NA TUMBA DO MESTRE

Os líderes religiosos deveriam falar o que houve com o corpo do Divino Rabi no túmulo de José de Arimateia, não encobrir o ocorrido dizendo que deveríamos nos apegar à glória do Cristo vencendo a morte, dando-nos a impressão de que os demais acontecimentos são irrelevantes para o nosso crescimento espiritual. Na verdade, eles sabem que na Bíblia há um grande desencontro de informações a respeito desse assunto e, propositalmente, escondem-no de nós.

 

Até hoje não sabemos o que se passou lá. Vejamos isso logo abaixo.

 

Quais mulheres foram ao túmulo de Cristo? Mateus diz que foi Maria Madalena e outra Maria. Marcos já afirma que apenas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé estavam no local. Lucas não especifica mulher alguma. Em contrapartida, João diz-nos que Maria Madalena foi a única a entrar onde o corpo de Jesus se achava.

 

Também não temos certeza de quem retirou a pedra do sepulcro. Mateus fala-nos que foi um anjo. Enquanto Marcos, Lucas e João relatam-nos que ela já havia sido removida.

 

Na tumba do Mestre há uma controvérsia no sentido de quem estaria dentro dela.

 

Mateus diz-nos que um anjo, com vestes brancas como a neve, encontrava-se lá. Mas Marcos dá-nos a informação de que era um jovem vestido de branco. No entanto, Lucas assevera-nos que dois homens, com roupas brilhantes, é que estavam naquele local. Ao passo que João declara que foram dois anjos com roupas brancas. Afinal de contas, ficamos sem saber quem verdadeiramente estava ali; se um ou dois anjos, um ou dois homens?

 

Esses fatos são literais e podem ser vistos na Bíblia em: Mateus 28:1-3; Marcos 16:1-5; Lucas 24:1-4 e João 20:1.11-12.

 

A maioria dos dirigentes religiosos não atenta para o que diz, ou seja, que, se a Bíblia foi inspirada por Deus, nela não se pode ter incoerências, contradições, divergências ou conflitos.

 

Ora, se temos a mesma fonte, ou seja, se única é sua origem, o máximo que podemos admitir é que cada um dos autores usasse suas palavras, mas o conteúdo deveria ser igual.

 

Raciocinemos: se o nosso Pai maior é perfeito, sua palavra também teria de ser.

 

Portanto, se o conteúdo da narrativa bíblica não coincide, tranquilamente deduzimos que nas Escrituras os textos são de lavra humana. Só por ter coisas edificantes não nos é lícito atribuir a ela uma divindade mentirosa. Afinal, outros livros apresentam elevadas lições e nem por isso são considerados deíficos.

 

Respeito e admiro a Bíblia, entretanto não posso admitir que inverdades sejam divulgadas, ainda mais quando servem para que o poder religioso melhor controle e tire proveito das massas. Enquanto tivermos pessoas poderosas dominando a opinião da população, fazendo com que o povo creia nas Escrituras como fonte infalível e divina, não se enganem, ao invés de Deus, o financeiro será sua meta principal.

 

Tendo tudo isso em vista, pergunto-lhes: o que vale mais para esses sacerdotes? A verdade ou o dinheiro?

 

 

Hugo Alvarenga Novaes

Publicado no jornal "O Tempo", caderno opinião, em 04/07/2008.

www.apologiaespirita.org

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
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