Sábado, 31 De Janeiro,2009

DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL

"Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição".
"A explicação dos fatos que o espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado". Allan Kardec. ( "O Livro dos Médiuns", Primeira Parte. Cap.II, Itens 10 e 14, n.º 7º)
Os fenômenos mediúnicos são de todos os tempos e estão em todas as raças. Ao longo da história dos povos a intervenção dos Espíritos é como um sopro forte, agitando, sacudindo, alterando o clima psíquico dos homens.
Essas presenças imateriais, constantes, vivas e atuantes entrevistas por muitos, pressentidas por outros, transformam-se, ao sabor das fantasias de mentes imaturas, em fatos maravilhosos e sobrenaturais coloridos com as tintas fortes da imaginação.
E à medida que o tempo avança a tradição oral se encarrega de transmitir os fatos maravilhosos de geração em geração, naturalmente acrescidos dos matizes regionais, o que depois veio a constituir-se no folclore característico de cada região. Muita coisa hoje considerada folclórica teve a sua origem em fatos mediúnicos, destes decorrendo superstições as mais diversas, profundamente enraizadas na alma do povo. Desde o feiticeiro, na mais antiga, remota e primitiva das aldeias indígenas, que pratica a sua medicina numa tentativa de esconjurar os maus Espíritos e atrair os bons, até o nosso sertanejo, o homem simples do povo, que e apega às simpatias e sortilégios para garantir a sua defesa contra os mesmos maus Espíritos e granjear a proteção dos bons, vemos o conhecimento espontâneo, intuitivo e natural que o ser humano tem da imortalidade da alma e da comunicabilidade entre os "mortos"e os vivos. Desta certeza originam-se, evidentemente, os cultos afros, tão difundidos em nosso país, mas herança de uma pátria distante, numa amálgama muito bem elaborada de religião e folclore.
Muitas lendas - algumas bem antigas - são até hoje bastante propaganadas em nosso sertão. É o caso, por exemplo, da "mula-sem-cabeça"que ainda prossegue apavorando, pois vez que outra a lenda se vitaliza com a notícia de novas aparições da monstruosa criatura. A lógica nos faz deduzir que tal lenda nasceu da aparição de algum Espírito zombeteiro e maldoso que se deixava ver nesta forma para aterrorizar as pessoas, com que se diverte e compraz. igualmente as aparições de lobisomens, sacis, boitatás, etc.
Allan kardec elucida a respeito, em "O Livro dos Médiuns".
"(...) Mas, também já temos dito que o Espírito, sob seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as espécies de formas, para se manifestar. Pode, pois, um Espírito Zombeteiro aparecer com chifre e garras, se assim lhe aprouver, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa."(Cap. VI, Item 113-ª)
Embora muitas crendices tenham-se originado de fatos mediúnicos, há ainda uma enorme variedade de superstições que nada têm a ver com eles e são conseqüência da ignorância e do temor ante o desconhecido.
Em decorrência surgiram as fórmulas mágicas, as simpatias, os talismãs como recursos de defesa.
Assevera kardec:
"Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita". (Cap. II da Primeira Parte, Item 13. Ob. Cit.)
A Doutrina Espírita tem explicação lógica e racional para todas as coisas e situações da vida. lançando luz sobre problemas considerados inextricáveis, esclarece com raciocínio claro e insofismável tudo o que está ao alcance da mente humana. Essas explicações são simples e objetivas, despojadas de misticismo e quaisquer crendices. Não se justifica, portanto, que entre os espíritas sejam cultivadas certas crenças , sejam adotadas atitudes que constituem um misto de ritualismo superstições. É exatamente na prática mediúnica que mais se encontram estes resquícios.
A fé, sob o domínio do pensamento mágico, é novamente envolvida nos véus dos mistérios e, não sendo raciocinada, deixa de esclarecer e libertar.
Concessões vão sendo feitas, gradativamente, até que ao final já não exista quase nada que lembre a Doutrina Espírita qual a deturpação e práticas estranhas enxertadas.
Não se justifica que a mediunidade seja encarada em nosso meio como alguma coisa sobrenatural e os médiuns como pessoas portadoras de um dom maravilhoso que as torna seres da parte, diferentes dos demais. Tudo isto é fruto, unicamente da falta de estudo doutrinário. E quando a Codificação jaz esquecida e os postulados básicos da Doutrina Espírita sequer são conhecidos, restará apenas o mediunismo ou o sincretismo religioso. Neste campo o maravilhoso e o sobrenatural imperam.
A Doutrina Espírita não é isto. Não podemos contemporizar quanto ao nosso testemunho de fidelidade doutrinária. E este testemunho deve ser prestado, sobretudo, dentro da Casa Espírita, no seu dia-a-dia. Por essa razão não se pode postergar o estudo da obra de kardec, estudo este que deve ser metódico e constante.
Pode ser que assim, penetrando no sentido cada vez mais profundo do que seja o Espiritismo no seu todo global, abrangente, consigamos um pouco do bom senso, da lógica e da firmeza que eram apanágio do Codificador.
Suely Caldas Schuber
Revista REFORMADOR, abril de 1995, FEB.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:01
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Sexta-feira, 30 De Janeiro,2009

PRIORIDADE DE MADALENA

“E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primei­ro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios”. (Marcos, 16:9)
Os quatro evangelistas são unânimes na afirmação de que Jesus, após a sua crucificação, apareceu, em espírito, primeiramente a Maria Madalena, antes mesmo de tornar-se visível aos apóstolos.
Qual a razão dessa prioridade de Maria Madalena, quando seria de se esperar que Ele desse preferência em aparecer primeiramente à sua própria mãe ou a algum dos seus irmãos?
O que teria levado o Mestre a não procurar, em primeiro lugar, Pedro, João ou Tiago, os três apóstolos que, invariavelmente, o seguiam nos episódios mais importantes de sua vida?
Porque o Mestre não se manifestou com primazia a qualquer outro discípulo —dentre os quais Natanael, que merecera o elogio de ser “um verdadeiro israelita em quem não havia dolo”?
Podemos afirmar, contudo, que a escolha do Messias foi das mais acertadas, pois, se perlustrarmos as páginas dos Evangelhos — de João Batista ao Apocalipse — talvez não encontremos uma personalidade que tenha, em tão curto prazo, triunfado em batalha tão difícil de ser vencida.
Pedro lutou contra a indecisão, a falta de fé e o apego às tradições inócuas;
Paulo travou gigantesca ba­talha contra os preconceitos das leis religiosas e contra o fanatismo;
Judas Escariotes, embora fracassado, deve ter, lógica­mente, lutado contra a tentação da riqueza; o publicano Zaqueu venceu a batalha contra o enriqueci­mento ilícito; entretanto, Maria Madalena venceu o maior conflito, lutando contra inúmeros vícios, entre os quais alguns dos mais degradantes, saindo plenamente vitoriosa da peleja. E ninguém desconhece os percalços de uma luta sem quartel contra o império dos vícios.
Madalena, dentre todos aqueles que conviveram com o Mestre, foi quem dispendeu maior soma de esforços em favor da própria reforma moral, conseguindo, com sua fé inabalável remover as montanhas de vícios que jaziam no recesso do seu ser.
Após ter Jesus expelido dela uma legião de sete espíritos obsessores, Madalena se converteu incondicionalmente à Boa-Nova, transmudando-se numa das mais equilibradas assessoras do Mestre, ao ponto de deixar para trás todas as vantagens transitórias que o mundo lhe oferecia.
Amando o Cristo na verdadeira acepção do termo e dedicando-se com abnegação à portentosa obra reformista da qual Ele era o porta-voz, Madalena se enquadrou nos ensinos evangélicos do “amor que cobre a multidão de pecados”, segundo Paulo, e do “muito será perdoado a quem muito amou”, segundo Jesus. Maria Madalena tornara-se a mulher compenetrada dos seus deveres e plenamente cônscia das imensas responsabilidades da criatura perante o Criador
* * *
O Espiritismo nos ensina que a alma humana, em seu interminável processo evolutivo, é submetida às mais variadas provas, imprescindíveis para se ascender aos pá­ramos mais elevados da espiritualidade.
No decurso desses processos probatórios, através dos quais a alma burila-se e adquire virtude e sabedoria, é imperioso ser-se suficiente­mente forte para não falir. A falta de vigilância, a desídia, a prática de atos iníquos, são portas abertas pa­ra a queda da alma, e essa queda, inapelavelmente, acarreta os agudos e inevitáveis ciclos expiatórios, que se processam pelas vidas sucessivas do espírito na carne.
Na quase absoluta totalidade, a expiação é o caminho fatal para a reabilitação e soerguimento da alma. Entretanto, existe outra senda: a prática do amor, senda essa que muito dificilmente é escolhida por alguém.
Madalena havia pecado muito, mas, o seu arrependi­mento sincero, seu amor à causa cristã que havia esposado e sua eficiente colaboração no Messiado de Jesus Cristo, certamente fizeram com que se apresentasse aos olhos do Mestre como aquela que melhor havia assimilado e posto em prática os seus ensinamentos, daí a prioridade que gozou ao ser a primeira criatura encarna­da a receber a visita do Espírito de Jesus, após a consumação do hediondo sacrifício do Calvário.
Paulo Alves De Godoy
Fonte: Correio Fraterno – dezembro, 1967
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:06
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Quinta-feira, 29 De Janeiro,2009

GOSTAR DO QUE SE FAZ: UMA MANEIRA DE PREVENÇÃO!

“Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido (...) (grifos originais.) (“O Livro dos Espíritos”) (1)
Examinando a problemática do suicídio, somos forçados a pensar nos fatores considerados como indutores (suicidógenos) a tão funesto ato. Partindo do aval dos Espíritos da Codificação (2) e reforçando a argumentação por constatações as mais diversas, encontramos na ociosidade um dos mais arraigados fatores predisponentes ao auto-aniquilamento. É sobre esse, mesmo sabendo que muitos outros fatores também implicam diretamente na questão em foco, que iremos tratar.
Consultando o Aurélio (3), temos por definição de ociosidade a “qualidade ou estado de ocioso, de quem gasta o tempo inutilmente; inatividade (...) Podemos daí inferir que a inutilidade de nosso tempo, quer por preguiça, mau uso ou incompatibilidade com nosso potencial, determina em nós um certo “estado de ociosidade”(4). É comum ouvirmos pessoas dizerem que estão com preguiça, sem que sejam, necessariamente, preguiçosas; que criaturas existem usando mal seu tempo sem que tenham, obrigatoriamente, se envolvido com atividades más, embora improdutivas ou pouco produtivas; por fim, há indivíduos que se perturbam muito, mesmo produzindo o bom e o bem, em decorrência de estarem agindo sem a satisfação que se adquiro quando “se faz o que gosta”ou “se gosta do que faz”.
Afirma um ditado popular que “em cabeça vazia só entra o que não presta”. Apesar da generalização ser muito forte, é certo que os maus pensamentos encontram numa mente ociosa ambiente propício para se instalarem e se desenvolverem, criando verdadeiras ‘‘colônias’’ mentomagnéticas de atração pulsantemente (auto) obsessiva. O cuidado por bem ocupar a mente deve ser tomado com a dimensão que o sentido implica, pois, por mente ociosa, não se deve entender apenas aquela que não está voltada a uma atividade qualquer, mas o mau uso ou o uso indevido dos recursos mentais pode (e deve) ser igualmente catalogado como uso ocioso.
Como não pretendemos escrever um tratado sobre o assunto, mesmo porque não nos sentimos capacitados para tal desiderato, tomaremos tão somente as três situações acima colocadas, as quais, acreditamos, englobam um universo muito vasto de casos afins.
A preguiça, pernicioso elemento de personalidades ainda fragilizadas ante a necessidade de evoluir, induz o homem a um imobilismo degradante, já que se insurge contra a lei natural que nos sugere o “movimento”, a ação. Sua presença de uma forma mais constante na vida de uma criatura propicia uma visão distorcida da realidade, fazendo-a observar a agilidade, o trabalho e a produção como um erro da Natureza. Desse estado facilmente chega à ira contra os “sistemas”, os ativos e os capazes; por se sentir “por fora”, inativo e incapaz, distorce os fatos e vê na necessidade de agir uma imposição descabida, na ajuda que se lhe queira dar, uma intromissão indevida, e na realização dos outros um menosprezo vaidoso. Sentir-se cansado e parar para um repouso é parte da própria Lei Natural; parar para não fazer nada e depois deitar-se para descansar do cansaço produzido pelo nada feito é malbaratar a vida.
Usar mal o tempo, ainda que obtendo satisfações de apetites menos felizes, também repercute desastrosamente na personalidade humana, posto que O sentido de ser útil é necessidade básica de todos. Quando voltado apenas à satisfação pessoal, arroja-se à saciedade, outro fator suicidógeno; se praticado por desatenção ou irreflexão, a produtividade final sai comprometida, deixando a desagradável sensação de “tarefa não cumprida” ou “obrigação mal feita”. Repercutindo no psiquismo mais profundo do ser - onde não se consegue mentir para si mesmo, corre o risco de se sentir inútil, desnecessário, dispensável. Ou seja: abrem-se comportas à obsessão, ou auto-obsessão, dando fácil guarida às idéias suicidas.
Mas algumas criaturas ativas e dispostas, que usam bem seu tempo, também se vêem às turras com um sentido de ociosidade, mesmo quando trabalham tanto que mal lhes sobra tempo para o descanso diário recomendado. São os que estão na labuta honesta, produtiva, mas não satisfatória. Falta-lhes o prazer do “fazer aquilo que gosta ou gostaria”. Sofrem sem saber por que, ou quando sabem, por se sentirem incapazes de mudar. E dessa forma se entregam, desesperadamente, a um trabalho que não dá satisfação e, embora comumente elogiados, se deprimem.
Se juntarmos os três fatores citados, veremos que estão intimamente interligados, sendo que na base vige a falta de satisfação real. Basta olhemos os exemplos diários que a vida nos apresenta e reconheceremos antigas fortunas hoje em situação modesta, mas realizadas; senhores em anterior posição de mando, atualmente serventes, porém, com sorrisos nos lábios; criaturas antes indolentes e pessimistas, agora ativas e harmonizadas. Qual o ponto em comum nesses exemplos? Tão somente a
descoberta da satisfação de se fazer o que se gosta. Mas, poder-se-ia perguntar: seria isso tudo? Estaria aí a solução de tão intrincado problema? É óbvio que não. Mesmo porque o fazer o que se gosta também está subordinado a outros fatores, alguns deles por vezes intransponíveis numa determinada reencarnação. Contudo, se o fazer o que se gosta é possível, não compromete moralmente o indivíduo e o faz render o falado “algo mais”, não nos cabe opor obstáculos; ao contrário, é dever nosso descobrir e apresentar as oportunidades.
Muitas vezes, as idéias suicidas podem ser combatidas apenas com o preenchimento do vazio que habita o tendencioso ao ato, e esse vazio é comumente nutrido pela falta de satisfação pessoal - no nosso ver, uma das variantes do ócio. Falamos de satisfação pessoal no sentido nobre do termo, aquela satisfação que, encontrada em todos os povos, lugares e condições, está à disposição de todas as criaturas, desde que se disponham a fazer o que gostam ou aprendam a gostar do que fazem. Para tanto, basta buscar agir e se desenvolver, de forma e com fim útil, nas “aptidões naturais”, como, de ordinário, sugerem os Bons Espíritos da codificação do Espiritismo. A despeito de adquirir-se novos hábitos ser, por vezes, dificultoso, se o objetivo é pretendido e valioso - e como a própria vida é e deve ser dos mais valiosos objetivos do homem - tudo nos impele, de forma natural, às adaptações necessárias; ou seja: quando se quer fazer o que se gosta, busca-se solução; quando não encontrada, faz-se a adaptação para que aquilo que se faz, faça-se com prazer. Assim agindo, muitas idéias suicidas não resistirão, por lhes faltar o “clima” gerado pelo ócio.
Jacob Melo
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993
1 - KARDEC, Allan - Desgosto da vida. Suicídio. In: “Livro dos Espíritos”, Parte 4ª, Cap. 1, Questão 943, pág. 439, 73ª ed., abril 1993, FEB-Rio/RJ.
2 - Ver toda a Questão 943 reproduzida na página seguinte.
3 - FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. In: “Novo Dicionário da Língua Portuguesa”, pág. 1212, 2ª ed., 1986. Editora Nova Fronteira - Rio/RJ.
4 - A expressão é valida, posto que não convém confundirmos ser ocioso com estar ocioso.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 10:51
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Quarta-feira, 28 De Janeiro,2009

PRIMEIRA ENTREVISTA DE YVONNE A. PEREIRA

1- Ao receber a mensagem do Além, para os seus livros, você fica consciente do que escreve ou só se reconhece ao terminar?
R- A obtenção de um livro mediúnico é trabalho árduo, que mobiliza todas as forças mentais e psíquicas do médium a serviço do agente comunicante, pois, é transmissão de pensamento a pensamento. nem todos os médiuns têm as mesmas características para a recepção desse gênero de trabalho. No que me diz respeito, sofro transe pronunciando, embora, não completo. Tenho consciência de mim mesma, mas qualquer rumor exterior me poderá perturbar. Por essa razão só escrevo altas horas da noite. Vou lendo o que escrevo como se se tratasse de um folhetim que me apresentassem. O impulso do braço e atordoamento é ligeiro sem ser veloz. Às vezes, ouço o murmúrio do ditado como se se tratasse de um folhetim que me apresentassem. o impulso do braço é ligeiro sem ser veloz. Às vezes, ouço o murmúrio do ditado como se o Espírito comunicante falasse aos meus ouvidos, o que facilita a recepção. Se a obra é de difícil captação, como Memórias de um Suicida e Nas Voragens do Pecado, o impulso vibratório do braço é menos rápido. Perco a noção do que me rodeia, mas não de mim mesma; somente me apercebo da tarefa que executo, por isso necessito de silêncio e tranqüilidade. Às vezes, vejo as cenas que estou descrevendo, mas só me inteiro do conteúdo da obra, verdadeiramente, depois da sua publicação.
2- Quantas obras á publicou e quais os seus autores?
R – Publicados tenho apenas onze mas possuo várias outras inéditas, esperando oportunidade para virem a lume. Os autores são os espíritos de Adolfo Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Charles, cujo sobrenome ainda desconheço, e Léon Tolstói. Nessas onze obras estão incluídas as duas constantes do volume Nas Telas do Infinito e as duas constantes do volume Dramas da Obsessão.
3- Como e quando começou a psicografar?
R- Aos doze anos de idade já eu escrevia impulsionada pelos Espíritos, sem contudo, ter verdadeira noção do fenômeno. Sou criada em ambiente espírita desde o berço e por isso o fato nunca me impressionou. Sentia indomável impulso no braço e atordoamento, sem no entanto, se verificar o transe, e isso fora mesmo de sessões práticas. Desejava parar de escrever e não conseguia. o fenômeno parece que se processava pela psicografia mecânica. E via o Espírito comunicante, que se nomeava Roberto, afirmando ter vivido na Espanha, pelo século XIX.
Nunca procurei desenvolver a mediunidade ou a provoquei. Apresentou-se-me,ela , naturalmente, desde a infância. Apenas procurei imprimir-lhe o rumo conveniente, educando-me na moral evangélica e nas disciplinas recomendadas pela Doutrina Espírita. E comecei a psicografar livros ainda em minha juventude, recebendo o primeiro convite ao trabalho e as necessárias instruções do Espírito Camilo Castelo Branco, que desde minha infância se revelou um grande amigo espiritual. Qualquer entidade que conceda uma obra psicográfica convida o médium (não ordena) e fornece instruções. Sem esse convite será difícil senão impossível, conseguir-se alguma coisa autêntica. Pelo menos é o que acontece comigo.
4- Possui apenas o dom da psicografia ou faz alguma outra coisa dentro do Espiritismo?
R- Possuo vários outros dons mediúnicos, inclusive o de cura, os quais pus a serviço da Doutrina Espírita e do próximo desde a minha juventude. De tudo já realizei um pouco,como médium e como espírita. Atualmente, porém, como médium, limito-me à psicografia, à oratória, à colaboração na imprensa espírita, ao Esperanto, à correspondência doutrinária e a um pouco de assistência doutrinária e a um pouco de assistência social nos meios espíritas. Possuo também a faculdade de efeitos físicos (materializações),mas, não me interessando por esse gênero de trabalho espírita não a utilizo.
5- Que pretende para a vida espiritual? Ou já se afinou com ela?
R – Nenhum de nós poderá fazer projetos para a vida espiritual. Nosso futuro em Além Túmulo depende das ações praticadas durante a vida terrena, ou seja, dos méritos ou deméritos adquiridos neste mundo. Nada posso pretender, portanto, da outra vida. Cabe-me apenas esperar pela justiça e a misericórdia de Deus. Não resta dúvida, porém, de que vivo mais da vida espiritual do que da material, há muitos anos.
6- A psicologia e a Parapsicologia podem explicar cientificamente os fenômenos de psicografia?
R- Não, porque propositadamente, os investigadores contrários à tese espírita não querem explicá-los, assim como nenhum outro fenômeno espírita.
Fecham os olhos para não ver, tudo atribuindo ao inconsciente, quando o “maior livro de Parapsicologia escrito até agora é “O Livro dos Médiuns”, de Allan kardec, tal a declaração de um erudito espírita brasileiro. O fenômeno da psicografia é mediúnico, carecendo sempre de um agente espiritual independente do médium. Não havendo esse agente, isto é, o Espírito comunicante, deixará de haver psicografia. O mais que os senhores parapsicólogos têm feito é apontar fenômenos de animismo aliá-los aos fenômenos mediúnicos, ou seja, fenômenos produzidos pelo Espírito do próprio médium e não por um espírito desencarnado; nesta última hipótese a Parapsicologia para, quando devia continuar .
Os espíritas foram os primeiros a observar os fenômenos produzidos pelo animismo e nunca se sentiram diminuídos por eles. Trata-se de fenômenos belíssimos, de grande valor, provando não só a existência da alma e suas poderosas forças, mas ainda a vontade soberana dela, sua independência e lucidez fora dos limites corporais, sua ação, seu poder particular conferido pela Natureza.
Essa questão vem sendo esclarecida desde os primórdios do Espiritismo os ilustres pesquisadores e sábios psiquiatras europeus e norte-americanos, e também por vários observadores brasileiros.
Qualquer espírita, ainda que pouco versado em matéria de mediunidade, e desde que não deixe cegar pelo fanatismo, poderá realmente distinguir o fenômeno espírita do fenômeno puramente anímico, porquanto êles são absolutamente diferentes. A Parapsicologia, pois não explica a psicografia, como não explicar nenhum outro fenômeno espírita de que participe o espírito desencarnado, visto que prefere encobri-los.
7- O psicógrafo interfere na qualidade literária da mensagem?
R- Até certo ponto, sim. Se, na vida prática e em sua vida mental, ele age de forma a só atrair bons Espíritos, necessariamente as comunicações recebidas serão de excelente qualidade . Se se afinar, porém, com Espíritos ignorantes, medíocres, frívolos ou mistificadores, as mensagens recebidas (escritas ou verbais) serão suspeitas ou de má qualidade. Esse, um ponto doutrinário dos mais conhecidos e debatidos. Se o médium possuir cabedal intelectual também influirá, de certo modo, porque o agente comunicamente encontrará facilidade em usar esse material e a obra sairá mais completa. Mas há médiuns iletrados, sem serem analfabetos, que produzem obras literárias de imenso valor.
O médium norte-americano Andrew Jackson Davis, por exemplo, obteve várias obras literárias importantes, entre outras a Grand Harmony, que maravilhou o mundo; e o médium Thomas P. James, também norte-americano, um simples mecânico impulsionado pelo Espírito do escritor inglês Charles Dickens, terminou o romance O Mistério de Edwin Drood que o autor deixava a meio, ao falecer. E de tal forma o conseguiu que não foi possível determinar o ponto em que termina a obra do escritor e começa a ação do médium. Outros psicógrafos existiram, como o português Fernando de Lacerda, que escrevia mediunicamente, em prosa e em verso, conversando com amigos, com as mãos, acionado pelos escritores clássicos de Portugal. Às vezes, Fernando de Lacerda despachava com a mão direita papéis da repartição em que trabalhava, enquanto psicografava com a esquerda páginas de Alexandre Herculano, Eça de Queirós, Camilo, etc. O mesmo sucedia ao médium brasileiro Carlos Mirabelli, de S.Paulo, que psicografava com as duas mãos, também conversando, teses científicas ou filosóficas, em línguas diferentes umas das outras. E apenas cito esses, que, certamente, não interferiram, de forma alguma, na qualidade ou na ação da psicografia. Médiuns desse tipo são, porém, muito raros. O mais comum é haver influência do médium, sobretudo quando ele não observa uma disciplina rigorosa e não se empenha em bem compreender a mediunidade, a fim de exercê-la criteriosamente. O médium muito intelectualizado, por sua vez, mantendo idéias e opiniões muito pessoais, e preconceitos às vezes inveterados, poderá influir bastante, alterando o pensamento da entidade comunicante, produzindo o a que denominamos “enxerto”.
Os Espíritos elevados, que já se manifestam com obras de responsabilidade, preparam os seus médiuns longamente , por vezes desde a infância, a fim de evitar tais ocorrências. De qualquer forma, o Espírito comunicante utiliza o cabedal fornecido pelo médium. Poderá este psicografar assuntos muito superiores à sua capacidade, mas sempre existirão certas expressões particularmente suas, naquilo que produz. De outro modo, a qualidade da mensagem não depende apenas do médium, mas também do Espírito que a fornece e até do ambiente em que exerça a sua faculdade.
É trabalho penoso para ambos, e assunto complexo. O melhor meio de a palavra dos Espíritos chegar pura e de boa qualidade é procurar o médium moralizar-se, elevar-se espiritualmente, fazer-se humilde , reconhecer as próprias fraquezas e jamais se considerar excelente ou indispensável, além do dever de exercer o bem de toda parte. Eis como o médium poderá influir nas mensagens que recebe.
8- Pode descrever um pouco do estado de espírito da pessoa no momento de psicografar?
R- Quase que de regra, esse fenômeno se verifica tão inesperadamente que o médium se surpreende a aturde, mormente se o fato vem espontaneamente, sem o preparo prévio das sessões de experimentação mediúnica. Se se trata, porém, de psicografia já educada, com o médium responsável, ou da obtenção de um livro, por exemplo, quando já o médium recebeu as devidas instruções de seu Guia Espiritual; se se trata de um receituário, um conselho a particulares, etc., esse estado (em mim, pelo menos) é de expectativa, de emoção, de profundo respeito e até de religioso temor, se assim me posso expressar. Às vezes, certa inquietação sobrevém, pois que, já empunhado o lápis, com a mão apoiada sobre o papel, o médium não tem a mínima idéia do que escreverá.
Revista Internacional de Espiritismo - Nº 02 - Maio/1972
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:52
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Terça-feira, 27 De Janeiro,2009

ONDE ESTÁ DEUS

Oito e dez anos, dois irmãos "do barulho".
Qualquer confusão na pequena cidade invariavelmente envolvia os pirralhos.
A mãe, preocupada com o futuro dos encapetados rebentos, pediu ajuda ao pároco. O sacerdote recomendou que os levassem à igreja separadamente.
Primeiro o mais novo.
Fê-lo sentar-se na sacristia, sozinho, diante dele.
Tratou logo de intimidá-lo, trovejando:
- Onde está Deus?!
Encolhido na cadeira, o garoto o contemplava pasmo, olhos esbugálhados, boca escancarada, mãos trêmulas...
- Onde está Deus?!
Ante seu mutismo, o padre ergueu ainda mais a voz, e, dedo em riste, bradou, tonitruante:
- Onde está Deus?!
Pondo-se a gritar, apavorado o menino fugiu em desabalada carreira. Direto para casa. Escondeu-se no armário em seu quarto.
Quando o irmão mais velho o encontrou, pálido e agitado, perguntou o que acontecera.
O pobre, tentando recuperar o fôlego, gaguejou:
- Cara, desta vez estamos mesmo encrencados. Deus sumiu! O padre acha que a culpa é nossa!
Essa história evoca um problema atual.
O sumiço de Deus.
Bem sabemos que é impossível.
Cérebro criador, consciência cósmica do Universo, o Criador está sempre presente, aqui, além, acolá, dentro de nós mesmos...
O que anda sumida é a consciência de Sua presença imanente, o Senhor Supremo que tudo vê; que exercita infalível justiça, premiando os bons e corrigindo os maus.
As pessoas não duvidam de Sua existência, mas pensam e agem como se Deus estivesse de férias.
Crimes, roubos, vícios, mentiras, maldades, grandes e pequenos deslizes, em relação às leis divinas, são cometidos, incessantemente, sem que os autores se dêem conta de que estão sendo observados pelo Criador.
Daí a força do mal no mundo, embora sob controle do Supremo Bem.
Haverá substanciais mudanças no comportamento humano quando esse "sumiço" for resolvido.
Podemos fazer um teste em relação ao assunto.
Sugiro, leitor amigo, que durante todo um dia desenvolva suas atividades atento à presença divina.
Como agirá, considerando que Deus tudo vê, ante impulsos assim:
a.. pronunciar palavrões,
b.. alimentar devaneio lascivo,
c.. dizer mentira de conveniência,
d.. guardar inatividade indolente,
e.. revidar ofensas,
f.. pronunciar crítica ferina,
g.. divulgar fofocas,
h.. satisfazer vícios.
Não se trata apenas de ate: ao juiz que julga nossas ações. Há algo mais importante. Vejamos na presença divina:
a.. alento nas dificuldades,
b.. apoio nas lutas,
c.. consolo nas dores,
d.. solução de problemas,
e.. convite ao Bem.
Tirando Deus do ostracismo trazendo o Senhor para o nosso cotidiano, seremos mais comedidos, mais disciplinados, mais fortes, mais inspirados.
Então, amigo leitor, e o sumiço de Deus?

Richard Simonetti
Revista "Visão Espírita"
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:28
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Segunda-feira, 26 De Janeiro,2009

AS CRIANÇAS NO PLANO ESPIRITUAL

Já diziam os romanos: Natura non facit saltum... Equivale dizer "A Natureza não dá saltos..." Nada se cria, nada se perde... dizia o grande químico francês Lavoisier. Tudo se transforma. E se transforma de uma modalidade em outra mais aprimorada, de uma maneira gradativa, havendo sempre diversas modalidades intermediárias.
A vida que se inicia para o Espírito além da sepultura nada mais é também do que um desdobramento natural, uma progressiva continuação da vida terrena, naturalmente num plano um tanto diferente, mas não profundamente diverso, menos material, menos denso do que essa vida que se leva aqui na Terra...
É isso que aprendemos lendo os relatos de Swedenborg, de Vale Owen, do Irmão Jacob e notadamente de André Luiz.
Emmanuel Swedenborg (engenheiro, físico e astrônomo sueco, notável médium vidente) dizia que no mundo dos Espíritos ele viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deveriam morar os chefes. Todas as crianças, batizadas ou não, eram igualmente recebidas e jovens serviam de mães até que chegassem as suas mães verdadeiras, ainda no mundo corporal.
Em seu livro "VOLTEI", por exemplo, no capítulo XI, o Irmão Jacob (Frederico Figner) narra que foi conduzido pela filha Marta até uma instituição da Espiritualidade onde tais espíritos eram recebidos além da sepultura.
Diz Jacob que Marta lhe explicou que a instituição asilava irmãozinhos desencarnados entre 7 e 12 anos de idade, e, porque ele, Jacob, indagasse pelas crianças tenras, ela esclareceu que quando não se trata de entidades, excepcionalmente evoluídas, inacessíveis ao choque biológico da reencarnação, há outrossim lugares adequados, onde o tempo e o repouso lhes favorecem o despertar a fim de que lhes não sobrevenham abalos nocivos!
Sua maior surpresa foi a de conhecer uma assembléia de meninos-orientados. São meninos e meninas de um passado mais respeitável e por isso mesmo mais acessíveis aos ensinamentos evangélicos da instituição. Enquanto ali permaneciam, desempenhavam valiosas tarefas entre as duas esferas da vida, servindo em grupos socorristas a adultos e a outras crianças desencarnadas!... Como o Irmão Jacob chega a definir, são como que escoteiros do heroísmo espiritual!...
Amigos, a morte nada destrói!... Nem mesmo o corpo... Apenas se transforma em novas substâncias químicas no seio de um sepulcro... A vida prossegue por toda a Eternidade, onde não existe para os "anjinhos" o já desacreditado limbo da Igreja Católica... Mas sim ambientes onde tais espíritos possam evoluir.
Celso Martins
Revista O Semeador – Abril de 1981
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:54
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Domingo, 25 De Janeiro,2009

PROSSEGUE AMANDO

Se aceitares Jesus por mestre da vida, trazes contigo a chama capaz de acender a fé nos companheiros que vagueiam no mundo, à maneira de lágrimas apagadas.
Prossegue amando.
Caminha e encontrarão aqueles que anseiam possuir algo dos tesouros de paz e de esperança que já te felicitam os dias.
Basta sigas com bondade a fim de alcança-los.
Aqui, surpreenderás a prosperidade vestindo chagas de angústia; ali, abraçarás o renome acobertando espinheirais de aflição que aniquilam uma existência inteira; além, perceberás a opulência exterior escondendo um coração transformado em taça de lágrimas; e, mais adiante, recolherás o sorriso triste de almas afáveis e belas, algemadas em corrente de ouro e prata, sem possibilidade de se deslocarem contigo, em busca das verdades mais simples, à vista de permanecerem, por enquanto, carregando a carga de tradições e nomes ilustres.
Compadece-te e auxilia sempre.
Adiantando-te na viagem do cotidiano, encontrarás ainda os que não te podem seguir, detidos nas teias da enfermidade; os que jazem hipnotizados em processos obsessivos; os que se acham provisoriamente engavetados vivos em refúgios de reeducação ante os delitos que perpetraram levianamente; e os que se reconhecem psicologicamente presos em duras lides expiatórias.
A ninguém te imponhas com violência.
Companheiro algum espera venhas a quebrar a cadeia de trabalho e provocação de que se sente necessitado.
Todos te pedem apenas uma prece de amor ou uma palavra de bênção.
Muitas vezes bastará simplesmente um sorriso de generosidade e entendimento para que empreendam com Jesus a longa caminhada da própria libertação.
*
Nunca respondas à violência com a violência.

Meimei
Fonte: Livro Palavras Do Coração – Psicografia: Francisco Cândido Xavier.


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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:05
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Sábado, 24 De Janeiro,2009

O SIGNIFICADO DA VIDA

Na grande mole humana, cada pessoa dá, à vida, um significado especial.
Esta objetiva a aquisição da cultura; essa busca o destaque social; aquela anela pela fortuna; estoutra demanda o patamar da glória...
Uma quer a projeção pessoal; outra anseia pela construção de uma família ditosa, cada qual empenhando-se mais afanosamente para atingir o que estabelece como condição de meta essencial.
Tal planificação, que varia de indivíduo, termina por estimular à luta, à competição insana, ao desespero.
Conseguido, porém, o que significou como ideal, ou reprograma o destino ou tomba em frustração, descobrindo-se irrealizado ou vítima de saturação do que haja conseguido sem plenificar-se interiormente.
*
A vida, entretanto, possui um significado especial, que reside no autodescobrimento do homem, que passa a valorizar o que é ou não importante no seu peregrinar evolutivo.
Este desafio se torna individual, unindo, sem embargo, no futuro, os seres numa única família, que entrelaça os ideais em sintonia perfeita com a energia que emana de Deus e é o élan vitalizador da vida.
*
Os meios da tua sobrevivência orgânica emulam-te para avançar ao encontro da finalidade da existência.
O azeite sustenta a chama, porém a finalidade desta não é crepitar, mas derramar luz e aquecer.
Enquanto não te empenhes, realmente, na busca da tua realidade espiritual, seguirás inseguro, instável, sem plena satisfação.
*
Todas as aquisições que exaltam o ego, terminam por entediar.
A maneira mais eficiente para o cometimento do real significado da vida, é a experiência do amor.
Amor que doa e liberta.
Amor que renuncia e faz feliz.
Amor que edifica, espalhando esperança e bênçãos.
Amor que sustenta vidas e favorece ideais de enobrecimento.
Amor que apazigua quem o sente e dulcifica aquele a quem se doa.
*
O amor é conquista muito pessoal que necessita do combustível da disciplina mental e da ternura do sentimento para expandirse.
*
O significado essencial da vida repousa, pois, no esforço que cada criatura deve encetar para anular as paixões dissolventes, colocando nos seus espaços emocionais o divino hálito, o amor
que se origina em Deus.
Divaldo Pereira Franco - Momentos de Meditação - Pelo Espírito Joanna de Ângelis
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 21:33
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Sexta-feira, 23 De Janeiro,2009

ESQUECIMENTO DO PASSADO

O existir sem a lembrança do passado é o mecanismo que possibilita a convivência de desafetos e daqueles que elevaram a paixão ao seu grau máximo. Sem o esquecimento de certos conteúdos traumáticos das experiências anteriores não é necessária a reencarnação. Reencarna-se para aprender, para educar-se. Para crescer, a partir de novos elementos, de uma nova oportunidade, num novo ambiente, onde se possa construir ou reconstruir seu próprio crescimento. Tal esquecimento não significa a perda do conhecimento adquirido nas existências anteriores. O espírito não involue. Não se perde o que já se sabe. Esquece-se temporariamente o que não é relevante para o crescimento do espírito. As qualidades, os defeitos, as emoções, os amores, os ódios, ficam latentes e participam, de forma subjacente, nas relações do reencarnado. Tais características desenvolvidas anteriormente, inconscientemente, atuam nos processos de escolha do reencarnado.
Muitos espíritos que estiveram juntos em encarnações anteriores separam-se para se reencontrarem mais adiante. Alguns desafetos, quando se reencontram, podem “lembrar-se” do passado. É comum que a inimizade retorne. Como também, os afetos quando se reencontram, refazem a mesma ligação que tiveram no passado. O espírito “enxerga” o outro espírito, independente do corpo que tem e do grau de parentesco que possua. Alguns espíritos não reencarnam na mesma época que seus afetos e ficam a velar por eles para que obtenham sucesso
naquela encarnação. O mecanismo que dispara o processo de esquecimento do passado parece estar, de alguma forma, relacionado com o próprio corpo físico. A ligação com a matéria deve embotar algum órgão de manifestação do espírito em seu corpo espiritual. Ao libertar-se do corpo, seja durante o sono ou com a morte deste, o espírito vai aos poucos retomando sua memória.
A lembrança do passado, durante o sono do corpo, é raríssima após o acordar. A ligação do espírito com o corpo é muito intensa na idade adulta. Quando acordamos, não nos lembramos nitidamente do que ocorreu. A lembrança realmente ocorre após a morte do corpo. É comum querer-se lembrar do passado. A curiosidade é muito grande entre as pessoas, como se tal lembrança fosse propiciar um novo rumo a suas vidas. É engano pensar que tal ocorrerá. A lembrança em si, poderá desencadear reações imprevisíveis. Nem todos estão preparados para ter acesso às memórias de outras encarnações.
O indivíduo que se fixar naquele passado, poderá atrapalhar seu crescimento espiritual na atual encarnação.
O olhar do ser humano deverá estar direcionado para o futuro. Esquecer, temporariamente, o passado, deve-se a uma necessidade evolutiva. O futuro é para onde vamos. Deve-se viver como se o momento fosse o primeiro, quando devemos começar uma nova vida. Deve-se também viver como se o momento fosse o último, quando temos pressa para encetar novas realizações na vida. O esquecimento do passado permite que se recomece sem a pressão dos problemas ocorridos em outras encarnações. Eles existem, mas não estão na zona consciente do espírito. Se estivessem, não seria possível recomeçar.
O esquecer é uma abençoada oportunidade de recomeçar. Fecha-se a lembrança e abre-se uma janela de esperança no futuro. Tal recomeço sem a presença de emoções fortes é uma rara oportunidade que temos e que almejamos.
Quantas pessoas, numa mesma existência, mudam de lugar ou, às vezes, de cidade, a fim de recomeçarem sua vida? O esquecimento do passado propicia essa oportunidade. A insegurança quanto ao porvir nos impele a querer saber do passado. Quando o homem tiver certeza de seu futuro, ele não mais quererá saber de seu passado, pois compreenderá que deverá viver corretamente seu presente, do qual aquele será um reflexo.
A recusa em aceitar a reencarnação como fato, às vezes, dá-se pela rejeição à tese do esquecimento do passado. Por não aceitar estar imerso no desconhecido de suas atitudes passadas, o consciente rejeita a inconsciência. Tal rejeição vem pelo mecanismo de acomodação. É melhor rejeitar que aceitar o desconhecido. Ao espírito que tem consciência de seu papel de crescer, não importa o passado. Não importa se suas ações foram ou não negativas. Quer ele, a partir de agora, ser hoje melhor que ontem. O esquecimento é para ele uma certeza de que Deus confia na sua capacidade de crescer sem que seu passado lhe seja empecilho.
Saber do passado pode ser extremamente prejudicial ao reencarnante. A lembrança dos conflitos vividos, ou mesmo, a saudade de um tempo que foi-lhe agradável, pode ser-lhe um tormento. Para certos espíritos mais adiantados isto pode ser um bem, mas, para a maioria, é algo que atrapalha o seu progresso.
Para o mais adiantado, sua vitória será maior se não souber do passado. Quanto mais ele souber do passado menos mérito terá na vitória sobre si mesmo. Por outro lado, aquele, mais atrasado, que se lembrar de seu passado, se conseguir superar suas deficiências, inclusive respeitando a convivência de contrários, terá grande mérito, pois venceu com maior grau de dificuldade.
Algumas vezes os espíritos revelam o passado de alguém, com a finalidade de auxiliá-lo em seu crescimento. Isso é feito sob controle deles, sabendo em que contexto devem fazê-lo e que quantidade de informações passarão. Para alguns encarnados, tais revelações são necessárias ao seu processo de crescimento.
Algumas doenças mentais, em geral, provocam ou decorrem, a partir de "janelas" que se abrem para o passado.
As pulsões provocadas pelos conteúdos inconscientes de vidas passadas, afloram ao consciente, provocando a lembrança, total ou parcial. Às vezes, é necessário fechar-se tais janelas para que o espírito possa progredir de forma melhor.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:50
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Quinta-feira, 22 De Janeiro,2009

COMENTÁRIO AO EVANGELHO


O espiritismo existe desde que existiu o primeiro homem na terra, os fenômenos espíritas não são novos, podemos encontrá-los em todo o velho testamento. Os profetas, nada mais era que médiuns de faculdades diversas muito acentuadas. No tempo de Moisés se reuniam para evocar espíritos, motivo que levou Moisés a proibir a evocação dos espíritos a todos os que não estavam em condições de o fazerem. A proibição de Moisés não era absoluta como querem muitos. No livro dos números CXI V 26 a 30. Josué pede a Moisés proibida aos que nos provado profetizaram (que faziam seções espíritas).
Moisés, diz a Josué tens tu ciúmes por mim? Prouvera Deus que todos profetizassem.
Atualmente ainda existem os novos Josués e entre eles os espíritas de gabinete que vivem traçando regras a seu talante e proibindo formalmente as evocações dos espíritos, alegando mistificações e animismo; mas, se requizessem serem verdadeiro e leais, deviam é dizer que proibiam as evocações, com medo que os espíritas menos adiantados que ainda não sabem prezar responsabilidades, viessem descobrir rabinho de palha que encobre muita coisa desagradável. Mas como as manifestações espíritas não são obra dos homens mas sim leis divinas e eternas como o seu autor, nada adiantam essas proibições como nada adiantaria se quisessem proibir que a terra girasse ao redor do Sol.
Foi através dessas comunicações que ficamos sabendo que a vida é eterna e a alma imortal e que ao daqui partirmos, só levamos o bem e o mal que praticamos e o saber e virtude que conquistamos.
Em casa de Ana e Joaquim, pais de Maria se faziam as orações do costume, onde se manifestavam espíritos adiantados, um deles disse a Maria, que ela tinha uma missão muito grande aqui na terra, ser auxiliar de um espírito elevadíssimo, mas que precisava ser casada mantendo a sua virgindade.
José, tio de Maria, já avançado em idade em quem já não existiam certos imperativos prontificou-se a desposa-la para ajuda-la em sua missão.
Estando Maria em seus afazeres, um anjo aparece prevenindo-a que ia começar a sua missão, dando a luz um menino que seria o salvador do mundo. Mas como se fará isso, pois não conheço varão? Disse Maria. O Senhor envolver-te-á em sua graça. Isto é, fluído neutros se acumulariam em seu ventre, dando-lhe a forma de gravidez, continuando ela sempre virgem.
Maria, silenciosa espera pelos acontecimentos, quando sentiu que o ventre se avolumava, vai visitar Izabel sua prima, (onde também se reuniam para ouvirem os espíritas falarem) quando chegou Izabel, que também se achava grávida do que havia de ser João Batista, sente que o menino se ajoelhava em seu ventre, dai o cântico, bendita és tu entre as mulheres e bento é o fruto de teu ventre. Foi assim, que Maria teve a certeza que não estava sendo enganada e também da responsabilidade de sua missão.
Passados três meses, Maria volta ao seu lar, José vendo-a com os sintomas de gravidez, pensou em abandona-la em segredo, chamando sobre si todos os conceitos desfavoráveis.
Em sonho, os espíritos põem José ao par dos acontecimentos. Assim no ventre de Maria os fluídos puros de Jesus, ficaram em condições de resistir ao peso material em uma forma tangível por todo o tempo que Jesus julgasse necessário.
Chegada a hora de Jesus se apresentar no cenário terreno, José e Maria obedecendo a um editum do governador, vão alistar-se em sua terra natal: Belém. Era isto no mês de Dezembro. Na Palestina, em Dezembro, o frio é intenso. José e Maria não encontraram alojamento nas estalagens, estavam todas repletas, foram achar abrigo em um estábulo, onde havia bois e jumentos. Ai, José e Maria aboletados juntos dos animais de trabalho, cheios de gratidão ao Criador, elevam seus pensamentos agradecendo-lhe o conforto que encontraram junto daqueles animais.
Era precisamente a hora em que todas as constelações em harmonia, obedeciam as leis sábias que escapam aos sábios da terra, concorrendo para o grande feito de amor: - a descida do maior dos espíritos baixado à terra, para instruindo os homens, ensina-los a amar.
Maria em êxtase profundo, José orando, vê luzes que tudo iluminam, ouve cântico que eleva seu espírito a regiões superiores; quando José e Maria saem desse estado todo espiritual, encontram sobre o regaço de Maria, uma criança de uma beleza inarrável. Era nascido Jesus não como os outros homens, mas de acordo com as leis de mundos superiores.
Em narrações do infinito de Camilo Flamarim encontramos páginas 167 linhas 18 a 24.
A humanidade ali é mais bela que na terra. Os nascimentos lá se efetuam segundo um sistema orgânico menos doloroso, menos brutal e menos ridículo do que o processo terrestre a beleza da virgem não se quebra pela fecundação, o amor e a maternidade não são contraditórios. Assim é a vida em um dos mundos de Círius.
Dali, não mui distante, em um aprisco de ovelhas, pastores haviam guardando seus rebanhos, quando lhe aparecem uns anjos dizendo-lhes: nascido vos é o salvador do mundo e o sinal é que encontrareis um menino envolto em faixas deitado em uma manjedoura . Ao entrar da cidade e ao mesmo tempo uma plêiade de anjos cantavam Glória a Deus nas Alturas e na terra paz aos homens a quem Deus quer bem.
Cheios de curiosidade, tomam rumo a cidade onde foram encontrar o mais sublime dos espíritos baixados a terra. Desta forma Deus que é todo prudência e previdência, faz ciente aos homens, do grande acontecimento por intermédio destes pastores que não se calariam.
Na missão de Jesus, todos os seus atos e mesmo os gestos são portadores de ensinos indispensáveis a mísera humanidade.
Na palestina, os estábulos são na maior parte cavados na rocha ou feitos com grossas paredes de pedra. Jesus escolhendo um destes lugares onde só estavam bois e jumentos, quis deixar-nos no livro da vida, o ensino onde ela começa.
Ensinando-nos que na pedra a vida começa em forma cristalizadas, onde a força o método e a ordem se manifestam, através de múltiplas formas, evoluindo sempre, passando ao reino vegetal que serve de alimento e cama ao animal, do animal ao homem e do homem ao anjo, aproximando-o assim do Criador. Ensinamento extraordinário envolto por tal forma em fatos que no decorrer da evolução do espírito nos aproximam das fontes da vida.
Sendo Jesus simbolicamente representado por um cordeiro, porque não procurou um aprisco onde estão carneiros? Porque foi precisamente no meio de bois e jumentos que preferem sua estrada tangível em nosso meio? Os carneiros representam a humildade enquanto cordeiros e a teimosia quando adultos, são também o símile da abastança em suas carnes e conforto em sua lã, os carneiros onde vai um, vão todos, são portanto, autômatos. Este ensino vem dizer-nos que é com a humildade e a perseverança que nosso espírito será farto de saber e virtude.
No jumento o símbolo da ignorância e no boi o símbolo do trabalho a abastança quis Jesus mostrar-nos quer na ignorância quer no saber na fraqueza ou na força é sempre com o trabalho que venceremos os vícios e as paixões animalizadas conquistando o saber e virtude até atingirmos a perfeição de que Ele é o máximo expoente.
Em tudo, ali estava a pedra, o vegetal, o animal, o homem e o anjo. O Alfa e o Omega.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:20
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