REAFIRMAÇÃO DA DINÂMICA ESPÍRITA
O Espiritismo não comporta qualquer sentimento de coação ao próximo, mesmo quando sofre injustiças, mesmo quando experimenta os efeitos desagradáveis da intolerância e do preconceito. Sua doutrina é límpida e objetiva. Por ela, podemos compreender que a diversidade de sentimentos e caracteres representa a diferença do nível evolutivo de cada um. Mesmo assim, para evitar as conseqüências sempre lamentáveis da ignorância, da má fé, da malícia, do fanatismo, do espírito de seita, etc., temos na própria Doutrina, sob a luz do Evangelho, os elementos de defesa a que podemos recorrer, no sentido de levar o esclarecimento, de provar o erro, de dificultar o procedimento danoso daqueles que acometem o Espiritismo e os seus seguidores.
Através do esclarecimento, podemos eliminar confusões, mal-entendidos, ataques e distorções, assim como prevenir iniciativas inconvenientes, embora, na aparência, induzam à presunção de se tornarem imprescindíveis. O tempo decorre e, então, diante da inanidade de sua pretensa eficiência, volta-se ao processo antes adotado, quando não se tentam, por incoercível tendência inovadora, medidas igualmente temerárias.
Ora, o Pacto Áureo veio para facilitar aos espíritas a compreensão dos méritos da fidelidade devida à Doutrina. É uma como que bússola, que permite rumos seguros, assim como a retificação de procedimentos e atitudes. E os resultados que vem sendo colhidos, até agora, no Brasil, graças ao respeito dispensado ao Pacto Áureo, são estupendos. Todavia, ainda se notam, aqui ou ali, pontos não de todo saneados pela luz solar desse magnífico acordo. Não se pode, evidentemente, pretender, de imediato, uma conquista total, porque o Espiritismo está sempre recebendo gente nova, novos reforços. E é natural, consequentemente, que surjam confrades cheios de entusiasmo, desejosos de experimentar novas idéias, porque é própria do homem a preocupação de melhorar. Por isso, sem a experiência indispensável à análise dos fatos e das coisas, só com mais tempo poderão compreender que a Doutrina Espírita, obra dos Espíritos e não dos homens, está certa e deve ser seguida fielmente, para que tudo o que pretendem os adeptos da Terceira Revelação apresente uma percentagem elevada de êxito.
Quem quer que examine cuidadosa e serenamente o contexto da Doutrina, verifica a solidez dos seus conceitos, a par de uma maleabilidade que beneficia a sua capacidade de ser absorvida. Não tem mistérios, não se escora em dogmas, não invoca o “direito divino”, não busca privilégios, antes elucida, instrui, ensina que ninguém está isento do cumprimento da Lei e que cada qual é verdadeiramente responsável, respondendo inelutavelmente por seus atos na vida, pois a cada direito corresponde um dever, e vice-versa. A liberdade de uma criatura está condicionada a muitos fatores, entre os quais a liberdade dos seus semelhantes. Demais, ninguém pode desfrutar dessa liberdade hoje tão reclamada, de o homem fazer o que entenda, sem respeito a si próprio e a outrem. Mesmo entre os animais inferiores, tudo é condicionado. Temos a esperança de que a atual fase de desregramentos e abusos passará, mas será preciso evitar os males decorrentes dos excessos que vem sendo cometidos. Ninguém é imune para praticar o mal. A Doutrina Espírita afirma-o, e a vida o confirma, porque há sanções terríveis, através da Lei de Causa e Efeito, cuja ação é inexorável e absolutamente democrática, pois não estabelece qualquer regalia.
Trabalhando pela expansão do Pacto Áureo, estaremos todos trabalhando, concomitantemente, pela unificação do Espiritismo Evangélico, cuja força moral se afirma a cada dia que passa.
Reformador - Brasil Espírita - Abril de 1971