Domingo, 21 De Março,2010

OS MILAGRES EXISTEM?

Vamos fazer uma leitura dinâmica na Bíblia para ver se nela encontramos algo em que possamos nos apoiar para responder a essa pergunta.

O primeiro milagre que nos surge na Bíblia é Deus criando do nada, a Terra e o Universo num período fantástico de seis dias. Ora, hoje a ciência vem provar que esses dias são, na realidade, períodos de bilhões e bilhões de anos, e não, como até há pouco tempo se pensava, serem dias de 24 horas.

A criação do homem não deixa também de ser um fenômeno milagroso, já que Deus faz que um monte de barro se transforme num ser humano. Entretanto, não vemos grandes diferenças entre nós e os animais. Veja que os elementos que compõem nosso corpo físico são os mesmos que formam o corpo dos animais. Os órgãos e suas respectivas funções são muito semelhantes nesses dois seres. Tanta semelhança assim só, por questões de lógica, pode existir se eles tivessem a mesma origem, ou seja, surgiram duma mesma maneira. Não entendemos porque ainda se diz que o homem foi criado diferente. Bom, a verdade é que a narrativa bíblica deve ser tomada no sentido simbólico, qual seja, a de que o corpo humano se formou dos elementos que já existiam na natureza, da mesma forma que o corpo dos animais.

Arrependido de ter criado o homem - como se fosse possível - Deus resolve eliminá-lo da face da terra. E, para isso, inunda toda a terra de água, através do dilúvio universal. Sabemos hoje, pela ciência, que não existe água suficiente em nosso planeta para cobrir o mais alto monte. Devemos ver nessa passagem apenas um sentido figurado: quem está com Deus, vence todos os tormentos da vida.

O homem vê no arco-íris um sinal da aliança que Deus faz com a humanidade de nunca mais destruir a terra com água. Mas, a ciência nos diz que o arco-íris é apenas a decomposição da luz solar em sete cores básicas, e que podemos, inclusive, reproduzir com um prisma de cristal.

A mulher de Ló virando estátua de sal, pode ser explicada “a chuva desloca numerosos blocos de sal que rolam até a base. Esses blocos têm formas caprichosas e alguns deles são eretos como estátuas. Às vezes em seus contornos a gente pensa distinguir, de repente, formas humanas”.(1)

Encontramos, agora, o povo hebreu cativo no Egito. Deus resolve escutar o clamor desse povo e envia alguém para libertá-los. Aparece a Moisés em meio à sarça ardente escolhendo-o para essa missão. Entretanto, “O fenômeno da ‘sarça ardente’ existe, pois, na natureza, literalmente em plantas com um grande conteúdo de óleos voláteis. O naturalista alemão Dr. M. Schwabe comprovou em repetidas observações a inflamação espontânea: a mistura de gás e ar inflama-se algumas vezes por si só no calor intenso e no ar parado, ficando o arbusto intato” (1).

Moisés, para convencer o faraó que vinha da parte de Deus, manda várias pragas aos egípcios. “Mas, as pragas não são coisa inverossímil nem incomum. Ao contrário, fazem parte da cor local do Egito. A água do Nilo “converteu-se em sangue”. “E as rãs saíram e cobriram a terra do Egito”. Vieram mosquitos, moscas, uma peste dos animais e úlceras – vieram depois granizo, gafanhotos e trevas (Êxodo 7 a 10). Coisas como essas mencionadas pela Bíblia, o Egito experimenta até hoje, como, por exemplo, “o Nilo vermelho”.

“Às vezes os aluviões dos lagos abissínios colorem a água do rio, sobretudo no seu curso superior, de uma pardo avermelhado, que pode dar a impressão de sangue. No tempo das enchentes, as rãs e os mosquitos multiplicam-se às vezes de tal modo que chegam a transformar-se em verdadeiras pragas. A categoria de moscas pertencem sem dúvida os moscardos. Freqüentemente, eles invadem regiões inteiras, penetram nos olhos, no nariz, nos ouvidos, causando dores lancinantes”.

“Por toda parte há peste dos animais. Pelo que se refere às úlceras, ocorrem tanto nos homens como nos animais”. Poderá tratar-se da chamada fogagem ou sarna do Nilo.(...)

“O granizo é, com efeito, raríssimo no Egito, mas não desconhecido. A época do ano em que isso ocorre é janeiro ou fevereiro. As nuvens de gafanhotos são, entretanto, um flagelo típico das regiões do Oriente. O mesmo se dá com as trevas súbitas. O chamsin, também chamado simum, é um vento ardente que arrasta consigo grandes massas de areia. Estas escurecem o sol, dando-lhe uma cor baça e amarelada, chegando a ficar escuro em pleno dia. (...) E contra toda explicação científica se opõe também, naturalmente, a indicação da Bíblia de que a praga das “trevas egípcias” apenas afetou os egípcios, mas não os israelitas que viviam no Egito...”(1)

Sobre a morte dos primogênitos dos homens e dos animais, encontramos a seguinte explicação: “Cereais guardados em celeiros ainda úmidos podem desenvolver um bolor altamente tóxico. Como no Egito antigo os primogênitos (tanto humanos quanto dos animais) tinham a precedência na alimentação, em tempos de escassez eles foram os primeiros a ser fatalmente intoxicados pelo bolor” (2).

Moisés, após libertar o povo hebreu, tem à sua frente o Mar Vermelho, que após abrí-lo em duas muralhas, passa por entre elas a pé enxuto. “A primeira dificuldade está na tradução. A palavra hebraica “Yam suph” é traduzida ora por “mar Vermelho”, ora por “mar dos Juncos”. (...)

“Às margens do mar Vermelho não crescem juncos. O mar dos juncos propriamente ficava mais ao norte. ...Nos tempos de Ramsés II, existia ao sul uma ligação do golfo de Suez com os lagos amargos. Provavelmente chegava mesmo até mais adiante, até o lago Timsah, o lago dos Crocodilos. Nessa região existia outrora um mar de juncos. O braço de água que se comunicava com os lagos amargos era vadeável em diversos lugares. A verdade é que foram encontrados alguns vestígios de passagens. A fuga do Egito pelo mar dos Juncos é, pois, perfeitamente verossímil”(1).

No deserto o povo hebreu passa a fazer determinadas exigências a Moisés, que pede a Deus para atender-lhes, Deus envia-lhes as codornizes e o maná. “Repetidamente tem-se discutido com mais ou menos base a questão das codornizes e do maná. Quanto ceticismo têm provocado! A Bíblia fala de coisas maravilhosas e inexplicáveis. Mas codornizes e maná são inteiramente naturais. Basta consultar um naturalista ou os naturais da terra, que ainda hoje podem observar o mesmo fenômeno”.

“A saída de Israel do Egito começou na primavera, a época das grandes migrações das aves. Partindo da África, que no verão se torna insuportavelmente quente e seca, as aves seguem, desde tempos imemoriais, duas rotas para a Europa: uma pela extremidade ocidental da África, para a Espanha, e a outra pela região oriental do Mediterrâneo, para os Bálcãs. Entre essas aves encontram-se codornizes, que nos meses da primavera voam por cima do mar Vermelho, que têm de atravessar em sua rota para leste. Cansadas do grande vôo, deixam-se cair nas planícies da costa a fim de recobrarem forças para a viagem por cima dos altos montes até o Mediterrâneo. Flávio Josefo (Ant. III, 1.5) relata uma experiência semelhante, e ainda em nossos dias os beduínos dessa região apanham com a mão, na primavera e no outono, as codornizes exaustas”.

“No que se refere ao famoso maná, recorramos aos botânicos. Anteciparemos que quem quer que se interesse por maná poderá encontrá-lo na lista de exportações da península do Sinai”. (...)

(...) “O fenômeno do maná é um exemplo verdadeiramente clássico de como certas idéias e conceitos preconcebidos se mantêm por vezes obstinadamente através das gerações e como é difícil fazer prevalecer a verdade”.

(...) “O dito pão do céu cai pela manhã, ao amanhecer, exatamente como o orvalho ou a geada, e pende como gotas na erva, nas pedras e nos ramos das árvores. É doce como o mel e gruda aos dentes quando se come...”

(...) “o famoso maná não era outra coisa senão uma secreção das árvores e arbustos da tamargueira, quando picados por uma espécie de cochonilha característica do Sinai”.

(...) “Esses pequenos insetos vivem sobretudo nas mencionadas tamargueiras, nativas do Sinai, que pertencer às acácias” (1).

Sem água para saciar a sua sede, novamente, o povo hebreu reclama a Moisés que, inspirado por Deus, toca num rochedo, fazendo jorrar água pura. “Nessa aflição Moisés teve de tomar da sua vara e ferir um rochedo para fazer brotar água (Êxodo 17.6), o que é considerado completamente inconcebível pelos céticos e por outros, embora, também nesse caso, a Bíblia apenas descreva um fato natural”.

(...) “Um de seus golpes atingiu a rocha. A superfície lista e dura que se forma sempre sobre a pedra calcária exposta ao tempo rompeu-se e caiu. Com isso ficou exposta a rocha mole embaixo, e de seus poros brotou um grande jorro de água”(1).

Após os quarenta anos no deserto, finalmente o povo consegue sair chegando às margens do Rio Jordão, que também se divide em dois montes. “De fato, é isso o que acontece também no caso em questão; a mais notável dessas repetições é a referente ao “milagre da travessia do mar” (Êxodo 14), contada na “miraculosa passagem do Jordão” (Josué 3, 4 a 17)”.

(...) “Quando Israel chegou ao Jordão, o rio estava cheio”. ... “El Damiyeh, um vau muito usado no curso médio, lembra esse sítio de Adom. Se as águas crescerem subitamente, poderá se formar nesse lugar raso, durante um breve período, uma espécie de açude natural, enquanto o curso inferior se mantém quase inteiramente seco”.

“Entretanto, o represamento da água do Jordão, que tem sido testemunhado diversas vezes, é devido sobretudo a terremoto. O último dessa espécie aconteceu em 1927. Devido a um violento abalo desmoronaram-se as margens do rio, e grandes massas de terra das pequenas colinas que se erguem ao longo de todo o curso serpeante rolam para o rio. A água ficou inteiramente represada durante vinte e uma horas” (1).

Atravessando o rio Jordão chegaram à cidade de Jericó. “As casas mais antigas de Jericó têm sete mil anos e lembram ainda, com seus muros circulares, as tendas dos nômades”.

“Foram postas a descoberto duas muralhas concêntricas, sendo a interna ao redor da crista da colina. Trata-se de uma obra-prima de fortificação estratégica, feita de tijolos secos ao sol e constituída de dois muros paralelos três a quatro metros distantes um do outro. A muralha interna, que é particularmente maciça, mede três metros e meio de espessura. O cinturão externo passa pelo fundo da colina e consiste num muro de dois metros de largura e de oito a dez de altura, com sólidos alicerces. Tais são as célebres muralhas de Jericó!”

(...) “Segundo os achados, durante a Idade do Bronze, as célebres muralhas foram reconstruídas nada menos que dezessete vezes; sempre tornaram a ser destruídas, ou por terremotos, ou pela erosão. Quem sabe, essa pouca resistência das muralhas teve sua ressonância na lenda transmitida pela Bíblia, que conta como os filhos de Israel somente tiveram de soltar seus brados de guerra e fazer soar suas trombetas para conquistar Jericó. A cidade de meados de Idade do Bronze, surgiu nos tempos dos hicsos, aos quais acompanhou no seu ocaso, por volta de 150 a.C. Em seguida, Jericó deixou de ser habitada, durante aproximadamente um século e meio”. ... “Se, de fato, somente na época da “tomada de terra”, ou seja, em meados ou fins do século XIII a.C., os israelitas alcançaram Jericó, então nem precisavam conquistá-la, pois ela já havia sido abandonada por seus habitantes! Somente no século IX a.C, no reinado de Acab, Jericó tornou a ser reedificada (Reis 16.34)”.

Temos, também, Josué fazendo o sol ficar parado no meio do céu, e um dia inteiro ficou sem ocaso. Interessante, que tal fato extraordinário não foi registrado por nenhum outro povo da terra, já que essa ocorrência iria refletir na Terra inteira. E, mais, como esse fenômeno não causou nenhuma desordem no universo.

Outro fenômeno ocorrido com o sol, foi quando, por invocação de Isaías, Deus faz a sombra do sol recuar dez degraus da escada do quarto superior da casa de Acaz. Como no primeiro, também não foi registrado por nenhum povo. A sombra voltar para trás poderia ser por que o próprio sol retornou em sua órbita? Se isso for verdadeiro, esse fato seria impossível de acontecer sem que causasse um verdadeiro caos no universo.

Muitas outras coisas existem na Bíblia, que querem passar por milagres. Mas, “é verdade que existem fábulas na Bíblia, puras fábulas como a história do feiticeiro Balaão e a jumenta falante (Números 22), a história de Jonas, que foi engolido por um grande peixe (Jonas 2), ou a história de Sansão, a quem dava força a cabeleira longa (Juízes 13 a 16)” (1).

Especificamente quanto a história de Jonas, sabemos que a baleia é um peixe cuja garganta é muito pequena, por isso sua alimentação é de peixes pequenos, um homem não caberia nela. E, esquecendo-se, por um momento, que isso é um absurdo, como um ser humano conseguiria viver dentro de uma baleia por três dias e três noites sem se alimentar?

Narra Mateus que Jesus caminhou sobre o mar. Ora, isso bem que poderia ser um fenômeno de levitação, reconhecido hoje pela Parapsicologia.

Encontramos também Jesus realizando ressurreições, entretanto, podemos, pelo conhecimento atual da medicina, identificar casos de catalepsia ou letargia em que a pessoa toma toda a aparência de morta. Devemos ressaltar que no caso da filha de Jairo, Jesus disse que a menina não estava morta, apenas dormia.

Podemos, para efeito deste estudo, buscar a definição teológica de milagre como uma manifestação da presença de Deus, caracterizada sobretudo por uma alteração repentina e insólita dos determinismos naturais, ou seja, revogação de alguma lei natural.

Mas, aceitando esse conceito iremos esbarrar num absurdo teológico, pois, se Deus revogar algo que Ele tenha criado, pressupõe que Ele não tenha criado perfeito, se não criou prefeito, então não seria Deus.

Pelo que colocamos no início, podemos deduzir que tudo que consta da Bíblia como milagre, ou são fenômenos de ordem natural ou são fatos simbólicos interpretados ao pé da letra.

Milagre seria uma ocorrência de ordem natural, sobre a qual o homem não tem a mínima noção de como, quando, e em que circunstância possa ocorrer, porém, nada foge das leis da natureza.

Antigamente, quando da colonização dos índios, o homem branco lhes oferecia bugigangas, entre elas, espelhos. Como o índio nunca tinha visto tal objeto, ficava encantado em se ver num pedaço de vidro, deveria pensar até que isso era puro “milagre”. É o que querem fazer conosco ao apresentar algumas ocorrências para as quais ainda não se encontrou a explicação científica, como por exemplo, corpos de santos incorruptos como prova de que Deus tenha escolhido a essa corrente religiosa para se manifestar. Como se Ele não considerasse ninguém mais do que os que seguem essa corrente, contrariando “Deus não faz acepção de pessoas”.

Contam, que determinado bandeirante diante de uma tribo indígena, atirou para o alto com sua espingarda, daquela boca de sino. Incontinenti os índios abaixaram em reverência, pois imaginavam que aquele homem era um Deus, já que conseguia tirar fogo de um pau. Muitos de nós ainda se comportam como esses índios que, por não conhecer uma arma de fogo, imaginaram que aquilo era um pedaço de pau.

Respondendo, agora, à pergunta inicial, diremos que não. Os milagres não existem. O que existe é nossa ignorância a respeito das leis que regem certos fenômenos. Leis, diga-se de passagem, divinas, que nunca vimos serem derrogadas por motivo algum.

 

(1) e a Bíblia tinha razão..., Werner Keller, tradução de João Távora - Cia Melhoramentos de São Paulo, SP, 22ª edição 2000.

(2) SUPER Interessante, edição 178, julho 2002.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 17:03
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Sábado, 20 De Março,2010

ABORTO - CRIME E CONSEQUÊNCIAS


"O maior destruidor da paz no Mundo hoje, é o aborto"

"Ninguém tem o direito de tirar a vida; nem a mãe, nem o pai, nem a conferência, ou o Governo."

Madre Tereza de Calcutá
(Mensagem à  Conferência na ONU ). (1)

   O termo aborto que, cientificamente indica o produto do abortamento, foi popularmente usado como sinônimo deste, confundindo-se assim, a ação com o resultado dela, o ato de abortar com seu cadáver, o aborto. Apesar da ressalva, usaremos indistintamente neste trabalho, dado a consagração do termo, uma ou outra denominação com a mesma finalidade.

   Assim, aborto ou abortamento seria a expulsão do concepto, antes da sua viabilidade, esteja ele representado pelo ovo, pelo embrião ou pelo feto; a expulsão do feto viável, antes de alcançado o termo, denomina-se parto prematuro. É pois, a interrupção da gravidez antes da prematuridade _ abortamento; durante _ parto prematuro; completada _ parto a termo; ultrapassada _ parto serotino. (2)

  Pode ser o aborto, sob o ponto de vista médico, espontâneo ou provocado, e a diferença está na intenção, pois que este último é devido a interferência intencional da gestante, do médico ou de qualquer outra pessoa, visando o extermínio do concepto. Neste trabalho, por motivos óbvios, só nos referiremos ao aborto provocado.

Incidência

   Segundo dados da Organização Mundial de Saúde ( OMS ), feitos por estimativa e antes de serem publicados, já foram divulgados pela Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos ("Dossiê Aborto Inseguro"), através do jornal "O Globo", é na América do Sul  onde ocorre o maior número de abortos clandestinos no mundo, vindo em segundo, a América Central e em terceiro, a África. O Brasil é o campeão mundial, pois aqui são consumados 1,4 milhão de abortos clandestinos por ano, mais do que todos os outros países da América do Sul reunidos. Meninas e jovens de até 19 anos fazem 48% das interrupções legais da gravidez, segundo a nossa rede pública. Dados do Fundo das Nações Unidas para a População (FUNUAP), mostram que em conseqüência de complicações deles, morrem por ano nos países da América Latina (inclusive no Brasil), seis mil mulheres, consistindo na terceira causa de morte materna, depois das hemorragias e da hipertensão. Relatório do Instituto Alan Gutmacher (Folha de S. Paulo: 14/03/99), mostra que a maior incidência por percentagem de abortos (36%), acontece nos países desenvolvidos, graças a permissão da lei, sendo deles também a maior taxa de gravidez não planejada (49 %), mas englobam apenas 28 milhões de mulheres grávidas por ano. Os países subdesenvolvidos apresentam planejamento melhor (36% dos nascimentos não são previstos) e menos abortos (20%), entretanto representam 182 milhões de grávidas. No Brasil, segundo o mesmo instituto, a cada 1.000 adolescentes grávidas, 32 recorrem ao aborto. Somente a República Dominicana (onde também é proibido) e  EUA (onde é legalizado), têm taxas maiores: 36.

    Conclui ainda o relatório que nos EUA, onde 23 de cada 100 mil mulheres já praticaram o aborto, existe uma preocupação do Congresso, que prevê crescimento populacional negativo na próxima década, falta de mão-de-obra e colapso de sistema previdenciário em vinte anos. Outro dado importante é que 63% das mulheres norte-americanas chegam aos 18 anos já tendo praticado sexo. Só na Dinamarca (72%) e na Islândia (71%) o percentual é maior. O próprio instituto reconhece que parte das mulheres só fazem sexo por saberem que não terão filhos (seja porque usam métodos contraceptivos, seja pela prática do aborto).  Equivale dizer, que naqueles países onde o aborto foi legalizado, ganhando o nome, dado por eles, de "aborto seguro", o número de abortamentos vem aumentando assustadoramente e não menos assustador foi a diminuição do número de gravidezes programadas, denotando ambos, o aumento da  "irresponsa-bilidade segura".

As Conseqüências

   O aborto é um crime hediondo que produz uma série de conseqüências espirituais, periespirituais, físicas, psicológicas e legais.

a) Conseqüências espirituais e perispirituais: estão relacionadas ao crime, com repercussões para o criminoso e a vítima.

Para o  criminoso.

   Em trabalho publicado na Revista Internacional de Espiritismo (Mar. 2000), referimo-nos a programação genética reencarnatória, (3 à 9 e 18) já que "não existindo o acaso, tudo na reencarnação, acontece sob a égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta  programada, os Espíritos Superiores atuariam como construtores ou geneticistas, no fluxo da vida (ver no gráfico da Fig. 1, em azul), selecionando o óvulo e o espermatozóide que originarão o ovo; sempre que possível participa nesta seleção genética o Espírito reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores, inversamente proporcional ao estágio evolutivo do Espírito.

    Estabelecem-se, outrossim, fortíssimos compromissos, entre os pais e o Espírito reencarnante e vice-versa. Colaboram os Espíritos simpáticos e tentam interferir negativamente os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades das sintonias."

    O produto deste magnífico trabalho de corporificação da espiritualidade é o ovo, que originará os 70 trilhões de células do corpo físico, indo servir de roupagem ao Espírito reencarnante, como veículo possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes, colocadas a seu serviço para executar sua proposta reencarnatória e conduzi-lo à  evolução espiritual.

    O aborto não é uma solução, é um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e no mal, e um rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito, ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última análise consigo mesmo. (Fig. 1; em vermelho)

   Quem quer que venha a praticar ou colaborar com esse delito, predispõe-se a alterações significativas do centro genésico, em seu perispírito, com conseqüências  atuais e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos sexuais e também, por vezes, dos centros de força (chacras) coronário, cardíaco e esplênico com todas as repercussões pertinentes. Nos estamos preparando hoje a reencarnação de amanhã; um aborto provocado agora se refletirá no chacra genésico, e será mais além o aborto espontâneo, pois a paternidade e a maternidade não valorizadas hoje, o serão com certeza amanhã, noutra encarnação, mas agora por um processo educativo, que passa pela dor e pelo sofrimento redentor. Em igual patamar, como conseqüência, estão a prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre outras causas que atingem a esfera do aparelho reprodutor masculino e feminino.

Para a vítima

   O único caso em que é aceito o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe risco insuplantável para a vida da mãe. (13). Em todos os demais casos considera-se ser este compromisso inquebrantável, sob o ponto de vista moral e portanto consciencial espiritual, quer na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos e anencéfalos, ou qualquer argumento, como o direito de escolha da mulher e sua plasticidade, falta de recursos financeiros, etc. A luta entre o "devo mas não posso e o posso mas não devo", nada mais é do que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" ( 1ª Epístola de S. Paulo Apóstolo aos Coríntios, cap. VI, verc. 12 )             

   A reação da vítima, o Espírito reencarnante, varia de acordo com seu grau evolutivo, da decepção, quando aproveita a reencarnação malograda para sua purificação, à  obsessão, e dadas as circunstâncias, é mais provável que reajam da segunda forma, sintonizando-se às vezes com verdadeiras falanges de Espíritos obsessores:

 "(...) ódio aos que se recusaram em recebê-los no novo berço, e quando não lhes infernizam a existência terrena, em longos processos obsessivos, aguardam sequiosos de vingança, que façam o transpasse, para então tirarem a forra, castigando-os sem dó nem piedade." (14)

Conseqüências físicas

Conseqüências físicas imediatas: consideraremos aqui as de ocorrência médica,  que acontecem nessa encarnação.

   Estima-se que a  morte da gestante ocorra em 20% dos casos de abortamento provocado na clandestinidade e além disso descrevem-se; perfurações do útero com cureta, sondas, velas, etc.; anemia aguda, decorrente de hemorragias provocadas por estas últimas, por abortamento incompleto (restos ovulares) e demais traumatismos da vagina, do útero e das trompas; infeções inclusive tétano, abcessos, septicemias, gangrenas gasosas; esterilidade secundária; lesões intestinais; complicações hepáticas e renais pelo uso de substâncias tóxicas.(2)

   Assim, o aborto quando não determina a morte, pode imprimir marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos, também no corpo perispiritual.

Conseqüências psicológicas

   Não se pode fugir da nossa consciência, nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão ai impressas (9), e quando se pratica este tipo de crime, desperta-se o sentimento de culpa, o arrependimento e às vezes o remorso, a nos perseguir por toda vida física e extra-física. O arrependimento é a ante-sala da reabilitação, e quando dinâmico, canalizado para ações construtivas, pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador, e não raro espelhado na adoção, a minimização de nossas faltas. O remorso é a lamentação interior inoperante, comple-tamente estático, que como um ácido corroe o recipiente onde é guardado, provocando a viciação mental, a mente em desarmonia, que é porta aberta aos processos obsessivos.  ( 5)     

Conseqüências legais

   Não nos estenderemos sobre o tema, lembrando que "nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legalizado." (16)

O aborto é um crime, e se não é admissível que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é que se assassinem covardemente os mais jovens ainda e mais indefesos, praticando- o. O assunto é tratado nos artigos 124 à 128 do Código Penal determinando penas que vão de 1 à 10 anos.

Conclusão

  " O primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro direito: a vida." (17)

   O aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso; o produto da concepção está vivo, e tem o direito DIVINO de continuar vivendo e de nascer. Transgride-se assim o V º Mandamento, "Não Matarás".

   Errar é humano; assumir o erro, é divino.

   O Espiritismo não aceita, nem pactua com a legalização do aborto, porque legaliza-lo é legalizar o crime e a irresponsabilidade . O  "aborto seguro" com que acenam, se dizendo defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira, não passa de uma proposta para o crime, em que saem em desvantagem  as vítimas, os inocentes e indefesos conceptos e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuando-se desta os ca-sos de estupro, no qual também não justificamos o delito, pois mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido.

    " Lembrai-vos que a cada pai e a cada mãe, perguntará Deus: (15)

   - Que fizeste do filho confiado à vossa guarda ?".

   E quem praticou o aborto responderá:

   "- Eu matei meu próprio filho..."

   Quem assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em que incorreu, não deve cultuar o remorso ou consumir-se no sentimento corroente da culpa, que levariam a estagnação, mas dinamizar-se e orientar sua energia no trabalho regenerador, agora sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicando-se ao próximo e servindo com amor, que alcançariam sua plenitude na dádiva espelhada da adoção, na certeza de que com esses procedimentos, encontrará a justiça indulgente e a misericórdia do Criador.

   " Não é na culpa corrosiva nem no remorso paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos remete à ação e ao amor, afastando-nos do vale da dor e do sofrimento, que encontraremos o caminho da libertação." (7)

                                                         

Bibliografia

(1) FURLAN, Laércio. Respeito ao embrião e ao feto_ Diga não ao Aborto. "Mundo Espírita". Jan. 98, pg 2

(2) REZENDE, Jorge. Ed. Guanabara-Koogan, 1963, pg 667.

(3) XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Missionários da Luz .FEB 28ª edição; pg 187 `a 189 e 208.

(4) KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo, FEB 1 ª edição,  1996; pg 40.

(5) MIRANDA, Hermínio P. Nossos filhos são Espíritos, Publ. Lachâtre, 1995. pg. 47.

(6) SOARES, José Luis. Biologia. Ed. Scipione, 1997. Pg 195.

(7) GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior, Revista Internacional do Espiritismo, Jan. 1999, pg 219.

(8) DENIS, Léon, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Ed. FEB, 1936, 4ª ed., pg 193.

(9) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, ed. FEB, 1987: perg.199, 344 358 e 359.

(10) ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, pg. 153. Reencarnação em foco. Casa Ed. "O Clarim", 1991, pg.104.

(11) LIMA, Inaldo Lacerda de. Reformador, jun. 1987, pg. 169.

(12) SANTA MARIA, José Serpa. Palavras de viver. Reformador, Jun 1992, pg.168.

(13) CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais . Ed. FEB, 1991, pg. 77.

(14) MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do Espiritismo. Casa Ed. "O Clarim", 1995, pg. 121.

(15) KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. FEB, 1987, 6ª ed., pg 240.

(16) CARVALHO, Alamar Regis. O Aborto e suas conseqüências, SEDA-Salvador, Bahía: 31/07/99)

(17) KARDEC Allan, Revista Espírita. Aborto; direito ou crime?; extraído do site http;//www.cvdee.org.br., em 24/11/99.

(18)  MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação e Genética, Revista Internacional de Espiritismo, março 2000, pg. 56.

            Revista Internacional de Espiritismo, Março de 2000

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:25
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Sexta-feira, 19 De Março,2010

FANATISMO RELIGIOSO

 

Quero relatar a minha última passagem pela Terra e vou usar a plena verdade para isso.
Pertenci a um agrupamento de fanáticos religiosos, que localizava as suas atividades em paragens bem além de vosso país. Ainda hoje, recordo em cores muito vivas as atrocidades cometidas em nome de Deus. Vivíamos com a única intenção e objetivo de propagar nossas verdades pessoais para o mundo, considerado por nós como pagão. Quem não comungava de nossas interpretações das escrituras sagradas, não era considerado tão filho de Deus como nós, sendo muitas das vezes tachado como inimigo.
Além dos ensinamentos de nossa doutrina, estudávamos outras religiões, buscando comprovação da superioridade das idéias que regiam a nossa seita. Um ponto central era o da Justiça Divina. Éramos rígidos defensores do “olho por olho, dente por dente”. Embora a Bíblia não fosse o nosso livro sagrado, algumas passagens deste antigo texto eram bem aceitas por nosso grupo.
Aqueles que combatiam ostensivamente os nossos preceitos eram, sem a menor dúvida ou questionamento, contrários a Deus. Deveriam, por isso, serem convertidos à força, ou simplesmente eliminados caso rejeitassem a conversão.
Após muitos anos de luta contra outras formas de pensamento, a nossa seita adquiriu muitos adeptos. Com o crescimento, passou a fustigar novas regiões à busca de expansão.
Porém, encontramos outra seita cuja doutrina apresentava algumas diferenças com relação a nossa. Os integrantes deste outro grupo detinham o mesmo fanatismo que nós e o choque foi inevitável. Com os mesmos aspectos de brutalidade com que executávamos nossos adversários, nós fomos destruídos.
Nós vagamos por muito tempo no mundo, sem a roupagem física, revoltados com o nosso destino. Encontramos amparo longe de nossa terra natal, numa organização do plano espiritual situada sobre a vossa nação.
Recebemos esclarecimentos acerca da necessidade de perdoar, evitando o julgamento dos semelhantes conforme a severa lei de Talião. Muitos de nós rejeitaram de pronto a sugestão recebida, pois não se desejava abrir mão da vingança, como forma de justiça permitida por Deus. Eu fui um dos que cedeu neste ponto de vista e hoje tenho a tarefa de resgatar meus antigos companheiros, que permanecem vagando pela Terra, agora tentando inspirar homens encarnados para que aceitem estes ideais menos nobres. Trabalho incessantemente para apagar da minha consciência os erros do passado. Tenho ainda muito que caminhar na senda da evolução.
Aprendi dolorosamente que alcançar a Deus não é possível através do ódio e rancor ao próximo. Isto não é servir a Deus. O extremismo e a intolerância religiosos, ou de qualquer outra espécie, são contra a Lei de Amor, que é a base de tudo. Se não podemos ainda amar o semelhante, creio que devemos pelo menos respeitá-lo, para que este respeito possa crescer e um dia transformar-se no amor pregado por todas as religiões verdadeiras do planeta.
Um amigo espiritual
16/05/1995
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 23:08
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ANJOS E DEMÔNIOS

 

 

"Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai,
que está nos Céus, dará bens aos que lhos pedirem?" - (Mateus, 7:11)

Allan Kardec, em sua obra "O Céu e o Inferno", esclarece que os Demônios, segundo a Doutrina da Igreja, foram criados perfeitos e colocados no topo da escala evolutiva, mas, por desobediência à vontade de Deus, tornaram-se maus, rebelaram-se e foram expulsos do Paraíso, tornando-se os chamados Anjos Decaídos.

Entretanto, segundo o que nos ensina o Espiritismo, aqueles que são chamados de Demônios, não são seres criados à parte, pois a criação de seres inteligentes por Deus é una. Ele jamais poderia criar seres perfeitos, para viverem no Paraíso, e seres devotados, eternamente, à prática do mal.

Deus cria todos os seus filhos perfectíveis, dando-lhes, por objetivo, a conquista da perfeição e a felicidade que lhes são próprias. O Pai Celestial é equitativo e justo e, como decorrência, jamais poderia criar filhos com destinação diferente uns dos outros.

O Espiritismo, por sua vez, explica que todos os Espíritos são criados simples e ignorantes; assim, terão que, inapelavelmente, palmilhar a senda evolutiva, enfrentando e vencendo todos os óbices que ela oferece; portanto, nesse processo evolutivo, uns alcançam a perfeição mais rapidamente que outros, pois, desfrutando do livre-arbítrio, muitos deles preferem enveredar e demorar no caminho do mal, o que, seu dúvida, retarda a caminhada.

A Doutrina Espírita não concebe, nem de longe, que um Espírito, que tenha alcançado a perfeição e se aproximado de Deus, possa rebelar-se contra o Poder Supremo, ou seja, contrapor-se ao Criador de todas as coisas . Isso representaria tremenda utopia.

Embora os Evangelhos mencionem os Espíritos trevosos sempre como tentando os homens e até mesmo grandes missionários, como os Apóstolos Pedro e Paulo, isso, de forma alguma, significa que haja um Deus do Bem e um deus do mal, ou que haja um poder superior ao poder de Deus.

Desta maneira, mesmo aqueles que hoje vivem mergulhados na prática do mal, que, comumente, são chamados de Demônios, ou Diabos, mais cedo ou mais tarde retomarão o caminho do Bem e darão prosseguimento à sua escalada evolutiva rumo ao Criador, porquanto "o Pai não quer que nenhuma de suas ovelhas se perca", que, todas elas, integrem, um dia, "um imenso rebanho que obedecerá à voz de um só pastor.

Deus ama a todos os seus filhos, indistintamente, e, por isso, disse Jesus "que há mais alegria no Céu por um pecador que se regenera de que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento".

Subentende-se nesta sentença do Mestre que os "Espíritos do Senhor" se rejubilam toda vez que um desses entes, que vivem praticando o mal, se decidam a abandonar esse caminho nefasto e tomem a resolução inabalável de palmilhar o caminho do Bem, sem jamais olharem para trás, tornando-se, assim, herdeiros das Bem-aventuranças prometidas pelo Mestre Nazareno.

Paulo A. Godoy

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 16:54
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Quinta-feira, 18 De Março,2010

LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE

 

Allan Kardec
 
Liberdade, igualdade, fraternidade, estas três palavras são, por si sós, o programa de toda uma ordem social, que realizaria o progresso mais absoluto da Humanidade, se os princípios que representam pudessem receber sua inteira aplicação. Vejamos os obstáculos que, no estado atual da sociedade, podem a isso se opor e, ao lado do mal, procuremos o remédio.
A fraternidade, na rigorosa acepção da palavra, resume todos os deveres dos homens relativamente uns aos outros; ela significa: devotamento, abnegação, tolerância, benevolência, indulgência; é a caridade evangélica por excelência e a aplicação da máxima: "Agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem conosco." A contrapartida é o Egoísmo. A fraternidade diz: "Cada um por todos e todos por um." O egoísmo diz: "Cada um por si." Sendo essas duas qualidades a negação uma da outra, é tão impossível a um egoísta agir fraternalmente, para com os seus semelhantes, quanto o é para um avarento ser generoso, a um homem pequeno alcançar a altura de um homem grande. Ora, sendo o egoísmo a praga dominante da sociedade, enquanto ele reinar dominador, o reino da verdadeira fraternidade será impossível; cada um quererá da fraternidade em seu proveito, mas não a quererá para fazê-la em proveito dos outros; ou, se isso faz, será depois de estar seguro de que não perderá nada.
Considerada do ponto de vista de sua importância para a realização da felicidade social, a fraternidade está em primeira linha: é a base; sem ela não poderia existir nem igualdade e nem liberdade sérias; a igualdade decorre da fraternidade, e a liberdade é a conseqüência das duas outras.
Com efeito, suponhamos uma sociedade de homens bastante desinteressados, bons e benevolentes para viverem, entre si, fraternalmente, não haveria entre eles nem privilégios nem direitos excepcionais, sem o que não haveria ali fraternidade. Tratar alguém como irmão, é tratá-lo de igual para igual; é querer-lhe o que desejaria para si mesmo; num povo de irmãos, a igualdade será a conseqüência de seus sentimentos, de sua maneira de agir, e se estabelecerá pela força das coisas. Mas qual é o inimigo da igualdade? É o orgulho. O orgulho que, por toda a parte, quer primar e dominar, que vive de privilégios e de exceções, pode suportar a igualdade social, mas não a fundará jamais e a destruirá na primeira ocasião. Ora, sendo o orgulho, ele também, uma das pragas da sociedade, enquanto não for destruído, oporá uma barreira à verdadeira igualdade.
A liberdade, dissemos, é filha da fraternidade e da igualdade; falamos da liberdade legal e não da liberdade natural que é, por direito, imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem ao homem civilizado. Vivendo os homens como irmãos, com os direitos iguais, animados de um sentimento de benevolência recíproco, praticarão entre si a justiça, não procurarão nunca se fazerem mal, e não terão, conseqüentemente, nada a temer uns dos outros. A liberdade será sem perigo, porque ninguém pensará em dela abusar em prejuízo de seus semelhantes. Mas como o egoísmo que quer tudo para si, o orgulho que quer sempre dominar, dariam a mão à liberdade que os destronaria? Os inimigos da liberdade são, pois, ao mesmo tempo, o egoísmo e o orgulho, como o são da igualdade e da fraternidade.
A liberdade supõe a confiança mútua; ora, não poderia haver confiança entre pessoas movidas pelo sentimento exclusivo da personalidade; não podendo se satisfazer senão às expensas de outrem, sem cessar, estão em guarda uns contra os outros. Sempre com medo de perder o que chamam seus direitos, a dominação é a condição mesma de sua existência, por isso armarão sempre ciladas à liberdade, e a abafarão tanto tempo quanto o puderem.
Esses três princípios são, pois, como o dissemos, solidários uns com os outros e se servem mutuamente de apoio; sem sua reunião, o edifício social não poderia estar completo. A fraternidade praticada em sua pureza não poderia estar só, porque sem a igualdade e a liberdade não há verdadeira fraternidade. A liberdade sem a fraternidade dá liberdade de ação a todas as más paixões, que não têm mais freio; com a fraternidade, o homem não faz nenhum mau uso de sua liberdade: é a ordem; sem a fraternidade, ele a usa para dar curso a todas as suas torpezas: é a anarquia, a licença. É por isso que as nações mais livres são forçadas a fazerem restrições à liberdade. A igualdade sem a fraternidade conduz aos mesmos resultados, porque a igualdade quer a liberdade; sob pretexto de igualdade, o pequeno abate o grande, para se substituir a ele, e se torna tirano a seu turno; isso não é senão um deslocamento do despotismo.
Segue-se que, até que os homens estejam imbuídos do sentimento da verdadeira fraternidade, falta tê-los na servidão? Que sejam impróprios às instituições fundadas sobre os princípios de igualdade e de liberdade? Semelhante opinião seria mais do que um erro; seria absurda. Não se espera que uma criança haja feito todo o seu crescimento para fazê-la caminhar. Quem, aliás, a tem mais freqüentemente em tutela? São homens de idéias grandes e generosas, guiados pelo amor ao progresso? Aproveitando da submissão de seus inferiores, para desenvolver neles o senso moral, e elevá-los, pouco a pouco, à condição de homens livres? Não; são, na maioria, homens ciosos de seu poder, à ambição e à cupidez dos quais outros homens servem de instrumento, mais inteligentes do que animais, e que, para esse efeito, em lugar de emancipá-los os têm, o maior tempo possível, sob o jugo e na ignorância. Mas essa ordem de coisas muda por si mesma pela força irresistível do progresso. A reação é, às vezes, violenta e tanto mais terrível quanto o sentimento de fraternidade, imprudentemente abafado, não vem interpor um poder moderador; a luta se estabelece, entre aqueles que querem agarrar e aqueles que querem reter; daí um conflito que se prolonga, freqüentemente, durante séculos. Um equilíbrio factício se estabelece enfim; há melhoria; mas sente-se que as bases sociais não estão sólidas; o solo treme a cada instante sob os passos, porque não é, ainda, o reino da liberdade e da igualdade sob a égide da fraternidade, porque o orgulho e o egoísmo estão sempre ali, levando ao fracasso os esforços dos homens de bem.
Todos vós que sonhais com essa idade de ouro para a Humanidade, trabalhai, antes de tudo, na base do edifício, antes de querer coroar-lhe a cumeeira; dai-lhe por base a fraternidade em sua mais pura acepção; mas, para isso, não basta decretá-la e inscrevê-la sobre uma bandeira; é preciso que ela esteja no coração e não se muda o coração dos homens com decretos. Do mesmo modo que, para fazer um campo frutificar, é preciso arrancar-lhe as pedras e os espinheiros, trabalhai sem descanso para extirpar o vírus do orgulho e do egoísmo, porque aí está a fonte de todo mal, o obstáculo real ao reino do bem; destruí nas leis, nas instituições, nas religiões, na educação, até os últimos vestígios, os tempos de barbárie e de privilégios, e todas as causas que mantêm e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, que se recebe, por assim dizer, desde a meninice e que se aspira por todos os poros na atmosfera social; só então os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade; então, também, se estabelecerão por si mesmos, sem abalos e sem perigo, os princípios complementares da igualdade e da liberdade.
A destruição do egoísmo e do orgulho é possível? Dizemos alta e ousadamente SIM, de outro modo seria preciso colocar uma suspensão ao progresso da Humanidade. O homem cresce em inteligência, é um fato incontestável; chegou ao ponto culminante que não poderia ultrapassar? Quem ousaria sustentar essa tese absurda? Progride ele em moralidade? Para responder a esta pergunta, basta comparar as épocas de um mesmo país. Por que, pois, teria antes alcançado o limite do progresso moral do que do progresso intelectual? Sua aspiração, para uma ordem de coisas melhor, é um indício da possibilidade de a isso chegar. Aos homens progressistas cabe ativar o movimento pelo estudo e pela prática dos meios mais eficazes.
 
Fonte: Livro Obras Póstumas - Cap. Questões e Problemas
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:12
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Quarta-feira, 17 De Março,2010

QUESTÃO 222 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PLURARIDADE DAS EXISTÊNCIAS

PARA APRENDIZADO DE MARIA HELENA QUE SE DIZ A DONA DA VERDADE

 

222.O dogma da reencarnação, dizem algumas pessoas, não é novo e foi retirado de Pitágoras. Mas jamais dissemos que a doutrina espírita fosse uma invenção moderna. O Espiritismo deve ter existido desde a origem dos tempos, pois decorre da própria Natureza. Temos sempre procurado provar que se encontram os seus traços desde a mais alta Antiguidade. Pitágoras, como se sabe, não é o criador do sistema de metempsicose, que tomou dos filósofos indianos e dos meios egípcios, onde ela existia desde de épocas imemorais. A idéia da transmigração das almas era, portanto, uma crença comum, admitida pelos homens mais eminentes. Por que maneira chegou até eles? Não sabemos. Mas, seja como for, uma idéia não atravessa as idades e não é aceita pelas inteligências mais adiantadas, se não tiver um aspecto sério. A antiguidade desta doutrina, portanto, em vez de ser uma objeção, devia ser antes uma prova a seu favor. Há, porém, como igualmente se sabe, entre a metempsicose dos antigos e a moderna doutrina da reencarnação, a grande diferença de que os Espíritosrejeitam, da maneira mais absoluta, a transmigração dohomem nos animais e vice-versa.

 Os Espíritos, ensinando o dogma da pluralidade das existências corpóreas, renovam uma doutrina que nasceu nos primeiros tempos do mundo, e que se conservou até os nossos dias, no pensamento íntimo de muitas pessoas. Apresentam-na, porém, de um ponto de vista mais racional, mais conforme às leis progressivas da natureza e mais em harmonia com a sabedoria do Criador, ao despojá-la de todos os acréscimos da superstição. Uma circunstância digna de nota é que não foi apenas neste livro que eles a ensinaram, nos últimos tempos: desde antes da sua publicação, numerosas comunicações da mesma natureza foram obtidas, em diversas regiões, e multiplicaram-se consideravelmente depois. Seria o caso, talvez, de examinar-se por que todos os Espíritos não parecem de acordo sobre este ponto. É o que faremos logo mais.
 Examinemos o assunto por outro ângulo, fazendo abstração da intervenção dos Espíritos. Deixemo-los de lado por um instante. Suponhamos que esta teoria não foi dada por eles; suponhamos mesmo que nunca se tenha cogitado disto com os Espíritos. Coloquemo-nos momentaneamente numa posição neutra, admitindo o mesmo grau de probabilidade para uma hipótese e outra, a saber: a da pluralidade e a da unicidade das existências corpóreas, e vejamos para que lado nos levam a razão e o nosso próprio interesse.
 Certas pessoas repelem a idéia da reencarnação pelo único motivo de que ela não lhes convém, dizendo que lhes basta uma existência e não desejam iniciar outra semelhante. Conhecemos pessoas que, à simples idéia de voltar à Terra, ficam enfurecidas. Só temos a lhes perguntar se Deus devia pedir-lhes conselho e consultar os seus gostos, para ordenar o Universo. De duas uma: a reencarnação existe ou não existe. Se existe, é inútil opor-se a ela, pois terão de sofrê-la, sem que Deus lhes peça permissão para isso. Parece-nos ouvir um doente dizer: — Já sofri hoje demais e não quero tornar a sofrer amanhã. Qualquer que seja a sua má vontade, isso não o fará sofrer menos amanhã e nos dias seguintes, até que consiga curar-se. Da mesma maneira, se essas pessoas devem reviver corporalmente, reviverão, tornarão a reencarnar-se; perderão o tempo de protestar, como uma criança que não quer ir à escola ou um condenado, à prisão, pois terão de passar por ela. Objeções dessa espécie são demasiado pueris para merecerem exame mais sério. Diremos, entretanto, a essas pessoas, para tranqüilizá-las, que a doutrina espírita sobre a reencarnação não é tão terrível como pensam, e que, se a estudassem a fundo, não teriam do que se assustar. Saberiam que essa nova existência depende delas mesmas: será feliz ou desgraçada, segundo o que tiverem feito neste plano, e podem desde já elevar-se tão alto, que não mais deverão temer nova queda no lodaçal.
 Supomos falar a pessoas que acreditam num futuro qualquer após a morte, e não às que só têm o nada como perspectiva, ou que desejam mergulhar a sua alma no Todo Universal, sem conservar a individualidade, como as gotas de chuva no oceano, o que vem a ser mais ou menos a mesma coisa. Se acreditais num futuro qualquer, por certo não admitireis que ele seja o mesmo para todos, pois qual seria a utilidade do bem? Por que reprimir-se, por que não satisfazer a todas as paixões, a todos os desejos, mesmo à custa dos outros, pois que isso não teria conseqüência? Acreditais, pelo contrário, que esse futuro será mais ou menos feliz ou desgraçado, segundo o que tivermos feito durante a vida; e tereis o desejo de que seja o mais feliz possível, pois que deverá durar pela eternidade? Teríeis, por acaso, a pretensão de ser uma das criaturas mais perfeitas que já passaram pela Terra, tendo, assim, o direito imediato à felicidade dos eleitos? Não. Admitis, então, que há criaturas que valem mais do que vós e têm direito a uma situação melhor, sem por isso vos considerardes entre os réprobos. Pois bem, colocai-vos por um instante, pelo pensamento, nessa situação intermediária, que será a vossa, como o admitis, e suponde que alguém venha dizer-vos: — “Sofreis, não sois tão felizes como poderíeis ser, enquanto tendes diante de vós os que gozam de uma felicidade perfeita; quereis trocar a vossa posição com a deles?” — “Sem dúvida!”, responderíeis, “mas o que devo fazer?” — “Quase nada: recomeçar o que fizestes mal e tratar de fazê-lo melhor.” — Hesitaríeis em aceitar, mesmo que fosse ao preço de muitas existências de provas?
 Façamos uma comparação mais prosaica. Se a um homem que, sem estar na miséria extrema, passa pelas privações decorrentes da sua precariedade de recursos viessem dizer: — “Eis uma imensa fortuna, que podereis gozar, sendo, porém, necessário trabalhar rudemente durante um minuto”—; fosse ele o maior preguiçoso da terra, e diria sem hesitar: — “Trabalhemos um minuto, dois minutos, uma hora, um dia, se for preciso! O que será isso, para acabar a minha vida na abundância?” Ora, o que é a duração da vida corporal, em relação à da eternidade? Menos que um minuto, menos que um segundo.
 Ouvimos algumas vezes este raciocínio: Deus, que é soberanamente bom, não pode impor ao homem o reinicio de uma série de misérias e tribulações. Acharão, por acaso, que há mais bondade em condenar o homem a um sofrimento perpétuo, por alguns momentos de erro, do que em lhe conceder os meios de reparar as suas faltas? Dois fabricantes tinham, cada qual, um operário que podia aspirar a se tornar sócio da firma. Ora, aconteceu que esses dois operários empregaram mal, certa vez, o seu dia de trabalho e mereceram ser despedidos. Um dos fabricantes despediu o seu empregado, apesar de suas súplicas, e este, não mais encontrando emprego, morreu na miséria. O outro disse ao seu: — “Perdeste um dia e me deves uma compensação; fizeste mal o trabalho e me deves a reparação; eu te permito recomeçar; trata de fazê-lo bem, e eu te conservarei, e poderás continuar aspirando à posição superior que te prometi”. Seria necessário perguntar qual dos dois fabricantes foi mais humano? Deus, que é a própria clemência, seria mais inexorável que um homem? O pensamento de que a nossa sorte está para sempre fixada, em alguns anos de prova, ainda mesmo quando nem sempre dependesse de nós atingir a perfeição sobre a Terra, tem qualquer coisa de pungente, enquanto a idéia contrária é eminentemente consoladora, pois não nos tira a esperança. Assim, sem nos pronunciarmos pró ou contra a pluralidade das existências, sem admitir uma hipótese mais do que a outra, diremos que, se pudéssemos escolher, ninguém preferiria um julgamento sem apelo. Um filósofo disse que, se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo, para a felicidade do gênero humano; o mesmo se poderia dizer da pluralidade das existências. Mas, como dissemos, Deus não pede licença, não consulta as nossas preferências; as coisas são ou não são. Vejamos de que lado estão as probabilidades, e tomemos o problema sob outro ponto de vista, fazendo sempre abstração do ensinamento dos Espíritos e unicamente, portanto, como estudo filosófico.
 Se não há reencarnação, não há mais do que uma existência corporal, isso é evidente. Se nossa existência corporal é a única, a alma de cada criatura foi criada por ocasião do nascimento, a menos que admitamos a anterioridade da alma. Mas neste caso perguntaríamos o que era a alma antes do nascimento, e se o seu estado não constituiria uma existência, sob qualquer forma. Não há, pois, meio-termo: ou a alma existia ou não existia antes do corpo. Se ela existia, qual era a sua situação? Tinha ou não consciência de si mesma? Se não a tinha, era mais ou menos como se não existisse; se tinha, sua individualidade era progressiva ou estacionária. Num e noutro caso, qual a sua situação ao chegar ao corpo? Admitindo, de acordo com a crença vulgar, que a alma nasce com o corpo ou, o que dá no mesmo, que antes da encarnação só tinha faculdades negativas, formulamos as seguintes questões:
   l. Por que a alma revela aptidões tão diversas e independentes das idéias adquiridas pela educação?
 2. De onde vem a aptidão extra-normal de algumas crianças de pouca idade para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida?
 3. De onde vêm, para uns, as idéias inatas ou intuitivas, que não existem para outros?
 4. de onde vêm, para certas crianças, os impulsos precoces de vícios ou virtudes, esses inatos de dignidade ou de baixeza, que contrastam com o meio em que nasceram?
 5. Por que alguns homens, independentemente da educação, são mais adiantados que os outros?
 6. Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote, de peito, e a educarmos, enviando-a depois aos mais renomados liceus, faremos dela um Laplace ou um Newton?
 Perguntamos qual a Filosofia ou a Teosofia que pode resolver esses problemas. Ou as almas são iguais ao nascer, ou não o são: quanto a isso não há dúvida. Se são iguais, por que essas tamanhas diferenças de aptidões? Dirão que dependem do organismo. Mas nesse caso, teríamos a doutrina mais monstruosa e mais imoral. O homem não seria mais que uma máquina, joguete da matéria; não teria a responsabilidade dos seus atos; tudo poderia atribuir-se às suas imperfeições físicas. Se as almas são desiguais, foi Deus quem as criou assim. Então, por que essa superioridade inata, conferida a alguns? Essa parcialidade estaria conforme à sua justiça e ao amor que dedica por igual a todas as criaturas?
   Admitamos, ao contrário, uma sucessão de existências anteriores e progressivas, e tudo se explicará. Os homens trazem, ao nascer, a intuição do que já haviam adquirido. São mais ou menos adiantados, segundo o número de existências por que passaram ou conforme estejam mais ou menos distanciados do ponto de partida: precisamente como, numa reunião de pessoas de todas as idades, cada uma terá um desenvolvimento de acordo com o números de anos vividos. Para a vida da alma, as existências sucessivas serão o que os anos são para a vida do corpo. Reuni um dia mil indivíduos de um até oitenta anos; suponde que um véu tenha sido lançado sobre todos os dias anteriores, e que, na vossa ignorância, julgais todos eles nascidos no mesmo dia: perguntaríeis, naturalmente, por que uns são grandes e outros pequenos, uns velhos e outros jovens, uns instruídos e outros ainda ignorantes. Mas, se a nuvem que vos oculta o passado for afastada, se compreenderdes que todos viveram por mais ou menos tempo, tudo estará explicado. Deus, na sua justiça, não podia ter criado almas mais perfeitas e outras menos perfeitas, mas, com a pluralidade das existências, a desigualdade que vemos nada tem de contrário à mais rigorosa equidade. É porque só vemos o presente e não o passado, que não o compreendemos. Este raciocínio repousa sobre algum sistema, alguma suposição gratuita? Não, pois partimos de um fato patente, incontestável: a desigualdade de aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral. E verificamos que esse fato é inexplicável por todas as teorias correntes, enquanto a explicação é simples, natural, lógica, por uma nova teoria. Seria racional preferirmos aquela que nada explica à outra que tudo explica?
 No tocante à sexta pergunta, dirão sem dúvida que o hotentote é uma raça inferior. Então perguntaremos se o hotentote ó ou não humano. Se é humano, por que teria Deus, a ele e a toda a sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se o não é, por que procurar fazê-lo cristão? A doutrina espírita é mais ampla que tudo isso. Para ela, não há muitas espécie de homens, mas apenas homens, seres humanos cujos espíritos são mais ou menos atrasados, mas sempre suscetíveis de progredir. Isso não está mais conforme à justiça de Deus?
 Vimos a alma no seu passado e no seu presente. Se a considerarmos quanto ao futuro, encontraremos as mesmas dificuldades.
   1. Se a existência presente deve ser decisiva para a sorte futura, qual é, na vida futura, respectivamente, a posição do selvagem e a do homem civilizado? Estarão no mesmo nível ou estarão distanciados no tocante à felicidade eterna?
   2. O homem que trabalhou toda a vida para melhorar-se estará no mesmo plano daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas porque não teve o tempo nem a possibilidade de melhorar?
   3. O homem que praticou o mal, por não ter podido esclarecer-se, culpado por um estado de coisas que dele em nada dependeu?
   4. Trabalha-se para esclarecer os homens, para os moralizar e civilizar. Mas, para um que se esclarece, há milhões que morrem cada dia antes que a luz consiga atingi-los. Qual é a sorte destes? Serão tratados como réprobos? Caso contrário, o que fizeram eles para merecerem estar no mesmo plano que os outros?
      5. Qual é a sorte das crianças que morrem em tenra idade, antes de poderem ter feito o mal ou o bem? Se estiverem entre os eleitos, por que esse favor, sem nada terem feito para o merecer? Por que privilégio foram elas subtraídas às tribulações da vida?
      Há uma doutrina que possa resolver essas questões? Admiti as existências sucessivas, e tudo estará explicado de acordo com a justiça de Deus. Aquilo que não pudermos fazer numa existência, faremos em outra. É assim que ninguém escapa à lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, e ninguém é excluído da felicidade suprema, a que pode aspirar, sejam quais forem os obstáculos que encontre no seu caminho.
      Essas questões poderiam ser multiplicadas ao infinito, porque os problemas psicológicos e morais que não encontram solução, a não ser na pluralidade das existências, são inumeráveis. Limitamo-nos apenas aos mais gerais. Seja como for, talvez se diga que a doutrina da reencarnação não é admitida na Igreja; isto seria, portanto, a subversão da religião. Nosso objetivo não é, no momento, tratar desta questão, bastando-nos haver demonstrado que ela é eminentemente moral e racional. Ora, o que é moral e racional não pode ser contrário a uma religião que proclame Deus como a bondade e a razão por excelência. O que teria acontecido à religião se, contra a opinião universal e o testemunho da Ciência, tivesse resistido à evidência e expulsado de seu seio quem não acreditasse no movimento do sol e nos seis dias da criação? Que crédito mereceria e que autoridade teria, entre os povos esclarecidos, uma religião baseada nos erros evidentes, oferecidos como artigos de fé? Quando a evidência foi demonstrada, a Igreja sabiamente se alinhou ao seu lado. Se está provado que existem coisas que seriam impossíveis sem a reencarnação, se certos pontos do dogma não podem ser explicados senão por este meio, será necessário admiti-la e reconhecer que o antagonismo entre essa doutrina e os dogmas é apenas aparente. Mais tarde mostraremos que a religião talvez esteja menos afastada desta doutrina do que se pensa, e que ela não sofreria mais, ao admiti-la, do que com a descoberta do movimento da Terra e dos períodos geológicos, que a princípio pareciam opor um desmentido aos textos sagrados. O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de muitas passagens das Escrituras, encontrando-se especialmente formulado, de maneira explícita, no Evangelho:
     — “Descendo eles da montanha (após a transfiguração), Jesus lhe: preceituou, dizendo: — Não digais a ninguém o que vistes, até que o Filho do Homem seja ressuscitado de entre os mortos. Seus discípulos então o interrogaram, e lhe disseram: — Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro ? E Jesus, respondendo, lhes disse: — Em verdade, Elias virá primeiro e restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes o fizeram sofre, tudo quanto quiseram. Assim também eles farão morrerão Filho do Homem. Então entenderam os discípulos que era de João Batista que ele lhes havia falado. “ (São Mateus, cap. XVII.)
      Ora, se João Batista era Elias, houve então a reencarnação do Espírito ou da alma de Elias no corpo de João Batista.
      Seja qual for, de resto, a opinião que se tenha sobre a reencarnação, que a aceitem ou não, ninguém a ela escapará por causa da crença em contrário. O ponto essencial é que se apóia na imortalidade da alma, nas penas e recompensas futuras, no livre-arbítrio do homem, na moral do Cristo, e, portanto, não é anti-religioso.
      Raciocinamos, como dissemos, fazendo abstração de todo o ensinamento espírita, que, para certas pessoas, não tem autoridade. Se, como tantos outros, adotamos a opinião referente à pluralidade das existências, não é somente porque ela veio dos Espíritos, mas porque nos parece a mais lógica e a única que resolve as questões até então insolúveis. Que ela nos viesse de um simples mortal, e a adoraríamos da mesma maneira, não hesitando em renunciar à nossas próprias idéias. Do mesmo modo, nós a teríamos repelido, embora viesse dos Espíritos, se nos parecesse contrária à razão, como repelimos tanta outras. Porque sabemos por experiência que não se deve aceitar de olhos fechados tudo o que vem dos Espíritos, como aquilo que vem da parte do homens. Seu primeiro título aos nossos olhos é, e antes de tudo, o de se lógica. Mas ainda tem outro, que é o de ser confirmada pelos fatos: fato positivos e por assim dizer materiais, que um estudo atento e raciocinado pode revelar a quem se der ao trabalho de observá-los com paciência perseverança e diante dos quais a dúvida não é mais possível. Quando esses fatos se popularizarem, como os da formação e do movimento da Terra, ser necessário reconhecer a evidência, e os seus opositores terão gasto em vão os argumentos contrários.
       Reconhecemos, em resumo, que a doutrina da pluralidade das existências é a única a explicar aquilo que, sem ela, é inexplicável. Que é eminentemente consoladora e conforme à justiça mais rigorosa, sendo para o homem a tábua de salvação que Deus lhe concedeu, na sua misericórdia.
       As próprias palavras de Jesus não podiam deixar dúvida a respeito. Eis o que se lê no Evangelho segundo São João, capítulo III:
       “3. Jesus, respondendo a Nicodemos disse, — Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
       “4. Nicodemos lhe disse: — Como pode um homem nascer, quando está velho?” Pode ele entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer uma segunda vez?
 
 “5. Jesus respondeu:— Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do espírito é espírito. Não te maravilhes de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo.” (Ver a seguir, o artigo Ressurreição da carne, item 1010.)
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:18
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Terça-feira, 16 De Março,2010

ELIAS SUBIU AO CÉU? OU NINGUÉM JAMAIS SUBIU AO CÉU?

 

 

A Bíblia diz que Elias foi para o céu eu vida.  A mesma Bíblia diz que ninguém jamais subiu ao céu? Qual é a verdade?

SUBIU...
"E, indo eles caminhando e conversando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho" (II Reis, 2: 11).

OU NÃO?
"Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem." (João, 3:13).
E aí? Onde está a verdade?

“’Não há confirmação irrefutável de que o homem Jesus tenha vivido’, diz Robert Funk, teólogo da Universidade de Montana e um dos bravos acadêmicos do Seminário de Jesus. ‘Existem argumentos propondo que Jesus é a somatória de várias personagens, ou que sua pessoa possa ter sido inflada até chegar à condição de mito’, diz. De fato é preciso se entregar a uma formidável devoção ao fundamentalismo para se acreditar piamente no que a Bíblia contém sobre o assunto. As Escrituras são contraditórias e incompletas. Na verdade, mais simbólicas do que documentais.” (Istoé, 20/12/2000, pág. 60). Aí não é um ateu, mas um teólogo, que reconhece as contradições das escrituras sagradas.
Observe a genealogia de Jesus registrada por Mateus e a escrita por Lucas. Se uma estiver certa, a outra estará errada. Se uma pode estar errada, a outra também pode. Como aceitar que essa palavra divina seja verdade? A palavra inspirada não poderia contradizer-se. Se se contradiz tem tanta segurança como a minha palavra ou a sua, que deve ser verificada. Eu posso pensar que estou dizendo a verdade e estar enganado. Entretanto, tenho a prova de que pelo menos um dos dois evangelistas estava enganado; e com base e muitos estudos realizados,
afirmo que todas as duas genealogias são mitos 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 21:30
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REENCARNAÇÃO E VIDA ÚNICA

 

 

"Não verá o Reino dos Céus aquele que não nascer de novo" - (João, 3:7)

Existe uma incompatibilidade entre a crença na Reencarnação e na unicidade das existências.

A Reencarnação guarda íntima relação com a misericórdia infinita de Deus.

Ora, se Deus é justo, equitativo, soberanamente bom e misericordioso, jamais poderia fazer com que seus filhos tivessem somente uma existência em corpo físico, pois, se se tornasse aceitável essa teoria, seria sumamente difícil explicar as anomalias que ocorrem na vida do ser humano.

Na verdade, o Pai Celestial não seria justo, se não concedesse à criatura recalcitrante, pecadora, a oportunidade de novas vidas, para resgatar o passado delituoso e retomar a senda do progresso, através da qual se aproximaria, cada vez mais, do seu Criador. Pela unicidade das existências ficariam sem explicação, representando uma anomalia na Justiça Divina, os seguintes casos:

Por que um indivíduo nasce abastado, na riqueza terrena, e outro não tem sequer "o pão de cada dia"?

Por que um Espírito encarna no corpo de uma pessoa que desfruta da melhor saúde, e outra nasce e, desde o berço, torna-se portadora de uma doença incurável, da Aids, por exemplo?

Qual a razão por que um Espírito encarna num centro civilizado, e outro nasce oriundo de uma tribo selvagem?

Por que uma criatura desfruta de uma vida de 60 ou 70 anos, passando por todas as tribulações, todos os tropeços da vida, ao passo que outra desencarna com poucos meses, ou anos, sem ter sequer enfrentado nenhum gênero de problema?

Qual a razão de um indivíduo nascer com uma in­teligência incomparável e outro nascer um néscio? Por que um aluno de determinada escola aprende tudo com invejável rapidez, e, outro enfrenta as maiores dificuldades para perfazer o currículo de sua escola?

Por que um pode frequentar a melhor Universidade, formando-se na profissão desejada, e outro nem pode frequentar uma simples escola?

Aquele que foi avarento, perdulário, poderá nascer mendigo ou em deplorável estado de pobreza. Aquele que malbaratou a saúde em viciações, orgias, poderá nascer com uma saúde bastante precária.

Aquele que foi racista poderá renascer no seio do povo ou raça que repudiou. Todas essas discrepâncias são explicáveis à luz da Lei da Reencarnação, e jamais encontram razoáveis explicações na teoria da unicidade das existências.

Além de tudo o que foi exposto, apelamos para os Evangelhos de Jesus, a fim de sentirmos o que o Mestre pensava sobre a Reencarnação:

No Evangelho segundo João (3:4) Jesus diz a Nicodemos: "Ninguém verá o Reino dos Céus, se não nascer de novo." Em João (9:1-3), "ao depararem com um cego de nascença, os Apóstolos indagam de Jesus: Quem pecou para que ele nascesse cego? Este ou seus pais? Ora, se fosse ele, somente poderia ter pecado em existências pretéritas, uma vez que era cego desde o berço.

O Mestre não verberou os Apóstolos por terem feito uma pergunta desse gênero. Apenas, limitou-se a dizer que nem ele nem seus pais haviam pecado. Que ele nasceu cego, para que nele fossem manifestadas as obras de Deus".

Em Mateus (17:10-13), "os Apóstolos presenciaram a comunicação de Jesus com os Espíritos de Moisés e Elias, no alto do monte Tabor. Ora, se as Escrituras afirmavam que Elias viria à frente de Jesus, e Elias era um Espírito desencarnado, como se explicar o fato? Jesus respondeu: Elias veio primeiro e os homens não o conheceram e fizeram dele tudo o que quiseram. Então, os Apóstolos compreenderam que ele falava de João Batista.

Elias havia reencarnado em João Batista e realmente foi o PRECURSOR DE JESUS".

Em Mateus (11:13-14) "o pronunciamento de Jesus foi: "Se queres dar crédito, João Batista era o Elias que havia de vir". Acreditamos que não possa haver melhor testemunho que o do próprio Jesus Cristo em favor da Reencarnação.

A REENCARNAÇÃO possibilita ao Espírito que pecou em uma ou mais vidas, dando-lhe a oportunidade do resgate e a volta ao caminho certo, para isto, ser-lhe-á dada tantas quantas reencarnações forem necessárias.

Paulo A. Godoy

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:51
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O PLANO DA VIDA APÓS A MORTE

 

 

O primeiro plano do Mundo Espiritual é bem parecido com o plano em que vivemos, o plano terrrestre.

Pode-se dizer que o nosso plano de vida aqui, na Terra, é uma cópia materializada do primeiro plano da Vida Espírita.

O que existe na Terra, existe nesse plano do mundo espírita, sendo que ele contém ainda mais alguma coisa do que existe no nosso mundo. Mas é muito mais aperfeiçoado, mais belo, sem comparação; e tudo o que existe, está claro, é formado de matéria contida nesse plano de vida, ou mundo.

O termo "mundo", na linguagem espírita, não exprime somente os planetas, os globos, mas também as camadas que chamamos atmosféricas e que envolvem os planetas, os cometas, as estrelas ou sóis, e outros mundos imperceptíveis mesmo aos astrônomos e aos que se dedicam às coisas espirituais. Poderíamos chamar esses mundos de mundos aéreos, entretanto reais, pois é neles que vivemos a nossa vida verdadeira. Nos mundos materiais a nossa vida é ligeira, aparente, transitória, sujeita aos cinco sentidos e limitada à personalidade, ao passo que, no Mundo Espírita, não é a personalidade que vive, mas sim a individualidade, com o sentido amplo que abrange o seu passado.

De modo que, como foi dito pelos Espíritos que ditaram ensinos a Allan Kardec, o Mundo Espiritual é um reflexo aperfeiçoado do mundo material. Com efeito, os videntes vêem esse reflexo assim como os poetas e pensadores, debruçados à beira-mar vêem em suas águas retratados os astros e as estrelas dos céus.

Para os homens na Terra, essa visão não passa de miragem, de reflexo, mas para os habitantes do Mundo Espírita, esse reflexo é tão real, como é real, na Terra, o que o homem vê, observa e executa: as cidades, casas, veículos, etc .. (Nossas citações são comparativas; fazemo-las assim como um índio que tivesse ido a uma cidade ou a uma metrópole e, de volta, a descrevesse à sua tribo).

Acresce, porém, que o Mundo Espírita não limita a sua evolução somente ao reflexo, isto é, não contém só o que contém a Terra, porém muito mais, pois é claro que, sendo ele o "Mundo Normal, Primitivo", o que existe na Terra é originário desse mundo. Todas as novidades, todas as novas descobertas, os melhoramentos que o mundo terreno vai tendo, vêm do Mundo Espiritual e são uma cópia grosseira, materializada, do que existe no Mundo Espiritual.

Esse Mundo Espiritual é muito maior do que o mundo material; nem pode haver comparação, senão muito relativa, seja em estrutura, nas belezas da Arte, nas maravilhas da Ciência, na altura da concepção dos seres intelectuais e das coisas, na harmonia, etc.; em tudo ele excede, mas excede muito ao mundo material.

Basta dizer que a vida, ali, é isenta do "ganha pão", do "ganha roupa" e do "ganha cobertura". O trabalho é muito mais suave, independente de suores, fadigas, canseiras, e ainda mesmo esse trabalho, conquanto seja obrigatório, como o é o trabalho na Terra, tem o seu limite para permitir as distrações, o estudo, a formação do intelecto, o progresso do Espírito.

Os que se amam constituem-se em famílias, obedecem às leis sociais de respeito mútuo, muito mais ainda do que na Terra. Entretanto, nesse plano de existência, mormente no momento atual, o bem-estar tem sido terrivelmente perturbado pela ação nefasta de Espíritos maléficos, que vão deixando a Terra atormentados pelas guerras, epidemias, suicídios e catástrofes de várias espécies. ( No estado ordinário, sem contar as vitimas de guerras e de cataclismos, morrem diariamente, no mundo, cerca de 100 mil pessoas (1932)).

Devemos acrescentar que esse plano de vida está ainda muito distante da felicidade. E quando dizemos que ele é belo e admirável, fazemo-lo sempre em relação ao mundo material, onde predominam paixões de todos os gêneros e o vil interesse dos bens materiais.

Propositalmente com o intuito de trazer revelação sobre a Vida Espiritual, e para que não a julguem milagrosa, abstrata, é que deliberamos publicar este trabalho.

Finalmente, vamos repetir: a vida Além do Túmulo não se cifra num Inferno candente, num Purgatório de labaredas, num Céu de beatífica e nula contemplação, num mistério, numa abstração; lá existem cidades flutuantes, sonhos de Júlio Verne, grandes avenidas, largas praças, jardins esplêndidos, museus, ruas belíssimas, onde se destacam magníficos edifícios, construções que maravilhariam os maiores arquitetos da Terra, onde cruzam e se multiplicam veículos de que o homem ainda não pode fazer idéia; ascensores que conduzem aos planos superiores, e, para determinados fins, os Espíritos inferiores, que, pela sua materialidade, não se podem elevar ao azul do firmamento.

Enfim, lá a vida é tão intensa, o movimento tão acentuado, que confunde os Espíritos menos avisados, como confuso e boquiaberto ficaria o sertanejo que do mundo nada conhecesse a não ser o recanto em que nasceu e fosse transportado para um dos centros principais do mundo terrestre, por exemplo, Londres ou Paris.

Esse ar que nos envolve e parece ser o vácuo, o nada, é um mundo de seres e de coisas, que não podem ser percebidos por nós, devido à deficiência da nossa retina, que só percebe a matéria densa, conglomerada.

Os Espíritos, logo que partem da Terra, pela transformação da morte, acostumados às sensações grosseiras e às percepções que lhe são dadas exclusivamente pelos cinco sentidos, não vêem logo as coisas espirituais, não as percebem, e então continuam a utilizar-se desses mesmos sentidos; mas, não tendo mais o corpo carnal que lhes servia de "periscópio", encostam-se às pessoas da Terra que lhes são similares, para, com o auxílio destes intermediários, satisfazerem seus desejos materiais, pelos sentidos psíquicos. Com razão, pois, se diz, que ao lado de cada homem, de cada pessoa, existem muitos Espíritos. E esse fato tem sido verificado pelos médiuns videntes, que os enxergam até mesmo, tomando parte nos nossos negócios, viagens, diversões.

Pelas casas, pelas ruas, pelas praças, estradas de ferro, automóveis, carros, carroças, andam milhares de Espíritos; em toda parte eles são encontrados: nos jantares, nos bailes, nos teatros, nas igrejas.

Esses Espíritos, de condição inferior, são os designados com o nome de familiares, na Doutrina Espírita.

Não queremos dizer, com isto, que todos os familiares sejam ruins, atrasados e sofredores; há os em diversas escalas de bondade e de sabedoria, como existem na Terra pessoas de todas as categorias.

Alguns são missionários, que poderiam estar num plano superior, mas preferem auxiliar parentes e amigos que aqui deixaram. Outra multidão de missionários vive em nossa atmosfera, guiando os Espíritos atrasados, protegendo e auxiliando os homens de boa vontade: iniciam na vida espiritual os que para lá se passam; preparam para uns, novas encarnações; exilam outros para mundos inferiores, ou para outros planetas.

Esses casos são muito comuns no Mundo Espírita; é o que aqui na Terra chamamos "lei da deportação". Quando o indivíduo é perigoso, obstinado criminoso contumaz, irredutível, os governos da Terra, encerram-no num presídio, ou deportam-no para outra nação; no Mundo Espírita, em semelhantes condições, enviam o Espírito, ou para um presidio, onde receba instrução e fique preso, ou para outro Planeta mais atrasado, com a dupla vantagem de que, ele levará aos habitantes dessas outras Terras alguma novidade que aprendeu, ao mesmo tempo que, aguilhoado pelo sofrimento, regenera-se e efetua o seu progresso.

No Mundo Espiritual há o princípio de autoridade, e disso temos muitas provas, seja pela cura de obsessões, seja na cura de moléstias, dadas pela Ciência como incuráveis e que não são mais que a ação de Espíritos maléficos, odientos, rancorosos, ciumentos, invejosos, cuja ação cessa quando eles são chamados à ordem e cedem ao principio de autoridade.

Contudo, não é demais repetir que, no momento atual, também o Mundo Espírita passa por grande crise, cujo reflexo se vê na Terra. Mas a crise não é definitiva: é sempre um tempo curto de revoluções, que tem um fim; esperamos que muito breve a crise do mundo material seja superada, para que mais depressa seja abafada a crise no Mundo Espírita, pois reciproca é a ação de um mundo sobre o outro.

A deportação, para outros planetas, de um verdadeiro Império de Perturbadores, que há séculos vem aniquilando e avassalando tanto o mundo Terra quanto o Mundo Espírita, dará fim a essa crise.

E é por esse motivo que vós, espíritas, não podeis ainda consolidar as vossas mais altas aspirações, cumprindo com alegria as provas que, por Deus, vos foram impostas; e ao mesmo tempo vos é difícil manter intima relação com os Espíritos que vos auxiliam.

Os efeitos dessa crise também concorrem paara os insucessos de muitas curas e a ineficácia das preces que fazeis, bem como prejudicam experiências probativas da Imortalidade.

Mas tudo passará breve e as duas Humanidades, ligadas por um mesmo Ideal, marcharão apressadamente para tornarem o Mundo Terreno uma habitação superior, ao menos bem confortável, e o Mundo Espírita, um Paraíso para o descanso e úteis diversões, ao mesmo tempo, uma Escola de Progresso, a oferecer aos que deixarem a Terra novas oportunidades.

Tudo vai ser reformado, tudo vai ser remodelado para o Império do Bem e do Belo, porque o Reinado do Cristo Jesus se avizinha e se proclama em todo o mundo e no Espaço.

Cairbar Schutel
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:32
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Domingo, 14 De Março,2010

TRADUÇÕES MENTIROSAS DA BÍBLIA

 Nós espíritas não somos versados em Bíblia, nem mantemos muita preocupação com as diversas traduções que fazem dos livros, considerados por muitos, sagrados. Também não temos o hábito de analisar ou combater o pensamento dos outros, respeitando o direito que todas as pessoas têm de entender o mundo à sua maneira e, adorar a Deus, ou ao seu Deus, da forma como lhes convier. Mas, temos, sim, o direito de nos defender, defendendo a doutrina espírita quando ela é vítima de golpes baixos e vis.

Vejamos uma tradução da Bíblia, pertencente a uma determinada seita, feita com evidente má fé por "aqueles que gostam da mentira e a praticam":
"Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas"; Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc.; New York, U.S.A.; 1ª Edição Brasileira, 1967:
Gálatas, 5:19-21 - Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são fornicação, impureza, conduta desenfreada, idolatria, prática de espiritismo, inimizades, rixa, ciúme, acessos de ira, contendas, divisões, seitas, invejas, bebedeiras, festanças e coisas semelhantes a estas.
Revelação, 22:15 - Lá fora estão os cães e os que praticam o espiritismo, e os fornicadores, e os assassinos, e os idólatras, e todo aquele que gosta da mentira e a pratica
Levítico, 20:6 – Quanto à alma que se vira para os médiuns espíritas e para os prognosticadores profissionais de eventos, a fim de ter relações imorais com eles, certamente porei minha face contra essa alma e a deceparei dentre seu povo.
Levítico, 20:27 - E quanto ao homem ou à mulher em quem se mostre haver um espírito mediúnico ou um espírito de predição, sem falta devem ser mortos. Devem atirar neles pedras até morrerem.
Agora, comparemos com os mesmos trechos na tradução clássica em língua portuguesa:
"A Bíblia Sagrada", traduzida em português por João Ferreira de Almeida; Imprensa Bíblica Brasileira; Rio de Janeiro; 32ª Impressão; 1975:
Gálatas, 5:19-21 - Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissenções, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, ...
Apocalipse, 22:15 - Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.
Levítico, 20:6 - Quando uma alma se virar para os adivinhadores e encantadores, para se prostituir após deles, eu porei a minha face contra aquela alma, e a extirparei do meio do seu povo.
Levítico, 20:27 - Quando pois algum homem ou mulher em si tiver um espírito adivinho, ou for encantador, certamente morrerão; com pedras se apedrejarão.
Em qualquer tradução clássica, de qualquer língua, mesmo nos textos mais antigos, vamos encontrar sempre as palavras feiticeiro e feitiçaria, encantadores e adivinhos. Mesmo porque seria impossível aos autores originais - no caso Paulo, o Apóstolo, João, o Evangelista e, principalmente, Moisés -, terem usado os termos espiritismo e médium espírita. Não existia ainda o conceito de espiritismo, muito menos a palavra correspondente. Estes neologismos - espiritismo e espírita -, foram introduzidos na cultura universal por Allan Kardec, em 1857, como modificação das palavras espiritualismo e espiritualista, justamente para definir aqueles espiritualistas que aderem à Doutrina Espírita, por ele codificada.
Quem quer que, sem segundas intenções, sem, repetimos, "gostar da mentira e a praticar", queira usar corretamente o vernáculo, vai descobrir que em todos os dicionários existe uma diferenciação muito grande entre feitiçaria e espiritismo. Ainda que a base fenomênica possa ser a mesma, a feitiçaria é praticada dentro de um contexto mágico, místico e, ás vezes, segundo alguns dicionaristas, até maléfico. Já o Espiritismo surgiu precisamente para retirar dessa fenomenologia - hoje chamada de paranormal -, qualquer laivo de magia, misticismo e superstição. Seus estudos são sempre feitos dentro de rigorosos critérios científicos, e sua prática é inspirada na moral cristã. Basta se estudar, ainda que de forma insipiente, a Doutrina Espírita, para se constatar isto. É bom lembrar, porém, que o Espiritismo, apesar de esclarecer as coisas, não combate a feitiçaria, pois respeita, democraticamente, o direito que tem qualquer pessoa de praticar qualquer coisa, desde que não faça mal a si ou a outrem.
O que há de verdadeiramente criminoso nisso tudo, e passível até de processo judicial, é que está se disseminando entre certas seitas um costume muito perigoso de se eleger o Espiritismo como "bode expiatório" dos fracassos e frustrações de seus adeptos. O princípio é mais ou menos este: "Deus é um senhor muito rigoroso que quer as coisas assim ou assado (o "pastor" ou "ministro" sempre sabe como são), e nos pune porque alguns dentre o povo praticam espiritismo, umbanda ou idolatria". A insuflação de ódio conseqüente a esse pensamento atingiu o paroxismo no episódio dos chutes a uma imagem de Nossa Senhora por um "ministro" de seita (pretenso combate à idolatria), e do ataque e espancamento, também liderado por "pastores", dos umbandista que faziam seus inocentes, típicos e, até turísticos, despachos na praia de Copacabana numa passagem de ano.
Os ataques aos espíritas atingem um grau até maior de sutileza e crueldade. Recentemente, num programa religioso de rádio, um desses "pastores" atendia, ao vivo, telefonemas de fiéis que lhes traziam seus problemas. A certa altura, uma mulher liga reclamando que sua loja vai mal apesar de ela ser crente. Ao invés de ajudá-la procurando melhorar os índices de eficiência de seu empreendimento, o "pastor" começou a procurar culpados por outros caminhos. Perguntou-lhe se ela ia regularmente ao templo, se fazia todas as práticas recomendadas pela seita e, principalmente se pagava regularmente o dízimo. A resposta foi positiva. Ele continuou procurando, pois sua teologia prega que se cumprirmos tudo que "deus" nos exige, as coisas só têm que ir bem. Se vão mal, algum "pecado" cometemos. Estendeu a pergunta: "E seus empregados aí da loja, também são crentes, fazem suas orações, vão ao templo?" A resposta: "Fazem... vão... quer dizer... orações sim, quanto a ir ao templo, tem um deles que não vai; ele é... espírita". O "pastor" emitiu um grunhido histérico de vitória: "Pronto, taí, as coisas vão mal prá você, minha irmã, porque tem um espírita aí no meio..." "Quer dizer que devo mandá-lo embora?" - pergunta a inocente que não sabe pensar por si mesma. Aí o "pastor" vascilou, pois sabe das possibilidades jurídicas de uma indenização trabalhista em casos semelhantes: "Não, não lhe digo nada! Você minha irmã é quem tem que saber o que fazer.. afinal você está em dificuldade, quer que sua loja vá bem..." E não é preciso ser adivinho para saber que o pobre rapaz perderia o emprego por ser espírita!
A história tem nos demonstrado as terríveis conseqüências do fanatismo, da perseguição a minorias, da prática vil de se escolher "bodes expiatórios" para as dificuldades coletivas. Todas as pessoas têm o direito de crerem no que quiserem, mas o risco do fundamentalismo é levar os crentes a crerem legítima até mesmo a eliminação dos que pensam diferente. Eliminação física ou de suas fontes de sobrevivência.
O que eu mais estranho é que essa tradução mentirosa da Bíblia foi feita num país democrático e líder na defesa dos direitos individuais. Será que esses traduttori traditori têm coragem de destilar o mesmo veneno por lá, ou esse ódio é só para exportação?
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 06:04
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