Sexta-feira, 31 De Outubro,2008

LEMBRA-TE DELES

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Scheila

Lembra-te deles, os chamados mortos que embora invisíveis, não se fizeram ausentes...
Compadece-te daqueles que passaram no mundo sem realizar os sonhos de bondade que lhes vibraram no seio e volve o coração reconhecido para quantos te abençoaram a existência com alguma nota de amor.
Eles avançam para a vanguarda...
Muitas vezes, quando menos felizes, esmolam-te o reconforto de uma oração e, vezes outras, mergulham as dores que os afligem na taça de teu pranto, sequiosos de paz e libertação...
Outros muitos, porém, quais aves triunfantes nas rotas da Eternidade, buscam-te o coração por ninho de afeto que o tempo não destruiu, envolvendo-te o ser no calor de branda carícia para que o desânimo não te entorpeça a faculdade de caminhar...
Lembra-te deles e guarda-lhes a lição.
Ontem, apertavam-te nos braços, partilhando-te a experiência.
Hoje, transferidos de plano, colhem os frutos das espécies que semearam.
Aguça a audição mental e ouvirás o coro de vozes em que se pronunciam. Todos rogam-te esperança e coragem, alargando-te os horizontes. E todos se lembram igualmente de ti, desejando aproveites a riqueza das horas na construção do bem para a doce morada de tua porvindoura alegria, porque, amanhã, estaremos todos novamente reunidos no Lar da União Sublime, sem lágrimas e sem morte.

Fonte: Do Livro “Irmãos Unidos” Francisco Cândido Xavier/Autores Diversos
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:02
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Quarta-feira, 29 De Outubro,2008

A RAINHA DOS ANJOS

A alvorada desdobrava o seu formoso leque de luz quando aquela alma eleita se elevou da Terra, onde tantas vezes chorara de júbilo, de saudade e de esperança. Não mais via seu filho bem-amado, que certamente a esperaria, com as boas-vindas, no seu reino de amor; mas, extensas multidões de entidades angélicas a cercavam cantando hinos de glorificação.

Experimentando a sensação de se estar afastando do mundo, desejou rever a Galiléia com os seus sítios preteridos. Bastou a manifestação de sua vontade para que a conduzissem à região do lago de Genesaré, de maravilhosa beleza. Reviu todos os quadros do apostolado de seu filho e, só agora, observando do alto a paisagem, notava que o Tiberíades, em seus contornos suaves, apresentava a forma quase perfeita de um alaúde. Lembrou-se, então, de que naquele instrumento da Natureza Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor, em homenagem a Deus e à humanidade. Aquelas águas mansas, filhas do Jordão marulhoso e calmo, haviam sido as cordas sonoras do cântico evangélico.

Dulcíssimas alegrias lhe invadiam o coração e já a caravana espiritual se dispunha a partir, quando Maria se lembrou dos discípulos perseguidos pela crueldade do mundo e desejou abraçar os que ficariam no vale das sombras, à espera das claridades definitivas do Reino de Deus. Emitindo esse pensamento, imprimiu novo impulso ás multidões espirituais que a seguiam de perto. Em poucos instantes, seu olhar divisava uma cidade soberba e maravilhosa, espalhada sobre colinas enfeitadas de carros e monumentos que lhe provocavam assombro. Os mármores mais ricos esplendiam nas magnificentes vias públicas, onde as liteiras patrícias passavam sem cessar, exibindo pedrarias e peles, sustentadas por misérrimos escravos. Mais alguns momentos e seu olhar descobria outra multidão guardada a ferros em escuros calabouços. Penetrou os sombrios cárceres do Esquilino, onde centenas de rostos amargurados retratavam padecimentos atrozes. Os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido.

Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com as suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se mãe daquela assembléia de torturados pela injustiça do mundo. Espalhou a caridade misericordiosa de seu espírito entre aquelas fisionomias pálidas e tristes. Eram anciães que confiavam no Cristo, mulheres que por ele haviam desprezado conforto do lar, jovens que depunham no Evangelho do Reino toda a sua esperança. Maria aliviou-lhes o co­ração e, antes de partir, sinceramente desejou deixar-lhes nos espíritos abatidos uma lembrança perene. Que possuía para lhes dar? Deveria suplicar a Deus para eles a liberdade?! Mas, Jesus ensinara que com ele todo jugo é suave e todo tardo seria leve, parecendo-lhe melhor a escravidão com Deus do que a falsa liberdade nos desvãos do mundo. Recordou que seu filho deixara a força da oração como um poder incontrastável entre os discípulos amados. Então, rogou ao Céu que lhe desse a possibilidade de deixar entre os cristãos oprimidos a força da alegria. Foi quando, aproximando-se de uma jovem encarcerada, de rosto descarnado e macilento, lhe disse ao ouvido:

— “Canta, minha filha! Tenhamos bom ânimo!... Convertamos as nossas dores da Terra em alegrias para o Céu!..”

A triste prisioneira nunca saberia compreender o porquê da emotividade que lhe fez vibrar subitamente o coração. De olhos extáticos, contemplando o firma­mento luminoso, através das grades poderosas, ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus, em que traduzia a sua gratidão pelas dores que lhe eram enviadas, transformando todas as suas amarguras em consoladoras rimas de júbilo e esperança. Daí a instantes, seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes dos que choravam no cárcere, aguardando o glorioso testemunho.

Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima.

Por essa razão, irmãos meus, quando ouvirdes o cântico nos templos das diversas famílias religiosas do Cristianismo, não vos esqueçais de fazer no coração um brando silêncio, para que a Rosa Mística de Nazaré espalhe aí o seu perfume!

(Reprodução parcial do capitulo 30 — Maria — de “Boa Nova”, do Espírito
Humberto de Campos - psicografia de Francisco Cândido Xavier, 11ª edição FEB, 1977.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:53
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Terça-feira, 28 De Outubro,2008

O PROBLEMA DO DESTINO - AS VIDAS SUCESSIVAS

Certas escolas espiritualistas combatem o princípio das vidas sucessivas e ensinam que a evolução da alma depois da morte continua a efetuar-se somente no mundo invisível; outras, conquanto admitam a reencarnação, crêem que ela se realiza em esferas mais elevadas; o regresso à Terra não lhes parece ser uma necessidade.

Aos partidários dessas teorias lembraremos que a encarnação na Terra tem um objetivo e esse objetivo é o aperfeiçoamento do ser humano. Ora, dada a infinita variedade das condições da existência terrestre, quer quanto à duração, quer quantos aos resultados, é impossível admitir que todos os homens possam chegar ao mesmo grau de perfeição numa única vida. Daí, a necessidade de regressos sucessivos que permitam adquirirem-se as qualidades requeridas para ter entrada em mundos mais adiantados.

O presente tem a sua explicação no passado. Foi precisa uma série de renascimentos terrestres para que o homem conquistasse a posição que atualmente ocupa, e não parece admissível que este ponto de evolução seja definitivo para a nossa esfera. Os seus habitantes não estão todos em estado de transmigrar depois da morte para sociedades mais perfeitas; pelo contrário, tudo indica a imperfeição da sua natureza e a necessidade de novos trabalhos, de outras provas que lhes completem a educação e lhes dêem acesso a um grau superior na escala dos seres.

Em toda parte, a Natureza procede com sabedoria, método e morosidade. Numerosos séculos foram-lhe indispensáveis para fabricar a forma humana; só volvidos longos períodos de babaria é que nasceu a Civilização. A evolução física e mental e o progresso moral são regidos por leis idênticas; não basta uma única existência para dar-lhes cumprimento. E para que havemos de ir buscar muito longe, a outros mundos, os elementos de novos progressos, quando os encontramos por toda parte em volta de nós? Desde a selvageria até a mais requintada civilização, não nos oferece o nosso planeta vasto campo ao desenvolvimento do Espírito?

Os contrastes, as oposições que aí apresentam, em todas as suas formas, o bem e o mal, o saber e a ignorância, são outros tantos exemplos e ensinamentos, outras tantas causas de emulação.

Renascer não é mais extraordinário do que nascer; a alma volta à carne para nela submeter-se às leis da necessidade; as precisões e as lutas da vida material são outros tantos incentivos que a obrigam a trabalhar, aumentam a sua energia, avigoram-lhe o caráter. Tais resultados não poderiam ser obtidos na vida livre do Espaço por Espíritos juvenis, cuja vontade é vacilante. Para avançarem, tornam-se precisos o látego da necessidade e as numerosas encarnações, durante as quais a alma vai concentrar-se, recolher-se em si mesma, adquirir a elasticidade, a impulsão indispensável para descrever mais tarde a sua imensa trajetória no céu.

O fim dessas encarnações é, pois, de alguma sorte, a revelação da alma a si mesma ou, antes, a sua própria valorização pelo desenvolvimento constante das suas forças, dos seus conhecimentos, da sua consciência, da sua vontade. A alma inferior e nova não pode adquirir a consciência de si mesma senão com a condição de estar separada das outras almas, encerrada num corpo material. Ela constituirá, assim, um ser distinto, que vai afirmar a sua personalidade, aumentar a sua experiência, acentuar a sua marcha progressiva na razão direta dos esforços que fizer para triunfar das dificuldades e dos obstáculos que a vida terrestre lhe semeia debaixo dos pés.

As existências planetárias põem-nos em relação com uma ordem completa de coisas que constituem o plano inicial, a base de nossa evolução infinita e que se acham em perfeita harmonia com o nosso grau de evolução; mas, esta ordem de coisas e a série das vidas que com ela se relacionam, por mais numerosas que sejam, representam uma fração ínfima da existência sideral, um instante na duração ilimitada dos nossos destinos.

A passagem das almas terrestres para outros mundos só pode ser efetuada sob o regime de certas leis. Os Globos que povoam a extensão diferem entre si por sua natureza e densidade. A adaptação dos invólucros fluídicos das almas a esses meios novos somente é realizável em condições especiais de purificação. É impossível aos Espíritos inferiores, na vida errática, penetrarem nos mundos elevados e lhes descreverem as belezas aos nossos médiuns. Encontra-se a mesma dificuldade, maior ainda, quando se trata da reencarnação nesses mundos. As sociedades que os habitam, por seu estado de superioridade, são inacessíveis à imensa maioria dos Espíritos terrestres, ainda demasiadamente grosseiros, em insuficiente grau de elevação. Os sentimentos psíquicos dos últimos, mui pouco apurados, não lhes permitiriam viver da vida sutil que reina nessas esferas longínquas. Achar-se-iam lá como cegos na claridade ou surdos num concerto. A atração que lhes encadeia os corpos fluídicos ao Planeta prende-lhes, do mesmo modo, o pensamento e a consciência às coisas inferiores. Seus desejos, seus apetites, seus ódios, seu amor mesmo fazem-nos voltar a este mundo e ligam-nos ao objeto da sua paixão.

É necessário aprendermos primeiramente a desatar os laços que nos amarram à Terra, para depois levantarmos o vôo para mundos mais elevados. Arrancar as almas terrestres ao seu meio, antes do termo da evolução especial a esse meio, fazê-las transmigrar para esferas superiores, antes de terem realizado os progressos necessários, seria desarrazoado e imprudente. A Natureza não procede assim, sua obra desenrola-se, majestosa, harmônica em todas as suas fases. Os seres, cuja ascensão suas leis dirigem, não deixam o campo de ação senão depois de terem adquirido virtudes e potências capazes de lhes darem entrada num domínio mais elevado da Vida Universal.


Léon Denis

DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor . 20.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1998. p.169-172
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 18:24
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AVE MARIA

Fernando Pessoa

Ave Maria, tão pura
Virgem nunca maculada
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.
Vos que sois cheia de graça
Escutai minha oração,
Conduzi-me pela mão
Por esta vida que passa.
O Senhor, que é vosso filho
Que seja sempre conosco,
Assim como é convosco
Eternamente seu brilho
Bendita sois vós, Maria,
Entre as mulheres da Terra
E voss'alma só encerra
Doce imagem d'alegria.
Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa Mãe
É o fruto que provém
Do vosso ventre, Jesus!
Ditosa Santa Maria,
Vós que sois a Mãe de Deus
E que morais lá no céus
Oraes por nós cada dia.
Rogai por nós, pecadores,
Ao vosso filho, Jesus,
Que por nós morreu na cruz
E que sofreu tantas dores.
Rogai, agora, oh Mãe querida
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida.
Ave Maria, tão pura
Virgem nunca maculada,
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:33
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Segunda-feira, 27 De Outubro,2008

UM IRMÃO SUICIDA

UM IRMÃO SUICIDA
"Venho a esta casa falar de minha experiência de vida e morte para cumprir com uma tarefa que a mim foi dada pelos instrutores da colônia onde resido ultimamente. Tive uma vida muito fácil. Jamais senti qualquer dificuldade, tanto em minha infância, quanto mocidade e maturidade.Casei-me cedo, atendendo conveniências sociais e logo percebi o erro, separando-me após certo tempo, pela imaturidade da relação.
Depois de minha separação, desencontrei-me completamente entregando-me à solidão, ao álcool e às drogas. Embora todos esses vícios fossem praticados em grupo dentro de um círculo de amigos da sociedade, sentia-me em falta comigo mesmo e algo em mim impulsionava-me para o esclarecimento, como se minha consciência permanecesse alerta por todo o tempo, a me dizer
das conseqüências futuras de meu procedimento.
Não atendi à voz que me falava ao coração e entreguei-me a uma vida de futilidades, tendo todas as mulheres que almejava, e todas as experiências desejadas por um homem. No entanto, vivia só, mergulhado em grande solidão. Nas noites insones aguardava e desejava ansiosamente que viesse o sono e com ele a morte. Porém tinha medo de cometer o ato desgraçado por pura covardia. Enviei pedido de socorro para muitos de meus amigos, mas eles também estavam na escuridão da ignorância e não compreendiam a razão da infelicidade. Uma noite, não busquei mais o auxílio entre eles, mas nos comprimidos que me deixaram em sono profundo por quase 24 horas para acordar deste lado da vida, completamente só e desesperado.
Digo, meus amigos, que o suicídio é forma equivocada de libertação. Aprisiona ainda muito mais e os tormentos experimentados são inigualáveis. Quisera ter eu a capacidade de falar aos meus amigos e familiares sobre a vida espiritual. Do quanto se pode ser feliz na Terra se forem realizados os compromissos assumidos consigo mesmo. Quisera ter eu a capacidade de ensinar aos meus irmãos e pais o quanto é necessário ser bom , útil e submisso à vontade de Deus.
Bendito sejam os que possuem o entendimento da verdade e não necessitam passar pelos campos do sofrimento na vida espiritual. Os que tiram a própria vida sofrem dores pungentes, embora nem todos tenham o mesmo destino. Por obra e graça de Deus eu fui socorrido em tempo curto para os padrões da vida verdadeira e pude refletir sobre meus erros e acertos. Fui atendido nesta casa e hoje fui trazido aqui para ouvir os ensinos do Evangelho e escrever sobre minha experiência. O irmão Mauro quer que eu termine a escrita, pois em outra oportunidade virei novamente trazer outras impressões. Que a graça de Deus cubra de bênçãos este trabalho." - Um suicida agradecido.
Um Espírito suicida
Sociedade de Estudos Espíritas Allan Kardec

REITERO MEU PEDIDO:

EM SUAS PRECES, NÃO ESQUEÇAM NOSSOS IRMÃOS SUICIDAS, PARA QUE LHES CONCEDAM SABEDORIA PELO ERRO COMETIDO E RECOMECEM SUA JORNADA ESPIRITUAL
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:37
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Quinta-feira, 23 De Outubro,2008

MINHA AMIGA MARIA

Minha amiga Maria

Eu tenho uma amiga muito querida.
Chama-se Maria.
Maria é a minha melhor amiga.
Não estamos de acordo, muitas vezes, mas, no fim, é sempre ela que está com a razão.
Não sei por que eu admito a superioridade de Maria sobre mim.
Ela é ponderada, dócil e valente ao mesmo tempo. Justa e amiga da verdade.
Eu às vezes me esqueço que ela existe, mas Maria não se esquece nunca de mim.
Passam-se os dias e nem penso em Maria.
Às vezes acontecem comigo coisas desagradáveis, coisas que me fazem subir o sangue à cabeça, parecendo-me atirar no inferno da revolta, da indignação ou da mágoa, fico remoendo e arquitetando o modo de esclarecer as coisas, quase sempre de modo arbitrário, dado o meu estado de espírito.
E não durmo não me alimento direito. E fico aérea e sofrendo incrivelmente.
Nem mesmo assim me lembro de Maria, tal o desequilíbrio de minh’alma.
Mas, coisa estranha; sem que eu pressinta, Maria está sempre a meu lado, assistindo a tudo, silenciosamente.
Quando a vejo, um tanto perturbada, pergunto: - “Você está aqui há muito tempo?... Por que não diz alguma coisa?”.
Então, calmamente ela responde:
-- “Aguardava esse momento. Não devia tomar a iniciativa. Você sabe que eu não devo intervir sem ser chamada.”.
Eu, ainda nervosa, lhe respondo:
-- “Você viu Maria”? Viu o que me aconteceu?
--“Sim. Vi. E, mais que isso, assisti mais profundamente que você”.
-”-” Então sabe que eu tenho razão de estar sofrendo, não é? “
--“Não. E não posso crer que você permita tal calamidade. Você diz que o que mais deseja no mundo é a sua evolução espiritual. Não é isso?” - Ela pondera.
--“Sim. Ë isso mesmo.”.
--“Nesse caso devo lhe dizer que não parece estar você trabalhando para esse fim.”.
--“Como assim?” - lhe pergunto.
_ “Diga-me: você é esse veículo físico ou um espírito em ascensão? Um espírito invulnerável e imortal?...”.
--”Bem”. Eu sou um espírito que habita um corpo, para através desse corpo, alcançar as regiões da luz?
--“E seu espírito, invulnerável, poderia ser atingido por flechas envenenadas?”.
--“Creio que não” - lhe respondo.
--“Crê, ou tem certeza?” - voltou ela.
--“Sim, tenho certeza.”.
--“O que aconteceu com você foi apenas um arranhão, um ferimento no veículo, não no dono. Certo?” - e continua sua sábia explicação: - “Se você vivesse mais no andar de cima, não seria apanhada de surpresa e se defenderia de outra forma mais civilizada, mais humana, pelo menos.” - E prossegue: - “Eu acompanhei tudo e agora vou lhe dizer tudo, com detalhes que você deixou de lado, por cegueira.”.
Então, Maria me deixa perplexa. Conta e mostra pormenores da minha causa, deixando-me ver sombras que eu omitira. O porquê, afinal, da minha revolta, estava, justamente, nessas sombras que eu ocultara de mim mesma.
--“O mal”- diz ela – “está no seu plano emocional. Você guarda ainda marcas de duros golpes das vidas passadas, e a epiderme dessas cicatrizes está ainda muito delicada. Qualquer toque, qualquer pancada, dói até a alma. Você precisa limpar o passado, com a esponja do presente.”.
Então, Maria me disse que de agora em diante, quando eu for ferida, embora a dor me arranque lágrimas, eu não deixe transparecer.
A maioria da humanidade, disse-me ela, também, como você, é intocável.
--”Alguns adotaram o conformismo que debilita e mata”. Outros, sorrateiramente, aparentam calma e aguardam o momento da vingança. Mas você não é uma conformada nem uma vingativa, mas uma lutadora incansável, porém dentro de seus domínios. Lute com você mesma e esses sofrimentos, essas amarguras e decepções, se transformarão em páginas brilhantes no livro da sua vida.
Ë eu perguntei a Maria::
--”Então eu nunca tenho razão”? Não faço nada certo?
Maria sorriu complacente e respondeu:
--”Entre as coisas certas que você faz, uma e a principal é me admitir em seus domínios e me consultar e procurar aos poucos seguir os meus conselho”.
“Todos, como você, também têm uma amiga inseparável como eu, mas se escondem no subsolo de suas construções e nem a conhecem”.
“Você precisa mudar-se de vez para o andar de cima. Lá, estaremos definitiva e intimamente juntas e a alegria não terá influência sobre você. Você encontrará, então, a chave que abre todas as portas.”
*****
É por isso que eu gosto tanto de Maria.
Ela me faz me sentir, e me ajuda a me realizar.
Ela diz que eu, quando fizer algo bom, que não espere elogios de fora, e quando fizer algo de mau, que não me preocupe com as condenações. Só ela me compreende, por isso agradeço a Deus por me deixar ver e sentir Maria sempre comigo.
Que seria de mim, se ao invés de Ter essa amiga sempre atenta aos meus menores gestos, a tivesse adormecida, não tomando parte ativa da minha vida? ...
Como teria eu de penar pelas futuras vidas, carregando esse fardo pesado de emoções mórbidas e pensamentos sombrios? ...
Que venha o que vier, hei de ser mais resistente, mais compreensiva e mais evoluída.
Que essas cicatrizes de epiderme sensível se transformem em defesas vivas, em couraças, para que outras feridas jamais se abram.
*****
Minha consciência superior – minha amiga – tu és simplesmente, MARIA! ...
Minha amiga Maria de Nazaré! ...


Espírito Cenyra Pinto
Livro “Levanta-te e anda...”.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 16:51
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