Sexta-feira, 30 De Abril,2010

OS DEZ LEPROSOS

LUCAS, Cap. XVII, vv. 11-19

 

V. 11. Ora, sucedeu que, dirigindo-se para Jerusalém, teve Jesus que atravessar a Samaria e a Galiléia. — 12. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos que pararam ao longe, — 13, e lhe bradaram: Jesus, Mestre, tem piedade de nós. — 14. Assim que os viu, Jesus disse: Ide mostrar-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. — 15. Vendo-se curado, um deles retrocedeu, glorificando a Deus em altas vozes. — 16. E se prostrou, rosto em terra, aos pés de Jesus, rendendo-lhe graças. Esse era samaritano. — 17. Perguntou-lhe Jesus: Os dez não ficaram limpos? Onde estão os outros nove? — 18. Então, nenhum mais, senão este estrangeiro, voltou para glorificar a Deus? — 19. E, dirigindo-se ao estrangeiro, disse: Levanta-te, vai, tua fé te salvou.

 

Aí tendes mais um fato que, para ensinamento dos homens, se produziu, tendo Jesus em mente provar que não basta a quem quer que seja haver nascido sob uma lei religiosa qualquer, aceitar, praticar mesmo seus dogmas, para adquirir méritos perante o Senhor.

 

Qual, daqueles leprosos, o que deu testemunho do seu reconhecimento, rendeu graças a Deus pelo benefício que recebera? Um cismático, que a lei repelia como estrangeiro. Entretanto, sem a lei, mau grado à lei, que ele não aceitava, a fé o salvou.

Não esqueçais nunca este exemplo.

 

Quer estejais, quer não, submetidos à lei, todos sois filhos do Altíssimo, filhos de Deus e todos lhe deveis o culto do vosso reconhecimento, do vosso amor. A cada nova graça que o Senhor vos conceda, fazei como o Samaritano: em vez de prosseguirdes no caminho para dar cumprimento a uma fórmula vã de culto exterior, retrocedei, vêde o que éreis, o que sois, o que o Senhor vos fez e prostrai-vos a seus pés num ímpeto de reconhecimento e de amor.

 

A cura se operou materialmente no momento mesmo em que Jesus pronunciou as palavras: "Ide mostrar-vos aos sacerdotes".

 

Não vos admireis de que, só algum tempo depois de operada a sua cura material, haja dado por ela o leproso samaritano. Jesus regulara a ação dos fluidos e seus efeitos e foi sob a influência espírita que o Samaritano apreciou a sua própria cura. Impelido então pelo reconhecimento, voltou atrás.

 

Que pode haver de espantoso em que os leprosos só se tenham inteirado de estarem curados algum tempo depois de efetuada a cura? Alguém vos disse que eles já iam longe? Jesus ainda se achava no local onde a cena se passara. Não podiam, portanto, estar já muito distantes os leprosos, quando o Samaritano deliberou voltar.

 

Como é, DIZEM, que Jesus, sabendo ser Samaritano o leproso que voltou a lhe render graças, o aconselhou a ir mostrar-se aos sacerdotes? Por um lado, não podia ignorar que esse leproso preferiria fugir-lhes a ir mostrar-se aos sacerdotes e, por outro lado, não ignorava que o ato que lhe recomendava ia de encontro a todas as convicções do Samaritano.

 

Os que assim falam não compreenderam nem as palavras de Jesus, nem o pensamento que as ditou. Mandando que fossem apresentar-se aos sacerdotes, o Mestre falava a todo o grupo dos leprosos. Aquela recomendação, porém, ele a fez somente aos que, dentre os dez, obedientes à lei de Moisés, como Judeus que eram, tinham que cumprir a formalidade de que se trata. Não falou a cada um dos indivíduos. O Samaritano partiu juntamente com os outros, não para preencher a dita formalidade, mas para voltar a sua casa. Foi então que o reconhecimento se manifestou.

 

TAMBÉM DIZEM nada haver de censurável no procedimento dos nove leprosos israelitas. Eles, como o Samaritano, tinham igualmente fé em Jesus, tanto que disseram: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós". Tomaram ao sério as palavras do Mestre e, obedecendo-lhe, foram mostrar-se aos sacerdotes. Sendo judeus, deram-se pressa, obedientes à ordem de Jesus, em cumprir uma obrigação legal. Pensavam que, para testemunhar obediência e reconhecimento ao seu benfeitor, que consideravam um simples profeta, nada de melhor podiam fazer do que, executando pontualmente a ordem recebida, irem, sem voltar atrás, como o Samaritano, satisfazer às prescrições legais, com o que acreditavam agradecer a Deus.

 

Tiveram fé, porém, reconhecimento, não. Deveis compreender que Jesus conhecia o sentimento íntimo que ditava o proceder de cada um e de antemão conhecia também o ensinamento que havia de resultar do fato.

 

PRETENDEU-SE que Jesus se transformou numa espécie de divindade diante da qual o Samaritano se foi prostrar; que, assim, não é o culto de Deus o que se exige, mas o de Jesus.

 

Há aqui ainda um erro. Se os que assim argumentam houvessem querido lembrar-se de que a cena se desenrolou no Oriente e que lá era costume os inferiores se prosternarem diante dos superiores, teriam compreendido o ato do Samaritano que, reconhecendo embora a ação poderosa de Deus, não se julgou menos devedor de gratidão para com aquele que o Senhor considerara digno de lhe servir de intermediário junto dos homens. Diverso não fora o procedimento dos outros leprosos, se o reconhecimento houvesse primeiro ocupado lugar em seus corações.

 

Com o ser, para os leprosos, um profeta, Jesus, para eles, era apenas um instrumento de que o Senhor se utilizava. A Deus é que se dirigiam as ações de graças e não à personalidade de Jesus. Se um soberano vos mandar por um de seus ministros qualquer favor, o ministro não será como que um laço entre vós e o rei que o enviou? E não é ao ministro que apresentais os vossos agradecimentos para que ele os transmita ao soberano? Atentai no que disse Jesus, quando o Samaritano voltou à sua presença: "Os dez não ficaram limpos? Onde estão os outros nove? Então nenhum mais, senão este estrangeiro, voltou para glorificar a Deus? E o Mestre não disse sempre aos homens que ele era o enviado do pai, que deste é que tudo lhe vinha e que nada podia senão pelo pai?

 

PRETENDEU-SE também que os homens, em conseqüência de suas falsas interpretações, de fato substituíram o culto de Deus, Criador universal, UNO, único e indivisível, pelo culto de Jesus transformado em divindade.

 

O fato com que nos vimos ocupando contribuiu para isso e constituiu um dos elos dessa cadeia. Mas estes elos são numerosos. O principal é o titulo de filho de Deus, que Jesus dava a si mesmo, mal interpretado em face destas palavras que foram tomadas ao pé da letra e entendidas segundo a letra: "Meu pai".

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PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

LUCAS, Cap. XV, w. 11-32

 

V. 11. Disse ainda : Um homem tinha dois filhos. — 12. O mais moço disse ao pai : Meu pai, dá-me a parte que me há de tocar dos teus bens. E o pai repartiu com os dois os seus bens. — 13. Poucos dias depois, o filho mais moço reuniu tudo o que era seu, partiu para um país estranho e muito distante e aí dissipou os seus haveres em desregramentos e deboches. — 14. Quando já havia dissipado tudo, grande fome assolou aquele país e ele começou a passar privações. — 15. Foi então e entrou para o serviço de um dos habitantes do país, o qual o mandou para uma sua fazenda a apascentar os porcos. — 16. Aí, muito gostaria ele de encher a barriga com as landes que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. — 17. Afinal, caindo em si, disse : Quantos jornaleiros há, na casa de meu pai, que têm pão em abundância, enquanto que eu aqui morro de fome! — 18. Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e lhe direi : Meu pai, pequei contra o céu e contra ti. — 19. Não mais sou digno de que me chames teu filho; trata-me como a um dos teus jornaleiros. — 20. E levantando-se, foi ter com o pai. Vinha ele ainda longe quando este o viu e, tomado de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. — 21. Disse-lhe o filho: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; não sou mais digno de que me chames teu filho. — 22. O pai disse, porém, a seus servos : Trazei-me depressa a melhor das roupas e vesti-a nele; ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés; — 23, trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e regozijemo-nos; — 24, pois que este meu filho estava morto e ressuscitou; estava perdido e foi achado. E começaram a festejar o acontecimento. — 25. O filho mais velho, que estava no campo, ao aproximar-se de casa, ouviu música e rumor de dança. — 26. Chamou um dos servos e perguntou o que era aquilo. — 27. O servo respondeu: É que teu irmão voltou e teu pai mandou matar um novilho gordo por tê-lo recobrado são e salvo. — 28. O rapaz se indignou e não queria entrar. O pai saiu e se pôs a lhe pedir que entrasse. — 29. Ele, porém, disse: Já lá se vão tantos anos que te sirvo, sem jamais haver transgredido ordem tua e nunca me deste um cabrito para que eu me banqueteasse com meus amigos. — 30. No entanto, ao regressar o teu outro filho, que esbanjou todos os seus bens com meretrizes, logo lhe matas um novilho gordo. — 31. Meu filho, disse o pai, estás sempre comigo e o que é meu é teu; — 32, mas, pelo que respeita a teu irmão, era preciso que nos banqueteássemos e rejubilássemos, porquanto ele estava morto e ressuscitou, estava perdido e foi achado.

 

De há muito o pai de família repartiu entre vós os bens que vos tocavam. Deu a cada um a sua parte. Que fizestes delas? Em vez de lhe testemunhardes o vosso reconhecimento, o vosso amor, esbanjastes os tesouros que ele vos entregou. A parte que vos cabe na herança é a ciência, a virtude, a vida eterna diante do Senhor. Perdestes, dissipastes esses tesouros com as meretrizes e os companheiros de deboches, isto é, nos vícios de toda espécie, em que vos chafurdastes. Depois, a fome se fez sentir, pois que ela é grande no país em que habitais. Compreendestes, então, que precisáveis "viver" e procurais voltar à "casa paterna". Não pareis no caminho, visto que, por mais culpados e miseráveis que sejais, por mais despidos que estejais, o "Pai de família" vos receberá de braços abertos e seus servos se apressarão a festejar o regresso do filho.

 

Que se deve pensar da opinião dos que pretendem que, em face dos vv. 14-18, ao pecador, que é o filho pródigo, o arrependimento e a necessidade de voltar para casa paterna vêm, não do amor do bem, mas do desejo de trocar os tormentos da miséria pela satisfação do bem-estar?

 

O homem sempre esquece que o corpo oculta a alma e que, nos ensinamentos de Jesus (salvo algumas exceções, aliás de si mesmas claras), o corpo não é senão a figura da alma. Ele usava, com relação ao corpo, de palavras figuradas, que só se devem aplicar à alma.

 

Sim, depois de haver esbanjado todos os tesouros que tinha em si mesmo, tesouros de força, de ciência, de sabedoria; depois de haver dissipado o seu tempo e a sua inteligência, o filho pródigo sente a fome que o avassala. Faz-se o vácuo no seu íntimo, domina-o invencível tédio e ele se põe ao serviço das más paixões que o esgotam, sem que suas repugnantes escórias o alimentem. Só então, sofrendo os efeitos da miserável condição em que se encontra, pensa, cheio de amargura, em tudo o que perdeu. Só então se lembra do pai, do seu Deus, tão bom, tão terno, único capaz de lhe restituir os tesouros perdidos.

 

Nesse momento, humilde e arrependido, dirige-se ao Senhor, dizendo: Meu Deus, meu pai, pequei contra ti, julguei-me bastante forte para, dispensando conselhos e proteção, dispor à minha vontade das riquezas que me entregaste; reclamei-as antes de tempo, quando delas ainda me não sabia servir; esgotei-as, meu Deus, e agora eis-me aqui, despojado de tudo, sem mais possuir a inteligência que guia, o amor da ciência, que eleva, a força de lutar, que engrandece.

Tenho fome, devora-me a fome do futuro. Sinto que não me criaste para viver nesta abjeção, as minhas aspirações te buscam., só tu podes reparar as minhas perdas.

Oh! meu pai, abre teus braços paternais para acolher o filho arrependido, restitui à minha alma a força, a inteligência, o amor, a fim de que, compreendendo cada vez mais vivamente as culpas em que incorri para contigo, cada vez mais me esforce pelas reparar.

 

Tendo-se em vista estas palavras de Jesus (Lucas, XIV, vv. 24-35) : "O sal é bom, mas se o sal se torna insípido, com que temperareis?

 

Não servirá mais nem para a terra nem para os adubos, e será, por isso, posto fora; que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir", quais o sentido e o alcance da parábola do filho pródigo?

 

Aquele, que persevera no mal, que recusa ouvir qualquer conselho, é como a semente estéril: não presta para ser lançada à terra, porque nada produzirá; não presta para ser lançada na estrumeira, porque, devendo o estrume auxiliar a vegetação da terra, o grão estéril que nele se lance, além de inútil para a germinação das outras sementes, ainda se apropriará de uma parte dos sucos nutritivos, para não dar mais do que uma erva abundante e efêmera, nociva ao resto da plantação, sem nada de proveitoso colher para si mesma.

O homem que se obstina no endurecimento fica incapaz de produzir frutos, isto é, de dar exemplos úteis à moralização de seus semelhantes. Absorve os cuidados e a atenção dos que se lhe consagram, ficando esses cuidados e atenções, que em nada lhe aproveitam, de nenhuma utilidade para outros homens de boa-vontade.

Eis porque essas criaturas serão postas fora, isto é, desterradas para mundos inferiores, como se faz com a semente má, que é lançada ao fogo. Aí, passarão, para elas, eternidades de prantos e de gemidos, pois que eternidades de séculos amontoados são necessárias ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento das terras primitivas, são precisas para que estas atinjam, não o grau de superioridade a que se hão de elevar, mas, apenas o nível em que vos achais.

A conversão de um pecador causa grande alegria aos que o amam e esperam, porém não elimina as conseqüências da ofensa feita.

 

Simplesmente as atenua. De fato, que é a expiação? A conseqüência do mal praticado, o esforço para o reparar.

 

Qual o Espírito arrependido que não conserva, seja qual for o perdão obtido, lembrança tanto mais amarga de suas faltas, quanto maior se tenha manifestado a bondade do Senhor?

 

Qual o Espírito que não tentará fazer voluntária e alegremente tudo o que possa por apagar os traços de um passado que o aflige e por merecer os favores de que se sente objeto?

 

A consciência do homem honesto não lhe brada quando, por um arrastamento qualquer, ele se afasta do caminho que reconhece ser o único honroso? E qual o seu maior desejo, senão o de reparar o mal que causou, apagando-o com o bem? Ora, se isto é o que se dá com alguns de vós outros, que não será em se tratando de Espíritos cujos sentidos alcançaram uma sutileza e um desenvolvimento extremos ?

 

A justiça do Senhor segue sempre o seu curso no tocante à expiação e à reparação, que constituem, para o Espírito culpado, as sendas da purificação e do progresso. Mas, aquele que volta sobre seus passos consegue atenuar o futuro, não o esqueçais nunca.

 

Quais, na parábola, o objeto e o fim dos versículos 26-32, relativos ao filho mais velho do pai de família?

 

(Vv. 26-27.) A resposta do servo ao filho mais velho, que o chamara para interrogá-lo, tem por fim mostrar o acolhimento que o Senhor dispensa àquele cujo arrependimento é sincero, as alegrias que lhe proporciona, os socorros espirituais que lhe concede, por efeito desse arrependimento, que o coloca, em condições de avançar, sem mais desfalecimentos nem paradas, pela estrada de que se desviara.

 

(Vv. 28-29-30.) A réplica do filho mais velho do pai de família, quando este lhe pedia que entrasse na sala da festa, tem por fim mostrar a tendência do homem para a inveja, para o egoísmo, inveja e egoísmo que o levam a ter ciúmes do que é feito a seus irmãos, considerando-se superior a estes. Aquela resposta põe em destaque esse egoísmo e essa inveja. Não percebendo as graças que cotidianamente lhe são dispensadas, o homem inveja as que julga concedidas aos outros.

 

Que recompensa lhe deve o Senhor? Não basta lhe conceda participar de suas graças? Notai que a festa celebrada por motivo do regresso do rapaz nenhum compromisso envolve com relação ao futuro, de nenhum trabalho, de nenhuma obrigação o isenta. Festejam-lhe a volta, mas amanhã, amanhã, ele terá que ocupar o seu lugar, que trabalhar e trabalhar com tanto mais zelo e atividade, quanto maior tenha sido o lapso de tempo durante o qual esteve paralisada a obra que lhe cumpre executar.

(Vv. 31-32.) As palavras do pai ao filho mais velho têm por fim mostrar a igualdade de todos perante Deus. O pensamento é idêntico ao da parábola dos trabalhadores da última hora.

 

O pai de família fizera entre os dois filhos a partilha de seus bens. Cada um recebera parte igual da herança. Mas o que não se afastara de casa viveu sempre em comum com o pai (o que é meu é teu), isto é, aproveitando das graças já outorgadas e recebendo diariamente novas graças. Como, porém, o hábito o tornara indiferente, não as percebe e então sente inveja do que vê fazer-se aos que voltam a colocar-se na mesma categoria em que ele se acha.

"Teu irmão estava MORTO e RESSUSCITOU, diz o pai, estava PERDIDO e foi ACHADO."

O Espírito culpado, que se obstina no mal, está morto, no sentido de que o seu estado é o emblema da morte. A morte, na acepção legítima da palavra, é a cessação de todo movimento; logo, numa, acepção figurada, é a cessação de todo progresso. O arrependimento o ressuscita, pondo-o em estado de retomar a sua marcha ascensional. É assim que ele estava perdido e que foi achado.

 

 

NOTAS DA EDITORA — A palavra landes, que se encontra no versículo 16, foi substituída por outros tradutores por — alfarrobas, bolotas, vagens.

A dádiva do anel indicava que o pai não recebia o filho como escravo, visto que naquela época os escravos não podiam usar anéis.

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Quinta-feira, 29 De Abril,2010

OLHEM PARA O VOSSO MUNDO

 

Homens, olhem para vosso mundo. O que estão fazendo deste planeta senão um celeiro de iniquidades onde a maldade, a dor e o sofrimento campeiam por todos os lados? Não percebeis que estais apenas erguendo muralhas ao teu derredor, onde vossos espíritos se agitarão em agonia no futuro?

Onde o amor a Deus?! Na moeda e nas riquezas que a exploração de seu nome pode proporcionar? Pobres criaturas que perambulam pelas avenidas da vida sem rumo certo, envolvidos pelas sombras da insensatez.

Vossas mentes se transtornaram pela luxúria, pelo prazer desvairado e alucinado, pelas facilidades e imediatismos que homens mundanos e espíritos inferiores nutriram em vossas almas.

A cada um segundo suas obras e eis que a miséria, a fome, o crime, vos assaltam os lares, construídos tantas vezes sob alicerces frágeis de ilusões e fantasias.

Julgais então que o que vês é tudo? Oh não, a colheita está apenas começando. Todo o mal que plantaste durante décadas está agora sendo colhido por vós mesmos. São os frutos apodrecidos da má semeadura.

Vossa juventude se perdeu, escravizou-se junto ás drogas, vossas crianças crescem desorientadas, carentes de exemplos edificantes. Vossos idosos jazem nas cátedras do esquecimento acreditando-se realmente inúteis para a sociedade devido aos vossos pensamentos hipnotizantes, mesquinhos e egoístas.

Até quando a venda cobrirá vossos olhos? Acreditais então que permanecendo com ela Deus vos julgará inocente e vos isentará das consequências de Ter permanecido tanto tempo na escuridão quando a luz do Evangelho te alcançava as vistas e convidava-te a viver sob as claridades do Teu amor? Não podeis mais fingir-vos crianças inocentes e ingênuas. Sereis inevitavelmente descobertos e desmascarados, acreditem nisso.

Ninguém está isento de sofrer pela própria rebeldia. Somente os mais incautos depositam confiança neste tipo de pensamento e mesmo para esses chegará o momento propício do despertar, através das sacudidas da dor. Invigilância é sinônimo de possíveis perdas e sofrimentos. Atentem mais do que nunca para a advertência do Cristo que lhes solicitou orar e vigiar para que não venham a sucumbir no minuto seguinte.

As vozes dos seres que atravessaram os portais da morte vêm falar-vos aos corações e preveni-los.

Os campos estão repletos de ervas daninhas e a foice da justiça divina já está preparada para lança-las ao fogo.

Que vejam os que tiveram olhos de ver e ouçam os que tiverem ouvidos de ouvir.

Espírito Luís. 1864

 

 

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POLÊMICA ESPÍRITA

 

Várias vezes já nos perguntaram por que não respondemos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas, dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários e, por vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, em certos casos, é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente, o que seria muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para se instruírem, e não para ouvirem diatribes mais ou menos espirituosas.

Ora, uma vez engajado nesse caminho, difícil seria dele sair, razão por que preferimos nele não entrar, com o que o Espiritismo só tem a ganhar em dignidade. Até agora só temos que aplaudir a nossa moderação, da qual não nos desviaremos, e jamais daremos satisfação aos amantes do escândalo.

Entretanto, há polêmica e polêmica; uma há, diante da qual jamais recuaremos: é a discussão séria dos princípios que professamos. Todavia, mesmo aqui há uma importante distinção a fazer; se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina,sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam de antemão tudo quanto não compreendem, não merecem maior atenção; o terreno ganho diariamente pelo Espiritismo é uma resposta suficientemente peremptória e que lhes deve provar que seus sarcasmos não têm produzido grande efeito; também notamos que os gracejos intermináveis de que até pouco tempo eram vítimas os partidários da doutrina pouco a pouco se extinguem. Perguntamos se há motivos para rir quando vemos as idéias novas adotadas por tantas pessoas eminentes; alguns não riem senão com desprezo e pela força do hábito, enquanto muitos outros absolutamente não riem mais e esperam.

Notemos ainda que, entre os críticos, há muitas pessoas que falam sem conhecimento de causa, sem se darem ao trabalho de a aprofundar. Para lhes responder seria necessário recomeçar incessantemente as mais elementares explicações e repetir aquilo que já escrevemos, providência que julgamos inútil. Já o mesmo não acontece com os que estudaram e nem tudo compreenderam, com os que querem seriamente esclarecer-se e com os que levantam objeções de boa-fé e com conhecimento de causa; nesse terreno aceitamos a controvérsia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que seria muita presunção de nossa parte. A ciência espírita dá os seus primeiros passos e ainda não nos revelou todos os seus segredos, por maiores sejam as maravilhas que nos tenha desvendado. Qual a ciência que não tem ainda fatos misteriosos e inexplicados? Confessamos, pois, sem nos envergonharmos, nossa insuficiência sobre todos os pontos que ainda não nos é possível explicar. Assim, longe de repelir as objeções e os questionamentos, nós os solicitamos, contanto que não sejam ociosos, nem nos façam perder o tempo com futilidade, pois que representam um meio de nos esclarecermos.

É a isso que chamamos polêmica útil, e o será sempre quando ocorrer entre pessoas sérias que se respeitam bastante para não se afastarem das conveniências. Podemos pensar de modo diverso sem, por isso, deixar de nos estimarmos. Afinal de contas, o que buscamos todos nessa tão palpitante e fecunda questão do Espiritismo? O nosso esclarecimento. Antes de mais, buscamos a luz, venha de onde vier; e, se externamos a nossa maneira de ver, trata-se apenas da nossa maneira de ver, e não de uma opinião pessoal que pretendamos impor aos outros; entregamo-la à discussão, estando prontos para a ela renunciar se demonstrarem que laboramos em erro. Essa polêmica nós a sustentamos todos os dias em nossa Revista, através das respostas ou das refutações coletivas que tivemos ocasião de apresentar, a propósito desse ou daquele artigo, e aqueles que nos honram com as suas cartas encontrarão sempre a resposta ao que nos perguntam, quando não a podemos dar individualmente por escrito, uma vez que nosso tempo material nem sempre o permite. Suas perguntas e objeções igualmente são objeto de estudos, de que nos servimos pessoalmente, sentindo-nos felizes por fazer com que nossos leitores os aproveitem, tratando-os à medida que as circunstâncias apresentam os fatos que possam ter relação com eles. Também sentimos prazer em dar explicações verbais às pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferências assinaladas por recíproca benevolência, nas quais nos esclarecemos mutuamente.

REVISTA ESPÍRITA Novembro de 1858, pags. 443 a 445

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publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:53
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Quarta-feira, 28 De Abril,2010

PRECE A SABEDORIA INFINITA

 

De pé sobre a Terra, meu sustentáculo. Minha nutriz e minha mãe, elevo os meus olhares para o infinito, sinto-me envolvido na imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal me penetram e fazem vibrar  meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, aviventam em mim  a existência. Por toda parte onde a minha vista se estende, por toda parte a que minha inteligência se transporta, vejo, discirno contemplo a grande harmonia que rege os seres e, por vias diversas, os faz rumar para um fim único e sublime. Por toda parte vejo irradiar a Bondade, o Amor, a Justiça!

 Ó meu Deus! Ó meu Deus! Ó meu Pai! Fonte de toda sabedoria, de todo o amor, Espírito Supremo cujo nome é Luz, eu te ofereço meus louvores e minhas aspirações! Que elas subam a Ti, qual um perfume de flores, qual sobem para o céu os odores inebriantes dos bosques. Ajuda-me a avançar na senda sagrada do conhecimento, para uma compreensão mais alta de tuas leis, a fim de que se desenvolva em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana; pois sei que pelo meu aperfeiçoamento moral,  pela realização, pela aplicação ativa em torno de mim e, em proveito de todos, da caridade e da bondade aproximar-me-ei de ti, e merecerei conhecer-te melhor, comungar mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a desprender-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a obscuridade que me envolve; depõe em minha alma uma centelha desse fogo divino que aquece e abrasa os Espíritos das esferas celestes. Que tua doce luz e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se derramem sobre todos os seres.

 

Léon Denis

Tirado do livro “O grande Enigma”

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Terça-feira, 27 De Abril,2010

ESTE ERA LUTERO

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:03
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COMPROVANDO A REENCARNAÇÃO

 

O delegado João Alberto Fiorini vem fazendo um trabalho exemplar de pesquisa científica na área da reencarnação, coletando casos e evidências em todo o país, e submetendo-as a análise criteriosa.

O delegado João Alberto Fiorini – cujo trabalho foi apresentado na edição anterior de Espiritismo & Ciência – continua desenvolvendo seu trabalho de pesquisa científica na área da reencarnação, levantando uma série de casos que, na pior das hipóteses, representam enigmas interessantes e que merecem maior atenção.

Já apresentamos a linha principal dessa pesquisa, e agora vamos observar mais de perto alguns dos casos com os quais o pesquisador entrou em contato.

Fiorini se envolveu numa série de investigações, a princípio tentando identificar impressões digitais de seres encarnados com as impressões daqueles que já desencarnaram. Ele está convicto de que será impossível encontrar duas impressões exatamente iguais, mas as possíveis semelhanças encontradas podem indicar um caminho interessante para a pesquisa.

Da mesma forma, outros sinais corpóreos – como marcas de nascença e outros traços marcantes – podem ser uma indicação segura para a pesquisa de reencarnação.

Nesse sentido, o delegado levantou alguns casos interessantes, nos últimos meses. Um desses casos ocorreu em Alagoas – os nomes dos envolvidos não serão citados – e envolve o senhor J., desencarnado em 1997, e seu neto, nascido em 1999. O pai da criança resolveu entrar em contato com Fiorini devido a um sonho que teve. No sonho, apareceu-lhe um velho amigo de seu pai, e ele aproveitou para lhe perguntar sobre seu genitor. A resposta foi que o senhor J. “estava se preparando para voltar”, ou seja, reencarnar. Nessa época, sua esposa sequer estava grávida.

Alguns dias depois, sua irmã também teve um sonho no qual uma voz lhe avisava que “o próximo a nascer na família será o senhor J.”. A criança nasceu na data referida, e apresentou alguns sinais interessantes que podem, de fato, indicar um caso de reencarnação.

Quando o senhor J. tinha cerca de 18 anos, sofreu um acidente com uma espingarda de chumbo para caça, que disparou em sua mão direita. Apesar dos chumbos terem sido retirados, um permaneceu na junta do polegar direito, provocando uma deformação, que ele sequer se incomodou em tentar corrigir.

Mais tarde, já em idade avançada, tentou uma cirurgia – sem sucesso – de modo que seu polegar ficou permanentemente curvado para a palma da mão. O que chamou a atenção de todos foi que, alguns meses após o nascimento da criança, ficou comprovado que ela apresentava a mesma característica que o avô no polegar direito, ou seja, este era levemente curvado para a palma da mão.

Outro detalhe também chamou a atenção de Fiorini ao investigar o caso. Antes do senhor J. falecer, ele teve um aneurisma cerebral, do lado parietal esquerdo do cérebro, o que paralisou todo o lado direito do corpo. Seu neto apresenta sinais de ser canhoto, o que levanta a possibilidade de que o aneurisma tenha influenciado o perispírito. Claro que isso não comprova um caso de reencarnação, mas é mais uma evidência que vem se somar às demais levantadas.

Digitais

Na linha das impressões digitais, João Alberto Fiorini também teve acesso a um caso no Ceará, envolvendo a senhora M.L., desencarnada em 1989, e sua possível reencarnação, o menino J.V., nascido em 1999. Nesse caso, as impressões digitais das duas pessoas foram colhidas e submetidas a exame datiloscópico.

A história chegou ao conhecimento de Fiorini por meio de um grupo espírita cearense, e teve início quando a jovem F.A., que vivia na companhia de uma família desde sua infância, ficou grávida. As pessoas da família ficaram surpresas, entendendo que aquele ser não estava para vir ao mundo por acaso, mas por determinação espiritual.

O passo seguinte, portanto, foi ter acesso aos irmãos instrutores espirituais e solicitar informações a respeito da situação. A resposta deles foi que se tratava, na verdade, da reencarnação da citada senhora M.L., também relacionada à família, e que havia desencarnado há poucos anos. Essa senhora teria uma necessidade de se reajustar com a Lei Divina e, dessa forma, renasceu em um corpo masculino, pois somente assim poderia cumprir adequadamente sua missão.

Uma primeira avaliação das impressões digitais foi realizada, constatando-se que elas são do mesmo padrão. O delegado Fiorini também apresentou as digitais para uma avaliação independente da primeira, e o resultado foi que elas “apresentam coincidências em seu tipo fundamental”, ou seja, têm o mesmo padrão datiloscópico. O perito também comprovou que tanto a desencarnada quanto o encarnado possuem o mesmo número de linhas − doze − nas digitais.

Mais uma vez, é preciso que se diga que não se trata de uma comprovação científica de reencarnação, mas sim, de mais uma evidência levantada nesse sentido. Fiorini destacou que é impossível existir duas impressões exatamente iguais, mas as semelhanças podem ser significativas, e esse trabalho de coletar casos semelhantes vem se somar ao de outros pesquisadores, como o dr. Hernani Guimarães Andrade, e o dr. Ian Stevenson, que há anos vem coletando relatos de crianças que falam sobre vidas passadas, em todo o mundo.

Marcas no Corpo

Fiorini foi convidado por uma família de Avaré, São Paulo, para investigar um caso que teve origem em 1971. Na época, um homem de 31 anos de idade foi vítima de um disparo acidental de arma de fogo, vindo a falecer. A família disse que, após vinte anos, ele teria renascido como seu neto, e que existiam fortes indícios nesse sentido.

“A partir daí”, diz João Alberto, “passei a efetuar várias perguntas de praxe, além de estudar minuciosamente o inquérito policial, bem como suas peças complementares como certidão de óbito, auto de levantamento de cadáver, laudo de exame de corpo de delito, auto de exame do instrumento do crime e, por fim, um exame cardiológico chamado de ecocardiografia, o qual muito me chamou a atenção”.

Pelo exame do auto de levantamento de cadáver, Fiorini percebeu que o calibre da arma em questão era 6.35mm. Coincidentemente, o exame cardiológico da criança apresentava uma fissura interventricular medindo 6mm no ventrículo esquerdo do coração. Ou seja, o calibre da arma era quase o mesmo da fissura no coração. Posteriormente, a criança, que hoje já tem 11 anos, faria uma cirurgia de correção para fechar o orifício interventricular.

Mais que isso, Fiorini também solicitou um exame datiloscópico das impressões do falecido e da criança, e o resultado foi que as impressões eram quase idênticas, de tal forma que foram necessários vários dias para se encontrar pequenas diferenças entre elas. “Não tive mais dúvidas”, diz Fiorini. “Estava diante de uma situação com fortíssimas evidências de reencarnação, embora o tempo de intermissão fosse de vinte anos”.

Inicialmente, o caso foi tido como de um suicídio, mas no relatório da autoridade policial, é dito que a esposa da vítima é de opinião que ocorreu um disparo acidental da arma, uma vez que, na oportunidade, o marido não apenas estava calmo como também fazia planos para o futuro, pensando em adquirir a casa onde residiam.

Esses casos podem somar-se a uma série de outros semelhantes, acumulando evidências fortes no sentido de comprovar a reencarnação, desde que sempre analisados com o critério científico rigoroso proposto pelo delegado João Alberto Fiorini.

Comprovando a Reencarnação

Gilberto Schoereder

Ainda não foi possível comprovar a reencarnação através das impressões digitais, mais a excelente idéia já esta sendo aproveitada por João Alberto Fiorini e, em breve, é possível que tenhamos novidades nesse campo.

As técnicas para se investigar e comprovar possíveis casos de reencarnação já são conhecidas no meio espirita . Nos últimos anos, João Alberto Fiorini, delegado de Polícia atuando na Agência de Inteligência do Paraná, vem desenvolvendo um novo método, especialista em impressões digitais, ele entende que é possível confirmar um caso de reencarnação utilizando essa forma de pesquisa cientifica.

Esse caminho começou a ser seguido em 1999. Na época, João Alberto se recuperava de uma cirurgia realizada em São Paulo e teve a oportunidade de ler um artigo publicado num jornal, em 1935, escrito por Carlos Bernardo Loureiro. A matéria foi reproduzida no jornal da Federação Espirita do Estado de São Paulo e se referia a um menino que já havia falecido há dez ou quinze anos. O autor da matéria era um dos grandes estudiosos do assunto na época e gostava de comparar impressões digitais.

Fiorini sabia que não é possível existirem duas impressões digitais iguais, mas ainda assim, ele levou a sério e resolveu estudar mais : fazer uma pesquisa para saber se não haveria qualquer possibilidade de se encontrar duas impressões semelhantes.

" Eu já era Espírita " , explica João Alberto , " mais ainda não tinha feito qualquer pesquisa cientifica ".

"A partir daí, comecei a fazer um estudo profundo sobre impressões digitais pesquisando tudo o que poderia existir em livros brasileiros e norte-americanos na área da medicina ".

A pesquisa levou-o a conversar com membros do conselho de dermatologia do Paraná e a conhecer o trabalho do Dr. Agnaldo Gonçalves, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Assim ficou sabendo porque as pessoas tem impressões digitais, impressões palmares e as linhas nas mãos e nos pés.

Em seu livro " Anais Brasileiros de Dermatologia ", o Dr. Gonçalves diz que os desenhos formados nas mãos e pés estariam ligados a genética, variando de mão para mão, de raça e de sexo . " Se você verificar as impressões digitais das mulheres ", informa Fiorini " vai ver que ela tem uma tendência maior à presilha, que é um tipo de desenho " . Mas uma parte da formação dessas linhas – e não se sabe quanto ao certo – pode estar relacionada aos movimentos do feto no útero.

Mesmo no caso dos gêmeos univitelinos, as impressões digitais são diferentes".

PESQUISA

Segundo uma pesquisa realizada anteriormente em Cambridge, Inglaterra, Fiorini também observou as digitais de homossexuais. O estudo inglês havia mostrado que os homossexuais apresentavam características de impressões no polegar direito que se aproximavam das características femininas. Com uma pesquisa realizada principalmente com travestis, o pesquisador brasileiro comprovou que as digitais apresentavam a presilha de uma digital feminina, conhecimento que serviu para seus estudos posteriores.

O normal é que os homens não apresentem a presilha, mais sim o verticilo, outro tipo de desenho. Então ele se perguntou, por que os homossexuais não teriam o verticilo. A situação não fazia muito sentido, cientificamente falando. Ele também observou as digitais de mulheres criminosas que deveriam apresentar presilha.

Mas, ao estudar os sinais, percebeu que a incidência maior era o verticilo – a característica masculina . "Isso me surpreendeu muito " diz Fiorini " e comecei a ver nas impressões digitais algo a que as pessoas não deram muita importância, como se não tivesse interesse científico".

Vendo pelo lado espiritual, explica Fiorini, uma pessoa ao desencarnar, fica de 0 a 250 anos no plano espiritual. Em outras palavras, ela tanto pode reencarnar rapidamente, quanto pode demorar um tempo mais longo; mas, o mais comum é que essa reencarnação ocorra dentro de um período de 40 a 70 anos. Se imaginarmos que uma mulher morre e retorna rapidamente em mais ou menos dois anos, porém ocupando o corpo de um homem, ela virá então trazendo ainda as características femininas. Assim, segundo João Alberto, a questão envolvendo homossexualidade nada tem a ver com desvio de personalidade como muitas pessoas ainda insistem em dizer, mas esta relacionada com a vida anterior e com o fato da reencarnação ocorrer muito próxima . "Eu cheguei a essa conclusão " ele conta. "Eu sou o único que está levando a pesquisa para esse lado. O Dr. Hernani Guimarães Andrade também já pesquisou, mas ele fala apenas do tempo de intermissão. "Eu vou além, entendendo que essas impressões digitais não se alteram quando o espírito reencarna".

METODOLOGIA

A seqüência lógica dos estudos e pesquisas do Dr. João Alberto Fiorini foi entrar em contato com o Dr. Hernani Guimarães Andrade, Presidente do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas - em Bauru São Paulo - a quem Fiorini considera um dos maiores cientistas do mundo em assuntos de reencarnação. Ele também é um nome muito respeitado por parapsicólogos, não apenas do Brasil, mas de todo o mundo.

Outro ponto de apoio para suas investigações foi o exaustivo trabalho do Dr. Ian Stevenson, que já investigou mais de três mil possíveis casos de reencarnação.

Baseando-se em depoimentos de crianças, Stevenson (de reputação internacional) começou a coletar depoimentos de crianças de todas as partes do mundo, sempre que elas se referiam a sua existência numa encarnação anterior.

Stevenson e sua equipe coletavam esses depoimentos, arrumavam as informações que as crianças forneciam sobre suas possíveis vidas passadas e iam ao local em que elas teriam vivido para comprovar ou não essas informações.

Os resultados obtidos foram tão impressionantes que grande parte da comunidade cientifica ficou abalada em suas convicções e noções, até então restritas sobre o tema reencarnação.

A pergunta que o Fiorini fez ao Dr. Hernani foi se era possível um espírito retornar com a mesma digital. Ele respondeu que acreditava ser possível, se a pessoa volta com marcas, sinais, cicatrizes e até mesmo doenças, por que não com as mesmas impressões digitais ?

Conversando com ele, estabeleceu um método de pesquisa que consiste em procurar crianças, geralmente entre quatro anos de idade, que tenham o costume de afirmar que viveram em outro lugar, em outra época, que tiveram determinado tipo de ações ou conheceram certas pessoas. Isso ocorre pelo fato do perispírito dessas crianças não estar adaptado ao corpo somático, adaptação que só irá ocorrer aos sete anos. Se o tempo de intermissão for muito curto - geralmente no Brasil essa reencarnação se dá de dois até oito anos – essas crianças começam a falar sobre suas vidas passadas.

Fiorini recomenda aos pais de filhos pequenos – com até cerca de oito anos de idade – que fiquem atentos às informações que essas crianças fornecem sobre suas supostas vidas anteriores. Sempre que não se force a criança a falar sobre o assunto, mas que anote detalhadamente toda e qualquer informação que ela "deixe escapar".

Ocorre que as crianças, até essa idade, ainda estão muito ligadas ao mundo espiritual de onde vieram – explica o perito – Portanto, as lembranças de suas vidas anteriores ainda estão muito vivas em seu consciente. Com o passar do tempo essas lembranças vão se apagando do consciente e transferindo-se para o inconsciente.

Ele sugere, ainda, que nos casos em que se desconfie que uma criança seja reencarnação de determinada pessoa conhecida, que se busque reunir o maior número possível de evidencias: foto, fichas médica e dentária, e - principalmente - documentos em que constem as impressões digitais do falecido.

Gilberto Schoereder

 

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Sábado, 24 De Abril,2010

NÃO JULGUES...

Não julgues ! Procura não deturpar os sentimentos alheios. Podes ver os atos, mas não aquilatá-los do teu sentimento, da causa que os impulsionou.

 

Sabes, caro irmão, que a evolução se processa de baixo para cima, de dentro para fora. O ato é expressão grosseira, deturpada do sentimento que, em essência, é todo ele puro e nobre.

 

Deus age por trás de tudo. O homem comum, não tendo ainda meios de externar Deus em Sua grandiosidade durante a vida cotidiana, fá-lo como pode, como sabe. Só por meio de múltiplas encarnações, ele toma conhecimento de sua origem divina e então a expressa no seu verdadeiro sentido.

 

Até alcançar esse estado, vai o homem tropeçando em tudo e em todos, caindo e derrubando m que passam pelo seu caminho, porque, mergulhada na matéria, vai se apossando do lenho com que irei construir a sua cruz, para depois nela se crucificar. Daí surgirá, após muitas idas e vindas, a sua ressurreição.

 

Todos passam pela mesma escala ascensional, palmilham a mesma estrada e lutam com as mesmas feras.

Não sabes, entretanto, em que degrau da evolução se encontra aquele que julgas, nem sabes em que terreno tu pisas.

É melhor não fazeres julgamento precipitado para não maculares a tua mente com a nódoa do pensamento negativo emitido contra teu próximo .

 

Lembra-te de que "com a medida com que medires, serás medido"( Mateus, 7:2) (N.E.). Deixa que as criaturas vivam a sua própria vida. E, quando algo te prejudicar, ou parecer que, premeditadamente, te querem prejudicar, lembra-te de que a vida terrena é transitória e efêmera. Os males só poderão atingir-te nos teus veículos inferiores, não alcançando o teu verdadeiro ser, se souberes olhar compreensivamente e sentires compassivamente que tudo o que fazem as criaturas é a expressão exata da sua verdadeira essência.

 

Respeita o espírito divino que habita em cada ser humano, em cada átomo, em cada semente, em cada estrela. Respeita também a divindade que está em tudo e procura olhar para a frente e para o alto, vendo somente a manifestação do eterno em suas várias formas.

 

Assim, não serás perseguido pela dúvida, pela desconfiança, pelo pessimismo, pela revolta, causados pelo mau julgamento que fizeres do teu semelhante.

 

Procura estar sempre vigilante. Não permita que se albergue em tua mente nada que a manche, nada que a deprima ... nada que a envenene e mate.

 

Ergue bem alto a bandeira branca da paz e do amor! Põe bem seguro o altar do teu Cristo interno, e as labaredas das paixões inferiores não te atingirão, porque possuis o extintor de todo mal: o amor! Amor que não julga, não condena, não duvida, porque sabe que tudo é Deus em ação!

 

Cenyra Pinto

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Sexta-feira, 23 De Abril,2010

ORIGEM DOS ESPIRITOS

LIVROS DOS ESPÍRITOS

76. ▬  Que definição se pode dar dos Espíritos?

►  “Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”


77. ▬  Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?

►  “Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.”


78. ▬  Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
►  “Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”


79. ▬  Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

►  “Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.”


80. ▬  A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?

►  “É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”


81. ▬  Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?

►  “Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério.”


82. ▬  Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais? “Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente?

Pode um cego de nascença definir a luz?

►  Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”

Comentário de Kardec. Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato.
Não compreende as idéias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação.


83. ▬  Os Espíritos têm fim?

►  Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim.


“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”
 

Na pesquisa da origem da vida, a Biologia oferece-nos vasto campo de estudo através de várias hipóteses.


Estudaremos aqui aquela ensinada pelos Espíritos Superiores e que é quase o consenso da ciência oficial.


Procurando fixar idéias seguras acerca do corpo espiritual, será preciso remontamos, de algum modo, aos primórdios da vida na Terra, quando mal cessavam as convulsões telúricas, pelas quais os Ministros Angélicos da Sabedoria Divina, com a Supervisão do Cristo de Deus, lançaram os fundamentos da vida no corpo ciclópico do Planeta.


Após a formação da Terra, a partir de uma matéria elementar existente, os Espíritos Superiores operam sobre o planeta recém-formado, favorecendo o surgimento de extensas superfícies de mares mornos ou quentes e de gigantesca massa viscosa a espraiar-se no solo da paisagem primitiva.


Dessa geléia cósmica, verte o principio inteligente, em suas primeiras manifestações. Esse princípio inteligente, ou Mônadas celestes, no transcurso dos milênios, são trabalhadas e magnetizadas pela espiritualidade maior, até se manifestarem em rede filamentosa do protoplasma de que se lhes deriva a existência organizada no Globo constituído.


Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos princípios inteligentes ou Mônadas Fundamentais, que se destacam da substância viva, originando-se, assim, as formas primitivas de microorganismos, evoluindo sucessivamente, através de milênios e milênios, para os minerais, os vegetais (inferiores e superiores), os animais (esponjas, crustáceos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), até chegar no período quaternário, com o aparecimento da forma hominal.

Compreendendo-se, porém, que o princípio divino aportou na Terra, emanado da Esfera Espiritual, trazendo em seu mecanismo o arquétipo a que se destina, não podemos circunscrever-lhe a experiência ao plano físico simplesmente considerado, porquanto, através do nascimento e morte da forma, sofre constantes modificações nos dois planos em que se manifesta.


Daí, consideramos que a evolução das formas de vida no nosso planeta não evoluiu apenas na sua manifestação no campo físico, mas também no extrafisico,  justificando, assim, a ignorância em que a ciência ainda se mantém ante os chamados elos perdidos da evolução.  Se a ciência considerasse a evolução para além da matéria física, compreenderia o processo lento, porém contínuo e gradual da vida, e não se deteria nas buscas infrutíferas de encontrar tais elos perdidos.


O fato de uma linhagem de antropóides erguer a coluna vertebral em sentido vertical, tido pela Biologia como um grandioso e glorioso marco evolutivo, tem igualmente elevadas implicações em se tratando do homem como ser espiritual: a conquista da razão. 


A partir daí, já não se fala mais em elemento espiritual, mas numa individualidade organizada, destinada à perfeição, chamada Espírito.

Ao lado da evolução da forma, emparelhou-se a evolução moral.  O aprimoramento do corpo físico gerou o acrisolamento dos sentidos e, aumentado à percepção exterior, a orientação direta exercida pelos Espíritos Superiores, foi diminuindo gradualmente, deixando o homem progredir pela aquisição do livre-arbítrio.

Antes de tecer alguns comentários a respeito da natureza dos Espíritos, é importante estabelecer a diferença entre o princípio espiritual e o princípio vital.


Há, na matéria orgânica, um princípio especial, inapreensível, e que ainda não pode ser definido: o princípio vital.  Ativo no ser vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto.


Os seres orgânicos assimilam o princípio vital para realizarem todas as funções vitais.  Os seres inertes, como por exemplo, os minerais, não assimilam este princípio, e as estruturas químicas, como o hidrogênio, oxigênio, carbono, nitrogênio, etc., combinariam entre si formando os diversos tipos de corpos inorgânicos, amplamente distribuídos na Natureza.


O princípio vital modifica a constituição molecular de um corpo, dando-lhe propriedades especiais.


A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue. A partir da extinção do princípio vital, a matéria é decomposta em seus elementos constitucionais: oxigênio, carbono, nitrogênio, etc, os quais poderão se agregar para formar corpos inertes ou inorgânicos, ou se manterão dispersos até a formação de novas combinações.


O princípio espiritual tem existência própria. Individualizado, o elemento espiritual constitui os seres chamados Espíritos. 

E, Espíritos são, portanto, “individualidades inteligentes, incorpóreas, que povoam o Universo, criados por Deus, independentes da matéria;  prescindindo do mundo corporal, agem sobre ele e, corporificando-se através da carne, recebem estímulos, transmitindo impressões, em intercâmbio expressivo e contínuo”.


A natureza dos Espíritos é algo do qual pouco ou nada sabemos.  A pergunta 82 de “O Livro dos Espíritos”,  sobre a imaterialidade dos Espíritos, assim nos diz: -... imaterial não é bem o termos; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa.  É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.


Na mesma pergunta, logo abaixo, Kardec completa: “Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria.  Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos; nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos”.


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Quinta-feira, 22 De Abril,2010

PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR INFIEL

(PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR OU MORDOMO INFIEL)

"Disse Jesus aos discípulos: Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua administração; pois já não pode mais ser meu administrador. Disse o administrador consigo: Que hei de fazer, já que o meu amo me tira a administração? Não tenho forças para cavar; de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer para que, quando for despedido do meu emprego, me recebam em suas casas.Tendo chamado cada um dos devedores do seu amo, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta. Depois perguntou a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta. E o amo louvou o administrador iníquo, por haver procedido sabiamente; porque os filhos deste mundo são mais sábios para com a sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas das iniquidades, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer a um e amar a outro, ou há de unir-se a um e desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas".

(Lucas, XVI, 1-13)

 

 

1 - CAIRBAR SCHUTEL

O sentido oculto desta parábola visa a estas duas qualidades, pelas quais se reconhece a bondade ou a maldade do homem: fidelidade e infidelidade. Fidelidade é a constância, a firmeza e a lealdade com que agimos em todos os momentos da vida; na abastança como na pobreza, nas eminências dos palácios como na humanidade das choupanas, na saúde como na enfermidade, e até nos umbrais da morte como no apogeu da vida.

O apóstolo Paulo, demonstrando sua lealdade, sua constância, sua fidelidade, sua firmeza de caráter, dizia: "Quem me separará do amor de Cristo?" A fidelidade é a pedra de toque com que se prova o grau do caráter do homem. É fiel nos seus deveres? Tem forçosamente todas as qualidades exigidas ao homem de caráter: reconhecimento, gratidão, indulgência, caridade, amor, porque a verdadeira fidelidade não se manifesta com exceções ou preferências. Aquele que caminha para se aperfeiçoar em tudo, obedece à sentença de Jesus: "Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial".

Pelo que se conclui: expondo a parábola, Jesus teve por fim exortar seus discípulos a se aplicarem nessa virtude, que se chama fidelidade, para que pudessem um dia representá-la condignamente, tal como se manifesta nos Céus. Como tudo na Natureza e como tudo o que se faz mister para a perfeição, quer no plano físico ou na esfera intelectual e moral, a fidelidade vai-se engrandecendo em nós, à proporção que nela nos aperfeiçoamos. Não a adquirimos de uma só vez em sua plenitude, mas paulatinamente, gradativamente. E aquele que já a possui em certo grau, como o "administrador infiel" da parábola, faz jus à sua benevolência divina.

Pelo estudo analítico da parábola vemos que o administrador foi acusado por alguém, ou por outra, foi denunciado como esbanjador dos bens de seu patrão, pelo que este resolveu chamá-lo à ordem, perguntou-lhe: "O que quer dizer esta denúncia que tive de ti? Dá conta da tua administração; pois dessa forma não podes mais ser meu empregado". Pela prestação de contas verificou-se não ter havido esbanjamento, mas sim facilidade em negócios, que prejudicaram o patrão. O prejuizo constava de vendas feitas sem dinheiro e sem documentos: cem cados de azeite e cem coros de trigo. Tanto assim que, legalizadas as contas, com as letras correspondentes ao valor de cinquenta cados de azeite e oitenta coros de trigo", "o amo louvou o administrador iníquo por haver procedido sabiamente.

E salientando a seus discípulos a boa tática comercial do empregado que não só garantia a empresa que lhe fora confiada, mas também constituía um bom meio de granjear amigos, disse-lhes: "Granjeai amigos com a riqueza da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos". É o mesmo que dizer: auxiliai, com as vossas sobras, os que têm necessidade e sede também indulgentes para com os pecadores não lhes imputando o mal que fazem; mas antes, ao que devem cem cados de mal, mandai-o escrever só cinquenta, e, ao que deve cem coros de erros, mandai-os escrever oitenta; mas observai-os, que precisam trabalhar para resgatar essa dívida.

Fazei como fez o administrador infiel, assim chamado pelos seus acusadores, mas que, na verdade, procedeu sabiamente "porque quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito". "Se não fostes fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio quem vos dará o que é VOSSO?". As riquezas da iniquidade são os bens materiais, dos quais não somos mais que depositários, são riquezas injustas e não são NOSSAS, porque não prevalecem para a OUTRA VIDA.

O que é NOSSO são os bens incorruptíveis, dos quais Jesus falou também a seus discípulos, para que os buscassem de preferência, porque "os vermes não os estragam, a ferrugem não as consome, os ladrões não os alcançam nem a morte os subtrai". Os discípulos, - como têm obrigação de fazer, todos os que querem ser discípulos de Jesus - deveriam servir somente a Deus, que não é o AMO, não se escravizando a qualquer inconsciente endinheirado ou pseudo-sábio que lhe queira dominar a consciência: não se pode servir a Deus e a Mamon!

Conclui-se de tudo o que acabamos de ler, que o título de infiel, dado ao administrador, foi mal aplicado, torcendo por completo o sentido que Jesus deu à mesma parábola. A palavra divina, por ser falha quando de humana interpretação, faz-se mister que recorramos às entidades superiores do espaço, para que lhe compreendamos sempre o sentido em Espírito e Verdade.

CAIRBAR SCHUTEL

2 - EM BUSCA DO MESTRE - PEDRO DE CAMARGO ( VINÍCIUS )

"Havia um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador de seus bens. Chamou-o e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? dá conta de tua mordomia; pois já não podes mais ser meu mordomo. Disse, então consigo, o administrador: Que farei agora, já que meu amo me tira a mordomia? Não tenho forças para cavar, e, de mendigar tenho vergonha. Eu sei, porém, o que me cumpre fazer, para que, despedido da mordomia, tenha quem me receba em suas casas. Em seguida, convocou os devedores do seu amo, dizendo ao primeiro deles: Quanto deves ao meu amo? Respondeu ele: cem cados de azeite. Disse-lhe, então: Senta-te depressa, e escreve cinquenta. Depois indagou de outro: E tu quanto deves? Respondeu ele: cem coros de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta, e escreve oitenta. E assim fez com os demais. E o amo, sabendo disso, louvou o administrador iníquo, por haver procedido sabiamente; pois os filhos deste mundo são mais sábios para com sua geração do que os filhos da luz. E eu vos digo: Grangeai amigos com as riquezas da iniquidade, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco, também o será no muito. Se, pois, não fostes fiéis nas riquezas iníquas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que ficará sendo vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois ou há de aborrecer a um e servir o outro, ou há de unir-se a um e desprezar o outro. Não podeis pois, servir a Deus e a Mamom".


Sintetizemos a parábola, interpretando os seus personagens:
O amo ou proprietário: Deus.
O mordomo infiel: o homem.
Os devedores beneficiados: nosso próximo, os sofredores em geral.
A propriedade agrícola: O mundo que habitamos.

Moralidade: o homem é mordomo infiel porque se apo
dera dos bens que lhe são confiados para administrar, como se tais bens constituíssem propriedade sua. Acumula esses bens, visando exclusivamente a proveitos pessoais: restringe sua expansão, assenhoreia-se da terra cuja capacidade produtiva delimita e compromete. Enfim, todo o seu modo de agir com relação à propriedade que lhe foi confiada para administrar, é no sentido de monopolizá-la em benefício próprio, menosprezando assim os legítimos direitos do Proprietário.

Diante de tal proceder irregular, o Senhorio vê-se na contingência de demiti-lo. Essa exoneração, que não é lavrada a pedido, consuma-se com a morte. Todo o Espírito que desencarna é um mordomo despedido do emprego. A parábola figura um deles, cuja prudência é motivo de elogios. É aquele que, sabendo que ia ser despedido, e que nada poderia levar consigo, nem lhe assistia tampouco o que alegar em seu abono diante da demissão, procura, com os bens alheios ainda em seu poder, prevenir o seu futuro. E, como faz, granjeia amigos com a riqueza da iniquidade, isto é, lança mão dos bens acumulados, que representam a riqueza do Amo sob sua guarda, e, com ela, beneficia os vários devedores, cuja amizade, de tal maneira consegue conquistar!

E o Amo (DEUS) louva a ação do mordomo (homem) que assim procede, pois esse a quem ele aqui no mundo beneficiaria serão aqueles que futuramente o receberão nos Tabernáculos eternos (páramos celestiais, céus, espaço, etc.). O grande ensinamento desta importante parábola está no seguinte: Toda riqueza é iníqua. Não há nenhuma legítima no terreno das temporalidades do século. Riquezas legítimas ou verdadeiras são unicamente as de ordem intelectual e moral: o saber e a virtude. Não assiste ao homem o direito de monopolizar a terra, nem de açambarcar os bens que dela derivam.

Seu direito não vai além do usufruto. Como, porém, todos os homens são ainda egoístas e querem monopolizar os bens terrenos em proveito exclusivo, o Mestre aconselha, com muita justeza, que, ao menos, façam como o Mordomo Infiel: Granjeiem amigos com esses bens dos quais ilegalmente se apossaram, reduzindo, assim, o débito dos que, nesta existência, resgatam culpas. A parábola em apreço contém, em sua essência, transcendente lição de sociologia, encerrando um libelo contra a avareza, e belíssima apologia da liberalidade e do altruísmo, virtudes cardiais do Cristianismo.

Obedecem ao mesmo critério acima exposto, estes outros dizeres: Quem é fiel no pouco também será fiel no muito. Se não fostes fiel nas riquezas injustas, quem vos confiará as legítimas? E se não destes boas contas do alheio, quem vos dará aquilo que se tornará vosso? É claro que a riqueza classificada como sendo o "pouco", como sendo a iníqua e alheia é a que consiste nos bens materiais; enquanto que, a riqueza reputada como sendo o muito, a legítima e a que constitui propriedade inalienável é aquela representada pêlos predicados de caráter, pela virtude, numa palavra, pela evolução conquistada pelo Espírito no transcurso das existências que se sucedem na eternidade da vida.

A terra constitui propriedade de ninguém: é patrimônio comum. E, como a terra, qualquer outra espécie de bens, visto como toda a riqueza é produto da terra. Ao homem é dado desfrutá-la na proporção das suas legítimas necessidades. Tudo que passa daí é uma apropriação indébita. Não se acumula ar, luz e calor para atender aos reclamos do corpo. O homem serve-se naturalmente daqueles elementos, sem as egoísticas pretensões de entesourar.

O testemunho eloquente dos fatos demonstra que o solo quanto mais dividido e retalhado, mais prosperidade, mais riquezas e felicidade assegura aos povos e às nações. De outra sorte, comprova também que a causa fundamental das guerras — esse flagelo, essa expressão de barbárie, selvageria e bruteza — está na ambição e na megalomania de possuir e dominar o mundo, como se este pudesse constituir propriedade do homem.

PEDRO DE CAMARGO "VINICIUS"

3 - PAULO ALVES GODOY

Esta parábola de Jesus tem merecido as mais desencontradas interpretações no decurso dos tempos pelo fato de, aparentemente, encerrar uma apologia à desonestidade e uma consagração à fraude.

Muitos supõem que o fato de Jesus recomendar que se deva "grangear amigos, com o dinheiro da injustiça", representa um incentivo à conquista de fortunas ilícitas, pois, afIrmam: "uma vez que se faça amigos com aquilo que é contraído desonestamente, não haverá maiores problemas".

Ninguém ignora, entretanto, que no Evangelho não existe nada dúbio, e que não é esse o espírito do ensinamento contido na parábola.

O mordomo infiel foi descoberto na prática de atos de desonestidade e, como decorrência, viu-se na iminência de perder o seu cargo. Agindo com verdadeiro espírito de previsão, ele achou que o caminho mais acertado, uma vez que já havia cometido o erro, seria aquele de grangear amigos, para que estes, quando ele estivesse privado da mordomia e na condição de penúria, o ajudassem como amigos.

Chamando todos os devedores do seu senhor, reduziu as dívidas de cada um, e o senhor, ao tomar conhecimento da sua atitude desleal e infiel, admirou-se de sua prudência. Jesus por sua vez esclareceu que "os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz".

Qual será a linha divisória entre os bens adquiridos legítima ou ilegitimamente?

O apóstolo Tiago, em sua Epístola Universal, assevera:

"O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram, e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e por vós foi diminuído, clama." (Tiago, 5:3-4)

O usurpador dos bens do próximo tanto é aquele que rouba ostensivamente, como aquele que, no dizer judicioso de Tiago: "diminue o salário dos seus trabalhadores", locupletando-se com um patrimônio que poderia ter mitigado fome, proporcionando saúde, bem-estar, educação e até estancado lágrimas.

Tiago preconiza que, se o ouro ou a prata dos nossos tesouros materiais se enferrujarem, a ferrugem clamará contra nós. Ferrugem essa causada pela estagnação da riqueza, pela avareza, pela falta de uma aplicação sadia, que venha a beneficiar a coletividade; ferrugem simbolizada nas pessoas que mercantilizam com seus dons e com sua inteligência; ferrugem representada pelo saber, pelo conhecimento, que muitas pessoas guardam, egoisticamente, apenas para si.

Um indivíduo que, sem conhecer os seus reflexos no mundo espiritual, tenha adquirido uma fortuna ilegítima e resolve por um paradeiro em seu erro, obviamente poderá reduzir o clamor de que fala Tiago, e minorar as conseqüências do desajuste que sofrerá nos planos espirituais, tomando como exemplo o feito do publicano Zaqueu, (Lucas, 19:1-10), que, ao receber em seu lar a visita de Jesus, decidiu-se espontaneamente a repartir com os pobres metade da sua fortuna e a restituir quatro vezes mais às pessoas a quem havia espoliado.

Zaqueu fez como o mordomo da parábola: grangeou amigos com o dinheiro que havia acumulado através da prática da injustiça, e, quando se dispôs a reparar a falta, Jesus o elogiou, dizendo: "Zaqueu, hoje entrou a salvação em tua casa!"

A Parábola do Rico e de Lázaro, (Lucas, 16: 19-31), nos revela as conseqüências funestas com que se depara um Espírito que "não soube ser prudente, grangeando amigos com as riquezas contraídas com a prática da injustiça": o rico da parábola não encontrou amigos nos "tabernáculos eternos", nem para "molhar o dedo na água e refrescar a sua língua":

Ele não amparou Lázaro, não procurou ajudá-lo a encontrar meios de minorar as suas dores, e, como decorrência, após ultrapassar o limiar do túmulo, não obteve permissão para que Lázaro, que habitava "os tabernáculos eternos", viesse aplacar as atribulações que o acometiam.

O homem que Deus situa na Terra, cumulado de todas as prerrogativas, desfrutando das facilidades da saúde, da paz, da educação, dos benefícios do instituto familiar, mas que malbarata todos esses valores, simboliza o Mordomo Infiel, esbanjando os talentos que Deus, nosso Pai, lhe confiou.

Entretanto, como o filho deste século é mais prudente do que os filhos da luz, esse mordomo infiel poderá auxiliar o seu próximo, minorando seus sofrimentos, ajudando-o, desta forma, a ter mais força para levar avante a sua tarefa.

O mais apreciável bem que poderíamos fazer ao nosso semelhante, é, ajudá-lo no processo de auto-iluminação. A criatura esclarecida consegue evitar desvios e furtar-se à prática de atos danosos, que levam a contrair novas dívidas perante a Justiça Divina. Porisso, proclamou o Mestre:

"Conheça a verdade e ela vos fará livres".

Se alguém contribuir para elucidar um Espírito encarnado, iluminando a sua senda e proporcionando-lhe maiores condições de poder discernir o bem do mal, dando-lhe condições de diminuir suas dívidas para com a Justiça Divina, estará atuando como o Mordomo Infiel, que, apesar de ter esbanjado os talentos que Deus lhe confiou, soube ser diligente no gerir de sua vida material e, pelo menos, amparou o seu próximo, ajudando-o a carregar o seu pesado fardo: obviamente, esse seu próximo, agradecido, o ajudará como amigo quando, pela morte do corpo, for despojado da mordomia e se ver face aos "clamores" no mundo espiritual.

O mais formal desmentido às interpretações dúbias da parábola do Mordomo Infiel está contido nas últimas palavras da narrativa: "Pois se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E se no alheio não fostes fiéis quem vos dará o que é vosso?" Na realidade, Jesus deixa implícito nesse ensinamento sobre, se não soubermos aplicar a fidelidade no trato das riquezas injustas, quem nos confiará as riquezas verdadeiras, pois, é óbvio que a nossa infidelidade nas coisas pequenas, também é válida nas coisas grandes: se não soubermos ser fiéis naquilo que não é nosso, quem esperará a nossa fidelidade naquilo que é nosso?

O apóstolo Paulo recomendou que aprendêssemos a nos livrar das coisas corruptíveis para que pudéssemos entrar no gozo das coisas incorruptíveis: Se não soubermos gerir bem as coisas da Terra, como nos poderão ser confiadas as coisas do Céu?

Paulo Alves Godoy

4 - RODOLFO CALLIGARIS

Esta parábola, interpretada ao pé da letra, pode dar a entender que o Mestre esteja apontando o roubo e a fraude como exemplos de conduta dignos de serem imitados.

Considerada, porém, em seu verdadeiro sentido, segundo o espírito que vivifica, encerrra uma profunda lição de sabedoria e de bondade que poucos hão sabido entender.

Inicialmente, identifiquemos as duas principais personagens da historieta evangélica, e o local em que a ação se desenrola.

O rico proprietário é Deus, o Poder Absoluto que sustenta todo o Universo; o mordomo é a Humanidade, ou seja, cada um de nós; e a fazenda é o planeta Terra, campo em que se desenvolve atualmente nossa evolução.

Os bens que nos foram dados a administrar é tudo o de que nos jactamos estultamente nesta vida: propriedades, fortuna, posição social, família e até mesmo nosso corpo físico.

Todas essas coisas nos são colocadas à disposição pelo Supremo Senhor, durante algum tempo, a fim de serem movimentadas para benefício geral, mas, em realidade, não nos pertencem. A prova disso está em que sempre chega o dia em que seremos despojados delas, quer o desejemos, quer não.

Nossa infidelidade consiste em utilizarmo-nos desses recursos egoisticamente, como se fôssem patrimônio nosso, dilapidando-o ao sabor de nossos caprichos, esquecidos de que não poderemos fugir à devida prestação de contas quando, pela morte, formos despedidos da morrdomia.

Pois bem, já que abusamos da Providência, malbaratando os bens de que somos simples administradores, tenhamos ao menos o atilamento do mordomo de que fala a parábola.

Que fêz ele? Para ter quem o favorecesse, quando demitido do cargo que desempenhava, tratou de fazer amigos, reduzindo as contas dos devedores de seu amo.

E' o que Jesus nos aconselha fazer, quando diz: "granjeai amigos com as riquezas iníquas".

Em outras palavras, isto significa que os sofredores de todos os matizes são criaturas que se acham endividadas perante Deus, são pecadores que têm contas a saldar com a Justiça Divina, e auxiliá-los em suas necessidades, minorar-lhes as dores e aflições, equivale a diminuir-lhes as dívidas, de vez que, via de regra, todo sofrimento constitui resgate de débitos contraídos no passado.

Se assim agirmos, ganharemos a amizade e a gratidão desses infelizes, que se solidarizarão conosco quando deixarmos este mundo, bem assim a complacência do Pai celestial, porque muito Lhe apraz ver-nos tratar o próximo com misericórdia.

Não falta, aqui na Terra, quem admire "os filhos do século" pelo fato de se empenharem a fundo, com inteligência, denodo e sacrifícios até, no sentido de assegurarem aquilo a que chamam "o seu futuro".

Quão maiores louvores, entretanto, haveriam de merecer de Deus "os filhos da luz", os já esclarecidos acerca da vida espiritual, se procedessem com igual esforço e dedicação, empregando a bondade na conquista dos planos superiores, situados além deste orbe de trevas?

Sejamos, pois, colaboradores fiéis da Diivindade, gerindo os bens materiais de que dispusermos em conformidade com os ensinamentos sublimes que nos foram ditados por Jesus no Sermão da Montanha; assim fazendo, estaremos acumulando, no céu, um tesouro verdadeiramente imperecível. Sim, porque as virtudes cristãs, que formos adquirindo no convívio com nossos semelhantes, são as únicas riquezas efetivamente nossas, e só elas nos poderão dar a felicidade perfeita, nos tabernáculos eternos!

Rodolfo Calligaris

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:27
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