Domingo, 28 De Fevereiro,2010

REENCARNAÇÃO: SIGNIFICADO E ACEITAÇÃO

 

 

"Naitre, mourir, renaitre encore et progresser sans cesse, telle est la loi". Allan Kardec (1804-1869))

 

SIGNIFICADO E ACEITAÇÃO

Reencarnar significa, simplesmente, nascer de novo em um outro corpo em formação. Nas doutrinas do Oriente é mais usado o termo renascimento, em lugar do vocábulo reencarnação. Há outra palavra de raiz grega que significa reencarnação também: palingenesia: (palin = repetição. de novo: gignomai = gerar) ou seja novo nascimento.

Há outro termo que geralmente é confundido com a reencarnação. É a metempsicose. O significado desta palavra inclui o renascimento em outras espécies inferiores ou em outros reinos além do reino animal, como o mineral e o vegetal. Esta possibilidade é excluída, por não ter nenhum apoio em observação de caráter científico realizada até agora. A metempsicose, ao que parece, fazia parte de ensinamentos exotéricos transmitidos aos não iniciados. Seu escopo seria conter os impulsos criminosos das massas humanas incultas, empregando-se a "ameaça" de um renascimento doloroso na forma de um vegetal ou de um animal. sujeito a sofrimentos e humilhações. Equivale à condenação às penas eternas do inferno, prometida aos ímpios por algumas religiões do Ocidente.

A idéia da reencarnação é encontrada praticamente em quase todos os sistemas religiosos do mundo, mesmo entre as tribos selvagens mais afastadas umas das outras e em todos os continentes da Terra. Essa disseminação de uma crença tão uniforme é observada também entre os povos muito antigos. Este fato faz supor que a causa da crença na reencarnação deve ter-se originado de um mesmo acontecimento constatado localmente em diversas regiões e em épocas também diferentes. Ao que parece, a idéia do renascimento não resultou apenas da propagação de ensinamentos transmitidos de um para outro grupo humano. Ela deve ter-se originado da observação dos mesmos fatos surgidos em variadas épocas e locais. Isto não exclui a possibilidade de haver também sido ministrada como ensinamentos de uma religião ou de indivíduos iniciados em conhecimentos ocultistas avançados para aquelas épocas e, eventualmente, para a atualidade.

Quanto à antigüidade da crença na reencarnação, o Dr. Karl E . Müller diz o seguinte:

As tradições egipcias são provavelmente mais antigas.

Picone-Chiodo cita o livro de Fontane sobre o Egito, um texto pretensamente datado de 3.000 anos a. c.. Antes de nascer, a criança morreu e a morte não é o fim. A "ida é um evento que passa como o dia solar que nasce." (Müller. K.E., 1978, p,23),

Os "Ka-nomes" dos dois primeiros reis da XX Dinastia Egípcia têm significados claramente relacionados com a idéia da reencarnação: Amonemhat significa: Aquele que repete os nascimentos, Sensusert, significa: Aquele cujos nascimentos vive.

Na XIX Dinastia, o "Ka-nome" de Setekhy I significa: O repetidor de nascimentos, (Murray, 1984, p,174).

Todas as grandes religiões são reencarnacionistas. Por exemplo: o Hinduismo: o Jainismo: o Sikismo (fundado por Nanak, em Punjab. no Século XVI): o Budismo: o "Mazdeismo (uma facção, os Parsis, aceita individualmente a reencarnação!): o Maniqueismo (de onde derivam os Cátaros ou Albigeneses, do Século X ao Século XIV quando foram dizimados pela Inquisição): o Judaísmo [na Cabala, a reencarnação está claramente expressa no livro Zohar); o Cristianismo inicialmente reencarnacionista, (tendo abdicado a esta crença ao transformar-se em Catolicismo e Protestantismo): o Islamismo (Sura 2:28 e Sura 25:5-10-6): o Sufismo (é um ramo do Islamismo surgido um ano após a Hégira: o Sufismo ensina a reencarnação). (Lacerda, 1978),

Mencionamos essas breves informações, extraídas resumidamente da excelente obra de Nair de Lacerda, referida acima, apenas para dar uma idéia acerca das religiões às quais nos reportamos. Entretanto, reconhecemos que o simples fato da reencarnação ser objeto de crença das maiores e mais antigas religiões, com pouquíssimas exceções como o Catolicismo e o Protestantismo por exemplo, não constitui nenhuma evidência ponderável a favor da doutrina do renascimento.

Parece-nos também válido o argumento recíproco, isto é: o fato ele algumas poucas religiões não aceitarem a idéia da reencarnação também não tem valor algum como evidência contra a doutrina do renascimento, especialmente se a refutação basear-se apenas em dogmas e opiniões de autoridades, nesta questão, o que deve considerar-se válido é apenas a evidência dos fatos.

 

CATEGORIAS DAS EVIDÊNCIAS

Para maior facilidade de estudo e pesquisa, as evidências de apoio à idéia da reencarnação podem dividir-se em seis categorias principais a saber:

1) Recordações espontâneas de uma ou mais vidas anteriores, surgidas na infância.

Estas lembranças iniciam-se, mais comumente, no começo da fase elocutória, isto é, quando a criança passa a expressar-se verbalmente. Nesta ocasião o paciente costuma referir-se a fatos de uma vida anterior, fornecendo, em alguns casos, informações precisas sobre a personalidade prévia, o local onde viveu, o modo como morreu, o nome dos pais, etc, etc .. Esse período revelações dura em média seis a sete anos, a fase de maior intensidade costuma ocorrer entre os dois e quatro anos de idade. O declínio inicia-se aos cinco anos e as recordações podem desaparecer mais ou menos aos sete anos de idade.

Todavia, há variantes quanto à duração das recordações reencarnatórias. Há pessoas que conservam as lembranças íntegras ou parte delas, por toda a sua existência.É um dos casos de recordação em adultos, que faz parte do grupo seguinte.

Em alguns indivíduos, mesmo após haver-se extinguido a memória dos fatos da sua anterior encarnação, podem surgir, em algumas ocasiões, surtos de lembrança de alguns episódios que já haviam sido aparentemente apagados da memória. Quase sempre, estes lampejos mnemônicos ocorrem em virtude da associação de idéias ou da contemplação de ocorrências semelhantes às vividas anteriormente.

Parece que o esquecimento atinge apenas o nível da consciência do paciente, porque há outros tipos de lembranças que se manifestam sob a forma de comportamentos inconscientes. São as fobias, os maneirismos, as habilidades adquiridas na existência prévia, inclusive manifestações de xenoglossia, gostos alimentares e outros.

2) Recordações em adultos:

As recordações reencarnatórias em adultos podem ocorrer em diversas circunstâncias, conforme segue:

2.1) Recordações iniciadas na infância e que persistiram, em parte ou totalmente, durante a vida do paciente ( ver o item anterior).

2.2) Lembranças de episódios de vidas passadas reveladas sob forma de sonho. Pode ocorrer um sonho apenas, ou ter-se vários sonhos repetidos.

2.3) Visões em estado de vigília, reveladoras de cenas do passado.

2.4) Recordações espontâneas, sem motivo qualquer.

2.5) O "déjà vu", isto é, o reconhecimento de um lugar ou cena que nunca foram contemplados antes na presente existência.

2.6) Reconhecimento de uma pessoa com a qual nunca se teve relacionamento de espécie alguma nesta existência, nem direta nem indiretamente.

2.7) Recordação de eventos ocorridos em vida anterior, provocada por associação com fatos presenciados na vida atual.

2.8) Lembranças de episódios, vividos previamente, provocadas por doenças, estado febril, enfraquecimento excessivo, no momento de morrer, etc.

2.9) Memórias de vidas anteriores, despertada por ativação espontânea de faculdades paranormais.

3) Por informação:

3.1) Sonhos anunciadores: podem ser produzidos pela própria entidade que está reencarnando e que avisa aos parentes: podem ser de outra entidade que informa aos parentes quem está reencarnando.

3.2) Informações fornecidas por desencarnados, revelando quem foi a pessoa na vida anterior.

3.3) Informação fornecida por pessoas dotadas de faculdades paranormais especiais.

3.4) Informação do próprio indivíduo, antes de morrer, prometendo voltar como filho ou filha de determinada pessoa.

4) Por características inatas:

4.1) Genialidade.

4.2) Alguns sinais ou defeitos congênitos (marcas reencarnatórias de nascença).

4.3) Qualidades boas ou más, aptidões, etc. de nascença (sankhárâs).

5) Por investigação experimental, ou por outras causas eventuais.

5.1) Psicanálise muito profunda,

5.2) Casos de obsessão,

5.3) Hipnose ocasionando regressão de idade e daí a regressão a vidas passadas. Terapia de Vidas Passadas - TVP

5.4) Ação das drogas,

5.5) Experiências fora do corpo - EFC.

5.6) Choques traumáticos violentos.

5.7) Estados pré-agônicos,

6) Por experiências místicas:

6.1) Meditação.

6.2) Êxtase, "samadi","satori", etc.

Convém esclarecer que não é sempre que tais estados ou experiências se mostram capazes de revelar algo relativo a uma ou mais vidas pregressas. Porém, pode ocorrer que tais circunstâncias sejam propícias a tal revelação. Elas foram aqui alinhadas porque têm-se registrado casos em que algumas pessoas mediante semelhantes condições obtiveram informações acerca de suas vidas pregressas e que puderam ser comprovadas.

A rigor, deveríamos apresentar pelo menos um exemplo concreto de cada espécie das categorias atrás enumeradas, Todavia ultrapassaríamos os justos limites da paciência do caro internauta. Por isso, iremos mencionar apenas um caso, indicando depois as fontes bibliográficas onde o internauta mais interessado poderá encontrar úm número maior de relatos enquadráveis nessas categorias.

Vamos escolher um caso da primeira categoria, isto é, de crianças que se recordam de vidas passadas. Os casos desta espécie são muito numerosos. Apresentaremos um da coleção do maior investigador da reencarnação, o Dr. Ian Stevenson. Professor de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, nos EE.UU.

 

O CASO DE BISHEN CHAND KAPOOR

Bishen Chand, nasceu em 1921, na cidade de Bareilly, Uttar Pradesh, Índia. Seu pai era o Sr. B. Ram Ghulam Kapoor, um ferroviário, e sua mãe a Sra. Kunti Devi.

Desde a tenra idade de dez meses, logo que começou a pronunciar, ainda mal, algumas palavras, sua família ouvia-o dizer: pilivit ou pilibhit.

Pilibhit é o nome de uma grande cidade situada cerca de 50 Km a noroeste de Bareilly. Entretanto, a família de Bishen Chand não tinha nenhuma ligação com pessoas de Pilibhit e esse nome não representava nada de especial para seus parentes.

Mas à medida que o menino passou a expressar-se melhor, ele começou a revelar que tivera uma vida anterior em Pilibhit. Deu diversos detalhes bem precisos desta vida prévia, inclusive que seu nome era, então, Laxmi Narain, bem como se referia a um homem que considerava como seu "tio". chamado Har Narain. Disse mais que seu pai era um "zamindar" (latifundiário, coletor de impostos).

Quando Bishen Chand estava aproximadamente com quatro anos de idade, seu pai levou-o juntamente com seu irmão mais velho. Bipan Chand, a um passeio até Golda, uma outra cidade situada além de Pilibhit. Então ele pediu para descer do trem, dizendo que "ele morava ali". Seu pedido foi negado: por isso ele chorou durante todo o trajeto de volta até Bareilly.

Aproximadamente um ano e meio mais tarde B. Ram Ghulam o pai de Bishen Chand ocasionalmente relatou o caso de seu filho a um outro homem. Este por seu turno contou o fato ao advogado K. K. N. Sahay que, por coincidência, achava-se justamente naquela ocasião verão de 1926 investigando o caso de seu próprio filho, Jagdish Chandra.

K. K. Sahay interessou-se pelo caso de Bishen Chand também. Tendo ido visitar Bishen Chand para escrever sobre mais este episódio, ele persuadiu o pai do garoto a levá-lo para visitar Pilibhit e assim conferir as suas revelações acerca de uma vida anterior naquela cidade.

Em de agosto de 1926, Bishen Chand, seu irmão mais velho, o pai dos garotos e o Dr. Sahay foram a Pilibhit. Em Pilibhit, Bishen Chand reconheceu vários lugares e fez declarações adicionais a respeito de sua vida anterior. As declarações e reconhecimentos coincidiram precisamente com os fatos ocorridos em vida de um jovem chamado Laxmi Narain, que morrera em 1918, um pouco mais que dois anos antes do nascimento de Bishen Chand. Grande parte dos detalhes deste caso foram supridos pelo advogado K. K. N. Sahay e posteriormente verificados pelo Prof. Ian Stevenson pessoalmente.

Em sua análise do presente caso, Stevenson levantou 51 itens contento as declarações e reconhecimentos feitos pelo menino Bishen Chand, em sua quase totalidade plenamente confirmados, Entre os episódios marcantes mencionaremos, a título de exemplo, o encontro de Bishen Chand com a mãe de Laxmi Narain (a identificada personalidade anterior ):

Por ocasião do encontro entre a mãe de Laxmi e o garoto Bishen, apresentou-se um quadro de evidente afinidade entre ambos. Bishen Chand respondeu com impressionante precisão às perguntas formuadas pela genitora de Laxmi Narain, Por exemplo, detalhes como o nome correto do criado pessoal de Laxmi Narain, a descrição do seu tipo humano, inclusive a casta à qual o criado pertencia. Para finalizar, ele declarou que gostava mais da mãe de Laxmi Narain do que de sua própria genitora.

Outro fato notável foi o menino Bishen Chand ter indicado com precisão onde se encontrava um tesouro em moedas de ouro, que havia sido escondido pelo pai de Laxmi Narain antes de morrer. Ninguém da família conhecia o local onde o tesouro estava ocultado, a não ser o falecido Laxmi Narain. Com as informações de Bishen Chand foi possível encontrar o referido tesouro e assim recuperá-lo para a família, (Stevenson, I.. India Cases of the Reincarnation Type Volume I Ten Cases in Índia: Charlottesville: University Press of Virginia, 1975, pp,176-205).

 

A PESQUISA ATUAL DA REENCARNAÇÃO

Podem distinguir-se duas áreas distintas da pesquisa sobre a reencarnação:

1ª - Pesquisa direta das evidências: Neste tipo de investigação buscam levantar-se os casos de recordações reencarnatórias, sem visar outra finalidade a não ser o melhor conhecimento das leis que regem o fenômeno do novo nascimento. O método mais seguro e usado com bastante êxito consiste na pesquisa dos casos de lembranças de vidas anteriores manifestados em crianças, preferência não prejudica a investigação das categorias de evidência, desde que elas, à semelhança casos de memória reencarnatória em crianças, propiciem seguras comprovações dos episódios, lugares e pessoas envolvidas no histórico das lembranças reveladas paciente.

2ª - Investigação indireta das evidências, com vistas a outros objetivos:

Neste processo de obtenção dos detalhes de uma ou vidas passadas visa uma outra finalidade. A mais seria sua aplicação terapêutica no tratamento psicopatologias refratárias aos métodos convencionais.

De maneira geral, distinguem-se dois processos fundamentais para alcançar as informações acerca dos eventos ocorridos em vidas pregressas. Supõe-se naturalmente que tais acontecimentos, geralmente traumáticos, estariam ocasionando os sintomas psicossomáticos da atual existência. Então tenta-se descobri-los. Os dois métodos usados são:

a) A hipnose regressiva. ou "regressão cronológica" este processo faz-se a hipnose prévia do paciente seguida tenta-se levá-lo a regredir na idade, cronologicamente, até passar a uma vida anterior. Durante a regressão o terapeuta sonda cuidadosamente os fatos de cada idade, a fim ele descobrir quais os acontecimentos que poderiam ter implicações com os sintomas psicopatológicos do paciente. Isto é importante porque, às vezes, os distúrbios psíquicos podem ter-se originado na vida atual da pessoa. Mas a investigação de possíveis traumas em vidas anteriores pode resultar em êxito no tratamento das perturbações. Vejamos o segundo método.

b) A "regressão cronotápica", seguindo a pista dos sintomas:

Este processo é recomendado pela dupla, Dr. Morris Netherton e Dra. Nancy Shiffrin, que esteve em 1981, 1982 e 1986 em São Paulo, a convite do casal Eng. Prieto Peres e Dra. Maria Júlia P.M. Prieto Peres, introdutores da Terapia de Vidas Passadas - TVP - em nosso país e em outros da América Latina. Nota: A sigla TVP foi adaptada posteriormente para TRVP: - TRVPeres -pela Dra. Maria Júlia P.M. Prieto Peres fundadora do atual Instituto Nacional de Pesquisa e Terapia Regressiva Vivencial Peres).

Os freqüentes êxitos obtidos nesses tipos de terapia regressiva são outras tantas evidências de apoio à idéia da reencarnação. (Netherton & Shiffrin, 1978).

As terapias regressivas têm produzido um grande contingente de psicoterapeutas sinceramente convencidos da realidade da reencarnação. Entre os mais conhecidos colocamos a Dra. Edith Fiore: que afirma: "A vida que vivemos agora não é nossa primeira vida: todos já passamos pelo mundo." (Fiore, 1978). Outra notável psicóloga. Dra. Helen Wambach, colecionou mais de mil casos de recordações de vidas passadas. Tais fatos foram obtidos ao longo de muitos anos de clínica em que ela empregou largamente o método da regressão. Além de obter grande percentual de curas, ela pôde fazer interessantes estudos históricos, baseados nas informações de seus pacientes e em rigorosa análise estatística, [Wambach, 1981),

Outro autor desse gênero é o Dr. Arthur Guirdham que ocasionalmente em sua clínica psiquiátrica, descobriu que uma sua paciente tivera uma encarnação entre os Cátaros no Século XIII. Há em português duas obras desse médico, Os cátaros e a reencarnação, 1992, e Entre Dois Mundos, 1981, ambas editadas em São Paulo pela Ed. Pensamento.

Cma vez comprovada a realidade da reencarnação, o corolário desse fato será necessariamente a certeza da sobrevivência da individualidade após a morte do corpo físico. O número imenso de casos de reencarnação já registrados e investigados está mostrando claramente que os seres vivos inclusive o homem possuem, além do corpo físico, uma contraparte não física, mas real, imperecível e portadora de consciência, à qual têm sido dados nomes diversos ao longo da história. Verifica-se, a cada dia que passa, que a aceitação dessa realidade não está mais na dependência de fatos que a comprovem e sim tão-somente da disposição em aceitá-la.

Hernani G. Andrade

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:07
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Sábado, 27 De Fevereiro,2010

NECESSIDADE DE DEUS

 

 

É muito necessária a idéia de Deus. Ela se afirma e se impõe, fora e acima de todos os sistemas, de todas as filosofias, de todas as crenças. É também livre de todo o liame com qualquer religião, a cujo estudo nos entreguemos, na independência absoluta de nosso pensamento e de nossa consciência.

Deus é maior que todas as teorias e todos os sistemas. Eis a razão por que não pode Ele ser atingido, nem minorado pelos erros e faltas que os homens têm cometido em seu nome.

Deus é soberano a tudo.

O Ser divino escapa a toda a denominação e a qualquer medida, e, se lhe chamamos Deus, é por falta de um nome maior, assim o disse Victor Hugo.

A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira estrita, imperiosa, ao problema do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social.

O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida é o que há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. E esta verdade não é inacessível, como veremos; é simples e clara; está ao alcance de todos. Basta procurá-la, sem preconceitos, sem reservas, ao lado da consciência e da razão.

Não lembraremos aqui as teorias e os sistemas inúmeros que as religiões e as escolas filosóficas arquitetaram através dos séculos. Pouco nos importam hoje as controvérsias, as cóleras, as agitações vãs do passado.

Para elucidar tal assunto, temos agora recursos mais elevados que os do pensamento humano; temos o ensino daqueles que deixaram a Terra, a apreciação das Almas que, tendo franqueado o túmulo, nos fazem ouvir, do fundo do mundo invisível, seus conselhos, seus apelos, suas exortações.

Verdade é que nem todos os Espíritos são igualmente aptos a tratar dessas questões. Acontece com os Espíritos de Além-Túmulo o mesmo que com os homens. Nem todos estão igualmente desenvolvidos; não chegaram todos ao mesmo grau de evolução. Daí as contradições, as diferenças de vistas. Acima, porém, da multidão das Almas obscuras, ignorantes, atrasadas, há Espíritos eminentes, descidos das esferas para esclarecer e guiar a Humanidade.

Ora, que dizem esses Espíritos sobre a questão de Deus?

A existência da Potência Suprema é afirmada por todos os Espíritos elevados. Aqueles, dentre nós, que têm estudado o Espiritismo filosófico, sabem que todos os grandes Espíritos, todos aqueles cujos ensinamentos têm reconfortado as nossas almas, mitigado nossas misérias, sustentado nossos desfalecimentos, são unânimes em afirmar, em repetir, em reconhecer a alta Inteligência que governa os seres e os mundos. Eles dizem que essa Inteligência se revela mais brilhante e mais sublime , à medida que se escalam os degraus da vida espiritual.

O mesmo se dá com os escritores e filósofos espíritas, desde Allan Kardec até nossos dias. Todos afirmam a existência de uma causa eterna no Uniierso.

"Não há ,efeito sem causa, disse Allan Kardec, e todo efeito inteligente tem forçosamente uma causa inteligente." Eis o princípio sobre o qual repousa o Espiritismo inteiro. Esse princípio, quando o aplicamos às manifestações de Além-Túmulo, demonstra a existência dos Espíritos. Aplicado, ao estudo do mundo e das leis universais, demonstra a existência de uma causa inteligente no Universo. Eis por que a existência de Deus constitui um dos pontos essenciais do ensino espírita. Acrescento que é inseparável do resto desse ensino, porque, neste último, tudo se liga, tudo se coordena e se encadeia. Que não nos falem de dogmas! O Espiritismo não os comporta.

Ele nada impõe; ensina. Todo ensino tem seus princípios. A idéia de Deus é um dos princípios fundamentais do Espiritismo.

Dizem-nos freqüentemente: - Para que nos ocuparmos dessa questão de Deus? A existência de Deus não pode ser provada! Ou ainda: - A existência de Deus ou sua não existência é sem predomínio sobre a vida das massas e da Humanidade. Ocupemo-nos de alguma coisa mais prática; não percamos nosso tempo em dissertações vãs, em discussões metafísicas. Pois bem! em que pese àqueles que mantêm esta linguagem, repetirei que é questão vital por excelência; responderei que o homem não se pode desinteressar dela, porque o homem é um ser. O homem vive, e importa-lhe saber qual é a fonte, qual é a causa, qual é a lei da vida. A opinião que tem sobre a causa, sobre a lei do Universo, essa opinião, quer ele queira ou não, quer saiba ou não, se reflete em seus atos, em toda a sua vida pública ou particular.

Qualquer que seja a ignorância do homem no que respeita às leis superiores, na realidade - é segundo a idéia que forma dessas leis, por mais vaga e confusa que possa ser tal concepção - é de conformidade com essa idéia que a criatura age. Desta opinião - sobre Deus, sobre o mundo e sobre a vida (notais que estes três assuntos são inseparáveis) -, desta opinião, as sociedades humanas vivem ou morrem! É ela que divide a Humanidade em dois campos.

Por toda parte, vêem-se famílias em desacordo, em desunião intelectual, porque há muitos sistemas acerca - de Deus: o padre inculca um à mulher; o professor ensina outro ao homem, quando não lhe sugere a idéia do - Nada.

Essas polêmicas e essas contradições explicam-se, entretanto. Têm sua razão de ser. Devemo-nos lembrar de que nem todas as inteligências chegaram ao mesmo ponto de evolução; que nem todos podem ver e compreender de igual modo e no mesmo sentido. Daí, tantas opiniões e crenças diversas.

A possibilidade que temos de compreender, de julgar e de discernir só se desenvolve lentamente, de séculos em séculos, de existências em existências. Nosso conhecimento e nossa compreensão das coisas se completam e tornam claros, à medida que nos elevamos na escala imensa dos renascimentos. Todos sabem que alguém, colocado ao pé da montanha, não pode descortinar o mesmo panorama aberto ao que já chegou ao vértice; mas, prosseguindo sua ascensão, um chegará a ver as mesmas coisas que o outro. O mesmo acontece com o Espírito em sua ascensão gradual. O Universo não se revela senão pouco a pouco, à medida que a capacidade de lhe compreender as leis se desenvolve e engrandece o indivíduo.

Daí vêm os sistemas, as escolas filosóficas e religiosas, que correspondem aos diversos graus de adiantamento dos Espíritos que nuns e noutros se filiam e, muitas vezes, aí se insulam.

Léon Denis - O grande enigma

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:19
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Sexta-feira, 26 De Fevereiro,2010

NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque, ou há de aborrecer um e amar outro, ou há de submeter-se a este e desprezar aquele. Não podeis servir simultaneamente a Deus e a Mamon." (Mateus, 6:24.)

Mamon era um dos deuses adorados pelos sírios, na antiguidade. Representava as riquezas e daí suas estátuas serem fundidas em metal precioso: ouro ou prata.

Malgrado o desaparecimento desses ídolos, Mamon continua sendo cultuado por grande parte da Humanidade, pelos cristãos inclusive.

De fato, a luta absorvente pela conquista de bens materiais a que quase todos nos entregamos, a par das homenagens e salamaleques que tributamos aos ricaços e poderosos, que significam, senão o mais fervoroso culto a essa divindade gentílica? As palavras acima revestem-se, pois, ainda hoje, de grande oportunidade, constituindo séria advertência a quantos, invertendo o preceito evangélico: "buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça e o resto vos será concedido por acréscimo", atravessamos toda a existência cuidando apenas de fazer fortuna, vivendo no mais grosseiro materialismo, na suposição de que depois, por meio de ofícios religiosos, possamos ganhar, também, o paraíso.

O texto em foco, entretanto, é muito claro e não autoriza que alimentemos tal ilusão. Não disse o Mestre, notemos bem, que os homens não devem servir a Deus e a Mamon, mas que o não podem fazer. Por que não podem?

Por uma razão fácil de entender-se: os interesses mundanos e os ideais superiores não se correspondem, nem se harmonizam; são, antes, duas forças divergentes, antagônicas, atuando em sentidos opostos.

Quem concentra toda a sua atenção nas riquezas e honras mundanas não tem tempo para pensar nas coisas de cima, e quanto mais progride materialmente, quanto mais aumenta os seus tesouros, mais necessita defendê-los. E, nesse afã, mais fortifica os liames que o prendem a este plano, mais retarda sua evolução.

Compadecido, certamente, de nossa insensatez, eis o que nos dita "um Espírito protetor", em mensagem inserta no cap. XVI de "O Evangelho segundo o Espiritismo":

"Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação que é para vós objeto o bem-estar material, ao tasso que tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que quase nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a eternidade.

Dir-se-ia, diante da atividade que desenvolveis, tratar-se de uma questão do mais alto interesse para a Humanidade, quando não se trata, na maioria dos casos, senão de vos pordes em condições de satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de vos entregardes a excessos.

Que de penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe; que de noites de insônia, para aumentar haveres muitas vezes mais que suficientes! Por cúmulo de cegueira, pão raro é ver-se, prevalecendo-se de uma existência ídita de sacrifício e de mérito — como se trabalhassem para os outros e não para si mesmos —, aqueles que um amor imoderado da riqueza e dos gozos que ela proporciona sujeita a penosos trabalhos.

Insensatos! Credes, então, realmente, que vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendeis movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, enquanto que negligenciais do vosso futuro, bem como dos deveres que a solidariedade fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social?

Unicamente no vosso corpo haveis pensado; seu bem-estar, seus prazeres foram o objeto exclusivo da vossa solicitude egoística. Por ele, que morre, desprezastes o vosso Espírito, que viverá sempre. Por isso mesmo, esse senhor amimado e acariciado se tornou o vosso tirano; ele manda sobre o vosso espírito, que se lhe constituiu escravo. Seria essa a finalidade da existência que Deus vos outorgou?"

Atentos a esse conselho amigo, não nos deixemos dominar pelo amor ao ouro, nem pelas paixões que a sua posse suscita e desenvolve nos homens, fazendo até que olvidem o destino transcendente para o qual foram criados.

Lembremo-nos de que, ao deixarmos este mundo, só levaremos conosco aquilo que efetivãmente nos pertence: as qualidades morais. E serão elas, somente elas, que nos garantirão o acesso às regiões felizes da espiritualidade.

Rodolfo Calligaris

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:25
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Quarta-feira, 24 De Fevereiro,2010

A LEI DOS DESTINOS

 

Dada a prova das vidas sucessivas, o caminho da existência acha-se desimpedido e traçado com firmeza e segurança. A alma vê claramente seu destino, que é a ascensão para a mais alta sabedoria, para a luz mais viva. A eqüidade governa o mundo; nossa felicidade está em nossas mãos; deixa de haver falhas no Universo, sendo seu alvo a Beleza, seus meios a Justiça e o Amor. Dissipa-se, portanto, todo o temor quimérico, todo o terror do Além. Em vez de recear o futuro, o homem saboreia a alegria das certezas eternas. Confiado no dia seguinte, multiplicam-se-lhe as forças; seu esforço para o bem será centuplicado.
Entretanto, levanta-se outra pergunta: Quais são as molas secretas por cuja via se exerce a ação da justiça no encadeamento de nossas existências?
Notemos, primeiro que tudo, que o funcionamento da justiça humana nada nos oferece que se possa comparar com a lei divina dos destinos. Esta se executa por si mesma, sem intervenção alheia, tanto para os indivíduos como para as coletividades. O que chamamos mal, ofensa, traição, homicídio, determinam nos culpados um estado de alma que os entrega aos golpes da sorte na medida proporcionada à gravidade de seus atos.
Esta lei imutável é, antes de mais nada, uma lei de equilíbrio. Estabelece a ordem no mundo moral, da mesma forma que as leis de gravitação e da gravidade asseguram a ordem e o equilíbrio no mundo físico. Seu mecanismo é, ao mesmo tempo, simples e grande. Todo mal se resgata pela dor. O que o homem faz de acordo com a lei do bem, proporciona-lhe tranqüilidade e contribui para sua elevação; toda violação provoca sofrimento. Este prossegue a sua obra interior; cava as profundidades do ser; traz para a luz os tesouros de sabedoria e beleza que ele contém e, ao mesmo tempo, elimina os germens malsãos. Prolongará sua ação e voltará à carga por tanto tempo quanto for necessário até que ele se expanda no bem e vibre uníssono com as forças divinas; mas, na prossecução dessa ordem grandiosa, compensações estarão reservadas à alma. Alegrias, afeições, períodos de descanso e felicidade alternarão, no rosário das vidas, com as existências de luta, resgate e reparação. Assim, tudo é regulado, disposto com uma arte, uma ciência, uma bondade infinitas na Obra Providencial.
No princípio de sua carreira, em sua ignorância e fraqueza, o homem desconhece e transgride muitas vezes a Lei. Daí as provações, as enfermidades, as servidões materiais, mas, desde que se instrui, desde que aprende a pôr os atos de sua vida em harmonia com a Regra Universal, “ipso facto”
(1)  é cada vez menos presa da adversidade.
Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em movimentos vibratórios, e seu foco de emissão, pela repetição freqüente dos mesmos atos e pensamentos, transforma-se, pouco a pouco, em poderoso gerador do bem ou do mal.
O ser classifica-se assim a si mesmo pela natureza das energias de que se torna o centro irradiador, mas, ao passo que as forças do bem se multiplicam por si mesmas e aumentam incessantemente, as forças do mal destroem-se por seus próprios efeitos, porque esses efeitos voltam para sua causa, para seu centro de emissão e traduzem-se sempre em conseqüências dolorosas. Estando o mau, como todos os seres, sujeito a impulsão evolutiva, vê por isso aumentar-se forçosamente sua sensibilidade.
As vibrações de seus atos, de seus pensamentos maus, depois de haverem efetuado sua trajetória, volvem a ele, mais cedo ou mais tarde, e o oprimem, o apertam no necessidade de reformar-se.
Este fenômeno pode explicar-se cientificamente pela correlação das forças, pela espécie de sincronismo vibratório que faz voltar sempre o efeito à sua causa. Temos demonstração disso no fato bem conhecido de, em tempo de epidemia, de contágio, serem principalmente as pessoas, cujas forças vitais se harmonizam com as causas mórbidas em ação, as atacadas, ao passo que os indivíduos dotados de vontade firme e isentos de receio ficam geralmente indenes.
Sucede o mesmo na ordem moral. Os pensamentos de ódio e vingança, os desejos de prejudicar, provenientes do exterior, só podem agir sobre nós e influenciar-nos desde que encontrem elementos que vibrem uníssonos com eles. Se nada existir em nós de similar, estas forças ruins resvalam sem nos penetrarem, volvem para aquele que as projetou para, por sua vez, o ferirem, quer no presente quer no futuro, quando circunstâncias particulares as fizerem entrar na corrente do seu destino.
Há, pois, na lei de repercussão dos atos, alguma coisa mecânica, automática na aparência. Entretanto, quando implica acerbas expiações, reparações dolorosas, grandes Espíritos intervêm para regular-lhe o exercício e acelerar a marcha das almas em via de evolução. Sua influência faz-se principalmente sentir na hora da reencarnação, a fim de guiar estas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveis à cura de suas enfermidades morais e ao resgate das faltas anteriores.
Sabemos que não há educação completa sem a dor. Colocando-nos neste ponto de vista, é necessário livrarmo-nos de ver, nas provações e dores da Humanidade, a conseqüência exclusiva de faltas passadas. Todos aqueles que sofrem não são forçosamente culpados em via de expiação. Muitos são simplesmente Espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e de labor para colherem o benefício moral que anda ligado a toda pena sofrida.
Contudo, em tese geral, é do choque, é do conflito do ser inferior, que não se conhece ainda, com a lei da Harmonia, que nasce o mal, o sofrimento. É pelo regresso gradual e voluntário do mesmo ser a esta Harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral. Em todo pensamento, em toda obra há ação e reação e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.
Colhe-o, efetivamente, pois que, por sua ação contínua, modifica sua própria natureza, depura ou materializa o seu invólucro fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual é calcado, modelado o corpo físico em cada renascimento.
Nossa situação no Além resulta, como vimos precedentemente, das ações repetidas que nossos pensamentos e nossa vontade exercem constantemente sobre o perispírito. Segundo sua natureza e objetivo, vão-no transformando pouco a pouco num organismo sutil e radiante, aberto às mais altas percepções, às sensações mais delicadas da vida do Espaço, capaz de vibrar de forma harmoniosa com Espíritos elevados e de participar das alegrias e impressões do Infinito. No sentido inverso, farão dele uma forma grosseira, opaca, acorrentada à Terra por sua própria materialidade e condenada a ficar encerrada nas baixas regiões.
Esta ação contínua do pensamento e da vontade, exercida no decorrer dos séculos e das existências sobre o perispírito, faz-nos compreender como se criam e desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como as faculdades intelectuais e as qualidades morais.
Nossas aptidões para cada gênero de trabalho, a habilidade, a destreza em todas as coisas são o resultado de inumeráveis ações mecânicas acumuladas e registradas pelo corpo sutil, do mesmo modo que todas as recordações e aquisições mentais estão gravadas na consciência profunda. Ao renascer, estas aptidões são transmitidas, por uma nova educação, da consciência externa aos órgãos materiais. Assim se explica a habilidade consumada e quase nativa de certos músicos e, em geral, de todos aqueles que mostram, em um domínio qualquer, uma superioridade de execução que surpreende à primeira vista.
Sucede o mesmo com as faculdades e virtudes, com todas as riquezas da alma adquiridas no decurso dos tempos. O gênio é um longo e imenso esforço na ordem intelectual e a santidade foi conquistada à custa de uma luta secular contra as paixões e as atrações inferiores.
Com alguma atenção poderíamos estudar e seguir em nós o processo da evolução moral. De cada vez que praticamos uma boa ação, um ato generoso, uma obra de caridade, de dedicação, a cada sacrifício do “eu”, não sentimos uma espécie de dilatação interior? Alguma coisa parece expandir-se em nós; uma chama acende-se ou aviva-se nas profundezas do ser.
Esta sensação não é ilusória. O Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro. Se estes pensamentos e atos se repetem, se multiplicam, se acumulam, o homem acha-se como que transformado ao sair de sua existência terrestre; a alma e seu invólucro fluídico terão adquirido um poder de radiação mais intenso.
No sentido contrário, todo pensamento ruim, todo ato criminoso, todo hábito pernicioso provoca um estreitamento, uma contração do ser psíquico, cujos elementos se condensam, entenebrecem, carregam de fluidos grosseiros.
Os atos violentos, a crueldade, o homicídio e o suicídio produzem no culpado um abalo prolongado, que se repercute, de renascimento em renascimento, no corpo material, e traduz-se em doenças nervosas, tiques, convulsões e até deformidades, enfermidades ou casos de loucura, consoante a gravidade das causas e o poder das forças em ação. Toda transgressão da lei implica diminuição, mal-estar, privação de liberdade.
As vidas impuras, a luxúria, a embriaguez e a devassidão conduzem-nos a corpos débeis, sem vigor, sem saúde, sem beleza. O ser humano que abusa de suas forças vitais, por si mesmo se condena a um futuro miserável, a enfermidades mais ou menos cruéis.
Às vezes a reparação se efetua numa longa vida de sofrimentos, necessária para destruir em nós as causas do mal, ou, então, numa existência curta e difícil, terminada por morte trágica. Uma atração misteriosa reúne às vezes os criminosos de lugares muito afastados num dado ponto para feri-los em comum. Daí as catástrofes célebres, os naufrágios, os grandes sinistros, as mortes coletivas, tais como o desastre de Saint-Gervais, o incêndio do Bazar de Caridade, a explosão de Courrières, a do “Iena”, o naufrágio do “Titanic”, do “Ireland”, etc.
Explicam-se assim as existências curtas; são o complemento de vidas precedentes, terminadas muito cedo, abreviadas prematuramente por excessos, abusos ou por qualquer outra causa moral, e que, normalmente, deveriam ter durado mais.
Não devem ser incluídas em tais casos as mortes de crianças em tenra idade. A vida curta de uma criança pode ser uma provação para os pais, assim como para o Espírito que quer encarnar. Em geral, é simplesmente uma entrada falsa no teatro da vida, quer por causas físicas, quer por falta de adaptação dos fluidos. Em tal caso, a tentativa de encarnação renova-se, pouco depois, no mesmo meio; reproduz-se até completo êxito, ou, então, se as dificuldades são insuperáveis, se efetua num meio mais favorável.
(Léon Denis).   
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 23:16
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ACONTECEU NO PURGATÓRIO

 

 
A maioria das doutrinas cristãs acreditam no inferno e no purgatório. Os católicos, por sua vez, de forma mais justa, criaram o purgatório no ano de 593, como um lugar intermediário para aqueles que se não foram tão ruins nem tão bons pudessem purgar seus pecados e em determinado tempo fossem reavaliados, dai iriam provavelmente para o céu.
Os protestantes mais radicais, não tiveram meio termo, é tudo ou nada, céu ou inferno. Se deu o dízimo vai para o céu senão desce mesmo. O curioso disso tudo é que os protestantes ao desencarnarem não tendo um meio termo se põem a rogarem ao Pai por uma estadia temporária no purgatório católico, pois se não tinham sido tão bons, também não foram tão maus. Meu Deus isso não vai dar certo!
Os católicos como sempre simpáticos e bem menos preconceituosos, com o coração aberto receberam os protestantes como albergados celestiais. Já todos acomodados os católicos por sua vez em maior número e donos do pedaço vão querer realizar uma missa agradecendo ao Pai Maior pela caridade feita aos desabrigados.
Começando a missa um protestante todo de terno bem passado gola engomada gravata de laço duplo e de Bíblia em punho ( parecendo até um pacote de biscoito bauducco), levantou-se e disse que iria orar ao Senhor. Uma senhora de cabeça branca como a neve ajoelhada com o terço na mão dirigiu-lhe a palavra dizendo para que orasse bem baixinho para não atrapalhar sua reza, pois de barulho já chega o lá da terra.
O crente baixou a Bíblia e foi reunir-se como os outros irmãos em Cristo não achando nada legal ter de ouvir de cara uma repreensão. Então resolveram fazer um círculo num cantinho para realizar uma pregação ainda que disfarçada. Mas no decorrer do culto, ouviram ao longe falarem em Nossa Senhora de Aparecida. Xiiiii pra que, foi o bastante para condenaram a iconolatria, (e na casa dos outros), mas eles nem podem sonhar em chutar a Santa, pois iriam fazer do purgatório um verdadeiro inferno, já não chega a falta de respeito lá na terra e logo ali, desabrigados pela sua própria doutrina tinham que ficar quietinho sim, quem os mandou não criar um meio termo?
Quando começaram a fazer sua oração, como sempre em voz alta, aos gritos pensando que Deus está surdo, não deu outra de imediato pediram outra vez para se comportar na casa dos outros, pois estavam atrapalhando a missa. Coitados durante anos pensaram estar comprando um lote no céu pago em suaves prestações disfarçadas em dízimo e agora tem de viver de favores dos outros.
Um crente já irritado queria voltar à terra para colocar o Pastor de sua Congregação contra a parede, pois deu o din din a vida inteira é agora neca. Mas de que jeito voltar à Terra? Não viviam dizendo que os mortos não eram os mortos, mas sim demônios por que os desencarnados ficam dormindo? Por outro lado, também não acreditam na reencarnação, é, agora José ????
Um senhor, mais fanático que os outros, exaltado começou a questionar a Bíblia católica afirmando que era falsa por ter imagens, vira-se um sacristão desencarnado e diz. "E a sua que é menor que a nossa, fica quieto que a sua Bíblia tem oito livros a menos tá". O cara não entendeu nada e teve que ficar calado. E a missa foi seguindo seu curso normal.
Passou um certo tempo e finalmente todos foram mesmo para o céu, já que o inferno é um mito pagão e purgatório é da criação humana, uma vez que Deus é rico em perdoar e tampouco quer que seus filhos se percam. E uma história dessas com Deus presente teria mesmo de ter um final feliz.
Ah!, mas e o Espírita não entra nessa história? Entra sim, na criação deste texto para fazer com que você faça uma reflexão, buscando ter uma vida construtiva com muito amor, pois Deus existe e está ao nosso lado sempre, e passe a ter todo o respeito a todas às crenças religiosas, pois fazemos parte de uma mesma família espiritual.
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:42
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Terça-feira, 23 De Fevereiro,2010

FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO

 

132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?
 — Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea; nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a matéria essencial do mesmo, afim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progredir.
Comentário de Kardec: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
 133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem têm necessidade da encarnação?
 — Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer feliz a uns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.
 133. a) Mas então de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?
 — Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são freqüentemente a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:17
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Segunda-feira, 22 De Fevereiro,2010

REVELAÇÕES INCONSEQUENTES

O estudo do Espiritismo é de vital importância para que se possa penetrar-lhe a essência dos conteúdos científicos, filosóficos e ético-morais-religiosos.

Toda a sua doutrina se fundamenta na experiência que se deriva da observação contínua dos fatos, graças à metodologia quantitativo-qualitativa.

Não tendo sido elaboração de um homem ou de um grupo de indivíduos, não sofre os problemas de sistemas ou de idéias preconcebidas, mantendo incomum imparcialidade no exame e análise dos elementos que o constituem.

Resultado de demoradas reflexões e pesquisas, apóia-se nas leis naturais, que são fundamentais à vida de onde se derivam todos os seus postulados.

Os fenômenos que lhe facultaram o surgimento, em todas as épocas e Nações da Terra, passaram pelo crivo de contínuas experimentações, havendo resistido aos esquemas convencionais da dúvida, da fraude, das exteriorizações do inconsciente, antes de adquirirem cidadania e dignidade. Esses fenômenos foram considerados, no passado, como expressões da santificação, do misticismo, do ridículo - de acordo com a época em que se manifestaram - para se tornarem parte integrante da cultura humana, que os proporcionava, portanto, sem qualquer colorido fantasista ou miraculoso.

Passo a passo, as informações que se originaram nas comunicações foram objeto de exame e de comparação com o conhecimento intelectual, passando pelo crivo dos enfrentamentos com os sistemas vigentes e as doutrinas em voga, apresentando-se como um corpo harmônico de teses com características próprias, dantes não sonhadas sequer, compondo paradigmas que resistem aos mais intrincados processos de negação elaborados pelo materialismo, do qual é o mais vigoroso adversário.

Não se compadecendo com pieguismos culturais e atavismos ancestrais, o Espiritismo assenta-se na razão, que demonstra por meio dos conceitos avançados em torno do ser humano, da vida e da sua finalidade, tornando-se, por isso mesmo, um fértil campo de princípios filosóficos que dignificam e libertam as mentes e os sentimentos humanos.

Firmado nos princípios das Leis naturais, aquelas que regem o Universo, não pode ser ultrapassado, porque, à medida que surjam novas idéias centradas na lógica e resistentes aos combates extemporâneos da insensatez, o Espiritismo as aceitará, e quando essas conquistas do conhecimento demonstrarem que seja improcedente algum dos seus postulados, este será eliminado ou se amoldará ao impositivo da circunstância.

Não possuindo qualquer tipo de culto, de cerimonial, de ritualismo, de sacerdócio organizado ou equivalente, é a religião do ser integral, porque possui todos os fundamentos das religiões - Deus, imortalidade da alma, justiça divina, elevação de pensamento através da oração, exercício e vivência do amor - adentrando-se na demonstração da excelência desses conceitos, em face da sua feição de ciência experimental. Assim, para culminar esse objetivo demonstra a imortalidade do ser; mediante a sua comunicabilidade depois do decesso tumular; a justiça divina, recorrendo à reencarnação, que ora se converte na chave indispensável à compreensão dos acontecimentos históricos, sociológicos, humanos, econômicos, morais e espirituais que envolvem os indivíduos; a comunhão mental com a Fonte Geradora de vida, por meio do intercâmbio entre aquele que ora e o Fulcro ao qual é direcionada a emissão mental.

Em uma doutrina portadora de constituição elevada e sólida, sem brechas para o aventureirismo ou para o mercantilismo adivinhatório, somente se equivoca aquele que prefere manter-se à margem dos seus ensinamentos, que são claros como a luz que esbate a treva, ou que prefere o engodo à verdade, a fantasia à realidade, vivendo o período infantil do pensamento, irresponsável, portanto, ante os desafios existenciais para decifrar-se e avançar com segurança no rumo do destino traçado que tem à frente.

Não obstante, grassam em abundância, e multiplicam-se férteis, informações destituídas de veracidade, como aliás do agrado das pessoas acostumadas ao ludíbrio, às vaidades e exaltações do ego, que somente prejudicam, contribuindo para o aumento da ignorância e leviandade em torno dos assuntos relevantes da Humanidade.

Pseudo médiuns ou medianeiros em desequilíbrio, assessorados por Espíritos levianos que se comprazem em mantê-los no ridículo, amiúde apresentam-se como reveladores, e o são inconseqüentes, ludibriando a boa-fé dos incautos ou incensando os orgulhosos com bombásticas informações em torno do seu passado, com promessas mirabolantes sobre o seu futuro, ou ainda, como emissários de Embaixadores Celestes para evitarem calamidades, alterarem acontecimentos, assumindo posturas de semi-deuses, que deslumbram os fascinados e se tornam condutores dos grupos humanos.

Os Espíritos Nobres não têm qualquer interesse em revelações em torno de personalidades de ontem ou de hoje, evitando a abordagem em torno do que hajam sido, trabalhando em favor do presente, do qual se origina o futuro, que é a grande meta.

Não tem nenhum sentido a busca de informações em torno do passado espiritual, particularmente se se anela por haver sido rei ou príncipe, nobre ou burguês, sábio, guerreiro ilustre, papa ou outra qualquer personagem importante, que em algum momento esteve presente na História.

A Lei é de progresso, portanto, evidente que se é sempre melhor do que aquilo que se haja sido, não se devendo preocupar com cargos e homenagens do pretérito, agora mortos, e cuja evocação somente levaria à presunção, à ociosidade dourada ou à lamentação.

Outrossim, proliferam outras revelações trágicas em torno do fim dos tempos, das tragédias que irão ocorrer, como se não fossem elas do cotidiano, variando de expressão e de lugar, todas igualmente parte integrante do processo evolutivo de um planeta inferior, que avança para outro degrau na escala dos mundos.

O homem encontra-se reencarnado para aproveitar a oportunidade de reparação e aquisição de valores que lhe faltam na economia intelecto-moral, não para repetir experiências infelizes com novos fracassos ou para cultuar memórias extravagantes e fantasiosas, que em nada contribuem para a sua evolução. Cumpre, portanto, precatar-se todo aquele que se interesse pelo Espiritismo, com revelações inconseqüentes, estudando a Doutrina e praticando-a com segurança, lançando o pensamento para a frente e para cima, na certeza de que cada um é o que de si próprio faz. O fato de haver alguém vivido em área de destaque não significa ser Espírito feliz, antes comprometido com as graves responsabilidades que nem sempre soube honrar e que agora defronta para corrigir.

A meta que todos devemos perseguir é aquela que conduz à auto-realização, utilizando-nos do serviço de dignificação da vida e das criaturas em cujo grupo nos encontramos, encarnados ou não, porém, unidos no mesmo ideal de edificação de um mundo melhor para todos, longe do sofrimento, da ilusão, da ignorância, sempre responsável pelo mal que viceja em nós e nos retém na retaguarda de onde procedemos.

(Página recebida pelo médium Divaldo P. Franco, na reunião da noite de 14 de abril de 1996, em Quarteira, Portugal.)

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:25
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Domingo, 21 De Fevereiro,2010

REENCARNAÇÃO

A doutrina dos renascimentos, pregada pelo espiritismo, não é nova; encontra-se em todas as religiões e filosofias dos povos antigos.

Não é, pois uma criação do Espiritismo.

A ansiedade dessas idéias é mais uma prova importante a apresentar para assegurar a veracidade da doutrina. Os sábios e filósofos do passado estudaram e investigaram bastante o assunto de modo que ofereceram à presente geração um patrimônio considerável de princípios palingenésicos que encontraram abrigo em todos os corações ao tempo em que o orgulho, o interesse e os prejuízos eram esmagados pelo desejo de conhecer a verdade.

Passaram-se os séculos, passaram os homens e as suas obras, mas se transmitiu de geração em geração a idéia vencedora transferindo-se, por assim dizer, de uma filosofia a outra de uma a outra religião em virtude dos ensinos velados ou explícitos dos profetas e dos grandes Instrutores da humanidade.

Os Vedas considerados pelos brâmanes como o livro sagrado por excelência, em que se contem a ciência das ciências, ostentando o código, da ensinam a necessidade dos renascimentos, através de uma linguagem, ora simbólica, ora positiva. Os hinos védicos feitos há cerca de 60.000 anos, falam-nos na lei da reencarnação e afirmam que é preciso reencarnar e fazer o bem para estar “novos laços com outros corpos em outros mundos”.

Eduardo Schure no seu maravilhoso livro "Grandes iniciados", aludindo a Rama, a sua doutrina e aos seus contemporâneos, escreve: "Os poetas védicos não se preocupam somente com o destino da alma; inquietam-se também com sua origem. Onde nasceu a alma? Ela existe nos que vem para nós e regressa nos que regressam e tornam a voltar".

Eis, em duas palavras, a reencarnação, que desempenhara mais tarde, um papel capital no bramanismo e no budismo, entre os egípcios e os orficos na filosofia de Pitágoras e de Platão, o mistério dos mistérios, o arcano dos arcanos.

Nada mais simples e maior que a religião védica onde um profundo naturalismo se mistura a um espiritualismo transcendente. Se lermos os princípios do Bhagavadgita, maravilhoso fragmento interpolado no grande poema de Mahabharata, considerado pelos brâmanes um dos mais sagrados livros, veremos que eles se referem em muitas partes a essa doutrina. “Tu trazes em ti mesmo, - diz o Bhagavadgita - um amigo que desconheces”.

Porque Deus reside no Intimo de cada ser, mas poucos sabem, que o trazem lá. 0 homem que sacrifica os seus desejos, e as suas obras ao Ser de que procedem aos princípios de todas as cousas e por Quem o universo foi formado, obtém por esse sacrifício a perfeição. Aquele que encontra em si mesmo a sua felicidade, sua alegria e, em si mesmo também, a sua luz, identifica-se com Deus. "Ora; sabei-o, a alma, que encontrou Deus, libertou-se do renascimento e da morte, da velhice e da dor, e bebe a água da imortalidade".

Na verdade a alma que encontrar Deus, que se purificar, que as culminâncias de espiritualidade, não sofrerá mais a encarnação material. Liberar-se-á do aguilhão da morte, não mais envelhecerá por não ter mais corpo físico, já não sentirá a dor e, por tudo isso, terá vida eterna. Buda dizia: "Se não nascêssemos e renascêssemos, não estaríamos sujeitos à dor, à doença à miséria, à velhice à morte”.

Krisma, o inspirado de Mahadeva, numa linguagem de um simbolismo oriental, doutrinando, sobre o destino da alma, depois da morte, ensina que ela não foge à ação da lei universal da transformação, mas obedece sempre ao plano divino. “Como ao raiar das estrelas se abrem às profundezas do céu, assim as profundezas da vida se alumbram ao raiar desta verdade”.

Quando o corpo está dissolvido, logo que Sativa (a sabedoria) domina, a alma evola-se as regiões desses seres puros que têm conhecimento do Todo Poderoso.

Quando, o corpo se desfaz, enquanto Raga (a paixão) o domina, a alma vem habitar de novo entre aqueles que estão apegados às cousas da terra.

Pela leitura desse trecho, compreende-se que ele ensina que a alma muito evoluída sobe aos mundos mais elevados, onde se pode conhecer a felicidade e ter de Deus melhor concepção, ao passo que a que pouco progrediu volta novamente a renascer, entre os homens naturalmente até que se purifique e adquira a necessária sabedoria.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:23
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Sábado, 20 De Fevereiro,2010

SERÃO COMO OS ANJOS DO CÉU

 

A límpida doutrina de Jesus teve que ser proclamada no seio da confusa comunidade religiosa de Jerusalém, onde havia o núcleo comum do culto a Javé e da observância da Lei de Moisés, mas havia vários grupos marcados por diversidade de doutrinas e de comportamento. Assim é que havia os fariseus, os escribas, a classe sacerdotal, os herodianos, os saduceus. Todos eles timbravam em apresentar objeções ao que Jesus ensinava. E no fim se ajuntaram todos contra Ele, para levá-lo aos tribunais que o condenaram.

Hoje encontramos Jesus às voltas com os saduceus. Nesta seita – cujo nome parece proceder de Sadoc, sumo sacerdote do tempo de Salomão – eram apegados exclusivamente à fidelidade ao Pentateuco. Não admitiam a ressurreição, nem acreditavam na existência dos anjos. Por isso mesmo, apresentaram a Jesus uma objeção grosseira contra a ressurreição. Apoiados na lei do “levirato” – que mandava que, quando um homem morresse sem deixar filhos, a viúva devia casar-se com o cunhado, a fim de garantir a conservação do patrimônio e a descendência do falecido – propuseram-lhe a hipótese de uma mulher que tivesse sido casada sucessivamente com sete irmãos, que tivessem todos morrido sem deixar filhos. No fim ela também morreria. De quem – perguntaram eles – seria ela mulher na outra vida? A pergunta parece até um gracejo de mau gosto. Mas Jesus responde nobremente, deixando para nós uma importante lição sobre o sentido da ressurreição: Aqui nesta vida há o casamento. Os homens se casam e as mulheres são dadas em casamento. Mas os que forem admitidos à outra vida e à ressurreição dos mortos não se casam, porque não podem mais morrer. São como os anjos de Deus. São filhos da ressurreição (semitismo, que significa “ressuscitados”) (cfr Lc 20, 34-36).

Vale a pena refletir detidamente sobre a resposta de Jesus. Os ressuscitados não vivem mais a existência própria aqui da terra. Não devemos pensar em sepulcros se abrindo, e ossos se juntando, e carne recobrindo os ossos, para refazer o mesmo corpo de antes. Talvez fosse essa a concepção menos esclarecida, de outros tempos. A ressurreição não é uma continuação da vida terrena. Quem ressuscitou não vai repetir a vida aqui da terra, sujeita às condições biológicas, ao cansaço, ao desgaste e à necessidade de alimentos. Serão como os anjos de Deus. O corpo ressuscitado é um corpo espiritual, como ensina claramente São Paulo, na primeira carta aos coríntios (cfr 1 Cor 15, 35-53). Aí se diz explicitamente que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorruptibilidade” (v.50).

(...).

Mas Jesus acrescenta ainda um bonito argumento à sua resposta aos saduceus. Quando Deus se apresentou à Moisés no meio da sarça ardente, apresentou-se como “O Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó”. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas Deus de vivos. Portanto os patriarcas estão vivos, vivem a vida da ressurreição (cfr Lc 20, 37-38). Como tudo isso é bonito e grandioso, para iluminar a nossa esperança! Deus é por excelência o Deus vivo, e nós viveremos para sempre com Ele, participando de sua vida, ressuscitados como Cristo ressuscitou. Nós cremos na vida eterna!

Do texto acima podemos claramente deduzir que apesar de muitas pessoas ainda acreditarem na ressurreição no corpo com “sepulcros se abrindo, e ossos se juntando, e carne recobrindo os ossos, para refazer o mesmo corpo de antes” não corresponde ao pensamento de Jesus. Realmente não poderia ser, pois como Ele disse: “Não cuideis que vim destruir a lei” (Mateus 5, 17), e a decomposição é o processo pelo qual o corpo devolve à natureza os elementos de onde tomou emprestado. Isso está nas leis da natureza que por sua vez são as leis divinas. Assim a ressurreição com a volta do espírito ao mesmo corpo é impossível, por isso ser contrário às leis da natureza nos afirma agora a ciência.

A compreensão da ressurreição apresentada por Jesus é a vida do nosso espírito, após devolver a terra seu corpo físico, ou seja, a vida espiritual que iremos viver na outra vida, quando regressarmos à pátria espiritual pela porta da morte. Expressa de maneira clara no “tu és pó e em pó te tornarás” que é a lei natural que estamos falando.

Assim mesmo depois de mortos viveremos, pois iremos ressuscitar, ou seja, ressurgiremos em espírito para a nova vida.

Mas afinal que texto é este que foi colocado para estudo? Quem é o seu autor?

Não falamos nada ainda é para não tirar a graça. Primeiro, nós queríamos fazer este pequeno comentário para depois dizer de quem é a autoria. Isolado é quase certo que todos que tiverem a oportunidade de lê-lo ficará com a nítida impressão de se tratar de um texto totalmente espírita e cujo autor, por via de conseqüência, seria um Espírita. Mas não. Achamos superinteressante este texto justamente por isso porque, muito embora lembrando os conceitos da Doutrina Espírita, foi assinado pelo Arcebispo emérito de Belo Horizonte, Dom João de Resende Costa. Quem quiser comprovar é só ler o Jornal o Estado de Minas este artigo que foi publicado no dia 06.11.1998, página 9.

Talvez a única ressalva que poderíamos fazer é que voltaremos sim a habitar um novo corpo pela reencarnação, lei divina que nos dá a oportunidade de “sermos perfeitos como o Pai Celestial é perfeito”, conforme nos recomenda Jesus. Mas, quando tivermos atingindo a plenitude da evolução espiritual a que todos nós estamos sujeitos aí sim iremos viver somente na condição plena de espíritos.

Será que com isso poderemos vislumbrar para o futuro as religiões indo pouco a pouco compreendendo os princípios da Doutrina Espírita? Quem sobreviver verá. Mas como todos os princípios que adotamos tem como base sólida a lógica e a razão é bem provável que isso um dia acontecerá. O tempo é o nosso maior aliado.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:14
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Quinta-feira, 18 De Fevereiro,2010

REENCARNAÇÃO, SIMPLES QUESTÃO DOUTRINÁRIA

 

Em três passagens de sua vida, Jesus admitiu e confirmou a volta do Espírito a um novo corpo carnal. Fê-lo, não obstante, sem ter utilizado a palavra reencarnação. Este vocábulo, adotado por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos (1857), para transmitir os ensinos dos Espíritos Superiores sobre a pluralidade das existências, que se contrapunham à crença oriental na Metempsicose, era naquela época subentendido como ressurreição.
A primeira dessas passagens em que admitiu o renascimento em outro corpo ocorreu quando Jesus respondeu a dois enviados de João Batista que Ele mesmo, ou seja, o próprio João “é o Elias que havia de vir”, segundo a anotação de Mateus no Novo Testamento.
Não foi sem razão que Jesus nesse episódio deixou de empregar a palavra reencarnação, embora tenha se referido expressamente ao fenômeno reencarnatório.
Da mesma forma, no Apocalipse, João Evangelista não poderia ter empregado a expressão bombardeio supersônico ou ogivas nucleares, posto que se tratava de conquistas não conhecidas da Humanidade, pelo que utilizou a expressão “pássaros desovando ovos de fogo”.
Ao dizer que João Batista “é o Elias que havia de vir”, explicitamente Jesus confirma o retorno do Espírito a um novo corpo, que nada tem a ver com o anterior.
O Messias, nessa declaração, confirmou tachativamente as profecias registradas no Velho Testamento acerca do retorno de Elias, como seu precursor.
É importante esclarecer que a última profecia a esse respeito encontra-se no capítulo 4, versículo 5, do Livro de Malaquias. A propósito, a Nota Explicativa desse texto na Bíblia, cuja tradução da Vulgata, realizada pelo Padre Matos Soares, e publicada pelas Edições Paulinas, aceita implicitamente que João Batista era a reencarnação de Elias, como se depreende de sua transcrição na íntegra:
“Elias: Jesus Cristo reconheceu em João Batista o Elias que devia vir (Mateus 11:10; Marcos 9:11). Na promessa de um filho a Zacarias, pai de João Batista, encontramos exatamente as palavras do profeta aplicadas precisamente a João (conforme Lucas: 1:17).”
Essa Nota Explicativa podemos inferir, visando a não deixar ambiguidade na interpretação dos fatos (a reencarnação de Elias como João Batista), remetemos ao Evangelho segundo Mateus e Marcos, onde nos deparamos com palavras
do próprio Jesus confirmando esse retorno.
A referida nota também faz alusão ao renascimento de Elias, quando aborda a revelação do Anjo a Zacarias, anunciando que o seu filho iria nascer e que deveria receber o nome de João. Revelou ainda a missão que ele iria desempenhar, ao dizer: “(...) ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu
Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias”. Esse filho de Zacarias foi justamente João Batista, que desempenhou a missão prevista pelo Anjo antes de ele nascer, acrescentando que ele teria o mesmo espírito e a virtude de Elias.
A segunda vez em que Jesus nos fala de reencarnação, foi no Monte Tabor, após a sua transfiguração, estando presentes Pedro, João e Tiago. Nessa oportunidade, segundo o relato de Marcos, Ele conversou com os Espíritos de Elias e Moisés.
Isso se deu quando os apóstolos, ao descerem do Monte Tabor, procuraram obter de Jesus um esclarecimento para a seguinte dúvida: se os fariseus e os escribas, intérpretes das escrituras, declaravam que Elias ao voltar desempenharia a missão de precursor do Messias, isto é, desempenharia sua missão antes de Jesus e que Elias estava no mundo espiritual, logo Jesus não seria o Messias esperado. Diante desse questionamento, o Mestre respondeu, sem rodeios:
Mas digo-vos que Elias já veio, e fizeram dele quanto quiseram, como está escrito dele.”
Ao receberem essa resposta eles entenderam que o Espírito Elias havia reencarnado como João Batista, que, em virtude de ter sido degolado, a mando de Herodes, já havia retornado à espiritualidade. Tudo isso se confirma com o registro de Mateus sobre a conclusão a que chegaram “Então os discípulos compreenderam que Jesus tinha falado de João Batista.”
A terceira passagem na qual Jesus também se refere à reencarnação foi no diálogo estabelecido com Nicodemos. Ao ser questionado pelo Doutor da Lei sobre o que seria necessário para alcançar o “reino dos céus”, em outras palavras, a perfeição espiritual, Jesus sentenciou: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
Diante dessa resposta diz Nicodemos: “Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer pela segunda vez?”.
E Jesus redargüiu, entre outros esclarecimentos, afirmando: “Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo.”
Quanto ao fato de o apóstolo Paulo ter dito que “os homens devem morrer uma só vez, depois do que vem o julgamento”, entendemos que ele, ao se expressar dessa forma, não pretendeu, de maneira alguma, negar a reencarnação, pois é evidente que estava se referindo à morte do corpo físico e não à da alma, pois ela, de fato, não morre nem uma vez, ele não poderia ter dito tal absurdo, levando em consideração que o Apóstolo dos Gentios tinha plena convicção da imortalidade.
A reencarnação, antes de ser mera questão doutrinária, assenta seu fundamento na palavra de Jesus e na própria Bíblia, sem falar na comprovação do fenômeno reencarnatório pela pesquisa científica, hoje de amplo domínio público.
 
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 17:18
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