Sábado, 28 De Fevereiro,2009

RAINHA DO CÉU




Excelsa e sereníssima Senhora,
Que sois toda Bondade e Complacência,
Que espalhais os eflúvios da Clemência
Em caminhos liriais feitos de aurora!...

Amparai o que anseia, luta e chora,
No labirinto amargo da existência.
Sede a nossa divina providência
E a nossa proteção de cada hora.

Oh! Anjo Tutelar da Humanidade.
Que espargis alegria e claridade
Sobre o mundo de trevas e gemidos;

Vosso amor, que enche os céus ilimitados,
É a luz dos tristes e dos desterrados,
Esperança dos pobres desvalidos!...


Antero de Quental
Do livro Parnaso de Além-Túmulo.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:17
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Sexta-feira, 27 De Fevereiro,2009

DISCIPLINA



Não nos repugne o verbo obedecer.
Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem por base.
Não olvides que a disciplina principia no Céu.
As mais sublimes constelações atendem às leis de equilíbrio e movimento.
O Sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo, há numerosos milênios.
A Lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade
No campo da Natureza, a disciplina é alicerce de toda bênção.
Obedece o solo.
Obedece a árvore.
Obedece a fonte.
Qualquer construção obedece ao plano do arquiteto que a idealiza.
E, no aconchego do lar, obedecem ao piso anônimo, o vaso amigo e o pão que enriquecem a mesa.
Na experiência física, a saúde é obra da disciplina celular.
Quando as unidades microscópicas da colméia orgânica se desarvoram, rebeladas, encontramos os tormentos da enfermidade ou as sombras da morte.
Chamados a servir aos nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre.
Jamais nos esqueçamos de que Jesus se fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente porque tenha vindo ao mundo, consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a vontade de Deus.

Scheilla
(De: “Taça de Luz” (Espíritos Diversos), de Francisco Cândido Xavier)
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:15
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Quinta-feira, 26 De Fevereiro,2009

PERFIL DO AMOR


No infinito do tempo e além do espaço, quando o Divino Pensamento se expandiu na atividade criadora, a Sua irradiação matriz modeladora tornou-se a primeira emissão de amor de que se tem notícia.
Desde então, tudo quanto pulsa e vibra é conseqüência dessa força motriz, que vivifica, tornando-se gênese essencial de onde surgem as manifestações vitais.
O amor, por isso mesmo, é a vida em crescimento, que desdobra o germe latente atraído pelo magnetismo central do Amor Gerador.
Onde reinem os problemas, o amor enseja a necessidade do conhecimento, a fim de que se logrem as soluções.
Quando os seres se atraem – vegetais, animais e humanos – para o milagre da forma, é o amor que os impele ao fenômeno da comunhão.
O amor é sutil e enternecedor, com capacidade transformadora, mediante a qual se perpetuam as expressões da vida que, em jamais se extinguindo, alteram-se e renovam-se, desdobrando-se em formas diferentes até culminarem na perfeição.
A mão que dilacera a árvore com instrumentos cortantes ou fere a entranha da terra para lograr a bênção da utilidade ou do pão, representa o amor que trabalha e produz, repetindo a experiência inicial da ação de Deus.
A dor que despedaça a alegria e assinala fundamente os sentimentos, ainda é o amor, na sua condição de realizador incessante, trabalhando os metais ásperos do ser, a fim de que se arrebente a grosseira forma, libertando a essência ditosa, qual ocorre com a glande que despedaça o envoltório rude para que o carvalho esplenda e frondeje.
Na maternidade ou na paternidade, o amor gera e protege, sacrifica-se e doa-se até a exaustão, de forma que a felicidade se expresse na realização do filho.
O sorriso, que explode jovial, e a lágrima, que suavemente escorre da ânfora do coração, traduzem as valiosas manifestações do amor em júbilo ou em sofrimento, mas, sempre amor.
O ódio então representa a loucura momentânea do amor, que se recuperará sob as bênçãos do sofrimento e da transformação natural em direção à vida.
Somente o amor possui a força transformadora para a realização dos objetivos existenciais.
O animal que apóia a prole e a defende, também ama, na forma de instinto, enquanto o ser, possuidor de razão, exterioriza-o com lucidez e cuidado.
Na sombra densa como no paul venenoso, onde reinam a ameaça e a peste, o amor, acendendo luz e drenando o charco, altera-lhes a paisagem, que se faz claridade, jardim ou pomar.
Tudo ama.
Deus é amor, afirma João.
Quando a criatura humana amar com a profundidade real que a leva a esquecer-se de si mesma, o seu amor evitará a guerra e libertará as vidas, por ser a força do Bem inteiramente livre e saudavelmente direcionada.
No amor se iniciam todas as coisas e seres, e no Amor se plenificarão todas as formas da criação.
Do livro: Perfis da Vida – Divaldo Pereira Franco – Pelo Espírito de Guaracy Paraná Vieira -
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 16:31
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Quarta-feira, 25 De Fevereiro,2009

CARTA DE UM BEBÊ

Oi mamãe, tudo bom? Eu estou bem, graças a Deus faz apenas alguns dias que você me concebeu em sua barriguinha. Na verdade, não posso explicar como estou feliz em saber que você será minha mamãe, outra coisa que me enche de orgulho é ver o amor com que fui concebido. Tudo parece indicar que eu serei a criança mais feliz do mundo!
Mamãe, já passou um mês desde que fui concebido, e já começo a ver como o meu corpinho começa a se formar, quer dizer, não estou tão linda como você, mas me dê uma oportunidade! Estou muito feliz! Mas tem algo que me deixa preocupado... Ultimamente me dei conta de que há algo na sua cabeça que não me deixa dormir, mas tudo bem, isso vai passar, não se desespere.
Mamãe, já passaram dois meses e meio, estou muito feliz com minhas novas mãos e tenho vontade de usá-las para brincar... Mamãezinha me diga o que foi? Por que você chora tanto todas as noites?? Porque quando você e o papai se encontram, gritam tanto um com o outro? Vocês não me querem mais ou o quê? Vou fazer o possível para que me queiram...
Já passaram 3 meses, mamãe, te noto muito deprimida, não entendo o que está acontecendo, estou muito confuso. Hoje de manhã fomos ao médico e ele marcou uma visita amanhã. Não entendo, eu me sinto muito bem... por acaso você se sente mal mamãe?
Mamãe, já é dia, onde vamos? O que está acontecendo mamãe?? Porque choras?? Não chore, não vai acontecer nada... Mamãe, não se deite, ainda são 2 horas da tarde, não tenho sono, quero continuar brincando com minhas mãozinhas. Ei!!! O que esse tubinho está fazendo na minha casinha?? É um brinquedo novo?? Olha!!! Ei, porque estão sugando minha casa?? Mamãe!!! Espere, essa é a minha mãozinha!!! Moço, porque a arrancou?? Não vê que me machuca?? Mamãe, me defenda!!!! Mamãe, me ajude!!! Não vê que ainda sou muito pequeno para me defender sozinho?? Mãe, a minha perninha, estão arrancando!!! Diga para eles pararem, juro a você que vou me comportar bem e que não vou mais te chutar. Como é possível que um ser humano possa fazer isso comigo? Ele vai ver só quando eu for grande e forte...ai... mamãe, já não consigo mais... ai... mamãe, mamãe, me ajude...
Mamãe, já se passaram 17 anos desde aquele dia, e eu daqui de cima observo como ainda te machuca ter tomado aquela decisão. Por favor, não chore, lembre-se que te amo muito e que estarei aqui te esperando com muitos abraços e beijos.
Te amo muito
Seu bebê
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 09:52
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Segunda-feira, 23 De Fevereiro,2009

DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL

"Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição".
"A explicação dos fatos que o espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado". Allan Kardec. ( "O Livro dos Médiuns", Primeira Parte. Cap.II, Itens 10 e 14, n.º 7º)
Os fenômenos mediúnicos são de todos os tempos e estão em todas as raças. Ao longo da história dos povos a intervenção dos Espíritos é como um sopro forte, agitando, sacudindo, alterando o clima psíquico dos homens.
Essas presenças imateriais, constantes, vivas e atuantes entrevistas por muitos, pressentidas por outros, transformam-se, ao sabor das fantasias de mentes imaturas, em fatos maravilhosos e sobrenaturais coloridos com as tintas fortes da imaginação.
E à medida que o tempo avança a tradição oral se encarrega de transmitir os fatos maravilhosos de geração em geração, naturalmente acrescidos dos matizes regionais, o que depois veio a constituir-se no folclore característico de cada região. Muita coisa hoje considerada folclórica teve a sua origem em fatos mediúnicos, destes decorrendo superstições as mais diversas, profundamente enraizadas na alma do povo. Desde o feiticeiro, na mais antiga, remota e primitiva das aldeias indígenas, que pratica a sua medicina numa tentativa de esconjurar os maus Espíritos e atrair os bons, até o nosso sertanejo, o homem simples do povo, que e apega às simpatias e sortilégios para garantir a sua defesa contra os mesmos maus Espíritos e granjear a proteção dos bons, vemos o conhecimento espontâneo, intuitivo e natural que o ser humano tem da imortalidade da alma e da comunicabilidade entre os "mortos"e os vivos. Desta certeza originam-se, evidentemente, os cultos afros, tão difundidos em nosso país, mas herança de uma pátria distante, numa amálgama muito bem elaborada de religião e folclore.
Muitas lendas - algumas bem antigas - são até hoje bastante propaganadas em nosso sertão. É o caso, por exemplo, da "mula-sem-cabeça"que ainda prossegue apavorando, pois vez que outra a lenda se vitaliza com a notícia de novas aparições da monstruosa criatura. A lógica nos faz deduzir que tal lenda nasceu da aparição de algum Espírito zombeteiro e maldoso que se deixava ver nesta forma para aterrorizar as pessoas, com que se diverte e compraz. igualmente as aparições de lobisomens, sacis, boitatás, etc.
Allan kardec elucida a respeito, em "O Livro dos Médiuns".
"(...) Mas, também já temos dito que o Espírito, sob seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as espécies de formas, para se manifestar. Pode, pois, um Espírito Zombeteiro aparecer com chifre e garras, se assim lhe aprouver, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa."(Cap. VI, Item 113-ª)
Embora muitas crendices tenham-se originado de fatos mediúnicos, há ainda uma enorme variedade de superstições que nada têm a ver com eles e são conseqüência da ignorância e do temor ante o desconhecido.
Em decorrência surgiram as fórmulas mágicas, as simpatias, os talismãs como recursos de defesa.
Assevera kardec:
"Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita". (Cap. II da Primeira Parte, Item 13. Ob. Cit.)
A Doutrina Espírita tem explicação lógica e racional para todas as coisas e situações da vida. lançando luz sobre problemas considerados inextricáveis, esclarece com raciocínio claro e insofismável tudo o que está ao alcance da mente humana. Essas explicações são simples e objetivas, despojadas de misticismo e quaisquer crendices. Não se justifica, portanto, que entre os espíritas sejam cultivadas certas crenças , sejam adotadas atitudes que constituem um misto de ritualismo superstições. É exatamente na prática mediúnica que mais se encontram estes resquícios.
A fé, sob o domínio do pensamento mágico, é novamente envolvida nos véus dos mistérios e, não sendo raciocinada, deixa de esclarecer e libertar.
Concessões vão sendo feitas, gradativamente, até que ao final já não exista quase nada que lembre a Doutrina Espírita qual a deturpação e práticas estranhas enxertadas.
Não se justifica que a mediunidade seja encarada em nosso meio como alguma coisa sobrenatural e os médiuns como pessoas portadoras de um dom maravilhoso que as torna seres da parte, diferentes dos demais. Tudo isto é fruto, unicamente da falta de estudo doutrinário. E quando a Codificação jaz esquecida e os postulados básicos da Doutrina Espírita sequer são conhecidos, restará apenas o mediunismo ou o sincretismo religioso. Neste campo o maravilhoso e o sobrenatural imperam.
A Doutrina Espírita não é isto. Não podemos contemporizar quanto ao nosso testemunho de fidelidade doutrinária. E este testemunho deve ser prestado, sobretudo, dentro da Casa Espírita, no seu dia-a-dia. Por essa razão não se pode postergar o estudo da obra de kardec, estudo este que deve ser metódico e constante.
Pode ser que assim, penetrando no sentido cada vez mais profundo do que seja o Espiritismo no seu todo global, abrangente, consigamos um pouco do bom senso, da lógica e da firmeza que eram apanágio do Codificador.

Revista REFORMADOR, abril de 1995, FEB.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:46
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Domingo, 22 De Fevereiro,2009

CARNAVAL



Procurando distração,
Fui, contente, ao carnaval!
Muito ouvia em torno dele
E quis vê-lo ao natural.

Apelei ao João Panca,
Um prestimoso vizinho,
Que não me deixasse a sós,
Não queria estar sozinho.

João concordou comigo,
Era sempre o companheiro...
E lá nós fomos, os dois,
Ao passeio, dia inteiro.

João falava na caridade,
Mas a festa estava à espera;
Era preciso seguir,
Beneficência “já era”.

Já que falava em virtude,
Chamei-o a ver Dona Bela,
Que nos atirou um vaso,
Pingando água amarela.

Conquanto desapontado,
Visitamos Dona Aninha,
Que nos jogou sobre o peito,
Duas “jóias” de galinha.

João mostrava-se amargurado,
E como alguém que se poupa,
Regressou à própria casa,
A fim de trocar de roupa.

Encontrei um grande praça,
Léo, filho de Dona Esther;
Ele pediu-me, alterado,
Uma saia de mulher.

Todo amigo dava gritos,
Nessa festa sem sentido,
Afirmava Dona Clara,
Ter a calça do marido.

Vi flautas e violões,
Passando, em busca ao sem-fim,
Muita gente me chamava,
Ao lado dos tamborins.

Um homem que carregava,
Dois chocalhos, uma vara,
Não sei se foi por querer,
Esmurrou-me a própria cara.

Carnaval representava,
A festa do meu País,
Por isso segui em frente,
Tão forte quanto feliz.

Era justo conhecer
Uma festa semelhante,
Por isso aceitei sem mágoa,
A agressão extravagante.

Fui buscar, querendo um grupo,
O amigo Simão Veloz,
Ele queria cantar,
Mas “rugia” junto a nós.

Meus amigos sempre muitos,
Pareciam-me doentes,
No entanto, não quis deixá-los,
Ao vê-los irreverentes.

Venci diversos empeços
E fui ao Tino da Chalaça,
Ele, porém, nem me viu,
Estirado na cachaça.

O povo todo dançava,
E eu olhava sem remoque,
Achava muito esquisita,
A orquestra chamada Roque.

Um homem sério abriu alas,
Era o melhor dos Nicolas,
Lembrava antigo palhaço,
Exibindo Cabriolas.

Perguntei a um guarda amigo,
Que a ninguém queria mal,
Só desejava saber,
Se estava no carnaval.

Ele disse:
Olhe as crianças,
Todas dançam recordando
Nossas futuras mudanças.

Vi um par, a longos beijos,
Na sombra de velho muro,
Como a dizer que o amor,
Só se revela no escuro.

Disse o amigo:
- Se o senhor quer demorar-se,
Procurando amigos maus,
Dê-me logo oitenta paus.

Dentre os quadros que anotei,
Vi o mestre Manasses,
Que dançava e requebrava,
Da cabeça até os pés.

Um conflito sucedeu,
Vendo a filha de Nereu
Nos braços de outra pessoa,
Genuíno enlouqueceu.

Achei-me desencantado.
Eu que entrara reverente.
A fim de largar o grupo
Precisava ser valente.

Retornei a nossa casa
Meditando, por sinal,
Se o carnaval que assistira,
Que seria? Bem ou Mal?

Pensei em meu pai distante,
Minha mãe falou: - Na vida,
O carnaval é loucura,
Doença desconhecida.

Psicografia Chico Xavier – Espírito Jair Presente – Livro Revelação.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:28
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Sábado, 21 De Fevereiro,2009

PREDIÇÃO, FEITA POR JESUS, DA SUA MORTE E DA SUA RESSUREIÇÃO


MATEUS, Cap. XVII, vv. 22-23. — MARCOS, Capítulo IX, vv. 31-32. — LUCAS, Cap. IX, vv. 44-45
Predição, feita por Jesus, da sua morte e da sua ressurreição
MATEUS : V. 22. Quando voltaram para a Galiléia, Jesus lhes disse : O filho do homem será entregue às mãos dos homens, — 23, e estes lhe darão a morte, mas ele ressuscitará ao terceiro dia. Os discípulos ficaram profundamente contristados.
MARCOS : V. 31. Ensinando a seus discípulos, dizia: O filho do homem será entregue às mãos dos homens, que o farão morrer, mas ele ressuscitará ao terceiro dia depois da sua morte. — 32. Os discípulos, porém, não entenderam essas palavras suas e receavam interrogá-lo.
Lucas: V. 44. Todos pasmavam do grande poder de Deus e como se mostrassem admirados do que ele fazia, disse a seus discípulos: Guardai nos vossos corações o que vos vou dizer: O filho do homem há de vir a ser entregue às mãos dos homens. — 45. Mas os discípulos não entendiam essas palavras; tão veladas eram que não as compreendiam; e tinham receio de o interrogar a tal respeito.
Estes versículos se explicam por si mesmos. Jesus revelava de antemão os acontecimentos que se iam dar, a fim de tocar mais fundamente o Espírito dos discípulos e de lhes aumentar a fé. Predisse-lhes que habitaria "com os mortos", a fim de tornar mais frisante a "sua ressurreição". Aquelas não eram, de fato, para os discípulos, homens ignorantes mas devotados, palavras cobertas com o véu do luto? O que compreenderam foi que o Mestre se preparava para morrer. A "ressurreição" não era um problema que eles se propusessem a resolver. Consideravam-na fato tão extraordinário, que não se detiveram um instante sequer procurando compreender como poderia Jesus passar três dias longe deles.
Acabamos de dizer, falando dos discípulos: "homens ignorantes, mas devotados". Notai que não dissemos: — "Espíritos ignorantes". É que, conquanto fossem Espíritos elevados em missão, experimentavam os efeitos da lei da encarnação, suportando a que haviam escolhido.
Podemos, por meio de uma comparação muito vulgar, trivial mesmo, mas que dá uma idéia da pressão da matéria sobre o Espírito, fazer-vos compreender aquela encarnação, do ponto de vista do meio em que os discípulos tiveram que nascer e viver e do ponto de vista do objetivo da missão que, em seguida, lhes cumpria desempenhar.
Observai o que se passa com o molho de feno que é submetido à compressão para torná-lo mais fácil de ser expedido. Seu volume se reduz e seus filamentos, por assim dizer, deixam de existir. Desde, porém, que seja submetido à ação da umidade, readquire a sua liberdade, se distende novamente e retoma o volume primitivo.
Se o Espírito, embora muito desenvolvido, sofre uma encarnação em que tenha de ser ignorante, simples, mesmo idiota, só encontra no corpo em que encarna um instrumento pesado, indócil, incapaz de lhe servir para uma utilização que corresponda ao seu desenvolvimento. É um piano cujas cordas metálicas foram substituídas por cordas de cânhamo. Por mais perfeito que seja o pianista, dele não tirará som algum.
Era absolutamente necessário à obra de Jesus que os instrumentos de que se servia fossem ignorantes e reconhecidos como tais. Mais retumbante viria a ser o subseqüente desenvolvimento de suas faculdades. O som, o pensamento foram simplesmente devidos à substituição das cordas de cânhamo por cordas sonoras.
Jesus prometera a seus discípulos que lhes enviaria o "Espírito Santo", isto é : a inspiração do céu, a direção superior. Foi o que se deu quando, debaixo da influência e da ação dos Espíritos superiores, eles sentiram que suas faculdades intelectuais se desenvolviam, que o entorpecimento da matéria cerebral cedia lugar à lucidez e que suas faculdades mediúnicas também se ampliavam, ajudando-os a vencer os obstáculos que a matéria, por mais tênue que se mostre, opõe ao Espírito mais elevado que se tenha revestido de um corpo carnal, como os vossos.
Além do fluido vital que circula nas veias misturado ao sangue, influindo nas suas qualidades e, por conseguinte, na organização humana; além do fluido nervoso, que serve para imprimir elasticidade aos músculos, aos nervos, às articulações, auxiliando o movimento da máquina organizada, existe ainda no homem o fluido espiritual, que serve para o desenvolvimento da inteligência, envolvendo a matéria cerebral que recebe as inspirações e tornando-a mais ou menos flexível, mais ou menos apta a recolher essas impressões e a conservá-las.
Se vos fosse dado ver, observaríeis uma camada luminosa estendida por sobre o cérebro, como uma espécie de verniz sobre um quadro. É nessa camada de fluido que nós executamos o trabalho de vos transmitir os pensamentos, trabalho de que resulta para vós a inspiração e que, indo afetar consecutivamente o fluido vital e o fluido nervoso, produz as mediunidades psicográfica e psicofônica. Vosso cérebro, reservatório e sede de impulsão e de direção dos fluidos espiritual, vital e nervoso, é então, por assim dizer, a pilha galvânica que pomos em movimento e que transmite o abalo a todo o corpo, nas condições que correspondam aos efeitos que se devam produzir.
Damos estas explicações para que compreendais como, sob a influência e a ação dos Espíritos superiores que os assistiam no desempenho de suas missões, as cordas de cânhamo se mudaram, nos apóstolos, em cordas sonoras.
"Os discípulos ficaram profundamente contristados; mas, não entendiam coisa alguma das palavras de Jesus: tão ocultas lhes eram elas que não as compreendiam e receavam interrogá-lo."
Eles não compreenderam senão uma coisa: que corriam o risco de perder o Mestre bem-amado. Já vos dissemos que um véu espesso lhes encobria o sentido dos fatos a que Jesus se referia quando falava da sua "morte", da sua permanência "no túmulo", da sua "ressurreição". Durante a missão terrena que lhes fora confiada e para o cumprimento dessa missão, eles não tinham que penetrar e conhecer, em espírito e verdade, o sentido daquelas alusões do Cristo, pois que só à revelação atual estava reservado desvendá-lo aos homens.
Ficaram profundamente contristados, porque acreditavam, como era mister acreditassem (temo-lo explicado muitas vezes) que Jesus pertencia à humanidade terrena pelo seu invólucro corpóreo; que, portanto, sofreria realmente, fisicamente, as dores, as torturas e o suplício de uma morte real, material, violenta.
As palavras de Jesus tão ocultas lhes eram que eles não as compreendiam. É que não compreendiam a natureza e o objetivo do ato que, sob a aparência da morte, não seria mais do que um exemplo de amor e de sacrifício, exprimindo os sentimentos e a dor de uma mãe que vê seus filhos transviados, rebeldes, cruéis e homicidas, mostrando pela prática do crime desconhecerem o devotamento e o afeto maternais que elevam, consolam e procuram salvar.
Receavam interrogar a Jesus, porque a "ressurreição" quase instantânea, após uma morte que a seus olhos seria real, material, lhes povoava de dúvidas os Espíritos, quanto à possibilidade de tal fato, mesmo como uni milagre. Essas dúvidas é que lhes infundiam o temor de interrogarem o Mestre sobre aquele ponto.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:29
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Quinta-feira, 19 De Fevereiro,2009

NADA OCULTO QUE NÃO VENHA A SER MANIFESTO E NADA SECRETO QUE VENHA A SER CONHECIDO E A TORNAR-SE PÚBLICO


MATEUS, Cap.V, v.13-16.
- MARCOS, Cap.IX, v.49 e Cap.IV, v.21-23.
- LUCAS, Cap.XIV, v.34-35; Cap.VIII, v.16-17;
Cap.XI, v.33-36
Sal e luz da terra. - Lâmpada. - Nada oculto que não venha a ser manifesto e nada secreto que não venha a ser conhecido e a tornar-se público.
MATEUS: V. 13. Sois o sal da terra. Se o sal perder a sua força, com que se salgará? Para nada mais servirá senão para ser posto fora e pisado pelos homens. - 14. Sois a luz do mundo. Uma cidade situada sobre um monte não pode ficar escondida. - 15. E ninguém acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire; coloca-a num candeeiro a fim de que ilumine a todos os que estão na casa. - 16. Que assim também a vossa luz brilhe diante dos homens; que eles vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso pai que está nos céus.
MARCOS: IX, v. 50. O sal é bom, mas, se se tornar insípido, com que temperareis? Tende sal em vós e conservai entre vós a paz.
IV, v.21. Dizia-lhes: Porventura vem a lâmpada para ser posta debaixo do alqueire ou da cama, ou para ser colocada no candeeiro? - 22. Porque, nada há secreto que não venha a ser manifesto, nada oculto que não venha a ser público. - 23. Ouça quem tenha ouvidos de ouvir.
LUCAS: XIV, v. 34. O sal é bom, mas se se deteriorar, com que se há de temperar? - 35. Não servirá mais nem para a terra nem para a estrumeira; será posto fora. Ouçam os que têm ouvidos de ouvir.
VIII, v.16. Ninguém, depois de acender uma lâmpada, a cobre com um vaso ou a coloca debaixo do leito; põe-na no candeeiro a fim de que os que entrarem vejam a luz. - 17. Porque, nada há oculto que não venha a tornar-se manifesto, nada secreto que não venha a ser conhecido e a fazer-se público.
XI, v. 33 Ninguém acende uma lâmpada e a coloca em lugar escondido ou debaixo de um alqueire; coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entrarem vejam a luz. – 34. Teu olho é a lâmpada do teu corpo; se teu olho é simples, todo o teu corpo será luzente; mas, se for mau, todo o teu corpo será tenebroso. - 35. Toma, pois, cuidado: não seja treva a luz que está em ti. - 36. Se, portanto, todo o teu corpo for luminoso, sem que haja nele parte alguma tenebrosa, todo ele luzirá e te iluminará, qual se fora brilhante lâmpada.
Temos que vos explicar figuras que, entretanto, não são veladas para espíritas.
O sal, aqui, representa os ensinos que o homem traz consigo e que deve espalhar em torno de si. Sua moralidade, seu amor a Deus, sua submissão às leis divinas e, por conseguinte, a observância de todos os mandamentos que venham do Senhor e do seu Cristo são o sabor do homem. Se, arrastado por maus instintos, o homem deixa de ter presente o fim que lhe cumpre atingir e os meios de consegui-lo, perde o seu sabor e é posto fora. Quer dizer: o Espirito culpado, que faliu nas suas provações terrenas, é submetido, primeiro, à expiação na erraticidade, mediante sofrimentos ou torturas morais apropriados e proporcionados às faltas ou crimes cometidos, depois, à reencarnação, conforme ao grau de culpabilidade, quer no vosso mundo, quer em planetas inferiores a este, onde, por meio de novas provações, terá que reparar e expiar aquelas faltas e progredir.
Será posto fora. Ouça o que tem ouvidos de ouvir. Na época em que, tendo de completar-se a regeneração humana, o vosso planeta só deva ser habitado por bons Espíritos, aquele que até então houver permanecido culpado, rebelde, será afastado e lançado nos mundos inferiores, onde irá expiar, durante séculos, sua obstinação no mal, sua voluntária cegueira.
Quanto ao mais, precisareis vós, espiritas, que vos expliquemos a figura do sal da terra, da luz do mundo e da lâmpada que ninguém coloca, depois de acesa, debaixo do alqueire ou da cama, mas no candeeiro, para que os que entrem na casa vejam a luz e sejam alumiados?
As palavras de Jesus a esse respeito se aplicam a todos os tempos e a todos os homens que se tornam apóstolos de uma revelação para propagá-la pelo exemplo e pela palavra.
Sois hoje, para a nova revelação, "o sal da terra, a luz do mundo", como os discípulos do Cristo o foram para a revelação que ele trouxera com a palavra evangélica.
Será preciso que se vos diga: Recebestes a luz, porém não para vosso uso exclusivo; tendes que a repartir com os vossos irmãos, dando a cada um de acordo com as suas necessidades? Esclarecei-os, portanto; sede o facho portador dessa claridade bendita; agitai-o para que seus raios penetrem por toda a parte e todos sejam alumiados.
Referiam-se ao futuro estas palavras de Jesus:
"NADA há oculto que não venha a ser manifesto, NEM secreto que não venha a ser conhecido e a fazer-se público: ouçam os que têm ouvidos de ouvir."
Ele apropriava aos homens da época os ensinos que lhes dava e que eram sementes destinadas a frutificar no porvir. Seus discursos velados teriam que ser compreendidos pelas gerações porvindouras. Apenas alguns homens estavam então em condições de lhes apreender o sentido: os que não os tomaram ao pé da letra, que lhe procuraram o espírito, que compreenderam não ter tido Jesus por missão opor uma barreira à inteligência humana, traçando-lhe determinados limites, e sim abrir o espaço e o futuro diante dos Espíritos progressistas.
O Cristo falava por figuras e símbolos, porque a inteligência humana não dispunha ainda de força bastante para suportar o peso das revelações que se ocultam sob o véu daqueles símbolos e figuras. Julgai-o por vós mesmos, que ainda agora vergais debaixo de tal peso.
Nada do que o homem deva saber permanecerá oculto e o homem chegou ao ponto em que a sua ciência terá que crescer rapidamente. Entretanto, não suponhais, tomados de orgulho, que vos acheis no momento da realização de todas as coisas. Vossos Espíritos estão ainda muito carregados de trevas. Ainda sois como as crianças inexperientes que impru-dentemente se aproximam do fogo e se queimam de modo cruel. Tomai cuidado; vigiai-vos. Aquecei-vos na fornalha que Deus vos prepara, mas tende a prudência de Moisés. Não vos avizinheis demais da sarça ardente, que correríeis o risco de ser consumidos pelas chamas.
Paciência. Deus prepara grandes acontecimentos para a vossa regeneração. Aguardai-os seguindo a passo lento, mas sem desvio, a rota que vos traçamos. Conduzir-vos-emos ao ponto de onde parte a luz infinita, porém deixai que estendamos asas protetoras sobre os vossos olhos ainda muito fracos para lhe contemplarem os intensos raios.
Na consciência tendes o facho do vosso espírito, do vosso coração. Se ela for pura, tereis iluminados um e outro. Tudo neles será luminoso, pois que vos vereis assistidos, inspirados e protegidos pelos bons Espíritos. Se for impura, má a vossa consciência, de trevas se vos encherão o coração e o Espírito, visto que vos tomareis presas dos Espíritos do erro e da mentira, dos maus Espíritos.
Tomai sentido com a vossa consciência, a fim de que essa luz existente em vós não se transforme, para os vossos corações e Espíritos, em verdadeira treva pela impureza de ambos. Conservareis a paz entre vós, se ensinardes pelo exemplo o que pregais.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:34
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Quarta-feira, 18 De Fevereiro,2009

FLORES SEM HASTE

Nós temos, meus filhos, na Colônia Maria de Nazaré, uma freirinha cuja única alegria,na Terra, foi cuidar de um pequeno jardim no Convento das Carmelitas, em que ela morava.Ela não se tornou freira porque quis.
A mãe dela ficou muito doente durante o período de gestação e prometeu que se ela vivesse e se a filha nascesse com saúde, seria freira.
Quando a vida começava a explodir em beleza e sonhos, aos quinze anos, fizeram um enxoval e entregaram-na como esposa de Cristo.Chorou sozinha durante muito tempo, depois se conformou e passou a dedicar ás flores um pouco de seu amor.
Ela tinha que orar enquanto fazia pão, tinha que orar quando lavava o pátio, tinha que orar enquanto fazia as refeições, tinha que orar o dia inteiro.Não aquela oração que saía do coração, mas aquela orção automática de quem reza a Ave-Maria, Salve Rainha e o Pai Nosso.
E ela desencarnou e foi ser voluntária na colônia Servos Maria de Nazaré. Ela se afeiçoou muito a uma madre, e essa madre já tinha sido uma ex-interna da colônia.Então , ela resolveu ir para essa colônia.
Existe na colônia Maria de Nazaré o jardim das flores sem haste. As flores são cuidadas por ela, pela nossa pequenina freira.Essa irmãzinha faz flores belíssimas!
Um dia eu cheguei e perguntei:"_Por que, irmãzinha, você faz as flores sem haste?No Nosso Lar, na colônia Divino Amigo, na colônia Missionários da Luz, em todos abrigos temos jardins belíssimos, todos com haste, com folhagens...Por que um jardim com flores sem haste?
Ela me disse"_Porque é muito difícil guardamos a essência da fé e do amor com raízes plantadas profundamente no chão.Achavam na Terra, que eu era santificada pela minha reclusão involuntária.E a única alegria que eu tinha eram as flores que eu justificava que eram cuidadas para serem colocadas aos pés de Virgem Santíssima, eu não oferecia as raízes. Eu procurava cortar bem rente e oferecer só as flores. Hoje, como eu posso criar flores fluídicas eu quero que todas as criaturas aprendam a caminhar na Terra sem deixar muitas raízes, porque aqui na colônia onde sirvo, no Hospital Maria de Nazaré, as pessoas que estão abrigadas plantaram muito mais raízes do que flores. São bem poucos aqueles que souberam valorizar as flores. E as flores abrigam ás vezes espinhos venenosos, raízes tóxicas, mas só as pétalas são como a face de Maria: suave, perfumada e doce. Plantaram a haste da minha vida no solo de uma igreja fria, onde meu único consolo era embelezar os pés de Maria, vendo meus colibris, meus beija-flores...Até as migalhas de pão me eram tão difíceis oferecer aos passarinhos, mesmo recorrendo á Francisco de Assis como exemplo para minha atitude...E fui uma vez inclusive, punida, porque diziam que eu via na imagem de Francisco de Assis a imagem de um homem, quando na verdade, eu estava buscando uma fuga para olhar as aves do céu como direito que todas as criaturas têm e o próprio Cristo nos ensinou:"_Olhai as aves do céu!"
"Mas tudo que eu dizia representava para mim mais punição...E quando Bezerra de Menezes me pergunta por que eu faço flores sem haste, eu respondo como respondi: "_Não é muito mais bela uma flor boiando no infinito de Deus?"
Eu segurei as mãos daquela trabalhadora, pedi licença e beijei-as. Bendita sejam as mãos que amam as flores sem haste, bendito seja aquele que tem olhos para ver as aves do céu, para ver os lírios do campo, sem falar no lodo que alimenta esses lírios, mas na beleza que nele resplandecem!
Ela realmente levou para a colônia só as flores, e deixou no chão da Terra as raízes...
Que o Mestre nos ampare!
Espírito Bezerra de Menezes
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 20:53
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Terça-feira, 17 De Fevereiro,2009

ABORTO - CRIME E CONSEQUÊNCIAS



"O maior destruidor da paz no Mundo hoje, é o aborto"
"Ninguém tem o direito de tirar a vida; nem a mãe, nem o pai, nem a conferência, ou o Governo."
Madre Tereza de Calcutá(Mensagem à Conferência na ONU ). (1)
O termo aborto que, cientificamente indica o produto do abortamento, foi popularmente usado como sinônimo deste, confundindo-se assim, a ação com o resultado dela, o ato de abortar com seu cadáver, o aborto. Apesar da ressalva, usaremos indistintamente neste trabalho, dado a consagração do termo, uma ou outra denominação com a mesma finalidade.
Assim, aborto ou abortamento seria a expulsão do concepto, antes da sua viabilidade, esteja ele representado pelo ovo, pelo embrião ou pelo feto; a expulsão do feto viável, antes de alcançado o termo, denomina-se parto prematuro. É pois, a interrupção da gravidez antes da prematuridade _ abortamento; durante _ parto prematuro; completada _ parto a termo; ultrapassada _ parto serotino. (2)
Pode ser o aborto, sob o ponto de vista médico, espontâneo ou provocado, e a diferença está na intenção, pois que este último é devido a interferência intencional da gestante, do médico ou de qualquer outra pessoa, visando o extermínio do concepto. Neste trabalho, por motivos óbvios, só nos referiremos ao aborto provocado.
Incidência
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde ( OMS ), feitos por estimativa e antes de serem publicados, já foram divulgados pela Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos ("Dossiê Aborto Inseguro"), através do jornal "O Globo", é na América do Sul onde ocorre o maior número de abortos clandestinos no mundo, vindo em segundo, a América Central e em terceiro, a África. O Brasil é o campeão mundial, pois aqui são consumados 1,4 milhão de abortos clandestinos por ano, mais do que todos os outros países da América do Sul reunidos. Meninas e jovens de até 19 anos fazem 48% das interrupções legais da gravidez, segundo a nossa rede pública. Dados do Fundo das Nações Unidas para a População (FUNUAP), mostram que em conseqüência de complicações deles, morrem por ano nos países da América Latina (inclusive no Brasil), seis mil mulheres, consistindo na terceira causa de morte materna, depois das hemorragias e da hipertensão. Relatório do Instituto Alan Gutmacher (Folha de S. Paulo: 14/03/99), mostra que a maior incidência por percentagem de abortos (36%), acontece nos países desenvolvidos, graças a permissão da lei, sendo deles também a maior taxa de gravidez não planejada (49 %), mas englobam apenas 28 milhões de mulheres grávidas por ano. Os países subdesenvolvidos apresentam planejamento melhor (36% dos nascimentos não são previstos) e menos abortos (20%), entretanto representam 182 milhões de grávidas. No Brasil, segundo o mesmo instituto, a cada 1.000 adolescentes grávidas, 32 recorrem ao aborto. Somente a República Dominicana (onde também é proibido) e EUA (onde é legalizado), têm taxas maiores: 36.
Conclui ainda o relatório que nos EUA, onde 23 de cada 100 mil mulheres já praticaram o aborto, existe uma preocupação do Congresso, que prevê crescimento populacional negativo na próxima década, falta de mão-de-obra e colapso de sistema previdenciário em vinte anos. Outro dado importante é que 63% das mulheres norte-americanas chegam aos 18 anos já tendo praticado sexo. Só na Dinamarca (72%) e na Islândia (71%) o percentual é maior. O próprio instituto reconhece que parte das mulheres só fazem sexo por saberem que não terão filhos (seja porque usam métodos contraceptivos, seja pela prática do aborto). Equivale dizer, que naqueles países onde o aborto foi legalizado, ganhando o nome, dado por eles, de "aborto seguro", o número de abortamentos vem aumentando assustadoramente e não menos assustador foi a diminuição do número de gravidezes programadas, denotando ambos, o aumento da "irresponsa-bilidade segura".
As Conseqüências
O aborto é um crime hediondo que produz uma série de conseqüências espirituais, periespirituais, físicas, psicológicas e legais.
a) Conseqüências espirituais e perispirituais: estão relacionadas ao crime, com repercussões para o criminoso e a vítima.
Para o criminoso.
Em trabalho publicado na Revista Internacional de Espiritismo (Mar. 2000), referimo-nos a programação genética reencarnatória, (3 à 9 e 18) já que "não existindo o acaso, tudo na reencarnação, acontece sob a égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta programada, os Espíritos Superiores atuariam como construtores ou geneticistas, no fluxo da vida (ver no gráfico da Fig. 1, em azul), selecionando o óvulo e o espermatozóide que originarão o ovo; sempre que possível participa nesta seleção genética o Espírito reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores, inversamente proporcional ao estágio evolutivo do Espírito.
Estabelecem-se, outrossim, fortíssimos compromissos, entre os pais e o Espírito reencarnante e vice-versa. Colaboram os Espíritos simpáticos e tentam interferir negativamente os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades das sintonias."
O produto deste magnífico trabalho de corporificação da espiritualidade é o ovo, que originará os 70 trilhões de células do corpo físico, indo servir de roupagem ao Espírito reencarnante, como veículo possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes, colocadas a seu serviço para executar sua proposta reencarnatória e conduzi-lo à evolução espiritual.
O aborto não é uma solução, é um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e no mal, e um rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito, ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última análise consigo mesmo. (Fig. 1; em vermelho)
Quem quer que venha a praticar ou colaborar com esse delito, predispõe-se a alterações significativas do centro genésico, em seu perispírito, com conseqüências atuais e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos sexuais e também, por vezes, dos centros de força (chacras) coronário, cardíaco e esplênico com todas as repercussões pertinentes. Nos estamos preparando hoje a reencarnação de amanhã; um aborto provocado agora se refletirá no chacra genésico, e será mais além o aborto espontâneo, pois a paternidade e a maternidade não valorizadas hoje, o serão com certeza amanhã, noutra encarnação, mas agora por um processo educativo, que passa pela dor e pelo sofrimento redentor. Em igual patamar, como conseqüência, estão a prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre outras causas que atingem a esfera do aparelho reprodutor masculino e feminino.
Para a vítima
O único caso em que é aceito o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe risco insuplantável para a vida da mãe. (13). Em todos os demais casos considera-se ser este compromisso inquebrantável, sob o ponto de vista moral e portanto consciencial espiritual, quer na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos e anencéfalos, ou qualquer argumento, como o direito de escolha da mulher e sua plasticidade, falta de recursos financeiros, etc. A luta entre o "devo mas não posso e o posso mas não devo", nada mais é do que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" ( 1ª Epístola de S. Paulo Apóstolo aos Coríntios, cap. VI, verc. 12 )
A reação da vítima, o Espírito reencarnante, varia de acordo com seu grau evolutivo, da decepção, quando aproveita a reencarnação malograda para sua purificação, à obsessão, e dadas as circunstâncias, é mais provável que reajam da segunda forma, sintonizando-se às vezes com verdadeiras falanges de Espíritos obsessores:
"(...) ódio aos que se recusaram em recebê-los no novo berço, e quando não lhes infernizam a existência terrena, em longos processos obsessivos, aguardam sequiosos de vingança, que façam o transpasse, para então tirarem a forra, castigando-os sem dó nem piedade." (14)
Conseqüências físicas
Conseqüências físicas imediatas: consideraremos aqui as de ocorrência médica, que acontecem nessa encarnação.
Estima-se que a morte da gestante ocorra em 20% dos casos de abortamento provocado na clandestinidade e além disso descrevem-se; perfurações do útero com cureta, sondas, velas, etc.; anemia aguda, decorrente de hemorragias provocadas por estas últimas, por abortamento incompleto (restos ovulares) e demais traumatismos da vagina, do útero e das trompas; infeções inclusive tétano, abcessos, septicemias, gangrenas gasosas; esterilidade secundária; lesões intestinais; complicações hepáticas e renais pelo uso de substâncias tóxicas.(2)
Assim, o aborto quando não determina a morte, pode imprimir marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos, também no corpo perispiritual.
Conseqüências psicológicas
Não se pode fugir da nossa consciência, nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão ai impressas (9), e quando se pratica este tipo de crime, desperta-se o sentimento de culpa, o arrependimento e às vezes o remorso, a nos perseguir por toda vida física e extra-física. O arrependimento é a ante-sala da reabilitação, e quando dinâmico, canalizado para ações construtivas, pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador, e não raro espelhado na adoção, a minimização de nossas faltas. O remorso é a lamentação interior inoperante, comple-tamente estático, que como um ácido corroe o recipiente onde é guardado, provocando a viciação mental, a mente em desarmonia, que é porta aberta aos processos obsessivos. ( 5)
Conseqüências legais
Não nos estenderemos sobre o tema, lembrando que "nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legalizado." (16)
O aborto é um crime, e se não é admissível que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é que se assassinem covardemente os mais jovens ainda e mais indefesos, praticando- o. O assunto é tratado nos artigos 124 à 128 do Código Penal determinando penas que vão de 1 à 10 anos.
Conclusão
" O primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro direito: a vida." (17)
O aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso; o produto da concepção está vivo, e tem o direito DIVINO de continuar vivendo e de nascer. Transgride-se assim o V º Mandamento, "Não Matarás".
Errar é humano; assumir o erro, é divino.
O Espiritismo não aceita, nem pactua com a legalização do aborto, porque legaliza-lo é legalizar o crime e a irresponsabilidade . O "aborto seguro" com que acenam, se dizendo defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira, não passa de uma proposta para o crime, em que saem em desvantagem as vítimas, os inocentes e indefesos conceptos e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuando-se desta os ca-sos de estupro, no qual também não justificamos o delito, pois mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido.
" Lembrai-vos que a cada pai e a cada mãe, perguntará Deus: (15)
- Que fizeste do filho confiado à vossa guarda ?".
E quem praticou o aborto responderá:
"- Eu matei meu próprio filho..."
Quem assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em que incorreu, não deve cultuar o remorso ou consumir-se no sentimento corroente da culpa, que levariam a estagnação, mas dinamizar-se e orientar sua energia no trabalho regenerador, agora sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicando-se ao próximo e servindo com amor, que alcançariam sua plenitude na dádiva espelhada da adoção, na certeza de que com esses procedimentos, encontrará a justiça indulgente e a misericórdia do Criador.
" Não é na culpa corrosiva nem no remorso paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos remete à ação e ao amor, afastando-nos do vale da dor e do sofrimento, que encontraremos o caminho da libertação." (7)

Bibliografia
(1) FURLAN, Laércio. Respeito ao embrião e ao feto_ Diga não ao Aborto. "Mundo Espírita". Jan. 98, pg 2
(2) REZENDE, Jorge. Ed. Guanabara-Koogan, 1963, pg 667.
(3) XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Missionários da Luz .FEB 28ª edição; pg 187 `a 189 e 208.
(4) KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo, FEB 1 ª edição, 1996; pg 40.
(5) MIRANDA, Hermínio P. Nossos filhos são Espíritos, Publ. Lachâtre, 1995. pg. 47.
(6) SOARES, José Luis. Biologia. Ed. Scipione, 1997. Pg 195.
(7) GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior, Revista Internacional do Espiritismo, Jan. 1999, pg 219.
(8) DENIS, Léon, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Ed. FEB, 1936, 4ª ed., pg 193.
(9) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, ed. FEB, 1987: perg.199, 344 358 e 359.
(10) ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, pg. 153. Reencarnação em foco. Casa Ed. "O Clarim", 1991, pg.104.
(11) LIMA, Inaldo Lacerda de. Reformador, jun. 1987, pg. 169.
(12) SANTA MARIA, José Serpa. Palavras de viver. Reformador, Jun 1992, pg.168.
(13) CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais . Ed. FEB, 1991, pg. 77.
(14) MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do Espiritismo. Casa Ed. "O Clarim", 1995, pg. 121.
(15) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. FEB, 1987, 6ª ed., pg 240.
(16) CARVALHO, Alamar Regis. O Aborto e suas conseqüências, SEDA-Salvador, Bahía: 31/07/99)
(17) KARDEC Allan, Revista Espírita. Aborto; direito ou crime?; extraído do site http;//www.cvdee.org.br., em 24/11/99.
(18) MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação e Genética, Revista Internacional de Espiritismo, março 2000, pg. 56.
Revista Internacional de Espiritismo, Março de 2000
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:02
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