queda, sua expiação, sua redenção por meio de seus esforços pessoais para reconquistar a sua nobreza. Mas nós, que viemos depois deles, que, como eles, temos sido o objeto de um ato idêntico da parte do poder criador, e que devemos, a esse título, ser de um prêmio igual ao do nosso primeiro pai aos olhos de nosso Criador, nós nascemos com a nossa pureza e a nossa inocência, das quais somos os únicos senhores, os únicos depositários, e cuja perda ou conservação não dependem absolutamente de nossa vontade, quanto das determinações de nosso livre arbítrio.

"Tal é, sobre esse ponto, a doutrina do Judaísmo, que não poderia nada admitir que não esteja nada conforme à nossa consciência esclarecida pela razão."

B. M.

Revista Espírita Setembro de 1868

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 08:46
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Quinta-feira, 11 De Agosto,2011

PEQUENA PARCELA DAS CONTRADIÇÕES BIBLICAS

 

NÃO EXISTE UM SER HUMANO EQUILIBRADO QUE POSSA ACREDITAR NISSO:

 

1. A Bíblia nos fala que toda a escritura foi inspirada por Deus (II Timóteo 3:16).

Mas em alguns trechos é negada a inspiração divina (I Coríntios 7:6;5:12) (II Coríntios 11:17).

 

2. Os Gigantes existiam antes da inundação (Gênesis 6:4).

Somente Noé, sua família, e os animais da Arca sobreviveram à inundação (Gênesis 7:23).

Mesmo depois da Inundação os gigantes continuaram existindo (Números 13:33).

 

3. Deus diz para Noé que tudo o que se move e tem vida servirá de alimento para ele, e também toda a vegetação. Só não poderá comer da carne ainda com vida, ou seja, com sangue (Gênesis 9:3-4).

Deus diz que nem todos os animais podem ser consumidos (Deuteronômio 14:7-20).

 

4. Toda a terra tinha uma só língua e as mesmas palavras, até que Deus criou vários idiomas diferentes, fazendo com que ninguém entendesse um ao outro (Gênesis 11:1,6-9).

Anterior a isto, a Bíblia fala de diversas nações, cada um com sua própria língua (Gênesis 10:5).

 

5. Deus admitiu que Ele é a causa da surdez e da cegueira (Êxodo 4:11).

Contudo, Deus não aflige os homens por vontade própria (Lamentações 3:33).

 

6. Deus envia Moisés para o Egito resgatar os filhos de Israel (Êxodo 3:10. 4:19-23).

No caminho, Deus ameaçou Moisés de morte. (Êxodo 4:24-26). Não proveu de explicação.

 

7. Deus mata todos os animais dos egípcios com uma forte pestilência. Nenhum sobreviveu à pestilência (Êxodo 9:3-6).

Deus mata todos os animais dos egípcios com uma chuva de granizo (Êxodo 9:19-21,25). (Mas eles já não haviam morrido com a pestilência?)

 

8. Deus não foi conhecido por Abraão, Isaac e Jacó pelo nome de Javé (Êxodo 6:2-3).

O nome do Senhor já era conhecido (Gênesis 4:26).

 

9. Deus proíbe que seja feito a escultura de qualquer ser (Êxodo 20:4).

Deus ordenou a fabricação de estátuas de ouro (Êxodo 25:18).

 

10. Proibição do assassinato (Êxodo 20:13).

Deus manda Moisés matar todos os homens de Madiã (Números 31:7).

 

11. Proibição do roubo (Êxodo 20:15).

Deus manda roubar os egípcios (Êxodo 3:21-22).

 

12. Proibição da mentira (Êxodo 20:16)

Deus permiti a mentira (I Reis 22:22)

 

13. Você tem que julgar o próximo com justiça (Leviticus 19:15).

Não julgue ninguém para não ser julgado (Mateus 7:1).

 

14. Deus jamais se arrepende (I Samuel 15:29).

Deus se arrepende (Gênese 6:6) (Êxodo 32:14) (I Samuel 15:11,35) (Jonas 3:10).

 

15. Deus não pode mentir (Números 23:19).

Deus deliberadamente enviou um "espírito" mentiroso (I Reis 22:20-30) (II Crônicas 18:19-22).

Deus faz pessoas acreditarem em mentiras (II Tessalonicenses 2:11-12).

O Senhor engana os profetas (Ezequiel 14:9).

 

16. Aarão morreu no monte Hor. Imediatamente depois disso, os israelitas foram para Salmona e Finon (Números 33:38).

Aarão morreu em Mosera. Depois disso, os isralelitas foram para Gadgad e Jetebata (Deuteronômio 10:6-7).

Deus diz a Moisés que Aarão morreu no monte Hor (Deuteronômio 32:50).

 

17. Nós temos que amar Deus (Deuteronômio 6:5) (Mateus 22:37).

Nós temos que temer Deus (Deuteronômio 6:13) (I Pedro 2:17).

 

18. Deus escreveu nas tábuas as dez palavras da aliança (Deuteronômio 10:1-2,4).

Deus ditou e Moisés escreveu (Êxodo 34:27-28).

 

19. Josué queimou a cidade de Hai e reduziu-a a um monte de ruínas para sempre (Josué 8:28).

Hai ainda existe como uma cidade (Neemias 7:32).

 

20. Josué destruiu totalmente os habitantes de Dabir (Josué 10:38-39).

Os habitantes de Dabir ainda existem (Josué 15:15).

 

21. Saul destruiu completamente os amalecitas (I Samuel 15:7-8,20).

David destruiu completamente os amalecitas (I Samuel 27:8-9).

Finalmente os amalecitas são mortos (I Crônicas 4:42-43).

 

22. Isaí teve sete filhos além de seu mais jovem, David (I Samuel 16:10.11).

David foi o sétimo filho (I Crônicas 2:15).

 

23. Saul tentou consultar o Senhor (I Samuel 28:6).

Saul nunca fez tal coisa (I Crônicas 10:13-14).

 

24. Saul cometeu suicídio (I Samuel 31:4-6) (I Crônicas 10:4-5).

Saul foi morto por um amalecita (II Samuel 1:8-10).

Saul foi morto pelos filisteus (II Samuel 21:12).

 

25. Davi tomou 1.700 cavaleiros de Adadezer (II Samuel 8:4).

Davi tomou 7.000 cavaleiros de Adadezer (I Crônicas 18:4).

 

26. Davi matou aos arameus 700 parelhas de cavalos e 40.000 cavaleiros (II Samuel 10:18).

Davi matou aos arameus 7.000 cavalos e 40.000 empregados (I Crônicas 19:18).

 

27. Israel dispõe de 800.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 500.000 homens (II Samuel 24:9).

Israel dispõe de 1.100.000 homens aptos para manejar espadas, enquanto que Judá dispõe de 470.000 homens (I Crônicas 21:5).

 

28. Satã provocou Davi a fazer um censo de Israel (I Crônicas 21:1).

Deus sugeriu Davi a fazer um censo de Israel (II Samuel 24:1).

 

29. Davi pagou 50 siclos de prata por gados e pelo terreno (II Samuel 24:24).

Davi pagou 600 siclos de ouro pelo mesmo terreno (I Crônicas 21:25).

 

30. Rei Josias foi morto em Magedo. Seus servos o levam morto para Jerusalém (II Reis 23:29-30).

Rei Josias foi ferido em Magedo e pediu para seus servos o levarem para Jerusalém, onde veio a falecer (II Reis 23:29-30).

 

31. Foram levados 5 homens dentre os mais íntimos do rei (II Reis 25:19-20).

Foram levados 7 homens dentre os mais íntimos do rei (Jeremias 52:25-26).

 

32. São citados os nomes de 10 pessoas que vieram com Zorobabel (Esdras 2:2)

São citados os nomes de 11 pessoas que vieram com Zorobabel (Neemias 7:7)

 

33. (Esdras 2:3 & Neemias 7:8) Estas passagens pretendem mostrar a quantidade de pessoas que voltaram do cativeiro babilônico. Compare o número para cada família: 14 deles discordam.

 

34. A terra vai durar para sempre (Salmos 104:5) (Eclesiastes 1:4).

A terra perecerá (II Pedro 3:10) (Hebreus 1:10-11).

 

35. Deus fala a respeito de sacrifícios com os filhos de Israel libertos do egito (Levítico 1:1-9).

Deus nega que houvesse dito algo sobre sacrifícios naquela ocasião (Jeremias 7:22).

 

36. O filho não deve ser castigado pelo erro do pai, ou vice-versa (Deuteronômio 24:16) (Ezequiel 18:20) (II Crônicas 25:4).

Deus vinga a crueldade dos pais nos filhos até a quarta geração (Êxodo 20:5) (Deuteronômio 5:9).

Todos os homens são culpados pelo pecado de Adão. A culpa passou de pai para filhos por diversas gerações (Romanos 5:12).

 

37. Jesus foi filho de José, que o foi de Jacob (Mateus 1:16).

Jesus foi filho de José, que o foi de Heli (Lucas 3:23).

 

38. O pai de Salathiel foi Jeconias (Mateus 1:12).

O pai de Salathiel foi Neri (Lucas 3:27)

 

39. Abiud é filho de Zorobabel (Mateus 1:13).

Resa é filho de Zorobabel (Lucas 3:27).

São citados os nomes de todos os filhos de Zorobabel, mas nem Resa e nem Abiud estão entre eles (I Crônicas 3:19-20).

 

40. Jorão era o pai de Ozias que era o pai de Joathão (Mateus 1:8-9).

Jorão era o pai de Occozias, do qual nasceu Joás, que gerou Amazias, que foi pai de Azarias que, finalmente, gerou Joathão (I Crônicas 3:11-12).

 

41. Josias era o pai de Jeconias (Mateus 1:11).

Josias era o avô de Jeconias (I Crônicas 3:15-16).

 

42. Zorobabel era filho de Salathiel (Mateus 1:12) (Lucas 3:27).

Zorobabel era filho de Fadaia. Salathiel era tio dele (I Crônicas 3:17-19).

 

43. Sale era filho de Cainan, neto de Arfaxad e bisneto de Sem (Lucas 3:35-36).

Sale era filho de Arfaxad e neto de Sem (Gênese 11:11-12).

 

44. Ninguém jamais viu a Deus (João 1:18, 6:46) (I João 4:12).

Jacob viu Deus cara a cara (Gênesis 32:30).

Moisés e os anciões de Israel viram Deus (Êxodo 24:9-11).

Deus falou com Moisés cara a cara (Êxodo 33:11) (Deuteronômio 34:10).

Ezequiel viu Deus em uma visão (Ezequiel 1:27-28).

 

45. Jesus curou um leproso depois de visitar a casa de Pedro e Simão (Marcos 1:29,40-42).

Jesus curou o leproso antes de visitar a casa de Pedro e Simão (Mateus 8:2-3,14).

 

46. O Diabo levou Jesus primeiro ao topo do templo e depois para um lugar alto para ver todos os reinos do mundo (Mateus 4:5-8).

O Diabo levou Jesus primeiro para o lugar alto e depois para o topo do templo (Lucas 4:5-9).

 

47. Quem crê no filho de Deus tem vida eterna (João 3:36).

Quem ama a Deus e ao seu próximo tem vida eterna (Lucas 10:25-28).

Quem guarda os 10 mandamentos tem vida eterna (Mateus 19:16-17).

 

48. O sermão conteve 9 beatitudes (Mateus 5:3-11).

O sermão conteve 4 beatitudes (Lucas 6:20-22).

 

49. Jesus adquiriu Mateus como discípulo depois de acalmar a tempestade (Mateus 8:26).

Jesus adquiriu Mateus (Levi) como discípulo antes de ter acalmado a tempestade (Marcos 2:14, 4:39)

Obs: O contexto identifica Levi como outro nome para Mateus. Compare [Mateus 9:9-17] com [Marcos 2:14-22] e com [Lucas 5:27-39].

 

50. O centurião se aproximou de Jesus e pediu ajuda para um criado doente (Mateus 8:5-7).

O centurião não se aproximou de Jesus. Ele enviou amigos e os anciões dos judeus (Lucas 7:2-3,6-7).

 

51. Jairo pediu a Jesus que ajudasse a sua filha, que estava morrendo (Lucas 8:41-42).

Ele pediu para que Jesus salvasse a filha dele que já havia morrido (Mateus 9:18).

 

52. Jesus disse aos seus discípulos que deveriam andar calçados com sandálias (Marcos 6:8).

Jesus lhes disse que não deveriam andar descalços (Mateus 10:10).

 

53. Deus confiou o julgamento a Jesus (João 5:22) (João 5:27,30 8:26) (II Coríntios 5:10) (Atos 10:42).

Jesus, porém, disse que não julga ninguém (João 8:15,12:47).

Os santos hão de julgar o mundo (I Coríntios 6:2).

 

54. A transfiguração de Jesus ocorreu 6 dias após a sua profecia (Mateus 17:1-2).

A transfiguração ocorreu 8 dias após (Lucas 9:28-29).

 

55. A mãe de Tiago e João pediu a Jesus para que eles se assentassem ao seu lado no reino (Mateus 20:20-21).

Tiago e João fizeram o pedido, ao invés de sua mãe (Marcos 10:35-37).

 

56. Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com dois homens cegos (Mateus 20:29-30).

Ao sair de Jericó, Jesus se encontrou com somente um homem cego (Marcos 10:46-47).

 

57. Dois dos discípulos levaram uma jumenta e um jumentinho para Jesus da aldeia de Bethfagé (Mateus 21:2-7).

Eles levaram somente um jumentinho (Marcos 11:2-7).

 

58. Jesus amaldiçoou a árvore de figo depois de ter deixado o templo (Mateus 21:17-19).

Ele amaldiçoou a árvore antes de ter entrado no templo (Marcos 11:14-15,20)

 

59. Um dia após Jesus ter amaldiçoado a figueira, os discípulos notaram que ela havia secado (Marcos 11:14-15,20)

A figueira secou imediatamente após a maldição ser posta (Mateus 21:19).

 

60. Jesus disse que Zacarias era filho de Baraquias (Mateus 23:35).

Zacarias era filho de Joiada (II Crônicas 24:20-22).

 

61. Jesus manda amarmos uns aos outros (João 13:34-35).

Você não pode ser um discípulo de Jesus a menos que já tenha aborrecido seus pais, seus irmãos, seus filhos ou sua esposa (Lucas 14:26).

 

62. Vestiram Jesus com um manto carmesim (Mateus 27:28).

Vestiram Jesus com um manto púrpura (Marcos 25:17) (João 19:2).

 

63. Após Pedro ter negado Jesus, o galo cantou pela segunda vez (Marcos 14:30,57-72).

O galo só cantou uma vez (Lucas 22:34,60-61) (Mateus 26:34,69-74)

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:27
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Sexta-feira, 05 De Agosto,2011

PLURARIDADE DAS EXISTÊNCIAS

Compreendam e não esqueçam nunca que, pela pluraridade das existências e corformemente ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações, tendo por fim a purificação e o progresso são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor, fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou seu poder na terra, é o escravo, o servo, ou criado de amanhã. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou de sua inteligência, da sua ciência, para desencaminhar os homens, para perverter as massas populares, é o cego, o idiota ou o louco de amanhã. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os homens ou os povos a erros profundos, é o surdo mudo do dia seguinte. O que ontem dispôs da saúde, da força, ou da beleza física e gravemente abusou de tudo isso, é o sofredor, o doente, o raquítico, o desertado da natureza, o enfermo de amanhã. Se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação se dá no meio e nas condições  adequados ao cumprimento de tais provações e expiações. É o que explica como e porque, na mesma família, dois filhos, dois homens nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão adversas, tão opostas. De igual modo a diferença nas provações, a disparidade do avanço realizado nas existências precedentes explicam porque e como, do ponto de vista moral ou intelectual, esses dois irmãos se acham em condições tão adversas, tão opostas.

Compreenda o homem e não se esqueça nunca que o mais próximo e mais querido parente de ontem, que o mais amigo da véspera podem vir a ser e são muitas das vezes o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele a todo instante poderá encontrar, acolher ou repelir.

Que, pois, os homens, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e ao mesmo tempo meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso, pratiquem a lei de amor, partilhando mutuamente o que possam de natureza material ou intelectual, dando aquele que tem ao que não tem, dando de coração o auxílio do coração, dos braços, da bolsa, da inteligência, da palavra e, sobretudo do exemplo. Então, quando tal se verificar, estarão cumpridas em toda verdade, sob os auspícios e a pratica da fraternidade recíproca e solidária, estas palavras de Jesus: “Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor”.

Trecho retirado do livro “OS QUATRO EVANGELHOS” de J.B.Roustaing.

Recebido mediunicamente pelos apóstolos Mateus, Marcos e Lucas.

Páginas 192 e 193. 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 09:23
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Quarta-feira, 06 De Julho,2011

SALVAÇÃO

O sacrifício de Jesus na Cruz - embora tendo sido olhado e considerado dum ponto de vista diferente do real - constituiu verdadeiramente uma “salvação” para muitos espíritos que, por meio dele, e impressionados com ele, conseguiram destacar-se do Anti-Sistema e passar a viver no ambiente sintônico do Sistema. Milhões foram os espíritos que, no decorrer destes últimos dois mil anos, se “saltaram”. Justifica-se, pois o título de SALVADOR (sôtêr) atribuído a Jesus desde os primórdios, apesar de essa palavra não ter o sentido que a teologia lhe empresta.

De fato, o pensamento teológico é que a imolação de Jesus teve o efeito de apagar ou “redimir os pecados”, por própria força intrínseca, em vista da grandeza de Seu Espírito divino, ou melhor, em vista de ser o próprio Deus que “morreu” (!).

Em decorrência disso, teve que fatalmente ser abandonado e combatido o fato da reencarnação, conhecido e comprovado desde a antiguidade, pois se um espírito foi “redimido” e está “salvo”, não poderia mais voltar à condição antiga de sua capacidade de errar ou “pecar.

Então, uma interpretação unilateral de um fato, obriga esse intérprete a negar outro fato real. A dedução empírica e cerebrina, que constrói uma teoria improvada (e negada pela prática), tenta destruir um acontecimento comprovado pela maioria.

Esqueceram-se, todavia, de importante pormenor: se o sacrifício de Jesus foi de efeito tão forte e irresistível que “redimiu os pecados da humanidade”, como explicar que os homens continuaram – salvo raríssimas exceções - a cometer seus “pecados”, obtendo absolvição e voltando de novo aos pecados?

Ao observar a história da humanidade, verificamos uma mudança fundamental na direção de sua caminhada, mas não descobrimos, absolutamente, uma diminuição dos desvios da rota, nem de erros, nem de crimes, coisa que seria de esperar de tão grande e infinito impacto.

A razão disso é que Jesus de fato SALVOU, como disseram os primeiros discípulos, mas não com a remissão dos pecados (tradução tradicional mas imprópria e até falsa) e sim com o DESATAR DOS ERROS (aphesis tôn hamartíôn, vol. 6), que exprime precisamente o que estamos dizendo: desatou os laços que prendiam os homens aos erros do Anti-Sistema, isto é, à ilusão da personagem.

Nesse sentido, realmente SALVOU (sôzein) a humanidade, pois com sua força vibratória incomensurável, porque crística interrompeu a caminhada do Espírito que descia cada vez mais para a personagem, e fê-la dar uma volta de 180º, mudando o rumo errado em que caminhava, para levá-la a prosseguir seus passos na direção do Espírito, para o Sistema, para a Individualidade.

Observemos e estudemos com atenção, e verificaremos que milhões de pessoas, depois de Jesus, aprenderam a renunciar “ao mundo, às suas pompas e às suas obras” - ou seja, desdenharam as honras, as glórias, a fama e a grandeza da personagem, para buscar dentro de si a felicidade espiritual, o encontro com o Cristo interno, servindo-se, em muitos casos, do magnífico e insuperável símbolo da recepção da hóstia consagrada, com a qual “entrava” no coração o Cristo, ainda vindo “de fora”.

Mas, com o tempo, Ele passou a “morar” dentro do coração permanentemente.

Então, Jesus SALVOU a humanidade, por mostrar-lhe a direção certa de sua caminhada e “desatá-la dos erros” da personagem (da ilusão do mundo transitório ), e não por tê-la “redimido do pecado”, coisa que em absoluto foi atingida até hoje.

Com essa interpretação lógica e acorde com o texto, verificamos que tudo se coloca em seus lugares e passa a ser indispensável o fato da reencarnação.

Pois não basta reconhecer o caminho certo e voltar-se na direção correta: é necessário palmilhar essa estrada, pois em Sua vida o próprio Jesus a percorreu, dando-nos o exemplo vivo. E essa jornada é muito longa, não sendo conseguida em uma só vida, de modo algum: é estrada cheia de percalços, embora a meta seja nítida, clara e inconfundível no fim da viagem.

Naquela ocasião, não havia mais tempo de muitas explicações, porque se aproximava a hora da ação, e o Anti-Sistema cumpriria a tarefa que lhe competia.

E embora nada tivesse com Jesus, que descera voluntariamente ao Anti-Sistema, mas a ele não pertencia mais, no entanto ainda agia com eficiência sobre a humanidade toda, e portanto devia atingir Jesus em Sua humanidade. E isso para que todos nós pudéssemos ver, saber e compreender, que o Espírito ama o Pai e faz como Ele manda, mas a personagem precisa receber os impactos dolorosos que nos impulsionam na subida evolutiva.

A hora, a partir daí, é de AÇÃO: “Levantai-vos, vamo-nos daqui”, enfrentemos as forças adversárias que se erguem, e cumpramos as determinações superiores com inquebrantável coragem, a fim de superarmos e vencermos os impactos do mundo

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:42
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Terça-feira, 28 De Junho,2011

ANJOS E DEMÔNIOS

 

1. INTRODUÇÃO

O que se entende por anjo? E por demônio? Há diferença entre a posição católica e a espírita? Nosso objetivo é fazer um estudo comparativo, no sentido de melhor entender as relações entre esses dois temas e os seus correlatos: Satanás, Diabo e Lúcifer.  

2. CONCEITO 

Anjo – Ser espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens. A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. 

Demônio – 1. Nas crenças da Antiguidade e no politeísmo, gênio inspirador, bom ou mal, que presidia o caráter e o destino de cada individuo; alma, espírito. 2. Nas religiões judaicas e cristãs, anjo mau que, tendo-se rebelado contra Deus, foi precipitado no Inferno e procura a perdição da humanidade; gênio ou representação do mal; espírito maligno, espírito das trevas, Lúcifer, Satanás, Diabo. 3. Cada um dos anjos caídos ou gênios maléficos do Inferno, sujeitos a Lúcifer ou Satanás. (Dicionário Aurélio) 

3. HISTÓRIA DO DEMÔNIO 

A história de uma palavra mostra-nos as suas transformações ao longo do tempo. O termo demônio não fugiu à regra. Nas crenças populares gregas da antiguidade, era usada para designar os espíritos dos falecidos, que dispunham de forças sobrenaturais, intervindo de modo extraordinário na natureza e na vida dos homens, e contra os quais os homens deviam se defender através da magia. Os filósofos gregos o elevou à esfera do divino, por isso o daimon socrático. O termo demônio não é citado no AT, onde só aparece, nos últimos livros. Ele existe no Novo Testamento, onde os Evangelistas confundem os demônios com Satã. Quer dizer, o demônio só surge com a influência grega.

Na época do Novo Testamento, as almas dos mortos, assimiladas às das divindades, foram confundidas com as manes, os lares e os gênios latinos. Estas concepções penetram a Palestina. Com a vinda dos romanos, o Demônio grego transforma-se em Diabo, cujo significado passou a ser "espírito da mentira" ou "caluniador".

O Daimon grego passa a ser o Diabolus romano. Na Baixa Idade Média, o Diabolus romano ganha força. Como o Diabolus romano era um "espírito mau", passou a designar o espírito mau hebraico, Satã. Para explicar a sua presença como tentador do mundo, os padres da Igreja recorreram à lenda da revolta do anjo Azazel, dos Livros de Enoque, que eram apócrifos. (Sampaio, 1976) 

4. A IGREJA CATÓLICA E A SUA DOGMÁTICA 

4.1. HIERARQUIA DOS ANJOS 

A fonte da angelologia medieval é o texto do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, Sobre a Hierarquia Celeste (séc. V). A hierarquia celeste é constituída por nove ordens de anjos agrupados em disposições ternárias. A primeira é a dos Serafins, dos Querubins e dos Tronos; a segunda é a das Dominações, das Virtudes e das Potestades; a terceira, a dos Principados, dos Arcanjos e dos Anjos. Essa doutrina foi aceita por S. Tomás e adotada por Dante no Paraíso. (Abbagnano, 1970) 

4.2. LÚCIFER E SATà

Lúcifer - o Príncipe dos Demônios - não é referendado na Bíblia (VT e NT). Apresenta-se como  sinônimo de Diabo, Demônio e Satanás. Este nome surgiu na Baixa Idade Média, baseado numa divindade associada ao planeta Vênus. Os teólogos, para criar o termo, recorreram ao Livro de Enoque, considerado apócrifo, do qual restam vestígios na Bíblia, em Gênesis, 6.

"Lúcifer, produto da teologia cristã, foi associado aos "diabos" Satã, ao conceito de "demônio" dos gregos e ao princípio do dualismo Bem e Mal do Zoroatrismo, entre outras tradições".

 

Satã significa "o adversário", "o acusador". O termo "acusador" existia no Império Persa, cuja função era a de percorrer secretamente o reino e fiscalizar tudo o que estava sendo feito de mal no sentido de apresentar denúncias diante do Imperador, que mandava chamar os funcionários faltosos e os castigava.

Com a evolução da doutrina religiosa judaica, Satã acabou se convertendo, de um acusador dos pecados dos homens, num deus secundário, oposto a Javé. 

Satã não é Lúcifer. Ele não é um anjo que se revoltou contra o Senhor. Ele é apenas um acusador., ou seja, um dos olhos do Senhor, que anda pela Terra e comparece perante o Senhor para acusar. (Sampaio, 1976)

4.3. DEMONOLOGIA

Na Idade Média surge a Demonologia, ciência dos demônios, cujo objetivo era fazer um tratado sobre os demônios.

Lúcifer-Satã-Diabo-Demônio, ao cair, levou muitos consigo. 19 anjos principais e uns 200 liderados que teriam “caído”.

A 1.ª medida da demonologia foi o recenseamento do Inferno, no sentido de estabelecer o número de demônios que ali habitavam. Foram contados 7.045.926 demônios.

Havia também movimentos políticos no inferno. Satã, o diabo grosseiro, da luxúria e da gula, dos defeitos capitais dá um golpe de estado, depondo lúcifer do comando. (Sampaio, 1976)

5. ANJOS E DEMÔNIOS NA ÓTICA ESPÍRITA

5.1. ANJOS

P.128 - Os seres que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?

- Não; são Espíritos puros: está no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições.

A palavra anjo desperta geralmente a idéia da perfeição moral; não obstante, é freqüentemente aplicada a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à Humanidade. Diz-se: o bom e o mau anjo; o anjo da luz e o anjo das trevas; e nesse caso ele é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua boa significação.

P.129 - Os anjos também percorrem todos os graus?

- Percorrem todos. Mas, como já dissemos: uns aceitaram a sua missão sem murmurar e chegaram mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar à perfeição.

P. 130 – Se a opinião de que há seres criados perfeitos e superiores a todos os outros é errônea, como se explica a sua presença na tradição de quase todos os povos?

- Aprende que o teu mundo não existe de toda a eternidade, e que muito antes de existir há havia Espíritos no grau supremo; homens, por isso, acreditaram que eles sempre haviam sido perfeitos. 

5.2. DEMÔNIOS

P.131 - Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra?

- Se houvesse demônios, eles seriam obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres infelizes, eternamente voltados ao mal?

A palavra demônio não implica a idéia de Espírito mau, a não ser na sua acepção moderna, porque o termo grego daimon, de que ele deriva, significa gênio, inteligência, e se aplicou aos seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.
Os homens fizeram, com os demônios, o mesmo que com os anjos. Da mesma forma que acreditaram na existência de seres perfeitos, desde toda a eternidade, tomaram também os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. A palavra demônio deve, portanto ser entendida como referente aos Espíritos impuros, que freqüentemente não são melhores do que os designados por esse nome, mas com a diferença de ser o seu estado apenas transitório. São esses os Espíritos imperfeitos que murmuram contra as suas provações e por isso as sofrem por mais tempo, mas chegarão por sua vez à perfeição quando se dispuserem a tanto. (Kardec, 1995)

5.3. HÁ LÓGICA NA DOUTRINA DOS ANJOS DECAÍDOS?

Não. Ora, como pode um Espírito que atingiu uma luz espiritual da perfeição retrogradar e ficar numa posição de inferioridade. O progresso é uma lei natural, compulsória e inexorável, que nos impulsiona sempre para frente. Em A Gênese, Allan Kardec reporta-se ao Paraíso Perdido,em que Espíritos de outros mundos vieram reencarnar na Terra. Cita o caso dos exilados de Capela, orbe semelhante ao da Terra, situado na Constelação de Cocheiro, que estava passando por um período de transformação, semelhante ao que estamos verificando no Planeta Terra. Embora tenham reencarnado num mundo inferior, eles não perderam o progresso adquirido, não regrediram moralmente e intelectualmente, apenas tiveram que fazer as suas experiências num mundo mais hostil, justamente para se equilibrarem no campo moral.

6. O PENSAMENTO E AS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS

6.1. AS IDÉIAS E O PENSAMENTO

O tema anjos e demônios levam-nos a refletir sobre a nossa condição humana, especificamente na relação que temos com o conhecimento da verdade. Em nosso dia-a-dia produzimos idéias. As idéias formam o nosso pensamento. O pensamento dirige-se à verdade das coisas. A percepção da verdade das coisas está subordinada ao nosso grau de evolução espiritual e intelectual. Por isso, diz-se que somente atingiremos a verdade quando pudermos ter um perfeito relacionamento entre o sujeito e o objeto, ou seja, somente quando o objeto refletir-se fielmente na mente do sujeito.  Para que isso se dê, temos que desobstruir a nossa mente dos preconceitos e das diversas idiossincrasias automatizados em nosso subconsciente.  

6.2. AS INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS

Os anjos e os demônios simbolizam as influências que recebemos dos Espíritos que nos acompanham. De acordo com a instrução de diversos Espíritos, somos monitorados por uma avalanche deles. Nesse sentido, há os Espíritos bons que nos incentivam ao bem e os maus que induzem ao mal. Aceitar ou não suas sugestões é um trabalho que depende de nossa vontade e de nossa perseverança. É preciso tomar cuidado, porque há sempre um primeiro momento, um primeiro convite, principalmente no que diz respeito à entrada pela porta larga da perdição. Na Revista Espírita de 1862, Voltaire faz uma mea culpa sobre os desvios que permitiu a si mesmo quando esteve encanado no século XVIII,em França. Conta-nos que tinha recebido toda as inspiração necessária para ser um dos divulgadores de idéia de Deus e do Evangelho de Jesus e perdeu-se por sua vaidade, ou seja, por querer ver o seu nome estampado nos anais de ciência e da filosofia terrena.

6.3. DECISÃO DAS TREVAS

Este é o título do capítulo 38 de Contos desta e de outra vida, pelo Espírito Irmão X. Relata-se o diálogo entre o ORGANIZADOR DE OBSESSÕES e os seus sequazes, cujo objetivo era impedir o avanço do Espiritismo, no que tange aos novos horizontes que este abria na mente humana. Eles agem como Cristo na Antiguidade: não há meio de isolá-los na prece inativa; em vez de se ajoelharem, caminham. É indispensável encontrar um meio de esmagá-los, destruí-los...

O obsessor exaltado, o obsessor violento, o malfeitor recruta, o obsessor confusionista, o malfeitor antigo e o obsessor fabricange de dúvidas dão suas sugestões, mas são rechaçadas pelo Líder. Por último, surge o VAMPIRIZADOR EXPERIENTE, que sugere: “Será fácil treinar alguns milhares de companheiros para a hipnose coletiva em larga escala e faremos que os espíritas se acreditem santos de carne e osso... Creio que, desse modo, enquanto estiverem preocupados em preservar a postura e a máscara dos santos, não disporão de tempo algum para os interesses do espírito”.

ORGANIZADOR DE OBSESSÕES – Excelente excelente! Ponhamos mãos à obra. (Xavier, 1978)

7. CONCLUSÃO

Os anjos e os demônios, como vimos, significam respectivamente os bons e os maus Espíritos. Eles estão sempre ao nosso derredor. Saibamos elevar os nossos pensamentos através da prece e da prática da caridade para que os bons venham ao nosso encontro e os maus sejam rechaçados.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, [s. d. p.]

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

SAMPAIO, Fernando G. A História do Demônio: da Antiguidade aos nossos Dias. Porto Alegre: Garatuja, 1976.

XAVIER, F. C. Contos Desta e Doutra Vida, pelo Espírito Irmão X. Rio de Janeiro: FEB, 1978.

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:55
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Sexta-feira, 10 De Junho,2011

A RAINHA DOS ANJOS

A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando aquela alma eleita se elevou da Terra, onde tantas vezes chorara de júbilo, de saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado, que certamente a esperaria, com as boas-vindas, no seu reino de amor; mas, extensas multidões de entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação.

Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo, desejou rever a Galiléia com os seus sítios preteridos. Bastou a manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só agora, observando do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus contornos suaves, apresentava a forma quase perfeita de um alaúde. Lembrou-se, então, de que naquele instrumento da Natureza Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor, em homenagem a Deus e à humanidade. Aquelas águas mansas, filhas do Jordão marulhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico evangélico.

Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras, à espera das claridades definitivas do Reino de Deus. Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulso ás multidões espirituais que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e monumentos que lhe provocavam assombro. Os mármores mais ricos esplendiam nas magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar, exibindo pedrarias e peles, sustentadas por misérrimos escravos. Mais alguns momentos e seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros em escuros calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilino, onde centenas de rostos amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido.

Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembléia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a caridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes. Eram anciães que confiavam no Cristo, mulheres que por ele haviam desprezado conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o co­ração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene. Que possuía para lhes dar? Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?! Mas, Jesus ensinara que com ele todo jugo é suave e todo tardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido:

— “Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!... Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..”

A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos, contemplando o firma­mento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia a sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.

Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima.

Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cântico nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais de fazer no coração um brando silêncio, para que a Rosa Mística de Nazaré espalhe aí o seu perfume!

 

(Reprodução parcial do capitulo 30 — Maria — de “Boa Nova”, do Espírito
Humberto de Campos - psicografia de Francisco Cândido Xavier, 11ª edição FEB, 1977.)
 Fonte: Reformador – maio, 1977

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:55
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Quarta-feira, 09 De Março,2011

ESPÍRITA NÃO CONDENA NINGUÉM

 

1. Existe, na tradição forense, uma idéia segundo a qual os espíritas são os jurados que melhor atendem aos interesses da defesa, uma vez que, de acordo com a voz corrente, “espírita não condena ninguém”. Durante mais de trinta anos de atuação na tribuna do júri, não conseguimos comprovar o acerto dessa afirmativa. Constatamos, isto sim, uma grande tendência condenatória entre os seguidores das religiões reformadas, e uma acentuada indefinição entre os católicos, que ora pendem para um lado, ora para o outro.

Como constituem a maioria do universo religioso brasileiro, são, por conseguinte, os mais visados e os que mais sofrem as influências de toda sorte a que se acham sujeitos os jurados de um modo geral. Por isso, torna-se difícil uma conclusão mais concreta a respeito de suas tendências. O certo é que as mais absurdas decisões do Tribunal do Júri, tanto absolutórias como condenatórias, partem, geralmente, de conselhos de sentença dos quais não participam seguidores de outros credos religiosos. Atualmente, com crescimento da Igreja Universal, e de outras que guardam semelhança com ela, o fenômeno vem perdendo sua força, sobretudo no que tange à aceitação pela sociedade dos chamados “crentes”, o que nem sempre acontece com relação ao Espiritismo e aos espíritas.

 

2. Nenhum argumento sério autoriza a existência desse procedimento, a não ser o preconceito e o radicalismo religioso. Durante algum tempo, quando ainda não conhecíamos nada de Espiritismo, aceitamos tal entendimento sem maiores indagações e sem a menor preocupação de sondar a sua veracidade. Agimos, neste caso, com a tranqüilidade própria dos ignorantes. Mais tarde, já devidamente esclarecidos a seu respeito, constatamos que tudo não passava de mais um dos enormes equívocos que boa parte das pessoas alimenta quanto a ele, Espiritismo.

Verificamos, por outro lado, que os jurados espíritas condenavam ou absolviam, tanto quanto os demais.

É de se lamentar, no entanto, que essa falsa visão não se acha restrita apenas aos não-espíritas, porquanto é perfilhada por muitos que se dizem adeptos da Doutrina.

Trata-se de um dos muitos problemas que a perspicácia de Allan Kardec detectou, conforme se pode ver no capítulo XXIX, item 334, de O Livro dos Médiuns.

O termo espírita carrega, no entendimento vulgar, uma série de conotações eivada de erros e de preconceitos. Abrange um universo enorme, que vai desde os integrantes do sincretismo religioso, sob as suas variadas denominações, até aos seguidores dos cultos e das seitas em que o exotismo ocupa o lugar de maior destaque, passando, ainda, pelas inúmeras veredas de quantos se definem espiritualistas. Essas formas de religiosidade, embora merecedoras de respeito, não guardam nenhuma afinidade com a Doutrina dos Espíritos, e a confusão, consciente ou inconsciente, que se estabeleceu entre elas e o Espiritismo, enseja raciocínios e ilações inteiramente distantes da verdade, como a de se imputar aos espíritas uma conduta de alienação em face das questões sociais. Essa atitude os acompanharia também, quando convocados a julgar seus irmãos pelo cometimento de um ilícito penal, cujo julgamento se inscreve no rol dos que são da competência do Júri Popular, fixada pelo artigo 5o, XXXVIII, da Constituição Federal.

 

3. O raciocínio peca, contudo, pela total ausência de razão. Ao espírita não é vedado julgar, ainda que desse encargo advenha a inevitável aplicação de uma pena.

Ele, como qualquer outro cidadão, não pode fugir da responsabilidade que o Estado lhe delegou, ao convocá-lo para o serviço do júri. Seria ótimo se a sociedade moderna já não mais convivesse com a criminalidade e que, no lugar das penitenciárias e das cadeias, estivesse edificada uma escola. Todavia, esse grau de desenvolvimento e evolução ainda se acha muito distante de ser alcançado.

A pena, por isso mesmo, no estágio atual da Humanidade, permanece, teoricamente, como o instrumento mais eficaz de que a sociedade dispõe para restabelecer o equilíbrio social abalado pela ação do delinqüente.

A concepção de que o espírita, por uma questão de princípios, não condena ninguém não se harmoniza com o sentimento de responsabilidade que a ele cabe assumir diante de si, de Deus e da sociedade, sob pena de ser considerado, nos termos do magistério de Kardec, mais um “espírita de nome” (a respeito, Revista Espírita, novembro de 1861, p. 495).

 

4. O que Jesus proscreveu foi o julgamento apressado, afoito, impregnado de má-fé, no qual, muitas vezes, a verdadeira intenção do julgador permanece oculta, a exemplo do que ocorreu no episódio envolvendo a mulher adúltera.

No Sermão do Monte (Mateus, 7: 1 e 2), Ele nos adverte quanto a essa maneira de julgar. Ela é típica do chamado juízo temerário, caracterizado pela impiedade ou ditado pelas aparências que, costumeiramente, enganam.Uma interpretação exclusivamente literal e isolada desses dois versículos poderia levar à absurda conclusão de que toda e qualquer forma de julgamento é defesa aos cristãos. Os juízes de direito seriam, pois, vítimas de uma autêntica “injustiça divina”, porquanto nenhuma esperança teriam quanto à sua vida futura, em face de sua própria atividade profissional.

Não obstante, todos sabemos da sua importância dentro da sociedade, em virtude dos constantes e cada vez mais numerosos conflitos que afloram a todo instante em seu seio, e do elevado índice de criminalidade dos dias atuais.

 

5. O sentido da proibição se completa e se integra no contexto evangélico através dos versículos 3, 4 e 5 da mesma narrativa de Mateus: – “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?

Ou como dirás a teu irmão:

Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?

Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.

De mais a mais, durante o seu messiado, Jesus, em diversas oportunidades, estabeleceu juízos de valor, e, em conseqüência, julgou, contrariando, dessarte, os que sustentam a proibição absoluta do julgamento. Na sua explicação sobre a gravidade e a dimensão das ofensas feitas ao nosso irmão, foi de meridiana clareza ao não excluir do julgamento humano os autores dessas ofensas: “Ouvistes que foi dito aos antigos:

Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno”. (Mateus. 5:21-23.)

A expressão réu de juízo significa os diversos graus da Justiça humana: a outra, réu do Sinédrio, se refere à Justiça de Deus. A primeira, contudo, não exclui a segunda, em virtude de sua inexorabilidade, traduzida pela regra imperativa do a cada um será dado de acordo com suas obras. Ninguém, mesmo quem já foi compelido a prestar conta de suas ações ao Judiciário terreno, está isento de ser julgado e sancionado pela Justiça Divina. Isso integra o seu mecanismo operacional, que jamais dispensa a “reparação pelo dano causado”, exigindo que, na execução de suas penas, “até o último jota e o último ponto” sejam fielmente cumpridos.

O episódio da interpelação do Cristo acerca da licitude, ou não, do pagamento dos impostos devidos a Roma ratifica inteiramente esse entendimento, uma vez que Ele fez questão de destacar a existência de duas espécies de jurisdição, a humana e a divina, mandando dar a Deus o que era de Deus e ao homem o que lhe pertencia.

 

6. A única conclusão razoável diante da posição evangélica quanto ao julgamento é a de que ela se reveste de caráter relativo, e não absoluto, não obstante as ratificações posteriores de Paulo e Tiago (Romanos, 14:13 e Epístola Universal, 4:12, respectivamente). Tomada ao pé da letra importaria em um verdadeiro caos para toda a Humanidade e nenhuma organização política conseguiria sobreviver à falência que provocaria.

Todo homem de bem, profitente de qualquer religião que seja, não deve, pois, julgar pelas aparências, movido pela simpatia ou antipatia, pelos interesses políticos, pelas rivalidades de qualquer espécie, pelas filiações religiosas, enfim, por todos os fatores que atuam na formação da opinião pública e que, na maioria das vezes, somente se prestam para conduzir ao passionalismo irracional e a injustiças inomináveis.

Qualquer julgamento, sobretudo aqueles da competência da Justiça Criminal, deve procurar sempre o amparo da verdade histórica, embora essa nem sempre se identifique com a verdade processual.

Nos casos duvidosos, mal esclarecidos ou tendenciosos, a consciência jurídica, calcada na noção do justo e do injusto que cada um traz dentro de si, não autoriza uma decisão condenatória. Não se trata, porém, de apanágio exclusivo de alguma confissão religiosa, porquanto nada mais é do que a simples aplicação de um brocardo jurídico de tradição milenar.

É o famoso in dubio pro reo do Direito Romano, ainda de uso corrente na atualidade, cuja existência é anterior ao Cristianismo e que, em face disso, não pode ser invocado para justificar a inverídica proibição de julgar e condenar imputada aos espíritas.

 

Setembro 2006 • Reformador

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:48
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Domingo, 09 De Janeiro,2011

LICENÇAS PERNICIOSAS

 

         O homem do mundo que é possuidor de sensatez, na convivência mundana usa mas não abusa, concorda mas não convive, ensina mas não impõe, discorda mas não se inimiza, diverge mas não dissente, mantendo em todos os momentos uma diretriz de equilíbrio que o torna verdadeiro cidadão. Compreende que a sua saúde interior resulta do comportamento que se aplica na convivência com os seus pares.

         O homem cristão, cultor sincero do Evangelho de Jesus cristo, compreende em maior profundidade os compromissos que lhe assinalam a rota e por isto mesmo sabe que é livre, mas não tem licença de se comprometer com as vinculações negativas da vida, que lhe cumpre superar. Diante das licenciosidades que lhe abrem portas convidativas ao acesso, mantém uma atitude digna, discreta, sem envolver-se nas fantasias que levam à indigência espiritual e compelem ao aniquilamento dos ideais superiores da vida. Sente-se escravo da verdade, por isso não mente. Compreende que a saúde é fator primacial da vida, portanto, luta contra a doença. No báratro das violações que se multiplicam, galvanizantes ou douradas, percebe o lado negativo das concessões agradáveis que levam à sensualidade - bafio pestilencial de morte que entorpece o sentimento e perturba a razão. - Abstém-se de enrodilhar-se nas malhas constritoras do mal que urde toda uma série de aflições e vexames e terminam por destruir o que há de mais elevado no ser. Coloca-se em salvaguarda contra as facilidades morais que anestesiam os centros do discernimento, por mais favoráveis se lhe apresentem, ou mesmo que se trate de um cabedal glorioso de transitória posição de relevo no mundo. Resguarda-se contra os vícios sociais, os pequenos crimes que são as matrizes dos grandes fracassos espirituais. Afirma os seus valores legítimos, não pelo envilecimento da personalidade, porém através da manutenção dos requisitos que o tornam verdadeiramente digno de ser respeitado e imitado. Não aquiesce diante da mentira, da inveja, da embriaguez, da concupiscência, da calúnia, dos tóxicos, estabelecendo uma normativa de comportamento que lhe constitui a couraça de segurança, ao mesmo tempo abrindo as portas da liberdade por onde avança resoluto, na marcha que o conduz para a paz.

         Enquanto medram as licenciosidades, que vão, a pouco e pouco, dominando o homem e a sociedade hodiernos, o cristão verdadeiro sabe que  a sua segurança é Deus, seu melhor amigo é Cristo, seu roteiro de saúde é o Evangelho, sua definição é o Bem, sua metodologia é a Caridade, sua salvação é    o Amor.

Sem qualquer pieguismo ou manifestação de covardia moral, estabelece um estado de paz interior que os conflitos e as convulsões de fora não conseguem invalidar.

Caracteriza-se a degenerescência de um povo, a queda de uma comunidade pela incursão aberrativa das permissividades morais que neles se instalam. Quando combalem os valores éticos, desmoronam-se os alicerces da vida humana.

Verdade é que muitas vezes se tornam legais as excrescências do caráter humano. Apesar disso jamais se tornam morais.

Aqueles que compactuam com as licenciosidades douradas são também criminosos que se unem para os homicídios recíprocos da vida interior. Enquanto vibram, estonteantes, em sensações enganosas, as expressões do prazer, na atualidade do sexo que tresvaria, vão fazendo do homem um feixe de instintos animalizantes e da mulher um objeto de uso indiscriminado. Sem desejar referir-nos aos grandes comprometidos da História, não podemos sopitar referências a alguns deles, como Cláudio e Messalina que, não obstante a posição relevante à testa do Império Romano, entregavam-se à exaustão dos sentidos, culminando pela alucinação do desejo infrene e da degeneração mental; Justiniano e Teodora - esta última uma atriz arrancada do bordel para o primeiro ponto de destaque da comunidade - exerceram lamentável influência, inclusive na Religião... Mais recentemente Paulina Bonaparte que, tendo o irmão à frente do Império Francês, entregou-se à volúpia insana do prazer até o total aniquilamento das forças... E quantos outros?!...

Seria difícil eleger os grandes prevaricadores e as coquetes da contemporaneidade. É verdade que a mulher envilecida em seus sentimentos, pelo rebaixamento na sexualidade, ascende em posição social, despertando inveja, provocando ciúmes, mas, no íntimo, é uma infeliz, vitimada em si mesma. Espírito sofrido, que foi ludibriado nos seus anseios mais profundos, jornadeia nas luzes enganosas da glória, que logo se apagam, sem contar com um braço amigo que lhe conceda dignidade e apoio quando as carnes trôpegas perderem o momentâneo viço, e o fulgor dos olhos apagar a sua luminosidade. Poderá estar ajaezada e adereçada de gemas de alto custo, todavia sempre experimenta o travo profundo da soledade e o ácido tormentoso do sacrifício sem amor. Se lhe veio das carnes um filho, órfão de pai vivo, terá que segurá-lo em transe de dor, num misto de mágoa, amor e agonia tão profunda quão devastadora. Se derrapa na miséria econômica, que muitas vezes precede ou sucede à moral, passa combatida, combalida, com a ferida aberta do sentimento ultrajado, onde o veneno da insensatez humana aumenta cada vez mais a pústula, tornando-a mais dolorosa. Ninguém dela se apieda. Desculpam o cômpar que contribuiu para a sua queda, mas não a ela que tombou. Em verdade, poucos lembram de que a sua queda se consumou porque u´a mão anônima e acovardada empurrou-a pela escada abaixo da indignidade, constrangendo-a a recolher-se na própria vergonha.

Os vícios, que são frutos dos distúrbios da emotividade, da insegurança e das ambições desnorteadoras deste século de misérias e de glórias, de despudor e de renúncias, objetivam o saciar do egoísmo na sua multiface de paixões.

Não vos deixeis enredar nas malhas bem entretecidas das ações destrutivas dos vícios, por mais simples que vos pareçam!

A barragem poderosa que sustém as águas, arrebenta-se, quando uma pequena infiltração lhe mina as resistências. As pirâmides colossais levantaram-se pedra sobre pedra. A escada da degradação dos costumes começa no primeiro passo para baixo e não encontra fundo, porque, quem cai moralmente e se deixa derruir, tomba sempre um degrau a mais.

Detende vosso passo e erguei vosso sentimento!

O melhor conselheiro do ser é a consciência tranqüila.

Inutilmente procurar-se-ão psicoterapeutas, analistas, medicações, se não se erradicarem do sentimento profundo as marcas dos crimes perpetrados contra a consciência pessoal ou coletiva.

Analisai o Evangelho, comprometendo-vos com ele e, livres como sois, não useis da vossa licença para destruir a oportunidade da atual reencarnação.

O Apóstolo Paulo gritava com emoção que era escravo do Cristo; João da Cruz, o místico espanhol, entregando-se totalmente ao Mestre Galileu, tornou-se o protótipo do senhor de si mesmo, e Teresa d'Ávila, que com ele compartia as excelências espirituais, escreveu emocionada: "Me muero, por que non muero", a sofrer, porque não morrer para ela constituía verdadeiramente uma forma de morte.

O homem que encontra Jesus e que O segue rompe a grilheta que o ata aos vícios dissolventes, sempre nocivos ao coração.

Avançar com o espírito estóico no rumo da felicidade íntima, através da retidão do caráter e da preservação dos costumes, é a diretriz que vos chega, com o objetivo de edificardes, no mundo, uma humanidade melhor, onde todos encontraremos a verdadeira paz hoje ou amanhã.

 

FRANCISCO DO MONTE ALVERNE

 

(Mensagem psicotônica recebida pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião da noite de 22-11-1978, no Centro Espírita "Caminho da Redenção", em Salvador-BA.)

 

 

Revista Reformador – Fevereiro 1978

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
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Sábado, 08 De Janeiro,2011

VONTADE

Dentre tantos atributos essenciais da alma humana tais como livre-arbítrio, consciência de si mesma, inteligência, racionalidade, percepções, a vontade é, inquestionavelmente, um dos principais.

O ser humano, embrutecido em suas origens, tem sido ajudado a caminhar na esteira do tempo por sua vontade. Das brumas do passado aos dias atuais aprendeu a discernir e poder alcançar o senso moral mas ainda hoje não conseguiu adaptar-se à observância das leis naturais. Caminha em largas passadas em inteligência, porém arrasta-se lentamente em moralidade. Transgride reincidentemente as normas divinas, notadamente o postulado universal do amor ao próximo descerrado ao Mundo pelo Divino Mestre. O cediço hábito de ferir é ainda frequente entre as pessoas.

Jesus desceu das luzes do infinito para viver entre os homens arrostando imperfeições, e aflições de toada ordem, sem jamais deixar de tolerar incompreensões, de socorrer, aliviar, curar e encaminhar as criaturas no meio das trevas mais densas do Planeta. Para implantar no solo da Terra a Sua Doutrina recomendou a seus discípulos: “Ide e pregai”.

Hoje, próxima do terceiro milênio da Era Cristã, a Humanidade necessita urgentemente assimilar as verdades da Doutrina Consoladora e Esclarecedora por Ele enviada para se libertar do erro, da ignorância, dos sofrimentos. Fincada definitivamente a bandeira do Espiritismo Cristão, incumbe a seus adeptos conscienciosos espalhar as luzes da sublime candeia da Nova Revelação sob o lema de Deus, Cristo e Caridade.

O Espiritismo é a senda da verdade, a luz que clareia a via do destino. As almas desviadas dos rumos do bem se entediarão de errar e sofrer e serão despertadas do longo letargo da ignorância e das maldades. Suas vontades as conduzirão aos pagos onde se edifica o bem. As que obram com Deus encontram o lenitivo para os sofrimentos, a medicação contra os males.

A sociedade humana exibe muitas chagas morais abomináveis: o egoísmo, a cobiça e ambição delirantes, as guerras, a violência de várias feições, o consumo e o mercado de drogas, vícios e desregramentos diversos, e tantas outras. A descrença em Deus, o desconhecimento de Suas leis fazem com que os portadores dessas nódoas ignorem que têm encontro marcado com a Soberana Justiça Divina.

Por outro lado, grande parte dos homens se esquece de que pequena parcela do supérfluo do que possui é suficiente para minorar a fome, amparar crianças órfãs e desvalidas, idosos desprotegidos e vítimas dos infortúnios. A dureza dos corações é, muitas vezes, o carrasco do erro e da injustiça. Bastaria que se unissem as vontades de socorrer, não com simples esmolas, mas com a ajuda efetiva ou seja, o desejo de cumprir o dever de fraternidade. A certeza da vida futura e a consciência de que somos irmãos, filhos do Pai eterno, sustentam os esforços nesse sentido.

Nossas ações devem estar voltadas para o futuro. Não devemos perder de vista em nenhuma delas que as suas consequências são inexoráveis. Passado, presente e futuro são sempre solidários. O porvir mais próximo ou mais distante nos reserva o efeito das nossas práticas de hoje, isso rigorosamente em decorrência do bem ou do mal que delas resultem, tudo de conformidade com as leis da Divina Providência.

A descrença na vida futura é uma das principais causas do egoísmo, do orgulho e das vicissitudes deles decorrentes. Quando as pessoas somente praticarem o bem não haverá necessidade dos resgates dolorosos. Numa sociedade fraterna em que todos se ajudarem mutuamente, todos serão venturosos. Isso não é utopia. A razão pura nos informa que é perfeitamente realizável. Para tanto o imprescindível é a evolução, a educação em sentido amplo a nos conduzirem às verdades da existência de Deus, da imortalidade da alma, das vidas sucessivas, das leis naturais.

Pelo progresso já feito verifica-se, sem dificuldade, que a evolução não tem termo. Fácil é, pois, entender que há mundos ditosos onde impera a fraternidade e a prática do bem é usual, sendo os sofrimentos limitados à transformação natural da matéria, excluídos, portanto, os resultantes da prática do mal.

Desde que se alcance a consciência da verdade, o desejo de progredir é a poderosa alavanca da evolução e quanto mais se oferece à vida mais ela devolve.

A expressão da vontade varia de um para outro indivíduo. Sendo manifestação da alma revela-se de acordo com o seu grau de adiantamento. Na erraticidade pode não ser a mesma a vontade do Espírito quando encarnado, podendo, também, ser superior às suas forças.

A vontade dos maus está costumeiramente voltada para a inveja, a cobiça, a vaidade, para as más tendências, valendo notar, contudo, que não há seres votados permanentemente ao mal, como entendem algumas crenças, o que atentaria contra a Justiça e a Sabedoria das leis naturais.

Submeter-se à vontade de Deus é o meio seguro de incrementar o progresso, vencer as provas e expiações. Devemos, pois, nos esforçar para aproximar da d’Ele a nossa vontade, já que essa comunhão de propósitos somente nos fará ditosos.

A Doutrina Espírita ensina também que a vontade do Espírito se modifica à medida que ele evolui, podendo apressar ou retardar o próprio progresso.

Bem ou mal dirigida, a vontade gera alegrias ou arrependimentos. Incumbe a cada criatura, portanto, esforçar-se para se aproximar das virtudes, absorvê-las e cultivá-las a fim de sentir a abençoada presença divina em sua vida. O amor, sumário de todas elas, é o agente e o poder capazes de construir e sustentar a vida, de fecundar e fertilizar a alma.

Muitas vezes as pessoas perdem o ânimo de viver por motivos e razões variados. Chegam mesmo a atentar contra a própria vida. Isso constitui afronta gravíssima às leis de Deus a proporcionar padecimentos futuros angustiosos.

Por outro lado, imenso contingente humano tem pavor da morte, quase sempre devido à descrença na vida futura. Santo Agostinho nos lembra que morremos todos os dias. A morte é, na realidade, a passagem para uma vida melhor sob o ponto de vista de que nos livra dos males da matéria. Contudo, não nos livra dos sofrimentos. Para o homem de bem a morte é ensejo de júbilo que o corpo físico não pode proporcionar. A morte é para os bons o encontro da paz enquanto que para os que se desviam do caminho do bem significa a entrada para o suplício.

As pessoas marginalizadas da sociedade, crianças, adolescentes e adultas, que vagueiam pelas vias públicas em grande número, espalhadas pelos recantos da imensa Nação Brasileira, compõem um quadro de penúria. Muitas, estiradas no chão da Pátria, sem teto e sem alimento, em situação degradante, inferior mesmo à dos animais irracionais. Estômagos vazios ulcerados pela carência de alimentação, pulmões minados pela fome, o corpo exibindo chagas. Já não se trata de pobreza aquela que acompanha o homem há milênios, mas de absoluta miséria. Todas as vistas devem voltar-se para essa realidade aviltante. Há necessidade urgente e imperiosa de enfrentar essa questão, fazer cessar a indiferença, pôr cobro em tal situação ou pelo menos minorar tal degradação.

Criam-se programas e impostos, destacam-se verbas para outras destinações, mas esse problema não tem sido solucionado nem mesmo considerado, não faz parte do sentimento das criaturas, não há vontade de resolvê-lo. Não se trata de retirar das ruas desocupados e mendigos para que não criem embaraços à vida e aos olhos dos transeuntes. Trata-se de encarar um realidade que atenta contra a dignidade da pessoa humana. É tema que diz respeito a todos, governantes e governados, religiosos ou não. A comunidade inteira tem obrigação irrecusável de dar solução a essa questão, venham de que fonte for os recursos necessários.

Queiram ou não os orgulhosos e os insensíveis, essas criaturas em infamante miséria são nossas irmãs e como tais devem ser consideradas e tratadas. Que se tribute com eqüidade a coletividade, até mesmo os próprios beneficiados, mas que encontre termo esse panorama desolador que envilece qualquer civilização.

Nem só de pão vive o homem. Entretanto, não se pode nem pensar em fazer discurso ou pregação de qualquer natureza ou procedência para os que têm permanentemente o estômago vazio e o corpo dilacerado pelos pedrouços da vida. É inelutável a necessidade de combate às causas profundas que dão origem a esses quadros tristes. Mas não há como esperar os resultados de outras medidas que possam ter repercussão sobre esses casos. O socorro e o amparo a essas criaturas devem ser urgentes. Quem não prestar colaboração nesse sentido está cometendo infração moral contra a Humanidade.

Neste momento não devemos levar em consideração se merecem ou não ser socorridas todas essas criaturas. Embora saibamos da existência das que preferem morrer na indigência a trabalhar, jamais devemos esquecer que também essas devem ser socorridas, eis que são portadoras de enfermidades da alma e que, por sua vez, serão um dia curadas. A distribuição da infalível justiça cabe às leis de Deus. A nós, filhos do Senhor da Vida, segundo as mesmas leis, incumbe a prática da caridade. .

Reformador Jan.99

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:33
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