NÃO SOMOS PÓ, NEM CINZAS
"És pó e em pó te hás de tornar." - (Gênesis, 3:19)
"Es pó e em pó te hás de tornar", eis uma citação profundamente materialista, constante do Antigo Testamento.
Na realidade, o Antigo Testamento quase nada discorre sobre a alma e a vida futura, ou sobre a vida eterna do Espírito, ao contrário do que ocorre com o Novo Testamento. O mais dramático, ainda, é que as frases em apreço, conforme constam da Bíblia Sagrada, teriam emanado do próprio Deus, o Criador de todas as coisas, que, segundo diz a Gênesis (6:6) havia se arrependido de ter criado o homem.
Na lápide de um túmulo de progressista cidade, deparamo-nos com a inscrição: "Fui o que tu és, e serás o que eu sou", outras palavras, que têm por base o mais grotesco materialismo. "Fui o que tu és" está correto, mas "serás o que eu sou" somente tem validade se aplicado ao Espírito eterno.
Em nenhuma das orações citadas, levou-se em consideração que o ser humano é composto de alma e corpo carnal. O corpo, realmente, é perecível, aniquila-se com a morte; a alma, porém, é imortal, eterna, indestrutível, e, como criação de Deus, evolui, incessantemente, e cada vez mais se aproxima do seu Criador.
Ninguém pode jamais, em sã razão, assimilar a idéia de que Deus, a Perfeição Absoluta, a Sabedoria em sua mais extremada essência, possa ter-se arrependido de ter criado algo.
Da mesma forma, como ocorreu com Jesus Cristo, que ressurgiu do túmulo, deixando-o vazio, nenhuma alma se encerra ou termina na sepultura. O corpo ali fica e perece, mas a alma se evola para o Infinito.
Somos criados por Deus e temos diante de nós toda a Eternidade, na qual aprimoramos as nossas qualidades morais, lapidamos o nosso Espírito, porquanto o Pai Celestial deseja que todos os seus filhos se aperfeiçoem e adquiram sabedoria, discernimento e atributos santificantes.
Mesmo aqueles filhos que hoje se perdem no labirinto do mal, que praticam iniqüidades, que são classificados como autênticos "demônios", serão, um dia, marcados pelo ferrete da dor e, na pauta de dolorosas expiações reencarnatórias, se aproximarão dos Espíritos Puros, colaboradores de Deus e portadores de virtudes santificantes, pois "o Pai não quer que nenhuma de suas ovelhas se perca".
Pedro de Camargo, "Vinícius", em seu precioso livro "Nas Pegadas do Mestre", esclarece o seguinte: "Não somos cinza: somos imortais, fadados por Deus a gloriosos destinos.
É tempo de despertar, ó vós que dormis. Deus quer o homem de busto ereto e cabeça levantada, fitando o Céu. Quer filhos varonis, cientes do seu valor, capazes de lutar e vencer o pecado e as servidões.
Deus não quer covardes, ânimos abatidos, frontes cabisbaixas, mirando o pó da terra. Quem tiver ouvidos de ouvir, ouça."
E Jesus disse: "Eu venci o mundo, tende bom ânimo." Essa expressão implica, virtualmente, a idéia de que seus discípulos também devem vencer o mundo, assim como Ele venceu.