Sábado, 21 De Março,2009

PERANTE A DESENCARNAÇÃO


Resignar-se ante a desencarnação inesperada do parente ou do amigo, vendo nisso a manifestação da Sábia Vontade que nos comanda os destinos.
Maior resignação, maior prova de confiança e entendimento.
Dispensar aparatos, pompas e encenações nos funerais de pessoas pelas quais se responsabilize, abolir o uso de velas e coroas, crepes e imagens, e conferir ao cadáver o tempo preciso de preparação para o enterramento ou a cremação.
Nem todo Espírito se desliga prontamente do corpo.
Emitir para os companheiros desencarnados, sem exceção, pensamentos de respeito, paz e carinho, seja qual for a sua condição.
A caridade é dever para todo clima.
Proceder corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte.
O companheiro recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o ajudem a refazer-se.
Desterrar de si quaisquer conversações ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que comparecer.
A solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade humana.
Transformar o culto da saudade, comumente expresso no oferecimento de coroas e flores, em donativos às instituições assistenciais, sem espírito sectário, fazendo o mesmo nas comemorações e homenagens a desencarnados, sejam elas pessoais ou gerais.
A saudade somente constrói quando associada ao labor do bem.
Ajuizar detidamente as questões referentes a testamentos, resoluções e votos, antes da desencarnação, para não experimentar choques prováveis, ante inesperadas incompreensões de parentes e companheiros.
O corpo que morre não se refaz.
Aproveitar a oportunidade do sepultamento para orar, ou discorrer sem afetação,
quando chamado a isso, sobre a imortalidade da alma e sobre o valor da existência humana.
A morte exprime realidade quase totalmente incompreendida na Terra.

“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.” — Jesus. (JOÃO, 8:51.)

Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:35
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Sexta-feira, 20 De Março,2009

ALMAS DILACERADAS


Quando, em dores, na Terra inda vivia
Caminhando em aspérrimas estradas,
Via presas do pranto e da agonia,
Almas feridas e dilaceradas.

Escutava a miséria que gemia
Dentro da noite de ânsias torturadas,
Treva espessa da senda tão sombria
Das criaturas desesperançadas.

E eu, que era irmã dos grandes sofredores,
Sofria, crendo que tais amargores
Encontrariam termos desejados.

E confiada na crença que tivera,
Cheguei à luz da eterna primavera,
Onde há paz para os pobres desgraçados

Auta de Souza
Do livro Parnaso de Além-Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 23:29
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Quinta-feira, 19 De Março,2009

APELO À VIDA


Quero deixar aqui, o meu apelo a vocês mãezinhas, que carregam em seus ventres a pequenina sementinha que irá se transformar num novo ser.
Por mais que tudo seja contrário a este ser que luta pela sobrevivência, já dando demonstrações de vida no íntimo de vossos corpos, por mais que haja pessoas se opondo á existência desta nova vida, não se intimidem.
Sempre vemos ocorrer, todos dias, jovenzinhas grávidas, que mal sabem o que é viver, que são escandalizadas pela sociedade, são mal apontadas pelas colegas de escola, são maltratadas pelos próprios pais, às vezes namorados inconformados com uma situação nova, maridos que não querem mais uma responsabilidade.
Mãezinhas que vivem ao relento, sem ter o que dar a seus filhos, e temem a fome de mais um, mais um para sofrer, colocado no frio das ruas, na miséria, na violência do mundo e das favelas.
Mãezinhas que foram iludidas por um grande amor e depois desprezadas e abandonadas, sem piedade pelos companheiros ao saberem de sua gravidez.E mesmo aquelas que não querem a gestação, para não destruírem seu ideal de beleza do corpo físico, ou aquelas que não a desejam porque não fora planejado de forma alguma.
Podemos verificar o caso de muitas que são até ameaçadas, violentadas pelos esposos, namorados, e mesmo os próprios pais que, julgam o acontecimento como algo vergonhoso, irrepreensível, lastimável e inesperado.E neste momento, em que é como se o pior estivesse ocorrendo, como se o mundo estivesse desabando, o desespero se agiganta e envolve a mente destas pessoas, que não se sentem fortes o suficiente para reagirem contra os familiares, os namorados e esposos ou contra sua própria fraqueza e ilusões de viver.É quando, muitas recorrem ao caminho do aborto, que julgam a melhor solução para seu problema, julgado tão imenso, sem saída.
. Desde que o mundo é mundo acontecem freqüentemente casos assim, e muitas vezes estas pobres mãezinhas, vítimas de circunstâncias infelizes e ás vezes vítimas de sua própria invigilância e inconseqüência caminham para este lastimável desfecho e o que aparentemente é considerado a melhor saída, será sem sombra de dúvidas o pior de todos os caminhos, que terá conseqüências seriíssimas, com comprometimentos altamente dolorosos no plano espiritual.
Porque, na atualidade, o homem dispõe de recursos que lhe permite um melhor controle familiar, formas de se evitar a gravidez inesperada na adolescência, numa família onde a miséria domina o ambiente, enfim, hoje há formas de se evitar a gravidez, sem que se tenha que recorrer ao aborto. Há casos em que a gravidez ocorre, por descuido, inconseqüência, mas há os que ocorrem mesmo quando a mulher toma suas precauções. Porquê? Como explicar? Falhas nos métodos? Como explicar uma mulher que fora submetido a uma laqueadura e após muitos anos aconteceu uma gravidez inexplicável? O que acontece meus irmãos, é que muitas vezes, a espiritualidade, e mesmo os espíritos com necessidades urgentes de reencarnação forjam uma situação para retornarem a terra, uns para cumprir uma missão junto destes que procuram para reencarnar, e muitas vezes, são espíritos familiares que solicitam à espiritualidade maior uma reencarnação rápida para ajudar, para auxiliar, por muito amarem, por desejarem estar ao lado de seus afetos e outros para resgatarem débitos.
Muitas vezes, ocorre reencarnação prematura, em jovenzinhas, justamente por uma necessidade urgente de aquele espírito reencarnar, que aproveitam a falta de preparo, orientação familiar, pela falta de estrutura doméstica capaz de dar uma base sólida de vida.
Mas em quaisquer casos, a vida é sempre vida, e o aborto é um crime aos olhos de Deus que nunca terá justificativas e que terão os responsáveis, um dia, que responder com lágrimas o engano cometido.Porque aquele espírito que veio para cumprir uma missão, ele será lesado, será lhe tirado o direito de também viver, de ter suas experiências a que pediu, e freqüentemente, com grande necessidade. Então o que poderia ser um caminho para o amor, para a vida, para encontros, a chance de espíritos familiares trazerem mais luz aquele ambiente, incentivo, alegria, ressarcir débitos adquiridos juntos, poderá ser o caminho para conquistar inimigos, desafetos, perseguidores ferrenhos no mundo espiritual, contraindo dívidas altas que poderão ser muito difíceis de serem resgatadas, e podem levar séculos e séculos.
O que parece ser uma solução melhor, porque muitas vezes o aborto fica encoberto para a sociedade ou até para a família, poderá se tornar um caminho árduo que poderá terminar em desilusão, em doenças, arrependimentos, culpas, tragédias para esta pessoa que o praticou.
Mãezinhas, por mais que achem impossível uma gravidez assim, indo contra os princípios da sociedade, que pode considerar vergonhoso, indo contra a vontade de pais, namorados, por mais que fiquem sozinhas, nesta decisão, por maior que seja a miséria em que se encontrem, não desistam de lutar pela vida, que é a maior maravilha permitida por Deus. Lute contra sua própria desilusão, medo, desespero, inconseqüência. Reflita, lute, não teme em dizer que carrega um filho, porque a vida não é vergonha seja como vier, porque vergonhoso é matar, é lesar, é prejudicar.Sempre há amigos, pessoas bondosas, sensatas e caridosas a estender às mãos em auxílio. Que falem os preconceituosos, que não medem esforços em criticar. Afastem a indecisão no futuro.
Mas uma vida que se inicia, mesmo com todas dificuldades encontradas ela é sempre um novo amanhã, que poderá trazer novos horizontes de amor, de esperança, de paz, de luz. A terra é um palco de provações, dores, problemas, saibam enfrentá-los com coragem, porque aquela mãe que a tudo isto enfrenta com amor e coragem, ela é realmente aquela a que podemos chamar de verdadeira mãe, aquela que abandou tudo e todos, aquela que não se importou em como os outros iriam reagir. Mesmo que o mundo caia a seu redor, ela assume o filho que vem e o abraça e o protege com toda força de seu ser. Sejam mães, não entreguem a vida deste serzinho que se inicia aos braços da morte, porque a semente e o embrião são a vida que germina latente.Não duvide que já carrega em você um ser que já vive.
Não tenham temor, vergonha de enfrentar seus familiares, pois muitos abortam, escondendo dos pais este fato, que julgam que seriam mal-vindo, que seria desastroso uma notícia assim. Não omitam, pois o que vocês julgam ser algo de difícil aceitação poderia ser recebido de forma diferente, e quem sabe bem vinda.E mesmo que seja, a gravidez, recebida com dificuldade, entreguem ao tempo, que permitirá uma melhor aceitação. Se puderem se prevenir de uma gestação vinda em momento inoportuno, com o parceiro errado, se previnam, mas se ela já ocorreu, deixem-na acontecer como vier, enfrentem a situação com coragem, destemidos, certos de que maior mérito terá aquele que soube lutar contra todos, contra toda e qualquer situação contrária para deixar vir um filho de Deus que pede a chance de nascer.
E se ele vier em meio à fome, a miséria, a imensas dificuldades, à solidão, ao desespero, não percam as esperanças, avancem e assumam esta responsabilidade com coragem e certos de que Jesus e Maria não desamparam nenhum de seus filhos, por piores que sejam as dores. Levantem ao horizonte infinito os seus olhos, vejam como fazem as aves do céu, que alimentam seus filhotes, num ninho construído numa área deserta ou no inverno frio e aconchegam quantos ali tiverem, trazendo no seu bico pequenino o alimento de cada dia, que alimentará a todos sem saber o dia de amanhã, cobrindo com seus corpinhos, aqueles serzinhos indefesos.
. Haverá sempre alguém para ajudar, para orientar, para apoiar, para oferecer o pão, estender a caridade e a aceitação.Mas quando a dúvida cruel, insistir nesta decisão lembrem-se e orem a Maria de Nazaré, mãe de Jesus, que trazendo ao mundo seu filho, contradizendo todo costume da época, com uma gravidez que já fora programado e protegido pelas altas esferas espirituais, desejou aquela vida já a ela anunciada.Aguardou a chegada de seu filho que viria, mesmo entre privações, entre necessidades maiores, mesmo já sabendo que ele nasceria, encontrando todo caminho de dificuldades e a incompreensão de grande parte da humanidade.
Então, mãezinha, faça como Maria, não importa o que irão pensar, como as pessoas reagirão, como fará para sustentar, amparar e alimentar este ser.Mesmo que seja abandonada pelo companheiro, lembre que os amores podem ser passageiros, as ilusões. A beleza do corpo, mais cedo ou mais tarde, sempre se altera, mas um filho é algo para se ter eternamente no coração de uma mãe. Dê-lhe, primeiro a chance de viver, e as dificuldades que surgirem posteriormente, poderão ser minoradas com a própria vida e o amor, porque somente o amor é capaz de construir situações melhores, no seu mundo interior, no seu caminho a percorrer e em toda a humanidade.
Os espinhos, o desamor, o desrespeito à vida e seu extermínio só trarão complicações no destino daqueles que o plantarem, enquanto que a renúncia, a coragem de lutar pela vida, enfrentando todas adversidades, o amor plantado, assim, no meio deste chão árduo, deste solo arenoso, hão de fazer florir uma estrada, com mais chances de êxito, uma estrada mais fácil de se trilhar, porque as pétalas das rosas, cobrirão como um tapete, o chão a percorrer e perfumarão de esperança todo e qualquer viver.
Que deixem vir à vida!!!!!!!
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 11:17
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CAMINHOS DA VIDA E DA MORTE


Na realidade, não nos interessa apenas saber o que se passa no transe da morte propriamente, mas o que nos espera além dele, desde que a morte física não é o fim, que o Espírito sobrevive. E não seria apenas interessante saber que sobrevivemos, e como, mas que acima de tudo somos imortais; não apenas que o somos, mas que necessariamente envolvemos sempre, e isso graças às idas e vindas; ao palco da vida física Nesse caso, somos, antes de mais nada Espíritos. eternos, em trânsito na vida terrena.
Vimos estudando os relatos de uma soma considerável de pacientes e comparando esses depoimentos com as revelações espíritas. Que dizem os Espíritos desencarnados? Que dizem os que voltam das chamadas "fronteiras da morte", que nos parece serem antes fronteiras da vida?
Dizem eles que se sentem possuídos de uma forma humana, com um corpo estranhamente leve em relação ao outro. E, por força, o perispírito Que se reconhecem de certa forma vivos, num ambiente muito semelhante ao meio de onde partiram alto objetivos - é a vida espírita -, jungido; a uma lei de afinidades, coerente com o seu estágio evolutivo. Que estiveram no dealbar dessa outra vida, o que nela se encontram, após um sono reparador, havendo passado pela visão panorâmica da vida terrena como se fora num filme (seria o "juízo", o exame de consciência). Que apresentam uma visão amplificada em que o poder do pensamento e bem mais expressivo e que são capazes de volitar. Que mantêm a sua identidade, a sua personalidade, que não se diluem, não se alteram basicamente, não se desfazem no todo. Que tiveram acolhimento por parte de amigos e familiares já desencarnados, que os vieram ver ou receber corno ao viajor que Chega a certo destino. Que tiveram estranhas sensações. perceberam nevoeiros, ruídos indefinidos, vozes, por vezes música transcendental Ressaltam ;linda a., dificuldades que representam para a criatura nesse transe o desassossego dos familiares ou dos circunstantes Já os que retornam da morte clínica descrevem o trabalho dos médicos,, e enfermeiros tentando recuperá-los ou cenas á distância ocasião em que o transpõem obstáculos. paredes, ou vêem através dela; vencem incríveis distância, espaço temporais, qual ocorre nas chamadas , viagens astral, do sensitivo desdobrado. Ou vêem o próprio corpo exânime Somo como que puxados de retorno no ao corpo ante a iminência de se romper uma corno que '`barreira", o limite da vida física naturalmente.
Consideremos agora as revelações diretas dos moribundos antes de perderem a consciência de que em geral são tidas e havidas idas por simples alucinação mas que assumem aspecto, de coerência insuspeita ,e eles narram de viva voz, in extremis, o que também descrevem e agora toma foros de verdade, os retornados da crise, quanto ao que viram e sentiram durante a fase agônica E que o próprio enfraquecimento orgânico, propiciando o afrouxamento dos laços, vai como que abrindo em flor os centros psíquicos como o limiar da vida espírita. Há visões no leito de morte. Ou serão aparições de fantasmas dos moribundos, quiçá pancadas (raps) projetadas alhures, muito mais que uma simples mas expressiva mensagem telepática.
Já se disse corri propriedade que os fenômenos anímicos comprovam os mediúnicos que o Animismo comprova o Espiritismo. O que se passa corri as faculdades do homem vivo à distância do corpo, em diferentes circunstâncias - e o Espiritismo os estuda - mostra o que ocorre por sua vez na manifestação o do Espírito despojado do corpo. O instrumento é o mesmo, o perispírito a serviço da individualidade inteligente. Pois bem, o que relatam as criaturas que voltaram da vida espírita a meio carrinho, cru desdobramento coincide por sua pez com o relato dos que romperam a barreira da vida corporal. Voltando ao corpo falam por esse intermédio; e os que voltam sem ele encontram no médium a instrumentalidade necessária. A realidade é a mesma, o outro lado da cortina no grande anfiteatro da Vida Inexaurível. Uns, por enquanto, surpresos, apenas levantam parcialmente a dobra do pano, enquanto outros descerram-na por inteiro. O primeiro, porque alma, um fato anímico. O segundo, liberto o Espírito, um fato de ordem espirítica; ou porque utiliza um intermediário, um fenômeno mediúnico.
Não obstante certa resistência por parte de áreas de ceticismo intolerante, a verdade desponta e insiste em ser notada. Mas ainda não é só. Há ainda um outro ponto a assinalar em termos de comparação. Os ressurretos assinalam uma preocupação quanto à retificação de seus hábitos, de sua conduta, deixando entrever uma percepção maior das realidades que as religiões em geral apontam: a vida espírita reflete aquela que tivemos na Terra. Ora, os que retornam pelos médiuns lamentam os erros do passado. Fariam voltar o tempo. Ou persistem lamentavelmente, o que não é de estranhar.
Revista Internacional de Espiritismo – Outubro de 1984
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 10:59
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Quarta-feira, 18 De Março,2009

EM HOMENAGEM A EDIÇÃO DEFINITIVA DO LIVRO DOS ESPÍRITOS EM 18 DE MARÇO DE 1860


Na manhã de 18 de abril de 1857, chega uma carruagem na Livraria Dentu na Galerie d'Orleans, no Palais-Royal, em Paris. Trazia 1.200 exemplares da primeira edição de O Livro dos Espíritos. Era o dia do lançamento da obra, composta num perfeito encadeamento de idéias, organizada metodicamente pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que em virtude de seu nome ser muito conhecido e respeitado pela comunidade científica à época da publicação, optou pelo pseudônimo Allan Kardec para que esta fosse conhecida não em virtude do seu nome e, sim, pelo conteúdo.
A primeira edição trazia 501 perguntas e respostas. Em 18 de março de 1860 foi publicada a segunda edição, definitiva, revisada e ampliada, com 1.019 perguntas e respostas, trazendo ensinamentos que conduzem o homem à redescoberta de si mesmo, fornecendo-lhe recursos para que compreenda, sem mistérios, quem é, de onde veio, e para onde vai.
O Livro dos Espíritos contém os princípios fundamentais da Doutrina Espírita em seus três aspectos: científico, filosófico e religioso, tais como transmitidos pelos próprios espíritos, seus autores. Assim, não se considera a obra de um homem, Allan Kardec, mas da espiritualidade, cabendo a Kardec, o Codificador, a incumbência de classificar, selecionar e organizar os itens em uma seqüência lógica, com bom senso e espírito crítico.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 12:11
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SÚPLICA A MÃE SANTÍSSIMA


Divaldo psicografando mensagem ao lado da Casa de Maria



Senhora:
Eis-nos de retorno aos caminhos luminosos apresentados pelo vosso Filho Jesus há quase dois mil anos: fé e irrestrita confiança em Deus, amor ao próximo como a si mesmo e entrega total à caridade, sem, a qual, não há salvação.
Há muito tempo planejamos seguir a trilha libertadora, mas distraídos pelas ilusões seguimos rumos diferentes e angustiantes.
Hoje, porém, depois de vivenciadas inomináveis angústias, estamos de volta ao rebanho daquele que é o Caminho da Verdade e da Vida.
Sabemos que, enquanto o mundo moderno estertora sob os camartelos do ódio e da insensatez que o ser humano criou para si mesmo, velais, Senhora, por esses filhos aturdidos que vos foram confiados na cruz…
O pranto, na Terra, se avoluma assustadoramente nos olhos aflitos que perdem lentamente a faculdade de ver com claridade, ao tempo em que a revolta domina a orgulhosa cultura que a civilização elaborou ao largo dos milênios, ante as ameaças de extinção que se vem impondo alucinadamente…
Os horrores da violência, do crime e das guerras individuais, coletivas e internacionais, tomam conta das sociedades, demonstrando a quase nulidade das gloriosas conquistas da ciência, do pensamento, da tecnologia… As mulheres e os homens encontram-se assinalados pelo desencanto, fugindo na direção dos prazeres, a que se entregam insensatamente, porque se perderam no báratro das próprias necessidades, que não têm sabido discernir, quais as que são relevantes em relação às secundárias e sem importância.
O orgulho impera e a indiferença pelo destino das demais criaturas caracteriza estes dias de ansiedade, de medo e de solidão.
É certo que existem doações de amor e de sacrifício, lutas de redenção e trabalhos dignificadores em quase toda parte, não porém, o suficiente para a construção do reino de Deus nos corações.
Em razão dos sofrimentos que campeiam, rogamos, Senhora, que derrameis a luz do discernimento e a paz dos sentimentos nas existências desarvoradas, informando que, enquanto o amor de Jesus permanecer no mundo, não se apagará das mentes nem dos corações a presença da esperança.
Intercedei por todos aqueles que se deixaram enregelar pelo ódio, endurecer-se pelos desencantos e frustrações, a fim de que a sociedade descubra o seu rumo de segurança.
Ontem, aqui semeastes o amor, a caridade e o perdão, enquanto Roma perseguia e assassinava os discípulos do vosso Filho.
As perseguições, no entanto, ainda prosseguem, temerárias e perversas. Não mais praticadas pelo império dos Césares, dominado pela volúpia do poder mentiroso que ruiu, como tudo quanto é transitório no mundo, substituídas pelo materialismo e pela crueldade.
Naqueles dias já passados, eram os de fora da grei que crucificavam, martirizavam e matavam os seguidores do vosso Filho.
Hoje são os próprios discípulos que se disputam primazias e infelicitam os que são fiéis aos postulados de amor, com os quais eles não concordam…
Tende compaixão, Mãe Amantíssima de todos nós, e ajudai-nos a ser fiéis até o fim, sem reclamações nem desânimo, servindo incansavelmente, certos de que, na etapa final, poderemos ver e ouvir o vosso Filho, informando-nos:
Vinde a mim, servidores fiéis, eu vos tenho aguardado em paz.
Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de 22 de Maio de 2007, junto à casa onde desencarnou Maria, a mãe de Jesus, em Éfeso na Turquia.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 11:03
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Segunda-feira, 16 De Março,2009

O PÃO DO ESPÍRITO

E o doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.”(Atos, 6:2)”.
Consumada a crucificação de Jesus, os apóstolos fundaram uma instituição assistencial denominada "Casa do Caminho", onde abrigavam e socorriam necessitados de todos os matizes.
Esse resfriamento na difusão da Boa Nova levou o grupo de apóstolos a urna reflexão mais profunda, com base naquilo que um dos evangelistas havia registrado: "Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram." (João 6:48/49). Em face de essa situação os apóstolos se reuniram em conselho e deliberaram pedir aos discípulos que escolhessem sete homens íntegros e capazes, a fim de atenderem à tarefa assistencial, liberando-os para a propaganda dos ideais cristãos.
Estevão foi um dos escolhidos para essa espinhosa missão, desempenhando-a até o dia quando foi violentamente retirado da "Casa do Caminho" e apedrejado, com a aquiescência de Paulo de Tarso.
É de relevante importância esta passagem contida nos Atos dos Apóstolos, mostrando
que não se deve procurar socorrer apenas com o pão material, uma vez que é o pão espiritual que sacia toda a fome de conhecimento, levando a criatura à reforma íntima que o Cristo definiu como sendo a conquista do Reino dos Céus.
É inegável que, se os apóstolos tivessem circunscrito suas atividades apenas à "Casa do Caminho" teriam equacionado os problemas de alguns poucos homens, porém, como decorrência a Humanidade teria ficado privada de uma série de ensinamentos, principalmente aqueles contidos nas Epístolas de João, de Pedra e de Tiago. '
O mesmo fenômeno ocorreu com relação a Jesus Cristo. Sendo o médico das almas é óbvio que a finalidade precípua da sua missão na Terra, foi dirigida no sentido de operar nos homens a cura espiritual, a cura de efeito permanente. Curando alguns poucos enfermos do corpo, o seu objetivo era atrair a atenção das massas, para que a semente generosa da sua Doutrina germinasse nos corações de uma quantidade muito maior de homens. O Mestre suspirava pelas curas de conseqüências morais, como o foram aquelas operadas em Maria Madalena, Maria de Betânia e em Zaqueu.
É indubitável que a assistência social dispensada pela "Casa do Caminho" constituía um aspecto importante no quadro da divulgação do Cristianismo, entretanto, o efeito nesse setor era bastante circunscrito e 'dificilmente passaria dos limites da região que lhe servia de sede.
A verdadeira propaganda somente poderia ser exercida através da palavra levada a todos os centros, e isso foi feito graças à inspirada deliberação dos apóstolos, que acharam "que não era razoável servir as mesas, em detrimento da divulgação da palavra de Deus."
A pregação dos apóstolos teve como cenário principal à cidade de Jerusalém, onde eles tiveram residência ordinária até o ano 60, entretanto, também fizeram visitas a outras cidades circunvizinhas, no mister de divulgar o Cristianismo. A tarefa de levar a palavra de Jesus a todo o mundo conhecido coube ao apóstolo Paulo, cuja missão transcendental se destaca mais e mais a nossos olhos, à medida que os séculos se esvaem.
Paulo de Tarso compreendeu a extensão das palavras de Jesus em torno do Pão Espiritual, e levou asa centenas de comunidades, não esquecendo Atenas e Roma, que eram as cidades mais importantes do mundo, naquela época.
O povo israelita vivia empolgado pela ocorrência registrada em Êxodo, Cap. 16, onde se lê que Deus fez cair pão do Céu para aqueles que estavam famintos no deserto, alimentando-os desta forma durante muitos anos. Apesar da produção desse fenômeno, os judeus nada haviam melhorado e após a solução do problema do pão, passaram a exigir de Moisés a solução do problema da água: "Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e aos nossos filhos e ao nosso gado?" (Êxodo 17:3).
Quando do advento de Jesus Cristo o mesmo povo ainda estava em pleno endure
cimento, procurando-o para dizer-lhe: "Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito. Deu-lhes a comer o pão do céu" (João, 6:31), o que levou o Mestre a esclarecer: "Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dará o verdadeiro pão. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Eu sou o pão da vida, aquele que vem a mim não terá fome."
O pão verdadeiro, representado pelos ensinamentos evangélicos, é o pão do qual a Humanidade não' pode prescindir - o único que alimenta espiritualmente o homem, propiciando-lhe meios de sentir e viver aquilo que o Evangelho preceitua, apressando deste modo a sua evolução espiritual rumo a uma superior destinação e, equacionando os problemas de todos os matizes que o acometem.
Revista O Semeador – Abril de 1981
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:14
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Sábado, 14 De Março,2009

FLORES SEM HASTE

Nós temos, meus filhos, na Colônia Maria de Nazaré, uma freirinha cuja única alegria,na Terra, foi cuidar de um pequeno jardim no Convento das Carmelitas, em que ela morava.
Ela não se tornou freira porque quis.
A mãe dela ficou muito doente durante o período de gestação e prometeu que se ela vivesse e se a filha nascesse com saúde, seria freira.
Quando a vida começava a explodir em beleza e sonhos, aos quinze anos, fizeram um enxoval e entregaram-na como esposa de Cristo.
Chorou sozinha durante muito tempo, depois se conformou e passou a dedicar ás flores um pouco de seu amor.
Ela tinha que orar enquanto fazia pão, tinha que orar quando lavava o pátio, tinha que orar enquanto fazia as refeições, tinha que orar o dia inteiro.
Não aquela oração que saía do coração, mas aquela orção automática de quem reza a Ave-Maria, Salve Rainha e o Pai Nosso.
E ela desencarnou e foi ser voluntária na colônia Servos Maria de Nazaré. Ela se afeiçoou muito a uma madre, e essa madre já tinha sido uma ex-interna da colônia.
Então , ela resolveu ir para essa colônia.
Existe na colônia Maria de Nazaré o jardim das flores sem haste. As flores são cuidadas por ela, pela nossa pequenina freira.Essa irmãzinha faz flores belíssimas!
Um dia eu cheguei e perguntei:"_Por que, irmãzinha, você faz as flores sem haste?No Nosso Lar, na colônia Divino Amigo, na colônia Missionários da Luz, em todos abrigos temos jardins belíssimos, todos com haste, com folhagens...Por que um jardim com flores sem haste?
Ela me disse"_Porque é muito difícil guardamos a essência da fé e do amor com raízes plantadas profundamente no chão.
Achavam na Terra, que eu era santificada pela minha reclusão involuntária.E a única alegria que eu tinha eram as flores que eu justificava que eram cuidadas para serem colocadas aos pés de Virgem Santíssima, eu não oferecia as raízes. Eu procurava cortar bem rente e oferecer só as flores. Hoje, como eu posso criar flores fluídicas eu quero que todas as criaturas aprendam a caminhar na Terra sem deixar muitas raízes, porque aqui na colônia onde sirvo, no Hospital Maria de Nazaré, as pessoas que estão abrigadas plantaram muito mais raízes do que flores. São bem poucos aqueles que souberam valorizar as flores. E as flores abrigam ás vezes espinhos venenosos, raízes tóxicas, mas só as pétalas são como a face de Maria: suave, perfumada e doce. Plantaram a haste da minha vida no solo de uma igreja fria, onde meu único consolo era embelezar os pés de Maria, vendo meus colibris, meus beija-flores...
Até as migalhas de pão me eram tão difíceis oferecer aos passarinhos, mesmo recorrendo á Francisco de Assis como exemplo para minha atitude...
E fui uma vez inclusive, punida, porque diziam que eu via na imagem de Francisco de Assis a imagem de um homem, quando na verdade, eu estava buscando uma fuga para olhar as aves do céu como direito que todas as criaturas têm e o próprio Cristo nos ensinou:"_Olhai as aves do céu!"
"Mas tudo que eu dizia representava para mim mais punição...
E quando Bezerra de Menezes me pergunta por que eu faço flores sem haste, eu respondo como respondi: "_Não é muito mais bela uma flor boiando no infinito de Deus?"
Eu segurei as mãos daquela trabalhadora, pedi licença e beijei-as. Bendita sejam as mãos que amam as flores sem haste, bendito seja aquele que tem olhos para ver as aves do céu, para ver os lírios do campo, sem falar no lodo que alimenta esses lírios, mas na beleza que nele resplandecem!
Ela realmente levou para a colônia só as flores, e deixou no chão da Terra as raízes...
Que o Mestre nos ampare!
Espírito Bezerra de Menezes
Psicifonia da médium Shyrlene Soares Campos(Núcleo Servos Maria de Nazaré)Uma homenagem a este paizinho que vem sempre trazer flores espirituais a uma filha ainda em experiências terrenas.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 21:09
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Sexta-feira, 13 De Março,2009

EVANGELIZAÇÃO INFANTIL


Qual a importância da evangelização da criança no Centro Espírita?
Divaldo: Da mais alta relevância, se dissermos que, quem instrui prepara para a vida, quem educa dá a vida, quem evangeliza fomenta a vida. Este "evangeliza", entendamo-lo à luz do Espiritismo, por ser a luz do Espiritismo que dá lógica e entendimento ao Evangelho. O Evangelho, puro e simples, é ministrado por outras doutrinas cristãs, mas a reencarnação e a comunicabilidade dos espíritos dão clareza e lógica, ao contrário de outras doutrinas evangélicas, preparando a criança para uma vida saudável no seu relacionamento futuro. Não se pode conceber uma Casa Espírita na qual as novas gerações não recebam a evangelização espírita, porque sem isto estaremos condenando o futuro a uma grave tarefa curativa das chagas adquiridas no trânsito da juventude para a razão.
Portanto, é imprescindível a presença da atividade do Evangelho à luz do Espiritismo, junto à criança e ao jovem.
O que dizer das aulas de evangelização em que predomina o conhecimento do Evangelho sem conteúdo espírita?
Divaldo: que é um trabalho muito respeitável, mas não é um trabalho espírita. Para que o seja, é indispensável que se encontram presentes os postulados essenciais conforme estão exarados em O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Não podemos entender por que a criança e o jovem são capazes de compreender o Evangelho e não o Espiritismo, quando têm idéia clara de eletrônica, de cibernética, e de outras ciências muito mais complexas do que a Ciência Espírita, que é de fácil assimilação.
Os irmãos das igrejas reformadas, do Catolicismo, nas suas vária denominações, lecionam também o Evangelho, que é muito bom na sua parte moral, mas que não equaciona a problemática da existência humana, que somente pode ser entendida à luz da reencarnação. Não equaciona a realidade da comunicabilidade dos Espíritos, que somente através da mediunidade encontra parâmetros de lógica e sustentação. Não elucida a problemática da pluralidade dos mundos habitados, hoje reconhecida por boa parte dos astrônomos e dos astrofísicos de toda a Terra. E não resolve o problema do comportamento humano, porque libera ou escraviza a consciência através dos dogmas, dos formalismos e das suas atitudes místicas.
É indispensável colocar a Doutrina Espírita no Evangelho, para que a razão substitua a aceitação, e a lógica preencha o vazio do mitológico.
- Nunca é conveniente levar a criança a assistir reunião espírita de natureza mediúnica,... –
Como fazer, sendo preparado para evangelizar e não se sentindo seguro para o trabalho, já que no Centro Espírita é responsabilizado?
Divaldo: Todos nós somos inseguros daquilo que fazemos, exceto as pessoas presunçosas. A insegurança é um fenômeno natural, porque estamos sempre aprendendo, defrontando experiências novas. É compreensível que aquele que se inicia numa atividade encontre muitos conflitos na área que o desafia. A segurança virá como resultado normal da experiência, que irá adquirir com o tempo.
O conhecimento teórico não equipa uma pessoa com a segurança que a faça enfrentar as dificuldades naturais que lhe são desafio, com a mesma experiência daquele que opera todos os dias. A melhor maneira de o fazer, é começar. Começa-se inseguro e, lentamente, vai-se adquirindo confiança, que é resultado das experiência que se tornaram exitosas. Sem a experiência pessoal ninguém tem segurança de como fazer, porque não se transmitem experiências. Transmitem-se informações, que aplicadas nos levam à vivência dessas mesmas informações.
As crianças que estão sendo evangelizadas, de que maneira podem os pais ajudá-las, a fim de que a evangelização continue no lar?
Divaldo: Aos pais compete a observação das tendências, da natureza dos seus filhos para bem orientá-los e despertarem nos mesmos as qualidade que se contrapõem aos defeitos. Entretanto, isso deve ser feito quando os filhos são muito pequenos, e é justamente quando os pais são mais inexperiente, menos maduros. Então, quando vemos os resultados, o tempo já passou. Como agir? Por mais imaturos que sejam os pais, há, entre eles e os filhos, o largo período que já viveram. Nesse período, adquiriram as experiências das suas próprias vivências.
Há, em todo indivíduo, a tendência para o bem, porque somos lucigênitos. Esse heliotropismo divino nos leva sempre a discernir entre o que é certo e o que é errado. Se, por acaso, por inexperiência, não orientamos bem o filho na primeira infância, é sempre tempo de começar, porque estamos sendo educados até a hora da própria desencarnação.
Os pais que não lograram encaminhar bem os seus filhos, porque lhes faltava o equilíbrio do discernimento, quando se estava no período da formação da personalidade, podem recomeçar em qualquer instante, de maneira suave, perseverante e otimista através do exemplo e da vivência do amor.
Os pais podem ajudar a evangelização no lar, sobretudo pela exemplificação. É a exemplificação a melhor metodologia para que se inculquem as idéias que desejamos penetram naqueles que vivem connosco.
Se examinarmos Jesus, Ele disse muito menos do que viveu e viveu muito mais do que nos falou. A mim me sensibiliza muito uma cena que parece culminante na vida do Cristo. Quando Ele estava com Anás, o Sumo Sacerdote, que Lhe perguntou sobre Sua doutrina, respondeu Jesus, que nada falara em oculto e que ele deveria perguntar aos que O ouviram. Um soldado que estava ao lado do representante de César, agrediu-O, esbofeteando-Lhe a face.
Para mim, este gesto é dos mais covardes: bater na face de um homem atado. Então Jesus não reagiu. Agiu com absoluta serenidade.
Pacifista por excelência, voltou-se para o agressor e lhe perguntou: Soldado, por que me bateste? Se errei, aponta-me o erro, mas, se eu disse a verdade, por que me bateste? É uma lição viva, porque Ele poderia apelar ali para a justiça do representante de César; poderia ter-se encolerizado; ter tido um gesto de reação, mas Ele preferiu agir.
O lar é a escola do exemplo, onde lamentavelmente se vive reagindo. Vive-se de reações em cadeia; raramente se pára para agir.
Uma criança era dotada de mediunidade vidente aflorada. Quando jovem perdeu-a por algum tempo. Após freqüentar grupos de jovens espíritas e estudar a Doutrina é possível recuperar a sua vidência?
Divaldo: Sim e não. Na infância, as faculdades psíquicas são muito aguçadas, porque o Espírito ainda não está totalmente reencarnado. O cérebro ainda não absorveu toda a percepção extra-sensorial. Como há uma percepção mais aguçada que ainda não foi assimilada pelos neurônios cerebrais, várias faculdades se manifestam, já que é o próprio Espírito que vê, que ouve, que sente. À medida que ocorre o mergulho na indumentária carnal, vão diminuindo as possibilidades parapsíquicas até que ficam relativamente bloqueadas.
Mais tarde, a pessoa pode exercitá-las e, através do exercício, poderá recuperar essas percepções de acordo com as conveniências que foram estabelecidas pela lei de reencarnação para o progresso da própria criatura.
Há indivíduos que gostariam muito de ser médiuns vidente, médiuns com um campo muito amplo, sem darem-se conta das graves responsabilidades que disso decorrem, dos gravames, dos perigos e dos imensos testemunhos, que se fazem necessários.
Os nossos Mentores Espirituais, quando coordenam a nossa reencarnação, examinam em profundidade o que será melhor para a existência, como o que será pior, estabelecendo aquilo que se possa ou não suportar.
Daí não é lícito forçar o desenvolvimento de aptidões, para as quais, talvez, não se esteja moral e emocionalmente equipado par enfrentar as conseqüências dessa decisão.
Como enfrentar o desafio da educação da criança carente? O que nos aconselha no sentido de criarmos um trabalho com essas crianças de rua. Gostaria de saber se a merenda é prejudicial quando colocada como prêmio aos que freqüentam mais a evangelização?
Divaldo: A melhor maneira de enfrentar-se um desafio é começá-lo. Chamar um cooperador, mais um e formar um grupo.
É provável que muitos aqui não conheçam a história da célebre Universidade Mackenzie, de São Paulo.
Começou quando uma educadora americana notou, em São Paulo, na rua em que morava, um grupo de crianças vadias. Ela, que preparava muito bem broa de milho, pôs-se a atrair os meninos que ficavam à porta sentindo o cheiro, e começou a dar-lhes o alimento doce. Depois, resolveu que somente daria broas às crianças que viessem, no Domingo, pela manhã, para ouviram-na falar do Evangelho de Jesus.
Depois que vieram vários por causa da broa, ela explicou, que só participaria da reunião, para depois comer a broa, quem viesse tomado banho, de cabelo penteado e pés calçados. Mais tarde, ela notou que poderia fazer algo mais do que a broa. Teve a idéia de preparar um lanche mais substancial para atrair mais meninos de rua.
Eles aumentaram de tal forma que chegavam à hora em que ela estava na confecção do alimento.
Ocorreu-lhe estabelecer que, a partir da data X , somente teria acesso à aula de Evangelho, para depois comer, quem soubesse ler e escrever. E como eles não o sabiam, ela pôs uma mesa no fundo do quintal e abriu uma escola de iniciação alfabética. Hoje é o Mackenzie, que tem uma bela e longa história, inclusive, foi visitado por D. Pedro II que lhe fez uma expressiva doação.
Uma americana, Mary Jane Mac Leod Bethune, começou a educar crianças num depósito de lixo. A lei da segregação racial nos Estados Unidos era muito severa contra os negros. Ela era negra, havia ganho uma bolsa de estudos de uma costureira quaker, e, ao se formar não tinha alunos. Quando foi nomeada não havia escola. Ela então reuniu três caixões vazios de cebola, colocou-os embaixo de uma árvore, num depósito de lixo, convocou três descendentes de escravos e começou a ensinar-lhes a ler e escrever
Oportunamente, quando Henry Ford foi a Osmond, uma praia da Califórnia, ela foi visitá-lo. Ao chegar à porta, foi barrada, porque, no hotel, negro não podia entrar, somente na condição de serviço. Ela subiu a escadaria de incêndio de nove andares, saltou a janela, tocou a campainha da porta, e, quando o mordomo veio abri-la, disse-lhe: Quero falar com Mr.Ford. O mordomo, que também era negro, respondeu: Mas ele não recebe negros! E falou-lhe baixinho: Como você se atreve a vir aqui? Ela reagiu bem alto: Eu tenho uma entrevista marcada com Mr. Ford, que assinalei por telefone. Eu sou Mary Jane.
Ouvindo-a, Mr. Ford redargüiu: Entre, senhora.
Quando ela se adentrou, ele, que era humanitário e acreditava na reencarnação, exclamou, surpreso: Mas eu não sabia que a senhora era uma negra!
Ela sorriu, elucidando: Não totalmente. Eu duvido que o senhor conheça dentes mais alvos e um olho mais brando do que o meu.
Ele a adorou, porque uma mulher que era superior a essas mesquinharias humanas merecia respeito. Perguntou-lhe:
O que a senhora deseja de mim? - Desejo que o senhor me ajude a construir a minha escola, a ampliá-la. Gostaria de levá-lo ao meu terreno, a fim de que o senhor construa comigo a escola dos meus sonhos. Ele aquiesceu. Desceu com ela pelo elevador por onde não pudera subir. Quando ela passou pela porta e o atendente a viu, ela ainda, só para surpreender, pegou o braço de Mr.Ford, com a maior intimidade. Sentou-se num carro coupé aberto, desfilando pela cidade de Osmond e olhando para todo mundo. Isso há mais ou menos sessenta anos. Era muita coragem!
Levou-o ao seu terreno. Quando chegou ao depósito de lixo, disse-lhe:
É aqui, senhor, que eu quero construir a minha escola.
Ele, surpreso, retrucou:
- Aqui? E onde está sua escola?
Ela apontou:
- Ali.
- Senhora, ali é um depósito de lixo.
Eu sempre me esqueço dos detalhes! Em verdade a minha escola está aqui na cabeça. Eu quero que, com o seu dinheiro, o senhor arranque daqui (apontou a cabeça) e a coloque ali. Ele deu-lhe, então, vinte mil dólares.
Essa mulher educou, até o ano de 1969, milhões de negros americanos. Tornou-se o símbolo da educadora mundial.
Quando o presidente Franklin Delano Roosevelt cancelou as subvenções por causa da guerra, ela lhe pediu uma entrevista na Casa Branca, e disse-lhe:
O senhor não vai cortar as subvenções das minhas escolas.
Ele redargüiu:
A senhora não se esqueça que eu sou o presidente.
E ela repostou:
Nem o senhor esqueça que eu sou eleitora, e eu vou me lembrar.
Ela sentou-se. E a sua foi a única rede de escolas que não teve as subvenções canceladas naquele período.
Certa feita, ela estava numa cidade do Sul, onde a intolerância racial era muito grande e teve uma crise de apendicite. Foi levada de emergência ao hospital e colocada na mesa cirúrgica. Quando os médicos entraram e a viram, disseram: "Operar uma negra?" E saíram da sala. Ela pôs a mão no lugar dorido, olhou para a janela e orou: "O Senhor deve estar brincando comigo. Acho que o Senhor só me deu essa apendicite para me desafiar. Porque se o Senhor me ajuda a sair desta mesa, eu Lhe prometo que, na América, onde o Senhor me pôs na Terra, nunca mais morrerá ninguém de apendicite pelo crime de ser negro, porque eu não deixarei.
Levantou-se e ergueu uma Faculdade de Medicina. É uma das histórias mais lindas do século, mas, infelizmente, desconhecida dos brasileiros.
Quando estourou a guerra da Coréia, ela já era um vulto venerando no mundo. Foi conselheira da UNESCO e da ONU para assuntos raciais.
Outra vez, ela vinha atravessando o corredor para negros, no aeroporto de uma cidade do Sul. Um rapaz branco saltou a cerca, abraçou-a e chamou-a de mamãe. Então o colega reagiu: É louco? Como pode abraçar esta negra?
Ele explicou: É por causa desta negra que eu vou dar a minha vida na Coréia. Quando eu fui convocado para a guerra, em um país que jamais eu havia ouvido falar o nome, fui ao meu professor de geografia e perguntei: Onde é que fica mesmo essa Coréia? Ele mostrou no mapa uma região miserável, perdida, que eu não sei quem estava lá. E eu vou prá lá, porque me disseram que eu vou salvar a democracia, que eu aprendi com esta negra, que ama a todos os homens, sem perguntar o nome, a cor, a raça ou a crença.
Ela escreveu mais tarde: Eu poderia ter morrido naquele dia, porque minha missão, na Terra, havia acabado.
Começamos, na Mansão do Caminho, onde temos duas mil e quinhentas crianças, que têm o lanche garantido, mais ou menos, como narramos. Um dia demo-nos conta que, na rua, havia muitos meninos que não estavam na escola, e, por isso, não comiam.
Criamos, para eles, uma sopa, há três anos. Vieram os meninos e suas mães. Depois de um ano estabelecemos que só tomariam a sopa se viessem limpos. Como no bairro a dificuldade de água é muito grande, passaram a tomar banho conosco. Se vêm descalços, damos alpercatas. Se as perderem, não tomam a sopa. Porque, o perder aqui, é vender. Saem com as alpercatas e vendem-nas, a fim de ganharem novas no outro dia.
Depois, só tomam a sopa se estudarem. O interesse cresceu e hoje transformamo-la em almoço, pois já estão tendo aula normal. Têm a merenda às dez horas e o almoço ao meio-dia. Começamos com vinte, estamos com quase trezentos. Fazemos a evangelização, como introdução ao trabalho da educação.
Ao fim do ano, os que tiverem melhor aprendizado são matriculados na 1ª série da Escola Jesus Cristo. Este ano matriculamos quarenta e seis e no próximo teremos o dobro.
Começamos, pois, sem maiores preocupações. Iniciamos sob a copa de uma mangueira e sobre três caixas de cebola, na rua Barão de Cotegipe, 124. Eu tinha lido, então, a vida de Mary Jane. Hoje estamos com duas mil e quinhentas crianças internas, semi-internas e externas. Pretendemos ainda aumentar o número, e, dentro de alguns dias, inauguraremos uma escola de auxiliar de enfermagem, para, depois, uma escola de magistério.
Hoje é muito grande o envolvimento do jovem na política. Preocupado com as leis humanas, indiferente às Divinas. É um processo educacional? Como concilias as duas coisas?
Divaldo: Ocorre que o jovem padece constrição de uma sociedade que não tem sido susta para com os seus membros. Ele, não tendo recebido no lar a formação de uma educação nas bases reencarnacionistas, assim, tem buscado uma forma de cortar os efeitos através de leis que, infelizmente, não alcançam a causalidade. É perfeitamente justa a necessidade e a busca de engajamento do jovem na política, para equacionar o problema que ele apenas vê nos resultados negativos. A maneira de conciliar a situação é educá-lo para um saudável engajamento, não através do jogo dos interesses imediatos, mas ensinando-o a ser bom eleitor. Politizá-lo, conscientizá-lo.
Dizer-lhe que numa sociedade democrática, o voto é a grande arma do cidadão. No momento que ele esgrimir essa arma, não venderá a consciência aos corruptos, pelo contrário, os eliminará.
No mesmo programa, já referido, ouvi a resposta de um advogado, que me sensibilizou muito pela justeza da colocação. Ele falava de corrupção e dizia que só há corruptos porque há corruptores. Aqueles que se vendem, fizeram-se a alguém que é pior do que eles. Os corruptores quase nunca são justiçados, porque não denunciam a desonestidade, pois que ela é boa para acobertar-lhes as indignidades.
Da mesma forma, porque há o receptador, existe o ladrão. Este furta um aparelho, porque há alguém que o compra por qualquer preço. Não se pode punir o primeiro sem alcançar o outro. Aquele que não denuncia o ladrão e aceita-lhe o fruto da rapina, também furta. Se o ladrão oferece ao receptor uma peça valiosa e este a compra por valor inferior está furtando do outro delinqüente e não tem interesse de denunciá-lo porque também o é.
Assim, devemos politizar a mentalidade jovem, para que não venda o seu voto a amigos, a conhecidos, nem àqueles que se utilizam de expedientes escusos.
Iremos conscientizar os jovens, a fim de que não se vendam, votando com a consciência. Na Mansão do Caminho nós somos apolíticos. A nossa é a política do Evangelho. Procuramos educar de forma que as pessoas tenham consciência do seu voto. Lá não permitimos que se faça campanha eleitoreira.
Teremos que ensinar a atual geração, a fim de que ela esteja equipada para enfrentar a corrupção que se tornou clássica em a natureza humana. Não só no Brasil, porém em toda a parte.
Qual deverá ser a atitude de um evangelizador ao deparar-se com um jovem com tendências homossexuais, sabendo que o mesmo se encontra nessa situação sentindo amor por outro do mesmo sexo?
Divaldo: O problema é de ordem íntima. Não temos o direito de invadir a privacidade de ninguém, a pretexto de querer ajudar os outros.
Há uma preocupação em nós, de querermos salvar os outros, antes de nos salvarmos a nós mesmos.
Deveremos sempre ensinar corretamente o que a Doutrina nos recomenda. Se alguém vier pedir-nos ajuda, estendamo-la sem puritanismo, sem atitudes ortodoxas, porque o problema posto em pauta é de muita profundidade para uma análise de natureza superficial.
Se notamos que um dos nossos condiscípulos está numa fase de transição – e a adolescência, além de ser um período de formação da personalidade, é também de bipolaridade sexual – procuremos estimulá-lo para que canalize corretamente as suas emoções para a ação do bem, mas também sem castrar-lhe as manifestações do sentimento. Façamo-lo de uma forma edificante, e, quando as circunstâncias nos permitirem, falemos que as Divinas Leis estabeleceram, nas duas polaridades, a masculina e a feminina, o equilíbrio para a perpetuação da espécie.
O sexo foi feito para a vida; não a vida para o sexo.
Daí, o indivíduo que sinta qualquer distúrbio na área do comportamento sexual, considere que se encontra em um educandário da vida, para corrigir desequilíbrios que devem ser conduzidos para as disciplinas de uma vida feliz, deixando que cada qual faça a sua opção, sem o puritanismo que tudo condena e sem o modernismo que tudo alberga, porque cada um vai responder pelo uso que faz da existência conforme as suas resistências.
É muito fácil propor a alguém que suba a montanha, sem saber até onde vão as suas forças. Em Doutrina Espírita ninguém vive as experiências alheias, como em nenhuma outra. A nossa tarefa é a de exemplificar-ensinando, para que cada um faça o melhor ao seu alcance.
Extraído de:
Palavras de Luz, de Divaldo P. Franco p/Espíritos Diversos
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:09
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Quarta-feira, 11 De Março,2009

PROBLEMAS RELIGIOSOS


Ouve-se freqüentemente a pergunta: "O Espiritismo é religião?" e muitas vezes os espíritas não sabem respondê-la. A confusão a respeito provém das campanhas religiosas contra o Espiritismo. As Igrejas Cristãs, descendentes diretas da Igreja Judaica, definem-se como religiosas nos temos tradicionais do formalismo de suas organizações e do culto exterior calcado nos vários cultos dessa natureza que lhes serviram de modelo, em primeiro lugar o judeu e depois os mitológicos, com substanciais influências de Ordens Ocultas como a Maçonaria. As vestes sacerdotais, os paramentos do culto, os instrumentos sagrados - nada disso é de origem cristã, pois o Cristo não se interessou pelos cultos formais e só ensinou o cultivo interior do espírito.
Algumas expressões dos Evangelhos, alguns gestos e atitudes do Cristo deram motivo à adaptação de ritos e sacramentos judeus ou pagãos pelos cristãos. Como o Espiritismo, fiel ao espírito da renovação cristã, não aceitou o culto exterior, a organização clerical profissional, nem os rituais, as Igrejas Cristãs fundaram-se nisso para declarar que o Espiritismo não era religião. Ligadas aos Estados, elas tiveram facilidade em influir nos organismos estatais para fazerem prevalecer a sua tese. Até hoje, no Brasil e em muitos países certos organismos estatais, principalmente quando influenciados pela Igreja, negam ao Espiritismo o seu caráter de religião. Mas os espíritas precisam saber que o Espiritismo é religião e o Centro Espírita, geralmente religioso, deve insistir no esclarecimento desse problema em suas reuniões.
Não se trata de querer-se obter regalias governamentais para os Centros, mas de se colocar a verdade do fato. E esse fato é aquele que Kardec esclareceu com segurança desde o início do movimento espírita: o Espiritismo é a Ciência do Espírito e de suas relações com os homens; dessa Ciência resulta uma Filosofia e dessa Filosofia as conseqüências religiosas do Espiritismo, que constituem a religião Espírita.Kardec, como Jesus, não era clérigo de nenhuma religião. Foi pedagogo, cientista e filósofo, diretor de estudos da Universidade de França. Ao enfrentar o problema das manifestações espíritas, que no seu tempo agitavam a América e a Europa, encarou-as como cientista. Observou e pesquisou os fenômenos espíritas, como os cientistas observavam e pesquisavam os fenômenos físicos, descobrindo-lhes as causas, identificando a sua origem, a natureza e descobrindo as leis que os regem. Desse trabalho minucioso e aprofundado, no confronto de hipóteses diversas, nasceu no mundo a Ciência Espírita. Grandes nomes das Ciências no século passado e neste século continuaram na linha de pesquisas de Kardec e confirmaram a validade das suas descobertas. Surgiram depois as ciências correlatas, entre as quais se destacaram a Metapsíquica de Rechet, a Psicobiofísica de Natzlng e, por fim, a Parapsicologia atual, todas elas filhas do Espiritismo. A Parapsicologia foi a derradeira e decisiva confirmação do acerto de Kardec e com ela, sob a designação de fenômenos paranormais, os fenômenos espíritas integraram-se nos quadros científicos.
A Ciência Espírita revelou a face oculta da realidade que conhecemos e em que vivemos. Levantou as cortinas que ocultam os bastidores do palco em que representamos os nossos papéis e duplicou os conhecimentos humanos, até então restritos ao plano exterior das manifestações da vida.
Cada avanço significativo das Ciências no conhecimento do mundo transforma a nossa concepção da vida e do mundo, gerando uma nova Filosofia e uma nova moral. E a Moral, por sua vez, determinando novas regras de comportamento do homem no mundo, ante os mistérios da vida e da morte, gera uma nova posição religiosa. A Religião Espírita é a conseqüência natural da descoberta científica da sobrevivência e continuidade do homem após a morte. Cientificamente não se pode provar a imortalidade, pois não dispomos de recursos nem de tempo para constatar objetivamente que o homem é imortal em sua essência, mas o testemunho dos Espíritos Superiores e as conseqüências lógicas da sobrevivência do homem após a morte nos levam fatalmente à ilação da imortalidade, que o Espiritismo aceitou em seu campo religioso, bem como em sua Filosofia.
A Religião Espírita se funda nas provas científicas da sobrevivência e da comunicabilidade dos Espíritos com os homens através dos fenômenos paranormais (hoje comprovadas cientificamente pela Parapsicologia), na existência de Deus como causa inteligente e primária de todas as coisas e de todos os seres e nas relações possíveis entre o Homem e Deus através do sentimento religioso inato no homem, na forma de uma lei de adoração e reverência aos poderes superiores que regem o Cosmos em sua plenitude.
Paralelamente ao desenvolvimento das pesquisas espíritas, as pesquisas sociológicas, antropológicas e filosóficas sobre a Religião levaram a cultura atual a rejeitar o antigo conceito de Religião como organismo social doado de sistemas tradicionais. A existência de religiões desprovidas desses requisitos normais, a começar da simplicidade das religiões primitivas, e o aprofundamento dos estudos a respeito mostraram que o fenômeno religioso independe dessas condições artificiais. Com a tese de Henry Bergson sobre as origens da Moral e da Religião o problema se esclareceu, dando razão ao anúncio de Jesus e às profecias bíblicas sobre a interpretação em espírito e verdade que não se entrosava nos modelos. Bergson estabeleceu a distinção entre as religiões estáticas do formalismo social e a religião dinâmica e independente que se sobrepõe a todo formalismo. A Religião Espírita apareceu então, no quadro das pesquisas, como o modelo ideal das religiões do futuro. Firmada apenas no sentimento religioso, na lei de adoração da tese espírita, a nova Religião apresentava-se liberta dos aparatos do culto exterior, das pesadas e custosas organizações clericais hierárquicas e da suntuosidade arrogante dos templos. A Religião se libertava dos interesses humanos, das ambições de poder e supremacia dos clérigos e voltava-se para Deus.
O problema da Revelação, que caracteriza as Religiões Reveladas, orgulhosas de sua origem divina especial, foi colocado por Kardec no campo das manifestações espíritas, ou seja, da fenomenologia paranormal, e sujeita ao controle dos homens. A Religião Espírita é também revelada, mas através de uma conjugação humano-divina. Os espíritos superiores fizeram revelações a Kardec, mas ele não as considerou válidas, reais, enquanto não pôde comprovar a sua veracidade através das pesquisas. Kardec formulou a tese da dupla revelação: a que é dada por entidades espirituais ou por homens dotados de poderes paranormais e a que é feita pelos cientistas que investigam a Natureza, descobrem os seus segredos e os revelam no plano científico. É dessa dupla revelação rejeitada pelos místicos e os supersticiosos, que se constitui a Religião Espírita, que não se acomoda na fé cega mas exige a fé raciocinada, sancionada pelos fatos e pela razão esclarecida. Era o fim das fábulas e das superstições, o encontro da razão humana com a Verdade Divina. A importância desse acontecimento histórico foi negligenciada pelos comodistas da tradição supersticiosa e o Espiritismo foi acusado de reviver no mundo, em plena Era Científica, as mais baixas superstições do passado longínquo. Kardec esmagava a superstição com o poder perquirido da razão, e os místicos de braços dados com positivistas e materialistas o condenavam como supersticioso. Mas, apesar de toda essa injustiça e de todas as campanhas difamatórias desencadeadas no mundo contra o Espiritismo, o tempo se incumbiu de dar o seu ao seu dono. Hoje, as pessoas realmente cultas e sinceras, estudiosas e livres de preconceitos, sabem que o Espiritismo dos simples é apenas um reflexo do Espiritismo dos sábios, que os próprios sábios materialistas são obrigados a reconhecer como válido. Só as criaturas sistemáticas, retardatárias, preconceituosas ou sectárias, incapazes de abrir a mente fechada nas idéias feitas para a compreensão da realidade, continuam a negar a verdade espírita e ao mesmo tempo a sofrer sob o guante invisível dos espíritos obsessores. Porque a seita religiosa fechada é irmã da seita científica amarrada aos seus preconceitos. Um cientista apegado a preconceito é a própria negação da Ciência.
Mas, estabelecida a religião Espírita em sua plena liberdade de pensamento, surge no meio dos seus adeptos voluntários o problema dos resíduos do passado. Criaturas que se tornaram espíritas através de experiências paranormais inesperadas, não conseguem vencer as barreiras dos temores introjetados em seu inconsciente e começam a misturar suas velhas superstições aos conhecimentos novos que recebe. Não se conformam com a liberdade ampla do Espiritismo. Sentem a falta da canga ao pescoço calejado e procuram transformar os dirigentes de Centro em sacerdotes de um novo tipo e caem de joelhos diante de pobres médiuns falíveis, na esperança de graças impossíveis. Forma-se a farândola dos crentes ansiosos por benefícios especiais. E surgem questões de família e tradição, exigindo batizados, rituais, casamentos suntuosos, missas e promessas aos santos. O espiritismo dispensa todas as encenações rituais e todas as quinquilharias da devoção formal. Para todas as encenações e todos os sacramentos o Espiritismo só tem um substitutivo: a prece espontânea e sincera, gratuita, que parte diretamente do coração da criatura para a Mente Suprema de Deus. No centro Espírita esse problema deve ser objeto de estudos constantes, de esclarecimento seguro, para que a propagação irrefreável da doutrina não se faça manchada pelos resíduos de um passado de heresias e fogueiras assassinas em nome de Deus. Embora não ferindo susceptibilidades, os dirigentes do Centro devem manter em pauta os esclarecimentos necessários, mostrando que, no plano do espírito só os elementos espirituais têm valor. Não se pode curar obsessões com sal grosso, folhas de arruda, incenso ou explosões de pólvora, nem com medalhas, crucifixos ou água benta. A obsessão é um processo inteligente desencadeado por espíritos - o que vale dizer por inteligências extra-físicas que não são atingidas por essas coisas. Pois eles vivem no plano espiritual, não no material e conhecem o problema da comunicação mediúnica e do envolvimento fluídico. Só podemos afasta uma entidade obsessiva pela persuasão e a prece, procurando esclarecê-la. Os Centros Espíritas que aceitam os métodos antiquados dos antigos esconjuros e exorcismos revelam a mais grosseira ignorância da doutrina Espírita, que é essencialmente racional. A Razão não pertence à matéria, mas ao espírito. Os fracassos das práticas de exorcismo se comprovam no mundo inteiro através de todas as fases históricas. Enquanto os exorcistas ou exorcisadores gastam energias e perdem tempo, com prejuízo de sua própria saúde e do desgaste físico dos obsedados, chegando, não raro, a resultados tristemente negativos, a doutrinação espírita revela por toda parte a vantagem da ação persuasiva e inteligente sobre os agressores inteligentes. O valor da prece, mental ou falada, revela-se sempre eficaz, pois a vibração espiritual de uma prece sincera atinge o obsessor de maneira envolvente, chamando-o à razão.
No tocante aos problemas da prece, convém lembrar, como ensina Kardec, que as mais eficazes são as preces espontâneas, não formais e decoradas, mas pronunciadas com sentimento e desejo real, consciente, de beneficiar tanto à vítima quanto ao algoz. Entre as preces formais, a do Pai Nosso se destaca por uma condição especial. Integrado na tradição cristã há dois milênios, essa prece está fixada na mente das gerações e goza o prestígio de ter sido ensinada pelo Cristo. Seu prestígio e sua capacidade de despertar emoções religiosas nos espíritos comprova-se diariamente no mundo. É por isso que ela é empregada sistematicamente na abertura das sessões espíritas. É um tabu, dizem os cépticos, e muitos espíritas com pretensões racionais agudas pretendem eliminá-la dos Centros. É um erro grave, pois em toda parte se constatou e se constata, no meio espírita, a sua eficácia. Não é difícil entendermos isso. O Pai Nosso não contém nenhum elemento mágico, mas desde a infância as criaturas nascidas no meio cristão aprenderam a dize-la e a respeitá-la. Ela foi introjetada na consciência das gerações através dos séculos e dos milênios. Constitui-se numa forma oral e mental carregada de energias espirituais. Tornou-se, no plano religioso, o que é o soneto na poesia ocidental, uma forma oral e mental carregada de poder emocional. Os espíritos perturbadores, que têm consciência de sua posição negativa e criminosa - pois todos a têm - são tocados no íntimo, em sua sensibilidade profunda e em sua afetividade quando ouvem essa prece, principalmente se pronunciada por pessoas que sentem a sua mensagem e conhecem as razões da sua eficácia. Ela soa como um apelo da infância, da juventude emotiva, da vida passada que desencadeia antigas saudades nos homens e nos espíritos. A figura de Jesus, a força ôntica da palavra Pai, que vibra como um apelo a Deus e uma evocação do seu poder supremo e ao mesmo tempo misericordioso, vibra como a primeira nota vigorosa e amorosa de uma imprecação ao Céu, às regiões superiores que desejam atingir, por mais infeliz que seja a sua situação atual. Despertam-se na consciência e na emotividade do espírito as ternas lembranças dos entes queridos, do amor que experimentou na vida familiar terrena, dos momentos de felicidade e alegria que gozou entre criaturas queridas. São esses os toques profundos que o Pai Nosso produz nos corações fluídicos ou encarnados, como uma canção de outros tempos, antiga, que, na ternura de suas notas e de sua harmonia, nos faz voltar às oportunidades perdidas.
Criaturas pretensamente racionais analisam e criticam o Pai Nosso, apontando possíveis erros e absurdos no seu texto mais usado e longo, que é o do Evangelho de João. Entidades maldosas costumam soprar a essas criaturas idéias negativas, tentando desviá-las da prática dessa prece. Bastaria esse fato para nos confirmar o valor do Pai Nosso. Os Evangelhos registram formas diferentes da prece de Jesus. A que permaneceu na tradição foi a mais completa, vítima das críticas referidas. Tentemos analisá-la rapidamente em todos os seus termos, desfazendo essas críticas levianas:
PAI - Com essa palavra inicial Jesus deu um golpe vibrante na antiga concepção politeísta de Deus e na idéia bíblica, bem judaica, da posição exclusivista de Deus e na sua condição mitológica de guerreiro, o velho Deus dos Exércitos.
NOSSO - Nesta profunda palavra temos a universalização de Deus como Pai de toda a Humanidade. Ela destrói a velha e absurda idéia dos deuses de cada povo, em luta uns com os outros nas guerras dos povos.
QUE ESTAIS NO CÉU --- Afirmação da presença de Deus no Infinito, acima de todos os divisionismos humanos, pois o Céu não é um lugar determinado, mas a totalidade cósmica. Deus no Céu cobre na sua misericórdia toda a Terra e todos os mundos, todas as constelações do infinito.
SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME --- Que seja reconhecido o nome de Deus como santo por todos os seres, anjos, espíritos e homens, que santificarão o nome de Deus em si mesmos, na sua consciência.
ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU --- Especificação clara do reconhecimento universal do nome de deus.
VENHA A NÓS O VOSSO REINO --- que o Reino de Deus, ideal superior de Justiça e de Paz perfeita, venha para nós todos.
SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU - Que os homens, os espíritos e os anjos cumpram no Céu e na Terra por toda parte, a vontade suprema de Deus, revelando-se aqui o princípio da comunhão constante e perfeita entre o mundo espiritual e o mundo terreno.
O PÃO NOSSO DE CADA DIA DAI-NOS HOJE --- O pão simboliza o alimento geral de todos os seres - o espiritual e o material - que os povos daquele tempo repartiam nas mesas simbólicas da cerimônias religiosas. Jesus mesmo repartiu o pão com os discípulos na Ceia da Páscoa, e foi no partir do pão que os discípulos o reconheceram, depois da ressurreição, na estrada de Emaús. Esse alimento essencial é pedido a Deus, que é o Pai, para que não nos falte.
PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS COMO AS PERDOAMOS AOS NOSSOS INIMIGOS ---Os inimigos são os que nos perseguem e caluniam. Alimentados pelo pão espiritual podemos perdoá-los, e só assim nos fazemos dignos do perdão de Deus, que diariamente ofendemos em nossa ignorância, É o princípio da fraternidade em Deus e por Deus.
NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO --- Somos frágeis em nossa ignorância e alimentamos desejos e ambições. A tentação está em nós mesmos, mas Deus pode alimentar-nos diariamente o espírito com os verdadeiros anseios da nossa destinação, para não cairmos no torvelinho dos nossos instintos inferiores.
MAS LIVRAI-NOS DO MAL PARA SEMPRE --- Súplica a Deus para nos despertar a consciência nas horas difíceis de cada dia.
POIS VOSSO É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA TODO O SEMPRE --- O Reino que buscamos é o de Deus, não o dos homens. O poder é de Deus e não dos espíritos inferiores, a glória só a Deus pertence e só Ele nos pode glorificar. Laudação que só aparece no Evangelho de João, como justificação final de toda a prece.
O Pai Nosso é um prece sintética, modelo dado por Jesus aos seus discípulos, para que nela encontrem, diariamente, a síntese final dos seus ensinos. A dinâmica dessa síntese desperta a memória dos homens e das entidades espirituais para a fé em Deus, a esperança em nossa evolução espiritual e a confiança no poder absoluto e na misericórdia d'Aquele que nos arranca do limo da Terra para as ascensões da evolução universal. Há pessoas que discordam da prece do Pai Nosso nas sessões espíritas, alegando que se trata de uma oração católica. Jesus nasceu no Judaísmo, recebeu a bênção da virilidade no Templo, aos 13 anos, como todos os meninos judeus da sua idade, cresceu e viveu como judeu até o momento em que iniciou a sua pregação própria, da qual nasceria o Cristianismo, porque os seus discípulos e apóstolos o chamavam de Cristo. Ele ensinou a prece do Pai Nosso quando andava pregando na Palestina, muito antes que a sua doutrina chegasse a Roma e fosse transformada num vasto sincretismo religioso do qual surgiria a Igreja Romana. O Pai Nosso virou Padre Nosso em Roma e só neste século voltou à designação primitiva, dada pelos cristãos palestinos que não falavam latim. Não há razão nenhuma para se considerar essa prece como católica. Ela é uma prece cristão pura, dotada de todas as características do pensamento superior de Jesus, que sempre pairou acima dos divisionismos sectários, Se os Evangelhos apresentam o Pai Nosso em formas diferentes, isso acontece pelo simples fato de que cada evangelista redigiu os seus relatos em lugares e épocas diferente, usando as lembranças e as anotações que possuíam. João, cujo Evangelho foi o último a ser elaborado, conseguiu reunir maiores elementos para dar a prece completa, segundo era pronunciada pelos cristãos primitivos. Como assinalou Renan, e foi confirmado nos séculos seguintes pelos pesquisadores universitários das origens do Cristianismo, as informações de que os evangelistas dispunham, procediam dos próprios círculos da intimidade do Mestre, guardando a autenticidade das suas expressões.
A insistência da Igreja Católica em manter a expressão latina Padre (Pater) no nome da prece, lançou nos países de língua latina, como Portugal e o nosso, a falsa sugestão de uma ligação real entre a Igreja (cujos sacerdotes são chamados padres), o que foi diariamente contestado pelas Igrejas da Reforma Protestante.
O emprego do Pai Nosso nas reuniões espíritas é perfeitamente válido, tanto em face das características inegáveis de Renascimento Cristão da doutrina Espírita, tanto em seu desenvolvimento filosófico, quanto em suas atividades práticas. A alegação de que o Espiritismo mistura Cristianismo com religiões primitivas é simplesmente um impostura, diante dos estudos aprofundados sobre a formação do sincretismo católico-africano de que o Espiritismo não participou.
O Centro Espírita - 2ª edição - do 6º ao 10º milheiro - São PauloLAKE, 1987


publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 18:40
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