Sábado, 19 De Junho,2010

COLHENDO A MAÇÃ

 

No principio do século V, o debate sofre o sofrimento humano centrou-se nos bebês  recém-nascidos, que obviamente não haviam cometido ainda qualquer pecado. Se não havia pecado, por que alguns nasciam com deficiências, ou poucos inteligentes, enquanto outros eram normais? A Igreja rejeitara a resposta de Orígenes a esta pergunta: os seus destinos eram resultados direto de suas ações no passado. Por isso tiveram que providenciar outra resposta para a mesma questão: por que os bebês inocentes( e as pessoas boas em geral) sofrem e morrem?

Os primeiros teólogos contemplavam a ideia de que o estado lamentável da condição humana relacionava-se, de alguma forma,  com a Queda de Adão e Eva no Paraíso. Mas foi Santo Agostinho (354-430) que apanhou do chão  esta maçã empoeirada, limpou-a em seu manto de bispo e transformou-a naquilo que ainda hoje é fundamento da teologia cristã – o pecado original.

Coisas más acontecem às pessoas boas porque todas as pessoas são más por natureza, dizia Agostinho, e à única oportunidade para se recuperarem desta maldade natural era alcançar a graça de Deus através da Igreja. Como escreveu: “Ninguém será bom, se antes não tiver sido mau”.

Embora a Igreja tenha, desde então, rejeitado alguns dos argumentos de Agostinho, o catecismo católico ainda nos diz: “Não podemos interferir com a revelação do pecado original sem minarmos o mistério do Cristo”. O pecado original está intimamente vinculado ao Cristo, afirma a Igreja, pois é o Cristo que nos liberta do pecado original.

Agostinho acreditava que Adão e Eva viviam num estado de imortalidade física. Não teriam morrido nem envelhecido se não tivessem provado do fruto proibido e, assim, perdido o privilégio da graça divina. Depois da sua queda, as pessoas passaram a sofre, envelhecer e morrer.

De acordo com Agostinho, a vinda do Cristo deu-nos a oportunidade de restabelecermos o estado de graça. Ele atuaria como um mediador entre o Pai e uma criação desobediente. Embora a intercessão  do Cristo não salvasse da morte física, permitira o seu retorno ao estado de imortalidade física através da ressurreição do corpo. A graça não impediria que coisas más acontecessem às pessoas na Terra, mas garantiria a sua imortalidade após a morte.

A principal implicação do pecado original é que, como descendente de Adão, temos também  a sua natureza imperfeita. “O homem... não tem poder de ser bom”, escreve Agostinho. Ele acreditava  que somos tão capazes de fazer o bem como um macaco de falar. Só podemos fazer o bem através da graça. (as ideias de Agostinho, levadas ao extremo, provavelmente induziram as pessoas a pecar. “Não posso fazer nada” seria uma boa desculpa).

A abordagem de Agostinho sobre o sexo deixou profundas marcas na nossa civilização. Mais do que qualquer outro, foi responsável  pela ideia de que o sexo é inerentemente mau. A seu ver, o sexo, era indicação mais visível do estado caído do homem, ele via o desejo sexual como a “prova” e o “castigo” pelo pecado original.

 

MOSTRE-ME NA BIBLIA

Muitas pessoas  reagem à ideia do pecado original com descrença. Ele não existe em parte alguma da bíblia, dizem.

Agostinho encontrou apoio para sua doutrina nas Escrituras, em Romanos 5:12. Na nova tradução Revista, o versículo diz: “O pecado veio ao mundo através do homem, e a morte veio através do pecado, e a morte espalhou-se por todos porque todos havia pecado”.

A versão que Agostinho possuía deste versículo havia sido mal traduzido. Ele não lia grego, a língua original do Novo Testamento, por isso usou a tradução em latim, agora conhecida como Vulgata. Nela lemos na segunda parte deste versículo: “E assim, a morte espalhou-se por todos os homens, através de um homem, através do qual todos os homens pecaram”. Agostinho  conclui que “através do qual” referia-se a Adão e que, de alguma forma, todas as pessoas havia pecado quando Adão pecou.

Fez de Adão uma personalidade que incorporava a natureza de todos os homens futuros, transmitida através de seu sêmen. Agostinho escreveu: “Todos nós estávamos naquele homem”. Embora  não tivéssemos ainda uma forma física, “a natureza seminal pela qual seriamos propagado já se encontrava ali”.

Por isso todos os descendentes de Adão seriam corruptos e condenáveis, porque estavam presentes dentro dele(como sêmen) quando pecou. Agostinho descreveu o pecado como algo que fora “contraído” e que se espalhara pela raça humana como uma doença venérea. Jesus ficou isento do pecado original porque, de acordo com os ortodoxos, foi concebido sem sêmen.

Agostinho concluiu que, como resultado do pecado de Adão,  toda a raça humana era um “comboio do mal” dirigindo-se para “destruição pela segunda morte”. Com exceção, é claro, daqueles que conseguem alcançar a graça divina através da igreja.

 

A CONTROVÉRSIA DO BEBÊ

A doutrina de Agostinho sobre o pecado original gerou uma discussão sobre o batismo infantil. A pergunta central era: O QUE ACONTECE AOS BEBÊS QUE MORRESSEM SEM TEREM SIDO BATIZADOS? VÃO PARA O CÉU OU PARA O INFERNO?

Parecia difícil acreditar que Deus os mandaria para o inferno, uma vez que não tinham cometido qualquer pecado. Mas, se fossem mandados para o céu, porque então precisariam ser batizados? Na verdade, por que alguém precisa ser batizado? Esta controvérsia ameaçava grandemente a autoridade da igreja.

Na época de Agostinho, muitas pessoas adiavam o batismo até a idade adulta, pela mesma razão que Constantino adiara o seu batismo, cerca de um século antes. Não queriam perder a oportunidade de se libertar de todos os pecados. Alem disso, não apreciavam  a ideia de fazer penitência pública, exigida pela igreja para pecados cometidos depois do batismo.

Agostinho foi capaz de convencer a cristandade de que todas as crianças precisavam ser batizadas, porque haviam sido maculadas pelo pecado origina. Como os bebês não haviam cometidos pecado algum, ele escreveu: “Só resta o pecado original” para explicar o seu sofrimento. A menos que os bebês sejam batizados, “correm perigo de danação” – de irem para o inferno – alertava ele.

Durante a vida de Agostinho esta doutrina transformou-se numa terrível ameaça para os pais, como vemos na seguinte história, relatada por ele 1 a sua congregação; uma mãe  estava desesperada porque seu filho havia morrido sem ser batizado. Levou o corpo da criança para o santuário de Santo Estevão. A criança ressuscitou milagrosamente, foi batizada e morreu outra vez. A mãe aceitou esta segunda morte com muito mais resignação, pois agora estava certa de que seu filho seria poupado da dor eterna do inferno.

O medo da danação das crianças persiste até hoje. Pouco antes do dia 06 de Junho de 1996, milhares de mulheres colombianas encheram as igrejas de Bogotá  exigindo que seus filhos fossem batizados. Temiam que, se as crianças não fossem protegidas pelo batismo, ficariam vulneráveis ao Anticristo, cuja vinda estava sendo anunciada para breve. Este rumor surgiu a partir de uma predição feita por uma seita fundamentalista cristã.

 

VENDENDO A MAÇÃ

Fazer com que a igreja engolisse a pílula amarga do pecado original não foi uma tarefa fácil. Mas Agostinho devotou 20 anos a este fim. Depois da sua conversão ao Cristianismo, deixou a Itália  e retornou a África, tornando-se bispo no porto marítimo de Hippo Regius, no norte da África, hoje Algéria. Começou a escrever cartas e tratados, que enviava pelos navios carregados de milho que se dirigiam ao já decadente Império Romano. Instalado em segurança entre os olivais e vinhedos férteis, enfrentava bispos e influenciava papas e concílios da igreja.

Combateu com eficácia as ideias de João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla (347-407), que dizia que não deveríamos ser acusados dos pecados cometidos por Adão. Crisóstomo afirmava que, quando alguma coisa de mal acontecia, era uma punição pelos nossos próprios pecados, e não pelos pecados de Adão. Embora a sua argumentação fosse lógica, não explicava as iniquidades da vida – incluindo o sofrimento dos bebês inocentes.

A explicação de Agostinho para o pecado original tinha certa consistência e moldava-se perfeitamente à imagem de Deus como um imperador criado por Constantino. Agostinho escreveu: “Deus, o mais alto governante do universo, decretou com justiça que nós, que descendemos da primeira união, nascêssemos na ignorância e nas adversidades e sujeitos à morte, pois eles (Adão e Eva) pecaram e foram lançados no meio do erro, das dificuldades e da morte”.

O maior oponente de Agostinho foi o teólogo britânico Pelágio (354-418) que considerava o conceito de pecado original absurdo. Ele não podia compreender uma crença que dizia que os homens eram maus por natureza e incapazes de se aperfeiçoar. Pelágio, como Ário, acreditava que o homem tinha um destino mais elevado. Escreveu: “Não existe uma exortação mais premente do que esta: que devemos ser chamados filhos de Deus”.

Mas Agostinho conseguiu convencer o papa e Honório, governante da metade do império, a excomungar Pelágio (que vivia em Roma) e a envia-lo para o exílio, junto com seus seguidores. Pelágio morreu pouco tempo depois. Mas um dos seus seguidores, Juliano, o jovem bispo italiano de Eclanum, continuou a luta no exílio, na Ásia Menor. Juliano e Agostinho trocaram mísseis de pergaminho através do Mediterrâneo, de 418 até a morte de Agostinho, em 430. Agostinho, porem, já havia vencido.

Juliano perdeu a batalha por não conseguir defender a justiça Divina que permitia o sofrimento dos bebês.

Agostinho argumentava que se Deus era justo e as pessoas eram boas, por que os bebês deveriam sofrer? Mais especificamente, por que Deus permitiria que as almas dos bebês fossem “atormentadas nesta vida pelas aflições da carne”.

Disse Juliano: “É preciso responder que tão grande inocência às vezes nasce cega, “surda” ou “retardada””. A única explicação, acreditava, era o pecado original que os pais da criança lhe haviam “transmitido”.

Juliano contra-atacou perguntando por que um Deus justo condenaria uma criança a sofrer pelos “pecados dos outros” (os de Adão), que contraíra “sem saber nem querer”.

Agostinho respondeu: “Se não existiu o pecado (original), então os bebês... não sofreriam nenhum mal no corpo ou na alma, sob o grande poder do Deus justo”. Se alguém liberta as crianças do pecado original, este individuo esta acusando Deus  de ser injusto. “Ambos percebemos a punição”, escreveu Agostinho a Juliano, “mas vós que dizeis que não foram os pais que transmitiram algo que mereça castigo – quando ambos concordamos que Deus é justo – precisais provar se fordes capazes, que existe num bebê alguma culpa que mereça punição”.

A menos que recorresse à reencarnação, Juliano não poderia provar que as crianças tinham feito algo que justificasse os “castigos”que sofriam. Por isso a igreja acabou rejeitando os argumentos de Juliano.

Agostinho conhecia bem o conceito de reencarnação. Em seus 9 anos como maniqueísta, provavelmente aceitou a ideia, pois era um dos princípios fundamentais daquela fé. Sabemos que alguns dos seus oponentes no debate sobre o pecado original sugeriram a reencarnação como uma explicação alternativa para o sofrimento humano.

Mas Agostinho – e finalmente a igreja – rejeitou imediatamente a reencarnação. Disse que era uma “ideia revoltante” considerar que almas precisassem “retornar novamente ao jugo da carne corrupta para pagar as penas do tormento”. Aparentemente, Agostinho achava que o tormento do inferno e da segunda morte eram preferíveis aos “tormentos” da “carne corrupta”.

A controvérsia sobre o pecado original foi resolvida no ano de 529, quando o Concilio de Orange aceitou a doutrina do pecado original elaborada por Agostinho. O concilio  declarou que o pecado de Adão corrompera o corpo e alma de toda a raça humana e que o pecado e a morte eram resultado da desobediência de Adão.

Texto retirado do livro Reencarnação – o elo perdido do Cristianismo. De Elizabeth Clare Prophet.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
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Quarta-feira, 09 De Junho,2010

REFLEXÕES SOBRE A MORAL DIVINA.

Não é raro conhecermos pessoas que, apesar de viverem em condições adversas, em ambientes viciosos, conseguem furtar-se às influências negativas do meio e se destacam na sociedade como homens e mulheres dignos. Há outras que, mesmo depois de terem experimentado uma vida de transgressões, crimes, prostituição e drogas, conseguem se recuperar, tornando- se referência para muitos outros indivíduos. Esses exemplos de superação mostram do que o ser humano é capaz, quando tem fé.

 

No conhecido livro do escritor francês Victor Hugo (1802-1885), Os Miseráveis, também retratado em filme, encontramos a história de um ex-presidiário (Jean Valjean) que, ante um dilema moral, originado de um furto por ele praticado após ganhar a liberdade, foi inocentado pela própria vítima, o caridoso bispo Charles Myriel, atitude que causou um profundo impacto no ex-condenado, motivando-o, daí por diante, a se tornar um homem de bem. Esta obra, embora seja um romance de ficção social, é inspirada na realidade e nos faz refletir sobre a questão filosófica da moral, tratada em O Livro dos Espíritos. 1

 

A crença inata em um ser superior, comum a todos nós, sugere a existência de uma constituição divina insculpida na alma. Toda vez que infringimos as leis naturais, um juízo secreto nos diz que estamos no caminho errado. Dominados pelas paixões, nem sempre seguimos os ditames desse tribunal interior, ficando sujeitos, depois, ao arrependimento, à expiação e à reparação dos erros cometidos.

Do ponto de vista espírita, “a moral é a regra de bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus”. 2 A infração das leis morais resulta numa sanção imposta pela própria consciência, que se traduz no remorso, sem prejuízo da eventual condenação imposta pela sociedade e suas instituições. O bem e o mal estão relacionados ao comportamento humano ditado pelo livre-arbítrio, pois “a noção de moralidade é inseparável da de liberdade”. 3 Procedendo corretamente, o homem dá mostras de que sabe distinguir o bem do mal. O bem é tudo o que é compatível com a lei de Deus e o mal é tudo aquilo que não se harmoniza com ela. Em resumo: quando fazemos o bem, procedemos conforme a lei de Deus, e quando fazemos o mal estamos infringindo essa lei.

 

Nem todos, porém, se comprazem em fazer o bem, dependendo da evolução do indivíduo e dos valores que cultua. Quando o homem procura agir acertadamente, utilizando a razão e a reflexão, encontra meios de distinguir, por si mesmo, o que é bem do que é mal. Ainda que esteja sujeito a enganar- se, em vista de sua falibilidade, possui uma bússola que o guiará no caminho certo, que é o de colocar-se na posição do outro, analisando o resultado de sua decisão: aprovaria eu o que estou fazendo ao próximo, se estivesse no lugar dele?

Esse método de pôr-se no lugar do outro para medir a qualidade de nossos atos é bem eficiente, quando nos habituamos a utilizá-lo, porque o metro de cada um está na lei natural, que estabelece o limite de nossas próprias necessidades, razão por que experimentamos o sofrimento toda vez que ultrapassamos essa fronteira. Por isso, se ouvíssemos mais a voz da consciência, estaríamos a salvo de muitos males que atribuímos a fatores externos ou à Natureza.

 

Deus poderia se quisesse, ter feito o Espírito pronto e acabado, mas o criou simples e ignorante, dando-lhe, assim, a oportunidade de progredir pelo próprio esforço, para que tenha a ventura de chegar ao cume da jornada e exclamar, satisfeito: eu venci!

Com o advento tanto do progresso e a consequente proliferação dos grupos sociais, caracterizados por sua diversidade cultural, como também das novas necessidades criadas pela modernidade e pelo avanço da tecnologia, somos tentados a pensar que a lei natural não é uma regra uniforme para a coletividade. Todavia, este modo de raciocinar é equivocado, uma vez que a lei natural possui tantas gradações quantas necessárias para cada tipo de situação, sem perder a unidade e a coerência, cabendo a cada um distinguir as necessidades reais das artificiais ou convencionais.

 

A lei de Deus é a mesma para todos, independentemente da posição evolutiva do homem, que tem a liberdade de praticar o bem ou o mal. A diferença que existe está no grau de responsabilidade, como no caso do selvagem que, outrora, sob domínio dos instintos primitivos, considerava normal alimentar-se de carne humana, a saber: o homem é tanto mais culpado quanto melhor sabe o que faz. À medida que o Espírito adquire experiência, em sucessivas encarnações, alcança estágios superiores que lhe permitem discernir melhor as coisas. Portanto, a responsabilidade do ser humano é proporcional aos meios de que dispõe para diferenciar o bem do mal. Apesar disso, não se pode dizer que são menos repreensíveis as faltas que comete, embora decorrentes da posição que ocupa na sociedade.

 

O mal desaparece à medida que a alma se depura. É então que, senhor de si, o homem se torna mais culpado quando comete o mal, porque tem melhor compreensão da existência deste. A culpa pelo mal praticado recai sobre quem deu causa a ele, porém, aquele que foi compelido, levado ou induzido a praticar o mal por outrem, é menos culpado do que aquele que lhe deu causa.

 

Outrossim, o fato de se achar num ambiente desfavorável ou nocivo à moral, devido às influências dos vícios e dos crimes, não quer dizer que a criatura esteja isenta de culpa, se, deixando-se levar por essas influências, também praticar o mal. Em primeiro lugar, porque dispõe de um instrumento poderoso para superar as circunstâncias infelizes: a vontade. Em segundo, porque, antes de encarnar, pode ter escolhido essa prova, submetendo-se à tentação para ter o mérito da resistência. De outras vezes, o Espírito renasce em um meio hostil com a missão de exercer influência positiva sobre seus semelhantes, retardatários.

 

Por outro lado, aquele que, mesmo não praticando diretamente o mal, se aproveita da maldade feita por outrem, age como se fosse o autor, isso porque talvez não tivesse coragem de cometê-lo, mas, encontrando o mal feito, tira partido da situação, o que significa que o aprova e o teria praticado, se pudesse ou tivesse ousadia para tanto. Enquanto Espíritos, quase todos nos equiparamos, na Terra, a condenados em regime de liberdade condicional, sujeitos, graças à misericórdia divina, a diversas restrições que, muitas vezes, nos são impostas  para nos proteger das próprias fraquezas. Assim, podemos dizer que muitos de nós só não praticamos o mal por falta de oportunidade, considerando que nem sempre temos vontade forte o bastante para resistir a determinadas conjunturas, em virtude da ausência de autocontrole.

 

O desejo de praticar o mal pode ser tão repreensível quanto o próprio mal, contudo, aquele que resiste às tentações, com a finalidade de superar-se, tem grande mérito, sobretudo quando depende apenas de sua vontade para tomar essa ou aquela decisão. Não basta, porém, que deixe de praticar o mal. É preciso que faça o bem no limite de suas forças, pois cada um responderá por todo mal que resulte de sua omissão em praticar o bem. Os Espíritos superiores são taxativos em dizer que ninguém está impossibilitado de fazer o bem, independentemente de sua posição, pois que todos os dias da existência nos oferecem oportunidades de ajudar o próximo, ainda que seja por meio de uma singela oração.

 

O grande mérito de se fazer o bem reside na dificuldade que se tem de praticá-lo. Quanto maiores forem os obstáculos para a realização do bem, maior é o merecimento daquele que o executa. Contrário senso, não existe tanta valia em se fazer o bem sem esforço ou quando nada custa, como no caso do afortunado que dá um pouco aos pobres do que lhe sobra em abundância. A parábola do óbolo da viúva, contida em o Novo Testamento, 4 retrata bem tal circunstância.

 

Finalizando, a essência da moral divina pode ser encontrada na máxima do amor ao próximo, ensinada por Jesus, porque abarca todos os deveres que os homens têm uns para com os outros, razão pela qual temos necessidade de vivenciar essa lei constantemente, porquanto o bem é a lei suprema do Universo que nos conduz a Deus “e o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos [...]”. 5

 

Christiano Torchi

Reformador Junho 2010

 

1 – Kardec. O livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. Rio de Janeiro: FEB 2010. Q.629-646

2 – Idem, ibidem. Q.629

3 – Denis, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 2. reimp. Rio de Janeiro. FEB, 2009. 3, As potências da Alma, item 22, p.477.

4 – Lucas, 21:1-4

5 – Xavier, Francisco C. Ação e Reação. 28. Ed. 2. Reimp. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro. FEB, 2009. Cap. 7, p.110.

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:30
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Terça-feira, 08 De Junho,2010

O CASTIGO SERÁ ETERNO?

 

  

 É comum vermos as expressões: "a Bíblia diz", "a Bíblia fala", "porque está na Bíblia", "a Bíblia emprega a palavra tal em tal sentido", etc., como se ela fosse um ser vivo com capacidade de pensar e até de se expressar. Não entendem alguns teólogos, principalmente os dogmáticos, que na verdade foram os autores bíblicos que pensaram e se expressaram, e ao longo do tempo, foi ela, por força da afirmativa de ser "a palavra de Deus", adquirindo essa vida própria.

 

 

Se tivermos mente aberta, para analisar seu conteúdo, veremos que existem várias passagens que não podem, de forma alguma, ser atribuídas a Deus. Isso, por outro lado, colocaria em cheque a questão de ser ela somente a palavra de Deus. Ora, como ela fazia parte dos rituais religiosos, era lida nos templos, e esses rituais assumem, em todos os tempos e lugares, um caráter sagrado, assim, a Bíblia, adquiriu também o caráter de Sagrada, passando a ter, por isso, a denominação de Bíblia Sagrada, como a conhecemos hoje.

 

 

Devemos, para extrair a verdade que ela contém, analisar os fatores culturais e os de época que, de maneira irrefutável, influenciaram os autores bíblicos. Sabemos que muitas pessoas não admitem essas coisas, mas não podemos compactuar com a ignorância, e deixar as coisas como estão. Assim, para o próprio bem dela, devemos mostrar que determinadas coisas foram mudando de sentido (ou significado) com o passar dos tempos.

 

 

De uma maneira geral, para o ser humano, parece ser muito mais fácil acreditar em algo, mesmo que ele não exista, do que mudar o seu pensamento a respeito de alguma coisa em que ele já acredita. Assim, com certeza, o que iremos colocar não será ouvido por muitos. E talvez sejamos execrados por outros, além de aqueles que irão nos mandar "arder no mármore do inferno". Mas, nada disso nos fará silenciar diante do que nossa consciência nos diz para fazer, já que buscamos "a verdade que liberta", não a que querem a todo custo nos impor. Achamos isso uma afronta à nossa inteligência, pois agem como se ninguém, a não serem eles, tivesse capacidade de pensar.

 

O primeiro mandamento divino dado ao homem, nós vamos encontrá-lo em Gn 2, 16-17: "E Javé Deus ordenou ao homem: ‘Você pode comer de todas as árvores do jardim. Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, com certeza morrerá’". Aqui a pena para a desobediência ao mandamento foi a morte. Relaciona-se, pois, a uma situação presente, e não para o futuro.

 

 

Mas, estranhamente, as penas impostas, é o que se supõe, ao primeiro casal humano foram: a) mulher: parir com dor, paixão que a arrastaria para o marido (graças a Deus), e que seria dominada por ele; b) homem: ter que trabalhar até o "suor do rosto", para tirar da terra os produtos dos quais deveria alimentar-se, e voltar ao pó, ou seja, morrer. Devemos observar que todos os castigos impostos estão relacionados à sua vivência diária, nada de vida após a morte.

 

 

Quando o povo hebreu estava no Deserto de Sur, após a sair da escravidão no Egito, Deus disse: "Se você obedecer a Javé seu Deus, praticando o que Ele aprova, ouvindo seus mandamentos e observando todas as leis, eu não mandarei sobre você nenhuma das enfermidades que mandei sobre os egípcios". A pena para a desobediência seriam as enfermidades, ou seja, coisas, também, para uma vida terrena.

 

 

Diante do Monte Sinai, é que Deus aparece a Moisés, e lhe entrega as tábuas com os Dez Mandamentos. Nessa ocasião, Moisés, apresenta ao povo várias outras normas de conduta, dizendo ser por ordem de Javé, muitas das quais a morte era a pena a ser aplicada ao infrator, contrariando a determinação de "não matarás", contidas nas duas Tábuas que acabara de receber, as quais ainda deveriam estar debaixo de seus braços, e até aqui não foi estabelecida nenhuma penalidade para os infratores.

 

 

Em Levítico, cap. 26, Deus fala das bênçãos e maldições, como conseqüência do cumprimento ou não dos Seus Estatutos e Suas normas, é aí que são estabelecidas as penalidades para a desobediência. Podemos observar que todas as bênçãos prometidas por Deus não é o céu que as religiões dizem ser o destino dos que seguem fielmente a Deus. Todas as recompensas prometidas estão relacionadas a uma vida terrena, não a uma vida futura no céu.

 

 

Mesmo em relação às penalidades (maldições), os castigos são sempre relacionados com a vida aqui na terra, ou seja, na vida presente. Apesar das penas serem extremamente rigorosas, nada de inferno para ninguém. E é até importante ressaltar que, se Deus dá vários castigos cada vez maiores, se a expressão "sete vezes mais" foi utilizada por quatro vezes é porque espera a recuperação do infrator, por mais tardia que seja. E, ao final, ainda diz que "não os rejeitarei, nem os desprezarei até o ponto de exterminá-los", ou seja, mesmo que errem muito, Deus possui uma enorme comiseração para com os infratores. Excluindo, portanto, qualquer idéia de penas eternas. É o que também podemos deduzir de Ezequiel 33, 11: "Não sinto nenhum prazer com a morte do injusto. O que eu quero é que ele mude de comportamento e viva".

 

 

Em Deuteronômio, cap. 25, encontramos essa interessante passagem: "Quando houver demanda entre dois homens e forem à justiça, eles serão julgados, absolvendo-se o inocente e condenando-se o culpado. Se o culpado merecer açoites, o juiz o fará deitar-se no chão e mandará açoitá-lo em sua presença, com número de açoites proporcional à culpa. Podem açoitá-lo até quarenta vezes, não mais; isso para não acontecer que a ferida se torne grave, caso seja açoitado mais vezes, e seu irmão fique marcado diante de vocês".

 

 

Merecem comentários:

 

 

  • "absolvendo-se o inocente": isto significa que não se deve condenar um inocente.

     

     

     

     

     

     

  • "condenando-se o culpado": por questão de justiça o culpado deverá ser condenado.

     

     

     

     

     

     

  • "se o culpado merecer açoites": sinal que pode haver situação especial em que o culpado não mereça receber um castigo, uma repreensão poderia, talvez, ser mais útil.

     

     

     

     

     

     

  • "o juiz... mandará açoitá-lo em sua presença": a presença pessoal do Juiz indica a necessidade de se ter certeza do cumprimento da pena, se o culpado a merecer.

     

     

     

     

     

     

  • "com número de açoites proporcional à culpa": sendo o castigo proporcional à culpa, significa que não poderá haver pena igual para todos os tipos de infração à lei.

     

     

     

     

     

     

  • "podem açoitá-lo até quarenta vezes, não mais": significa, incontestavelmente, que tudo tem um limite, que a pena não poderá ser eterna.

     

     

     

  •  

     

     

No livro de Isaías, lemos: "Se absolvermos o malvado, ele nunca aprende a justiça; sobre a terra ele distorce as coisas direitas e não vê a grandeza de Javé". A idéia central da passagem vai de encontro ao simples perdão, como pensam alguns, já que se diz ser necessário "castigar" o culpado, para que ele, efetivamente, possa aprender a justiça.

 

 

Em Eclesiastes encontramos: "Ao sair, eles verão os cadáveres daqueles que se revoltaram contra mim, porque o verme que os corrói não morre jamais e o fogo que os consome jamais se apaga". A mão de Javé se manifestará para os seus servos, mas se indignará contra seus inimigos. Porque Javé vem com fogo, e seus carros parecem furacão, para desabafar sua ira com ardor e sua ameaça com chamas de fogo. É com fogo que Javé fará justiça sobre toda a terra, e com sua espada ameaça o mundo todo: são muitas as vítimas que ele faz". É dessa passagem que as correntes religiosas buscam sustentar o "inferno eterno", entretanto, se bem observamos, é apenas uma figura de linguagem, sendo portanto um simbolismo, não uma coisa objetiva.

 

 

O fogo é considerado um elemento purificador. E eterno designar um período determinado apesar da incerteza de sua duração. Assim, a expressão "fogo eterno" poderia, dentro da perspectiva de que a "misericórdia triunfa sobre o juízo" (Tg 2, 13), ser entendida como um período de purificação, do qual não se sabe o fim, nada mais que isso. Podemos comprovar usando a passagem Salmos 103, 8-9: "O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira".

 

 

Chegamos a uma interessante conclusão: que apesar da palavra inferno constar da Bíblia, não o podemos aceitar a não ser no sentido de "um longo tempo de purificação", o que se confunde com o conceito de purgatório, que somos forçados a aceitar, mesmo não constando da Bíblia, já que alguém poderia alegar isso.

 

 

Jesus ao dizer: "daí não sairá, enquanto não pagar até o último centavo" (Mateus 5, 26) e "O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida" (Mateus 18, 34) deixa claro que até pagar a dívida ou o último centavo seria o tempo em que o devedor ficaria preso ou entregue aos torturadores, não mais que isso, abolindo, portanto, a idéia do inferno eterno.

 

 

As religiões dogmáticas, ao invés de desenvolverem em seus adeptos a idéia de um Deus de amor, para que cada um passe a verdadeiramente amá-Lo, e assim deixem de praticar o mal por amor, confundem-nos com ameaças do inferno, num sentido incompatível com o amor de Deus para conosco, deixando seus fiéis em dúvidas sobre o que mesmo seguir. Usam de uma psicologia negativa, querendo que Deus seja TEMIDO, isso é puro TERRORISMO RELIGIOSO.

  

 

 

Paulo da Silva Neto Sobrinho

 

Bibliografia:

Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994; Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68a. Edição; Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblia Católica Internacional e Paulus, 14a. impressão, 1995; Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 37a. Edição, 1980; Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, 1989, 8a. Edição; Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984; Dicionário Bíblico Universal, L.Monloubou e F.M. Du Buit – Petrópolis, RJ, Vozes, Aparecida, SP: Editora Santuário, 1997; A História da Bíblia, Hendrik Willen Val Loon, tradução de Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Cultrix, 1981; Enciclopédia Encarta (Eletrônica).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Segunda-feira, 07 De Junho,2010

SEGUINDO O LIVRO SANTO

 

Recebi e-mails furiosos porque ousei profanar a Bíblia. Ameaçaram-me até com o inferno eterno. Fiquei com medo. Achei melhor seguir os sábios ensinamentos do Livro Santo. Afinal de contas, a Bíblia foi escrita sob inspiração divina e tudo que diz é verdade incontestável. Como pode Deus errar?

 

Resolvi seguir o Levítico, o terceiro livro do Antigo Testamento, que ensina como fazer um sacrifício a Deus. Comprei um carneiro bem bonitinho e coloquei-o em uma mesa comum, porque não possuo uma mesa de holocausto, como a usada na Santa Missa.

Esquartejei-o cruelmente, conforme recomendado pelo Levítico e o coloquei sobre uma fogueira, para que fizesse bastante fumaça, que é muitíssimo apreciada por Deus (estranho Deus esse, que gosta do cheiro de carne queimada). Um vizinho, de mentalidade estreita, pensou que eu estava fazendo churrasco.

 

Recolhi o sangue em um vaso e o espirrei pelo chão, para purificar minha casa. Só o sangue purifica!

 

Minha filha ficou horrorizada e me censurou amargamente. Consultei o livro santo para saber o que fazer com ela. Conforme manda o livro, concluí que deveria vendê-la como escrava. Infelizmente, não achei compradores.

 

Meu filho também quis me impedir de sacrificar o cordeiro. Consultei o livro santo, onde aconselha matá-lo a pedradas, fora dos limites da cidade.

 

Com um detalhe: minha mão teria que atirar a primeira pedra.

 

Como meu vizinho estava suspeitando da fidelidade de sua esposa e também do procedimento de sua filha, convidei-o a levar ambas ao local do sacrifício. Assim, mataríamos três de uma vez, cumprindo os desígnios do Senhor. Infelizmente, não consegui a adesão de meu vizinho e meus filhos ameaçaram telefonar para o 191. Está cada vez mais difícil manter a fé neste mundo corrompido.

 

Desesperado por não poder seguir os santos ensinamentos da Bíblia, fui ao Mercado para comer um delicioso chouriço. Lembrei-me que comer sangue é proibido pelo Santo Livro. Acabei comendo uma mandioca frita, com jiló. Por acaso, encontrei-me com um velho amigo, que exibia orgulhosamente uma tatuagem no braço. Comuniquei-lhe que estava em pecado, pois também é proibido fazer marcas no corpo. E agora? Como sair do pecado?

 

Como estava difícil seguir o Antigo Testamento, resolvi pular para o Novo Testamento e seguir os conselhos de Jesus, o doce cordeiro de Nazaré. No entanto, assustei-me de início. Abri logo em um versículo que dizia: “Vim estabelecer não a paz, mas a espada. Pois vim causar a divisão: o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a jovem esposa contra sua sogra”. Credo!

 

Assustado, pulei para outro versículo. Não tive sorte. Esbarrei com este conselho sinistro, de ninguém menos que Jesus: “Quem se chegar a mim e não odiar seu pai, e mãe, e esposa e filhos, e irmãos, e irmãs, sim, e até mesmo a sua própria alma, não pode ser meu discípulo”. Nestas alturas do campeonato, desisti de seguir o Livro Santo. Prefiro continuar a ser um ímpio! Sem odiar nem matar ninguém.

 

Hauscar Terra Valle

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:41
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Domingo, 06 De Junho,2010

CONVÍVIO NACIONAL DA CRIANÇA ESPÍRITA - PORTUGAL

 

A Associação Cultural e Beneficente Mudança Interior promoverá no dia 6 de junho, em Vale de Cambra, mais um encontro espírita voltado ao público infantil.

Chamado de Convívio Nacional da Criança Espírita (Concesp), o evento chega à sua 14ª edição tendo o tema “A família” como foco central de seus estudos. O Concesp ocorrerá no Pavilhão Ilídio Pedro, em Lordelo, com participação aberta a todos os inscritos nas Casas Espíritas daquela região e de outras partes do país.

Outros detalhes, pelo telefone 256 403 021, ou pelos correios eletrônicos:

 concesp 2010@gmail.com  

geral@acbmi.org.

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 06:36
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O AMOR

O amor é a celeste atração das almas e dos mundos, a potência divina que liga os Universos, governa-os e fecunda; o amor é o olhar de Deus!

 

Não se designe com tal nome a ardente paixão que atiça os desejos carnais. Esta não passa de uma imagem, de um grosseiro simulacro do amor.

 

O amor é o sentimento superior em que se fundem e se harmonizam todas as qualidades do coração; é o coroamento das virtudes humanas, da doçura, da caridade, da bondade; é a manifestação na alma de uma força que nos eleva acima da matéria, até alturas divinas, unindo todos os seres e despertando em nós a felicidade íntima, que se afasta extraordinariamente de todas as volúpias terrestres.

 

Amar é sentir-se viver em todos e por todos, é consagrar-se ao sacrifício, até à morte, em benefício de uma causa ou de um ser. Se quiserdes saber o que é amar, considerai os grandes vultos da Humanidade e, acima de todos, o Cristo, o amor encarnado, o Cristo, para quem o amor era toda a moral e toda a religião. Não disse ele: “Amai os vossos inimigos”?

 

Por essas palavras, o Cristo não exige da nossa parte uma afeição que nos seja impossível, mas sim a ausência de todo ódio, de todo desejo de vingança, uma disposição sincera para ajudar nos momentos precisos aqueles que nos atribulam, estendendo-lhes um pouco de auxílio.

 

Uma espécie de misantropia, de lassidão moral por vezes afasta do resto da Humanidade os bons Espíritos. É necessário reagir contra essa tendência para o insulamento; devemos considerar tudo o que há de grande e belo no ser humano, devemos recordar-nos de todos os sinais de afeto, de todos os atos benévolos de que temos sido objeto. Que poderá ser o homem separado dos seus semelhantes, privado da família e da pátria? Um ente inútil e desgraçado.

 

Suas faculdades estiolam-se, suas forças se enfraquecem, a tristeza Invade-o.

 

Não se pode progredir isoladamente. É Imprescindível viver com os outros homens, ver neles companheiros necessários, O bom humor constitui a saúde da alma. Deixemos o nosso coração abrir-se às impressões sãs e fortes. Amemos para sermos amados!

 

Se nossa simpatia deve abranger a todos os que nos rodeiam, seres e coisas, a tudo o que nos ajuda a viver e mesmo a todos os membros desconhecidos da grande família humana, que amor profundo, inalterável, não devemos aos nossos genitores: ao pai, cuj a solicitude manteve a nossa infância, que por muito tempo trabalhou em aplanar a rude vereda da nossa vida; à mãe, que nos acalentou e nos reaqueceu em seu seio, que velou com ansiedade os nossos primeiros passos e as nossas primeiras dores! Com que carinhosa dedicação não deveremos rodear-lhes a velhice, reconhecer-lhes o afeto e os cuidados assíduos!

 

A pátria também devemos o nosso concurso e o nosso sacrifício. Ela recolhe e transmite a herança de numerosas gerações que trabalharam e sofreram para edificar uma civilização de que recebemos os benefícios ao nascer. Como guarda dos tesouros intelectuais acumulados pelas idades, ela vela pela sua conservação, pelo seu desenvolvimento; e, como mãe generosa, os distribui por todos os seus filhos. Esse patrimônio sagrado, ciências e artes, leis, instituições, ordem e liberdade, todo esse acervo produzido pelo pensamento e pelas mãos dos homens, tudo o que constitui a riqueza, a grandeza, o gênio da nação, é compartilhado por todos. Saibamos cumprir os nossos deveres para com a pátria na medida das vantagens que auferimo-la.

 

Sem ela, sem essa civilização que ela nos lega, não seríamos mais que selvagens.

 

Veneremos a memória desses que têm contribuído com suas vigílias e com seus esforços para reunir e aumentar essa herança; veneremos a memória dos heróis que têm defendido a pátria nas ocasiões criticas, de todos esses que têm, até à hora da morte, proclamado a verdade, servido à justiça, e que nos transmitiram, tingidas pelo seu sangue, as liberdades, os progressos que agora gozamos.

 

*

 

O amor, profundo como o mar, infinito como o céu, abraça todas as criaturas. Deus é o seu foco. Assim como o Sol se projeta, sem exclusões, sobre todas as coisas e reaquece a natureza inteira, assim também o amor divino vivifica todas as almas; seus raios, penetrando através das trevas do nosso egoísmo, vão iluminar com trêmulos clarões os recônditos de cada coração humano.

 

Todos os seres foram criados para amar. As partículas da sua moral, os germes do bem que em si repousam, fecundados pelo foco supremo, expandir-se-ão algum dia, florescerão até que todos sejam reunidos numa única comunhão do amor, numa só fraternidade universal.

 

Quem quer que sejais, vós que ledes estas páginas, sabei que nos encontraremos algum dia, quer neste mundo, nas existências vindouras, quer em esfera mais elevada ou na imensidade dos espaços; sabei que somos destinados a nos influenciarmos no sentido do bem, a nos ajudarmos na ascensão comum. Filhos de Deus, membros da grande família dos Espíritos, marcados na fronte com o sinal da imortalidade, todos somos irmãos e estamos destinados a conhecermo-nos, a unirmo-nos na santa harmonia das leis e das coisas, longe das paixões e das grandezas ilusórias da Terra.

 

Enquanto esperamos esse dia, que meu pensamento se estenda sobre vós como testemunho de terna simpatia; que ele vos ampare nas dúvidas, vos console nas dores, vos conforte nos desfalecimentos, e que se junte ao vosso próprio pensamento para pedir ao Pai comum que nos auxilie a conquistar um futuro melhor.

 

Léon Denis

Depois da Morte

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 02:32
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Sábado, 05 De Junho,2010

PRESERVAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Coerência sempre tivemos,veja que o Cristo nada deixou por escrito, Ele não fundou nenhuma religião, Ele "apenas" nos deixou um legado de ensinamentos morais cujo conteúdo e qualidade. Portanto, os ensinos do Cristo não pertencem  a ninguém exclusivamente, como querem os católicos e os evangélicos.

 

Quanto ao Espiritismo não é outra coisa senão a aplicação verdadeira dos princípios da moral ensinada por Jesus. Ele vem, como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior.

O Espiritismo é o Cristianismo, na sua expressão mais sublime, visto que o próprio Cristo veio trazer novamente à Humanidade seus ensinamentos esquecidos por uns, deturpados por outros, e comercializados por muitos.

Veja o que foi feito como este livro.

Em seu livro História Eclesiástica, os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã, Eusébio de Cesárea – que viveu de 260 a 340 D.C. – relata que, desde o seu início, o Cristianismo correu o risco de sofrer distorções na sua prática, devido às heresias que foram surgindo. Algumas provocaram prolongadas polêmicas; outras, verdadeiras cisões em alguns núcleos cristãos.

A partir do ano 325, quando passou a ser a religião oficial do Império Romano, o Cristianismo não conseguiu manter a sua pureza original e acabou sofrendo significativos desvios na interpretação dos ensinamentos e na prática.

A situação agravou-se a partir do ano 553 – Concílio de Constantinopla II –, quando a tese da preexistência da alma, de Orígenes, foi condenada. Isso significou a exclusão do princípio da reencarnação.

 

Na nova roupagem, o Cristianismo não conseguiu mais explicar as desigualdes de oportunidades entre os seres humanos, a lei de causa e efeito, a compatibilização entre a lei de justiça e a misericórdia divina. Em consequência, perdeu a sua força como doutrina que foi legada aos homens para esclarecê-los, promover a sua transformação moral e trazer-lhes a esperança por uma vida melhor.

 

Sobre a Salvação Exatamente foi isso também o que percebeu Thiago: “Que proveito há meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? (Tg 2,14). Na sequencia, arremata categórico:“a fé sem obras é morta”, corretíssimo. Entretanto, em nenhum outro versículo foi dito que as obras são mortas sem a fé, o que dá uma conotação totalmente diferente. Muitos acreditam que as obras não tem valor se não tiver fé, puro engano,pois tem muita gente que tem obras  e nem religião possui. A passagem do bom samaritano (Lc 10,30-37) merece uma reflexão especial por todos aqueles que assim pensam, pois o exemplo que Jesus manda seguir, não foi dos que tinham fé, como o sacerdote e o levita, mas do herético samaritano. Analisemos agora buscando a lógica: Inúmeras famílias passam fome, frio e sede nas favelas, o homem de boa vontade, ainda que tenha pouca fé, o que eu não acredito, vai à noite dar sopa a quem tem fome, agasalho a quem tem frio e água a quem tem sede, enquanto outras pessoas ficam no aconchego do lar, debaixo do edredom, de barriga cheia com um copo de água na mesinha de cabeceira para saciar a sede de madrugada, este apenas crê, enquanto o outro obra. Quem tem mais valor para Deus? Será que foi isso que Jesus pregou?

 

Quero lembrar que para fazer o que chamam hoje de bíblia católica, foi reunidos diversos livros que convinha as pessoas da época e deixados outros de fora, na bíblia evangélica aconteceu o pior, Martim Lutero eliminou alguns livros, adulterou a seu bel prazer alguns textos.

Quanto a pessoas boas, elas existem sim,e são muitas, mesmo não sendo espíritas quanto a fazer bondade para vir melhor em outra vida, isto não acontece quando se faz obras meritórias com outros interesses egoístas. Quanto a passagem bíblicas que você menciona, obrigado, por que o velho testamento é simplesmente um livro histórico, cheio de absurdos como:

 

Adão e Eva, dilúvio, mar vermelho a travessia que nunca existiu, GÊNESIS 1:29: “Todas as plantas com semente, todas as árvores em que há fruto que dá semente servirão de alimento para o homem”.
E as plantas venenosas com semente?

GÊNESIS 4:17: Caim constrói e povoa uma cidade em duas gerações apenas.
Esse Caím devia ser um super-homem.

GÊNESIS 6:4: Havia gigantes na Terra..
A arqueologia mostra que os povos antigos eram menores do que os de hoje. Gigantes que as buscas descobriram foram só os dinossauros, muito mais antigos do que o homem, alguns outros seres, como elefantes, hipopótamos, e alguns outros. Nada que se  assemelhasse a humanos.

GÊNESIS 6:5: Por estar insatisfeito com o homem, Deus decide inundar a terra e eliminar toda a humanidade. Todos os seres vivos, plantas, animais, mulheres e crianças inocentes são também exterminados.
E ainda falam de um deus onipotente, perfeito, justo e bom.

GÊNESIS 8:21: O odor da carne sacrificada agradou ao Senhor.
Que coisa estranha! Queimar carne para agradar a um ser perfeito!

GÊNESIS 30:37-43: Jacó altera a estrutura genética do gado fazendo com que eles procriem em frente a varas de madeira verde descascada, fazendo com que os bezerros nasçam listrados e malhados por essa influência visual. E Jacó fazia isso para enganar Labão a quem servia...
Que engenharia genética simples! Ou estava o deus perfeito e justo auxiliando a um fraudador? Hum! E ainda há que pense que fraude é coisa de políticos atuais!

ÊXODO 12:30: O Senhor mata todos os primogênitos do Egito, inclusive o dos animais, e não há uma casa onde não há pelo menos um morto.
Isso quer dizer que em todas as casa havia pelo menos um primogênito. Ademais, que deus justo é este que, por vingança contra um rei, fere tantos inocentes?.

ÊXODO 12:37; NÚMEROS 1:45-46: O número de judeus homens que partiu do Egito é de 600.000.
Considerando-se no mínimo uma mulher, um filho e uma pessoa idosa para cada um deles, temos um total de aproximadamente 2.000.000 de israelitas saindo do Egito, numa época em que toda a população de egípcios era menor que esse número.

NÚMEROS 22:21-30: Uma jumenta vê um anjo, reconhece-o como tal e começa a falar na língua humana (provavelmente em Hebraico) como o seu dono.
Depois da análise das afirmações passíveis de comprovação, podemos dizer que jumento falando é conversa pra burro!

DEUTERONOMIO 1:1: Moisés discursa para todo o povo de Israel (cerca de 2.000.000 de pessoas!) Que pulmões teria Moisés!!!!

DEUTERONOMIO 7:15: Moisés promete a seu povo que Deus não deixará que ninguém fique enfermo e no versículo 14 diz que ninguém será estéril, nem mesmo dentre os animais. Parece que essa promessa não foi cumprida. O povo continuou a adoecer.

DEUTERONOMIO 25:5-9: O homem tem por obrigação manter relações sexuais com a viúva de seu irmão, para nela gerar um filho. Caso ele se recuse, a sua cunhada deverá cuspir em seu rosto na frente dos mais velhos.
Ainda bem que estamos vivendo muito depois disso!

 

Um abraço

Fique com Deus

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
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Quinta-feira, 03 De Junho,2010

VAMOS ADERIR?

 

Podemos conceber nossa mente como poderoso gerador de energia magnética.

Ela se expande ao nosso redor, guardando compatibilidade com a natureza de nossos sentimentos.

Se a pessoa cultiva tendências negativas, terá um padrão vibratório de baixo teor, formando um clima pessoal denso, escuro, pesado, que a infelicitará.

E tenderá a contaminar o ambiente onde se encontra, da mesma forma que alguém gripado disseminará, pela respiração, os vírus de que é portador.

Nossas vibrações fazem o ambiente pessoal.

As vibrações dos moradores fazem o ambiente doméstico.

As vibrações da população fazem o ambiente urbano.

Se o tempo se fecha, carregado de nuvens, há o perigo de descargas elétricas, que causam estragos.

Se o ambiente psíquico de uma cidade é denso, acontecem, em maior intensidade, crimes, acidentes, tragédias, mortes, como raios destruidores que se abatem sobre a população.

...

Relata André Luiz, no livro Nosso Lar, psicografia de Chico Xavier, que saindo do Umbral, a região trevosa que circunda a Terra, admirou-se ao entrar na cidade espiritual.

Céu azul, sol brilhante, sem nuvens, sem nevoeiro…

Explicaram-lhe que era o resultado do compromisso dos moradores com o exercício do Bem, em pensamentos e ações.

Ficou sabendo, então, que o ambiente sombrio, pesado, denso do Umbral, que situaríamos como um “purgatório”, é formado pelas vibrações mentais de bilhões de Espíritos encarnados e desencarnados, ainda dominados por sentimentos inferiores, paixões e vícios.

...

Para melhorar nosso ambiente psíquico, do lar e da cidade onde moramos, o caminho é o mesmo dos habitantes de Nosso Lar:

Exercitar bons pensamentos e ações, cumprindo nossos deveres perante Deus e o próximo.

Se o Bem for a marca de nossos dias, estaremos em paz.

Se os moradores da casa fizerem assim, haverá harmonia no lar.

Se os habitantes da cidade tiverem o mesmo direcionamento, haverá drástica redução de crimes, de mortes, de problemas atingindo a população e um abençoado bem-estar felicitará a todos.

...

O envolvimento de toda uma população com essa diretriz é algo quimérico, distante, em face da inferioridade humana.

Não obstante, toda a jornada, por mais longa, começa com o primeiro passo.

Que tal, leitor amigo, se nos dispuséssemos a participar de uma “corrente do Bem”?

Seria o empenho permanente de fazer algo em favor do próximo, solicitando, como pagamento, que o beneficiário se comprometa a idêntica iniciativa.

Crescendo esse movimento abençoado, o mal será contido, a vida da cidade melhorará, o panorama do mundo será modificado, com promissoras perspectivas de harmonia e paz.

Há, a propósito, uma história interessante, que colhi na Internet.

A fonte não cita o autor, motivo pelo qual o situo como desconhecido.

Se tomar conhecimento, ele há de me perdoar, bem de acordo com o espírito da própria história:

Uma senhora esperava, há uma hora, no acostamento, que alguém parasse para ajudá-la a trocar o pneu furado de seu carro.

Finalmente, um motorista estacionou por perto e se aproximou.

– Meu nome é Bryan. Posso ajudá-la?

Ficou preocupada.

Estava vestido com simplicidade, carro maltratado, bem diferente do seu, novinho em folha.

E se fosse um assaltante?

Mas ele logo foi pegando o macaco e rapidinho trocou o pneu.

Ela não sabia como agradecer.

Perguntou quanto lhe devia. Bryan sorriu:

– Não foi nada. Gosto de ajudar pessoas, quando tenho chance.

Sou grato a Deus pelas dádivas recebidas, embora viva modestamente.

Tenho um lar abençoado, uma esposa adorável. Se realmente quer me reembolsar, da próxima vez que encontrar alguém em dificuldade, tente fazer o mesmo.

Partiram os dois.

Alguns quilômetros adiante ela entrou numa lanchonete de beira

de estrada. A garçonete aproximou-se sorrindo. Sorriso luminoso, não obstante os pés doendo, o cansaço, por um dia inteiro de trabalho estafante.

E havia a sobrecarga da gravidez.

A barriga proeminente revelava avançada gestação.

Atenciosa, limpou a mesa com cuidado, atendendo, solícita, a freguesa.

A senhora admirou seu jeito carinhoso e se perguntava como alguém, em tal situação, conservava a disposição de exercitar a gentileza.

Então, recordou de Bryan e de sua recomendação.

Depois que terminou a refeição, enquanto a garçonete buscava troco para uma nota de cem dólares que lhe dera, a senhora partiu.

Quando a gestante voltou, notou algo escrito no guardanapo, sob o qual havia mais quatro notas de cem dólares.

Não conteve as lágrimas, ao ler:

Alguém me ajudou uma vez e da mesma forma lhe estou ajudando.

Não me deve nada. Eu já tenho o bastante. Se realmente quiser me reembolsar, não deixe este círculo de amor terminar em você.

Naquela noite, quando se deitou, a garçonete ficou pensando no bilhete.

Como aquela senhora podia saber o quanto ela e o marido precisavam daquele dinheiro?

Virou-se para ele que dormia ao lado, deu-lhe um beijo e sussurrou:

– Tudo ficará bem, meu querido.

Eu te amo muito, Bryan.

Se houvesse um levantamento estatístico, ficariam admiradas as pessoas ao constatar que naquela noite foram menos numerosos os acidentes e as ocorrências policiais.

É que um círculo de luz se estendera pelas adjacências, a partir de uma corrente de amor a iluminar os caminhos e neutralizar as trevas.

...

Façamos leitor amigo, a nossa corrente sagrada, estendendo boas ações ao redor de nossos passos, gerando luzes abençoadas a neutralizar as sombras.

Generosos mentores nos ajudarão nesse empenho, e o Bem se estenderá ao redor de nossos passos, favorecendo nossa cidade com um ambiente tranquilo e ajustado, onde possamos viver em paz.

Vamos aderir?

Richard Simonetti

Reformador Set 2003

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:43
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Quarta-feira, 02 De Junho,2010

PRESSENTIMENTOS

Conta-se que Francisco de Assis, notável missionário cristão da Idade Média, estava tratando de seu jardim, quando um amigo se aproximou, perguntando-lhe: – Francisco, o que você faria se soubesse que iria morrer hoje? Ao que ele teria respondido, com a maior naturalidade:

 

– Continuaria a fazer o que estou fazendo: cuidando do meu jardim!

 

Será que nós, diante de um pressentimento sombrio ou ditoso, cultivaríamos a mesma serenidade de um Francisco de Assis?

 

É possível conhecer o futuro?

 

O pressentimento, a premonição, a precognição, a presciência, o presságio, são diferentes palavras utilizadas para designar um só fenômeno: o conhecimento do futuro, que repousa sobre “um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou menos desprendida da matéria”. (1)

 

O conhecimento do futuro depende da elevação dos Espíritos que, muitas vezes, apenas o entreveem, “porém nem sempre lhes é permitido revelá-lo”(2) ao homem (Espírito encarnado), porquanto “a certeza de um acontecimento venturoso o lançaria na inação”. A de um acontecimento infeliz o encheria de desânimo.

 

“Em ambos os casos, suas forças ficariam paralisadas”. (3) Logo, “em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado”,(4) com o objetivo de facilitar “a execução de uma coisa, em vez de estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se lhe não fosse feita a revelação”.(5)

 

Muitos creem que a existência física é regida por um determinismo ou fatalidade irrevogável, e que, independentemente de como agirmos, ninguém escapará do destino que lhe está reservado.

 

Um pouco de reflexão sobre o assunto, entretanto, é suficiente para afastar tal ideia. Ensina o Espiritismo que a fatalidade(6) existe unicamente pela escolha que o Espírito faz, ao encarnar, desta ou daquela prova física. Elegendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é o resultado da posição em que vem a achar-se colocado, como homem, na Terra, “nas funções que aí desempenha, em consequência do gênero de vida que seu Espírito escolheu como prova, expiação ou missão”. (7)

 

Por conseguinte, não se pode dizer que tudo já está predeterminado em nossas vidas. Assim fosse, seríamos meros autômatos e de nada adiantaria nosso esforço para nos melhorar, de forma que tanto o que fizesse o bem, quanto o que fizesse o mal, teriam a mesma compensação ou o mesmo futuro, o que estaria em desacordo com a Justiça Divina incorruptível.

 

A fatalidade a que todos estamos submetidos, sem exceção, é a morte física: chegado esse momento, de uma forma ou de outra, dela não podemos nos esquivar, (8), contudo, “nunca há fatalidade nos atos da vida moral”, (9) porque somos senhores, por nossa vontade, de ceder ou não às tendências inatas que trazemos de encarnações pretéritas e às influências de outros Espíritos.

 

O resultado da má utilização do livre-arbítrio é que retardará o nosso progresso, protelando o encontro com a Verdade, mas todos chegaremos lá, muitas vezes pela dor, que é um aguilhão a nos impulsionar à correção de nossas imperfeições e a nos mostrar o roteiro de nossa emancipação espiritual.

 

Considerando a margem de liberdade que o Criador nos confere, dentro de suas leis imutáveis, para exercitarmos o livre-arbítrio e as faculdades, não há incoerência alguma em dizer que somos responsáveis pelo nosso passado e os artífices de nosso futuro.

 

Quanto mais evoluído o Espírito – encarnado ou desencarnado –, melhores condições tem de prever o futuro, baseado na experiência acumulada dos fatos do passado e na análise dos acontecimentos do presente, considerando que, à luz do princípio de causa e efeito, tudo o que fazemos acarreta resultados que se projetam no tempo. Por isso, “o futuro não é surpresa atordoante. É consequência dos atos presentes”. (10)

 

Ao ensino dado em O Livro dos Médiuns, os benfeitores acrescentam que os pressentimentos são uma espécie de mediunidade:

 

O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida.

 

Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as consequências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. [...](11)

 

Ou ainda:

 

São recordações vagas e intuitivas do que o Espírito aprendeu em seus momentos de liberdade e algumas vezes avisos ocultos dados por Espíritos benévolos. (12)

 

 

O fato de um pressentimento não se confirmar nem sempre significa que se estava enganado a respeito das premonições, visto que as ações dos Espíritos (encarnados ou desencarnados), antes de ocorrerem, são concebidas na mente, cujos pensamentos são captados por determinadas pessoas, durante o sono, por meio dos sonhos, ou durante a vigília.

 

No entanto, pode haver desistência da ação planejada, por parte do agente, ou é possível haver alguma circunstância que o impeça de concretizar seu desejo.

 

Isto é, [...] como a sua realização [da ação planejada] pode ser apressada ou retardada por um concurso de circunstâncias, este último [o médium ou vidente] vê o fato, sem poder, todavia, determinar o momento em que se dará. Não raro acontece que aquele pensamento não passa de um projeto, de um desejo, que se não concretizem em realidade, donde os frequentes erros de fato e de data nas previsões. (13)

 

Por isso, devemos desconfiar de mensagens proféticas que anunciam precisamente, com data e hora marcadas, o acontecimento de coisas fantásticas.

 

Sendo assim, o pressentimento nada tem de sobrenatural, posto que “se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do mundo visível com o mundo invisível, que o Espiritismo veio dar a conhecer”. (14) Kardec traz um interessantíssimo exemplo de pressentimento.

 

Trata-se de uma carta, dirigida ao Codificador, pela Senhora Angelina de Ogé, que foi avisada, com seis meses de antecedência, sobre a morte de seu genitor. Eis algumas considerações dadas a respeito deste caso pela Sociedade Espírita de Paris:

 

“O Espírito do pai dessa senhora, em estado de desprendimento, tinha um conhecimento antecipado de sua morte e da maneira por que ela se daria”. Sua vista espiritual abarcando certo espaço de tempo, para ele é como se a coisa estivesse presente, embora no estado de vigília não lhe conservasse qualquer lembrança.

 

Foi ele próprio que se manifestou à sua filha, seis meses antes, nas condições que deviam se produzir, a fim de que, mais tarde, ela soubesse que era ele e que, estando preparada para uma separação próxima, não ficasse surpreendida com a sua partida.

 

Ela mesma, como Espírito, tinha conhecimento disto, porque os dois Espíritos se comunicavam em seus momentos de liberdade.

É o que lhe dava a intuição de que alguém devia morrer naquele quarto. “Essa manifestação ocorreu igualmente com o objetivo de fornecer um assunto de instrução a respeito do conhecimento do mundo invisível”. (15)

 

O progresso intelecto-moral confere ao ser humano maior amplitude de percepção sobre as coisas, à semelhança de uma pessoa que, situando-se no topo de uma montanha, de posse de um potente binóculo, pode prever algum acontecimento em certo trecho da estrada, que não é dado a outro descortinar, se estiver em plano mais baixo, por falta de uma visão panorâmica do que se passa à sua volta.

 

Não sem razão, o Codificador destaca:

 

O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente. (16)

 

Kardec, lembrando a forma misteriosa e cabalística de certas predições antigas, de que Nostradamus é o exemplo mais completo, ressalva:

 

[...] Pela sua ambiguidade, elas se prestam a interpretações muito diferentes, de tal sorte que, conforme o sentido que se atribua a certas palavras alegóricas ou convencionais, conforme a maneira por que se efetue o cálculo, singularmente complicado, das datas e, com um pouco de boa vontade, nelas se encontra quase tudo o que se queira. (17)

 

Na atualidade, porém, as previsões dos Espíritos “são antes advertências, do que predições propriamente ditas e quase sempre motivam a opinião que manifestam, por não quererem que o homem anule a sua razão sob uma fé cega e desejarem que este último lhe aprecie a exatidão”. (17)

 

A perplexidade de muitas pessoas ante os fenômenos relacionados com o futuro, entre eles o pressentimento, demonstra o quanto o homem ainda desconhece a sua própria natureza espiritual. O Espiritismo veio projetar luz sobre esta questão, trazendo a chave para o seu entendimento: “o estudo das propriedades do perispírito”. (18)

 

Se há um determinismo, na acepção absoluta da palavra, este é o determinismo do progresso, para a felicidade de todos nós.

 

Mesmo que façamos mal uso do livre-arbítrio, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, nos arrependeremos, expiaremos e repararemos nossos erros,(19) motivo por que sempre estaremos jungidos ao resultado final estabelecido pelo Criador, que instituiu a Lei Maior de que “o bem é o fim supremo da Natureza”,(20) o que implica na acepção de que “determinismo e livre-arbítrio coexistem na vida, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens”.(21)

 

CHRISTIANO TORCHI

Reformador Ago?09

(1)KARDEC, Allan. Teoria dos sonhos. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 8, p. 282, jul. 1865. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

(2)Idem. O livro dos espíritos. 91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 243.

(3)Idem, ibidem. Q. 871 (Comentário de Kardec), p. 447.

(4)Idem, ibidem. Q. 868.

(5)Idem, ibidem. Q. 870.

(6)Idem, ibidem. Q. 851-867.

(7)Idem, ibidem. Q. 872, p. 449.

(8)KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 853.

(9)Idem, ibidem. Q. 872, p. 449.

(10)XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Espíritos diversos. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 82, p. 274.

(11)KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 1, cap. 15, item 184.

(12)Idem. O que é o espiritismo. 55. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 3, q. 138.

(13)KARDEC, Allan. A gênese. 52. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 16, item 7.

(14)Idem, ibidem. Item 6.

(15)KARDEC, Allan. Uma manifestação antes da morte. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 11, p. 47-48, jan. 1868. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

(16)Idem. A gênese. 52. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 6, item 2, p. 125.

(17)Idem, ibidem. Cap. 16, item 17, p. 418.

(17)Idem, ibidem.

(18)Idem, ibidem. Cap. 1, item 40.

(19)Idem. O céu e o inferno. 60. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1, cap. 7, item Código penal da vida futura, n. 16.

(20)DENIS, Léon. Depois da morte. Ed. espec. 1. imp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. P. 1, A Índia, p. 41-42.

(21)XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 132.

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:31
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Terça-feira, 01 De Junho,2010

MORTES PREMATURAS

Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.

Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa?

Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.

Temos aqui o início de uma manifestação do Espírito Sanson, recebida na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, presidida por Allan Kardec. Consta do capítulo V, item 21, de O Evangelho segundo o Espiritismo, sob o subtítulo “Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras”.

Se estabelecêssemos uma gradação para as dores morais que afligem os seres humanos, certamente a mais intensa, mais angustiante, seria a da mãe que vê um filho partir prematuramente, nos verdes anos da infância, no despertar da adolescência, no entusiasmo da juventude.

O grande lenitivo está na fé, concebendo o elementar: Deus sabe o que faz. Significativo exemplo está na famosa expressão de Jó, o patriarca judeu, que após morrerem não um, mas todos os seus filhos, sete varões e três mulheres, e perder todos os seus haveres, ele, que era muito rico, proclamou, convicto (Jó, 1-21):

Deus deu, Deus tirou! Bendito seja o seu santo nome.

O problema é que raros têm fé legítima.

Cultivam precária confiança, que não resiste aos embates da adversidade.

Por isso,muitas mães, debruçadas sobre o esquife de um filho que resumia suas alegrias e esperanças, indagam angustiadas:

– Por que, Senhor? Por que fez isso comigo? O que fiz para merecer esse castigo?!

Esse questionamento não é bom, porquanto conduz facilmente ao desespero e à revolta, que apenas multiplicam angústias, sem chance para a consolação.

A vida torna-se um fardo muito pesado quando nos debatemos ante o inexorável.

Matematicamente falando, acrescentamos dores à alma, quando subtraímos a fé.

Um confrade, espírita da velha guarda, homem lúcido e inteligente, costumava dizer:

– É preciso ter sempre um pé atrás, não apenas em relação à nossa morte, mas, também, quanto à morte de um ente querido, particularmente um filho.

Parecia adivinhar que seria chamado a esse testemunho, porquanto um filho, jovem inteligente e empreendedor, com brilhante futuro pela frente, faleceu repentinamente.

E o nosso companheiro deu testemunho de que estava preparado tanto ele quanto a esposa, comportando-se com muita serenidade e equilíbrio, a imitar o exemplo de Jó.

Esse pé atrás na vida, para não se desequilibrar diante da morte, equivale a fortalecer a nossa fé, transcendendo a mera crença com o conhecimento da realidade.

É importante conceber que Deus existe; que seus desígnios são sábios e justos; que Ele trabalha sempre pelo nosso bem, mesmo quando males aconteçam; que seu olhar misericordioso está sobre nós.

Nem sempre, porém, será o bastante.

Para que a nossa fé ultrapasse os limites da mera crença, adquirindo consistência para resistir aos embates da vida, é fundamental que se estribe no conhecimento.

Em relação às mortes prematuras, somente a Doutrina Espírita, a nos oferecer uma visão objetiva do mundo espiritual, pode nos consolar de forma perfeita, sem dúvidas, sem vacilações, mostrando-nos por que ocorrem.

À luz abençoada da Doutrina Espírita, podemos considerar o assunto em vários aspectos:

Aborto.

Por que mulheres que anseiam pela maternidade experimentam sucessivas frustrações?

Geralmente estamos diante de problemas cármicos, a partir de comprometimentos em existências anteriores.

A causa – quem diria! – é o mesmo aborto.

Não o espontâneo, mas o induzido.

A mulher que se recusa ao compromisso da maternidade, expulsando o filho que estagia em seu corpo, às portas da reencarnação, comete uma autoagressão. Produz desajustes em seu perispírito, o corpo espiritual, em área correspondente à natureza de seu delito.

Em vida futura, mais amadurecida, a ansiar pela maternidade, terá problemas. Grávida, não conseguirá segurar a gestação do filho que anseia, na mesma proporção em que expulsou, outrora, filhos de seu seio.

O problema pode estar, também, no reencarnante.

Se foi um suicida, traz sérios comprometimentos perispirituais que poderão repercutir no corpo em formação, a promover o aborto.

Fracassos sucessivos, tanto da gestante quanto do reencarnante, os ensinarão a valorizar e respeitar a vida.

Infância.

Às vezes consuma-se a reencarnação, não obstante os problemas do Espírito de passado comprometedor, mas de forma precária.

Vulnerável a males variados, em face da debilidade orgânica, logo retornará à Espiritualidade.

André Luiz reporta-se a um suicida, que se matou ingerindo veneno, no livro Entre a Terra e o Céu, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Em nova existência, saúde frágil, desencarnou aos sete anos.

Um mentor espiritual explicou que aquela breve experiência na carne fora sumamente útil ao Espírito, livrando-o de parte de seus desajustes, e que ele deveria reencarnar em breve, na mesma família, já em melhores condições.

A morte prematura pode ser, também, um convite ao cultivo de valores espirituais.

No livro Atravessando a Rua, comento a experiência de um casal que reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças, numa instituição assistencial. No entanto, envolvidos pelos interesses imediatistas, ambos andavam distraídos de sua missão.

Então, um mentor espiritual que os assistia, preocupado com sua deserção, reencarnou como seu filho.

Foi aquela criança maravilhosa, inteligente, sensível, que faz a felicidade dos pais, que passam a gravitar em torno dela.

Consumando a intenção de despertar os pais, ele desencarnou na infância, deixando-os desolados, desiludidos, deprimidos.

Encontraram lenitivo a partir do momento em que se entregaram de corpo e alma a crianças num orfanato, exatamente como fora planejado.

O mentor viera apenas para ajudá-los a corrigir o desvio de rota.

Fica a pergunta, amigo leitor:

O que acontece com o Espírito na morte prematura?

Normalmente, um retorno tranquilo.

O que dificulta nossa readaptação à pátria espiritual é o apego à vida física, os comprometimentos com a ambição, as paixões, os vícios...

O Espírito literalmente entranha-se na vida física, o que lhe impõe sérias dificuldades, até mesmo para perceber sua nova condição.

Já o jovem nem sempre tem esses comprometimentos.

É alguém que desperta para a vida, que ainda não se envolveu.

Será logo acolhido e amparado pelos mentores espirituais, por familiares desencarnados.

O grande problema dos que partem nessa condição é a reação dos que ficam.

Desespero, revolta, rebeldia são focos pestilentos de vibrações desajustadas, que atingem em cheio o passageiro da Eternidade, causando-lhe aflições e desajustes, já que nos primeiros tempos de vida espiritual tende a permanecer ligado psiquicamente à família.

E o que é pior – na medida em que os familiares insistem nas lembranças, quando a desencarnação ocorreu em circunstâncias trágicas, induzem o Espírito a reviver, em tormento, todas aquelas emoções.

Há uma mensagem famosa de uma jovem que desencarnou no incêndio do Edifício Joelma, psicografada por Francisco Cândido Xavier, dirigida à sua mãe.

Após dizer-lhe que fora muito bem amparada e que sua morte atendera a compromissos cármicos, pediu à mãe que não ficasse recordando do incêndio nem a contemplasse, na tela de sua mente, morrendo queimada.

– Cada vez que a senhora me vê assim, é assim que me sinto.

O final da mensagem de Sanson é bastante significativo e deve merecer nossa reflexão:

Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos.

Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! Essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo. Mães sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu.

(Op. cit., cap. V, item 21.)

RICHARD SIMONETTI

Reformador Ago/09

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:03
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