TRAMAS DO DESTINO

À união dos corpos sabemos precederem compromissos de sublimação, dor, reajustamento e sombra, cuja violação sempre acarreta consequências penosas para ambos os consórcios. A fim de se evitarem os desaires e choques que, naturalmente, ocorrem numa convivência a dois, especialmente se o amor não se faz estruturar nas bases da tolerância e da compreensão, o companheirismo durante o noivado é de fundamental importância, facilitando maior e melhor identificação pessoal, bem como ensejando a reeducação dos futuros nubentes, que se compreenderão desde logo, sem as surpresas que decorrem das uniões precipitadas.

 

Além disso, nunca se postergando o exame da responsabilidade na construção da família, os nubentes sabem que a progenitura é decorrência natural da comunhão física, através de cuja investidura retornam aqueles com os quais todos nos encontramos comprometidos, a fim de facultar-lhes o cadinho das abençoadas experiências terrenas...

 

Os filhos, a possibilidade de recebê-los, convém merecer cuidadoso exame dos candidatos ao matrimônio, que se não devem deixar envolver pelas modernas teorias anticoncepcionais, engendradas pelo egoísmo e pelo utilitarismo, com respaldo na irresponsabilidade do dolce farniente, sob a desculpa injustificável da explosão demográfica avassalante e insustentável em termos de futuro...

 

Também cabe a consideração de que a ausência dos descendentes pelo corpo, como imposição redentora decorrente dos abusos pretéritos que propiciaram fundas lesões perispirituais a expressar-se na impossibilidade da fecundação, na esterilidade, não isenta ninguém da paternidade e maternidade espirituais, levando os casais, assim caracterizados, à condição de providenciais e abnegados pais de filhos de pais vivos, distendendo-se-lhes os braços socorristas e compassivos, para aconchegá-los de encontro ao coração, preservando-os da orfandade social, com o que se credenciam à reconquista dos valores malbaratados e das bênçãos da procriação outrora vilipendiadas...

 

.... A programação dos destinos – exceção feita aos pontos capitais de cada vida – ajustada aos impositivos redentores indispensáveis à readaptação das ações anteriores, sofre sucessivas alterações resultantes do comportamento, das realizações, conquistas ou prejuízos a que a criatura está sujeita.

 

No tracejamento dos compromissos humanos, são previstas várias opções, em razão das atividades e injunções que se criam durante a vilegiatura corporal...

 

Construtor do destino, cada um o altera consoante lhe apraz, desde que não se encontre na expiação irreversível, que funciona como cárcere compulsório do defraudador renitente que engendrou, pela teimosia ou revolta incessante, a constrição que o reeduca, a benefício dele próprio.

 

Como ninguém se encontra destinado à dor, ao abandono, à infelicidade, as ocorrências afligentes são-lhe recursos salvadores de que se deve utilizar para crescer e aprimorar-se em espírito. Da mesma forma, as manifestações propiciatórias de felicidade, saúde, inteligência, afetos, independência econômica, longe de constituir-se prêmio ao merecimento, revelam-se como empréstimo para investimentos superiores, aquisições de relevo para o bem comum, de que todos são convocados à prestação de contas, posteriormente.

 

A vida física constituiu-se de oportunidades, todas valiosas, com que o espírito se defronta, sob qualquer manifestação, para o seu aprimoramento, sua ascensão.

 

O matrimônio, portanto, é a oportunidade para a elaboração da família, a construção da sociedade.

 

No lar encontra-se os fatores causais do mundo melhor, ou desafortunado, do futuro, conforme a diretriz que se estabeleça para a família. Mesmo considerando a vasta cópia de Espíritos necessitados de reencarnações compulsórias, nenhum deles, entretanto, retorna ao mundo carnal para promover a desordem, estimular a anarquia, fomentar a anticultura ou a perversão de valores. Antes, pelo contrário, a vida material representa ensejo para que recebam diretrizes, educação, disciplina, orientação com que aplainem as arestas do primarismo, almejem por melhor posição moral, aspirem a mais amplas concessões da vida.

 

Essa tarefa está reservada aos lares religiosos da Terra, muito especialmente aos cristãos da atualidade, lamentavelmente distraídos quanto aos deveres primeiros que lhes cabem no hodierno contexto social, divagando ou passeando por especulações adesistas, de conivência com a banalidade e a insensatez, longe dos padrões da responsabilidade do crescimento e da elevação moral.

 

...Assim, as disciplinas morais, os deveres espirituais cultivados na família promovem o progresso de seus membros, mesmo que precedentes das faixas inferiores da evolução, corrigindo más tendências, semeando ideias de solidariedade, ordem e justiça com que, de alguma forma, contribuirão para uma humanidade mais equilibrada. Tal não ocorrendo, no lar, serão os promotores das desditas individuais e coletivas, apoiados no desculpismo e na insanidade das justificações com que pretendem transferir as responsabilidades do próprio fracasso aos pais e às gerações transatas...

 

A família cristã deve ser mais do que uma esperança para o futuro bem da sociedade terrestre, antes, desde já, alentadora realidade do presente.

 

-- * --

 

- Sacrifício doméstico é cruz libertadora. Os homens, sedentos de gozos e iludidos em si mesmos, simplificam soluções, separando-se do cônjuge problema e adiando compromissos resgates... Transferem realizações, tecem complicadas malhas de fugas em que se enredam. Enquanto houver força, deve alguém porfiar no matrimônio sem esperar reciprocidade.

 

“ O perdão é decorrência do amor, do amor que não vacila, que sabe esperar, dignificar-se ... Todos nos ligamos uns aos outros por deveres e situações que nos aproximam ou nos afastam, sem que esta aproximação ou este afastamento signifiquem impedimento a que os acontecimentos se concretizem, de acordo com os liames de entrosamento sempre vigentes.

 

“ Vínculos familiares são opções evolutivas e experiências em que transitamos em forma de parentela carnal, para atingir a pureza na fraternidade espiritual que nos espera.

 

“Por isso, cônjuges difíceis, ingratos, adúlteros, agressivos, obsessos, ao invés do abandono rápido, puro e simples que mereceriam sofrer, devem-nos inspirar enfermos que são misericórdia, tratamento e ajuda....

 

-- * --

 

O matrimônio nobre, revestido dos ascendentes sagrados do respeito e da dignidade, é santuário de transfusão de hormônios, de forças restauradoras em que se harmonizam os que se amam, restabelecendo e mantendo compromissos superiores, mediante os quais se alam em júbilo às províncias da felicidade.

 

O deslumbramento que a mediunidade enseja aos incautos e desconhecedores da Doutrina levam-nos a desequilíbrios da emotividade, em relação aos seus portadores.

 

Surgem então nesse período, as justificativas injustificáveis quanto a reencontros espirituais, a esperas afetivas que se tornam realidade, a afinidades poderosas, produzindo acumpliciamentos de difícil e demorada reparação dos danos morais.

 

Imprescindível vigiar “as nascentes do coração”, conforme a linguagem evangélica, a fim de não se iludir.

Se alguém chegar posteriormente aos compromissos já firmados, é porque o sábio impositivo das leis assim determinou como corrigenda e reeducação dos faltosos...

Em se tratando de afeições, afinidades espirituais, não há por que as transladar para uniões perturbadoras, usanças sexuais perniciosas, embora, a princípio, encantadoras, que sempre resultam em inevitável frustração imediata e tardia amargura...

 

O verdadeiro amor, o que não se frui, permanece intocado, superior, ascendendo em grandeza e crescendo em profundidade.

 

O médium não pode esquecer que amar, sim, porém, comprometer-se moralmente pelo ditame do sexo, não, nunca!

 

Há muitas almas sob severas disciplinas, na Terra, que vivem em revolta, procurando a água pura da afeição e, ao encontrá-la, tisnam-na, incontinenti, tornando-a lodo.

 

Diante desses corações, o médium deve proceder com atitude de amizade, preservando-se interiormente, com afeição fraternal e reserva moral, a fim de não se permitir leviandades, que são sempre prejudiciais.

 

A abstinência sexual dentro dos padrões éticos do Evangelho constrói harmonia no espírito e no corpo.

 

Outros escolhos, diversos, que atentam contra o apostolado mediúnico, encontram-se e podem ser facilmente identificados por quem deseja ascensão moral e realização superior.

 

Espírito: Manoel Philomeno de Miranda

Médium: Divaldo Pereira Franco

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:07
link do post | comentar