Quarta-feira, 05 De Janeiro,2011

NÃO JULGAR

“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; com a medida com que medirdes sereis medido. “ Jesus. (MATEUS, 7:1-2.)

Julgarmo-nos uns aos outros tem-se constituído um forte hábito através dos tempos. Tal hábito encontra-se registrado na história da Humanidade, no seio de todos os povos e na utilização de todos os idiomas. Ressalta-se, ainda, na obra de todos os poetas antigos e modernos, desde Homero a Shakespeare, e sobreleva-se nos autores contemporâneos.

A ação de julgar é conseqüência natural da ação de raciocinar. E decorre de dois fatores: discordar e refletir. Por isso que os seres irracionais não julgam, pois lhes falta a razão: desenvolvem apenas o instinto, que não lhes permite pensar.

É verdade que o instinto, por evolução, se transformará futuramente em inteligência, pois constitui a base ou fundamento dela, depois da grande e sublime metamorfose ou nascimento espiritual.

Antes desse nascimento, deverá o ser passar por estado de depuração, em que precisará perder a “lembrança” instintiva de suas relações com a matéria, em que o irracional aprendia a distinguir determinadas coisas, como o melhor meio para a sua sobrevivência, a melhor água para beber, o alimento que melhor lhe conviesse, etc. E isso já se nos afigura uma forma incipiente de juízo, em determinadas espécies animais.

A ação de julgar é, portanto, inerente ao ser já a partir do instante em que se fez Espírito dotado da razão e com a faculdade de conhecer e de compreender o meio que o cerca, o que o torna inteligente e capaz de pensar.

Julgar é, pois, uma ação natural, normal e imprescindível no Espírito, encarnado ou desencarnado, do que podemos concluir que o Cristo não nos nega o direito de julgar e sim nos adverte contra o julgamento impróprio ou irresponsável, a censura injusta ou leviana a respeito dos outros.

O Espírito é dotado de cinco faculdades essenciais e fundamentais à sua condição de ser ou ente criado à imagem e semelhança de Deus. São elas:

1. Inteligência - condição de entender, conhecer e compreender o ambiente que o cerca ou meio em que vive e onde precisa desenvolver-se; tal faculdade lhe oferece ainda a percepção relativamente fácil das coisas.

2. Razão - condição que lhe outorga o poder de aprofundar-se no conhecimento das coisas, compreender determinados fatos, discernir, perquirir e, com a utilização da inteligência, criar e inventar.

3. Juízo - faculdade intelectual de manter-se cuidadosamente dentro de determinados limites de sua própria capacidade de auto-avaliação ou critério a respeito do que lhe for dado examinar.

4. Livre-arbítrio - poder de se autodeterminar.

5. Consciência - sentimento do que se passa no indivíduo, em seu íntimo e em sua natureza; é testemunha e ao mesmo tempo juiz incorruptível e severíssimo da própria alma, que aprova as boas atitudes e rejeita as más.

Na ocasião em que Jesus se expressou sobre a ação de julgar, o homem israelita ignorava essas coisas do ponto de vista filosófico. Era dotado de todas essas faculdades mas as desconhecia como potências da alma que se interagiam na disciplinação do ser como criatura de Deus.

O homem hebreu era capaz de perceber o erro que outro praticasse, mas não conseguia dimensioná-lo em si mesmo. Daí a advertência do Mestre dos mestres: “Vês o argueiro no olho de teu irmão e não percebes a trave no teu olho!"

E era verdade. Vejamos o caso da mulher adúltera (João, 8:1-11). Ela não adulterou sozinha; nem mesmo se sabe se não foi induzida ao adultério com o propósito de conduzirem o Cristo a contradições e perda. Mas, o que nos impede supor que todos os perseguidores da infeliz mulher fossem também adúlteros e não sabiam, uns por hipocrisia, outros por ignorância mesmo?

Em nossos dias, porém, em sociedade, já a ninguém é dado o álibi da ignorância, tendo em vista o adultério haver tomado a característica simplória e cínica de moda, de luxo e fatuidade viciosa. Por outro lado, o desquite e o divórcio são, muitas vezes, pretextos para a troca de parceiros no processo conjugal, onde a prole é instruída a tudo aceitar como fato normal.

Será que não estamos exagerando ou julgando mal o nosso próximo e a sociedade? Não!

Pois que esses fatos estão documentados nas colunas sociais.

Na época do Cristo, entre os homens imperava a maledicência. Julgava-se até sob o testemunho de Deus: Disse Jesus, parabolicamente (Lucas, 18:9-14), que dois homens subiram ao templo para orar, um era fariseu, o outro, publicano. E o fariseu orava assim: “Ó meu Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem mesmo como esse publicano...” (que lhe estava ao lado). Nem Deus era poupado na hipocrisia dos homens, pois se um fariseu assim agia, imaginemos a totalidade!...

Deixemos o homem de ontem e voltemos as nossas atenções para o de nossos dias, em que a Humanidade parece agir como se de Deus houvesse esquecido inteiramente ou Ele houvesse deixado de existir.

Jura-se inocência, em nome de Deus, até nos tribunais, mesmo diante dos libelos acusatórios mais evidentes... Calunia-se o próprio Criador para justificar as mais torpes ações de corrupção...

Mata-se todos os dias... Finalmente, nenhum dos mandamentos da lei exarada no Sinai é cumprido.

E os chamados pecados de que a história das religiões trata quando fala de Sodoma e Gomorra são atos pueris, tolos, infantis diante do que hoje se pratica, abertamente, nos mais diversos recantos deste pobre planeta.

Repetimos: não é julgamento inserto na advertência do Mestre incomparável. São fatos que estão à vista nos jornais, nas capas das revistas, na televisão e no rádio. São atos de devassidão, de depravação, de hediondez, de ódios... E que, no entanto, a sociedade contemporânea pratica e aceita como normais, corretos e naturais.

No instante em que laboramos na composição deste trabalho, a esposa nos chama a atenção para notícia tristíssima de mais um crime que foge a tudo o que se possa colocar na condição de hediondez. Noticia a televisão que cinco jovens - um de 16, outro de 18 e três de 19 anos incendeiam um homem que, em Brasília, nossa Capital Federal, encontrava-se deitado num ponto de ônibus. Era um líder indígena que possivelmente se perdera de seus companheiros e, ali acossado pelo sono, buscara repouso. Mas, qual não foi nossa surpresa, quando, no dia seguinte, já presos, procuravam justificar-se que não sabiam que era um índio pataxó. Julgaram tratar-se de um mendigo!... Veja, leitor e irmão espírita, que não exageramos nos conceitos acima, pois, no caso em foco, não temos bandidos ou assassinos vulgares mas cinco jovens filhos das melhores famílias da sociedade brasiliense. Por quê? Que é que está faltando ao homem planetário?... Apenas uma coisa: espírito de religiosidade calcado na Luz do Evangelho do Cristo.

Não estamos querendo dizer com os nossos argumentos que a advertência do Cristo, quanto à ação de julgar, esteja superada. Muito ao contrário. Acresce, hoje, à responsabilidade do julgador o dever de discernir bastante, mormente no que tange à necessidade de considerar melhor o valor da família, quer como centro de formação moral, quer com célula-base da sociedade.

Vejamos como sobre a ação de julgar o Mestre se pronuncia: “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (João, 7:24). E mais adiante, ainda no livro de João (12:47). “E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para o salvar. “ Mais adiante, ele explica o porquê: quem rejeitar a sua palavra, já tem quem o julgue: sua própria consciência.

Ora, que somos nós? que são os Espíritos, que ajudam o mundo dos encarnados com as suas mensagens? Somos uns e outros porventura juízes? Que diz a Espiritualidade Superior a nosso respeito e do papel que nos cumpre desempenhar, desde que dele estejamos compenetrados?

Não somos juízes. Não nos compete lavrar sentenças contra quem quer que seja. Mas não estamos impedidos de ajuizar, tendo em vista a excelência de nosso papel, quer de arautos na pregação, quer de exemplificadores na conduta cristã. Nisto convém que sejamos discípulos autênticos do Senhor.

Em cada um de nós, nesta exercitação do Evangelho, deve haver uma profunda interação que compreenda razão, inteligência, juízo, consciência e livre-arbítrio, enquanto espiritistas. Temos o dever de tomar conhecimento das dores do mundo, mas atentos a uma postura de oração e fé, exemplificando fraternidade e disciplina, numa atitude indemovível de Amor.

Ao mesmo tempo, porém, que nos contristamos com todos os fatos desairosos vistos acima, fazemos uma certa empatia com aqueles que se candidataram e se candidatam, ainda, ao infortúnio espiritual e, quem sabe (?), ao expurgo deste planeta para mundos em condição evolutiva condizente com o empedernimento em que se encontram.

Não nos assiste, efetivamente, o direito de julgar quanto ao destino desses irmãos.

Percebemos a hediondez dos fatos, a iniquidade dos atos, a impiedade dos sentimentos. Mas nada sabemos a respeito das razões íntimas que os impulsionaram a delinquir e a se perderem nos desvãos das paixões e do erro. Somente Deus nos conhece, assim como conhece-se a si mesmo aquele que não se permitiu o entorpecimento da própria consciência...

A apatia para com os outros deve ser a conduta mental de um bom juiz e de todo aquele que se vê na contingência de assumir o compromisso de julgar. O Evangelho sugere perdão, complacência, misericórdia. Não obstante, perdão, complacência, misericórdia, enquanto atitudes, compreendem a existência de um erro ou falta já julgado, senão aceito como tal pela própria consciência do culpado.

O que ainda nos desafia o raciocínio é o entendimento, na ação de julgar, da advertência do Cristo: “Não julgueis.” Vejamos, então, o pensamento dos próprios Espíritos que se têm manifestado ao mundo na obra do Consolador.

Vejamos o raciocínio de Allan Kardec, no capítulo X, item 13 de “O Evangelho segundo o Espiritismo”:

“Não é possível que Jesus haja proibido se profligue o mal, uma vez que ele próprio nos deu o exemplo, tendo-o feito, até em termos enérgicos. O que quis significar é que a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que censura. Tornar-se alguém culpado daquilo que condena noutrem é abdicar dessa autoridade, é privar-se do direito de repressão.”

(Grifamos.)

Um Espírito superior, no item 17 desse mesmo capítulo nos sugere:

(...) Não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações (...)”.

E ensina-nos o Espírito São Luís a uma indagação do Codificador, no item 20, com bastante propriedade:

(...) A ninguém é defeso ver o mal, quando ele existe. (...) Aquele que note os defeitos do próximo o faça em seu proveito pessoal, isto é, para se exercitar em evitar o que reprova nos outros.”

Na obra “Os Quatro Evangelhos” (1º Tomo, 8ª edição FEB, pág. 472-473), o autor espiritual afirma que Jesus exortava seus discípulos a não julgarem levianamente e, mais adiante, ao explicar a questão da trave e do argueiro no olho, registra essas palavras a que igualmente destacamos, dada a sua importância:

“Depois então, quando fordes perfeitos, podereis censurar (julgar). Podereis, mas não o fareis, porque a perfeição das vossas almas vos terá aproximado daquele que, perfeição completa, disse: “Atire a primeira pedra o que dentre vós estiver sem pecado (...).”

A questão é mais séria do que a princípio se possa imaginar. Não é uma índole má que conduz as almas ao erro, ao crime, à iniqüidade, mas a imperfeição delas, a sua inferioridade moral.

No caso, por exemplo, do expurgo dos maus (obstinados) para mundos inferiores, o que ocorre não é uma condenação absoluta de Deus aos que não conseguiram aperfeiçoar-se e se mantêm enceguecidos na senda do mal, é uma questão de justiça. O Pai não considera justo que aqueles que atingiram um certo nível de perfeição fiquem sujeitos a uma espécie de estagnação planetária porque determinado contingente de Espíritos, por rebeldia, pouco caso fazem dos ensinos expressos na Lei e ratificados no Evangelho.

Sofrerão as conseqüências de sua obstinação. Quem os condena, Deus? Não! Para Deus não estão condenados mas reprovados. A consciência deles, sim, essa os condena. É sua função.

O mais severo dos tribunais!

Como interpretamos acima a consciência? Que a respeito dela dizem os filósofos e os pensadores? Repetem uns que é o juiz secreto da alma, que aprova as ações boas e rejeita as más; confirmam outros que é o juiz incorruptível e severíssimo do Espírito.

Retirar a trave do olho deve ser realmente “expurgar a alma de todos os vícios e tornar puro o coração.” Realizando este engenhoso salto da treva para a luz, apercebe-se o ser de que o erro, a maldade de seu irmão no trajeto evolucionista afigura-se-lhe simples argueiro no olho. E em tudo isso comprova-se a sabedoria do Mestre divino, ainda hoje incompreendido, e a grandeza do seu Evangelho, aguardando aplicação para que o reino de Deus se manifeste neste planeta.

Nosso planeta se aproxima do terceiro milênio da Era Cristã. Os que nele permanecerem serão comparados às virgens prudentes de que trata a parábola do Senhor no capítulo 25 do Evangelho segundo Mateus. E estarão em condição, finalmente, de compreender que Deus não pode contradizer-se ao mesmo tempo que nos ensina a perdoar, condenando irremissivelmente aqueles de seus filhos que, por imperfeição, se utilizam mal do livre-arbítrio. Serão expurgados da Terra, sim, já o dissemos, mas para, arrependidos, recuperarem-se e, purificados, prosseguirem no roteiro de sua evolução.

Inaldo Lacerda Lima

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:32
link do post | comentar
Quarta-feira, 22 De Dezembro,2010

PELOS ESQUECIDOS DA TERRA

JESUS! Lembrando o Teu convite endereçado a todos nós, há mais de dois mil anos: “Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei”, aproveitamos a oportunidade para fazer-te um pedido em nome dos “esquecidos”, por ocasião de Tua descida ao nosso mundo, entre os dias 24 e 25 de Dezembro, quando comemoramos o Teu aniversário natalício.

Como sabes Senhor, eles se encontram em toda parte, a começar pelas crianças que acordam famintas, esquecidas pela sociedade indiferente à sua sorte, e que por isso acabam encontrando a desencarnação na cruel desnutrição. Rogamos pelas mães abandonadas por parceiros desalmados; vencidas pela miséria, elas esquecem de si mesmas para poderem sustentar os filhos e acabam vitimas da traiçoeira tuberculose.

Pedimos também pelos pais esquecidos, Senhor, que tudo fazem pelos filhos, sacrificando-se inúmeras vezes para o bem-estar deles, e depois são relegados a um segundo plano na velhice, razão pela qual acabam desencarnando apunhalados moralmente pela ingratidão daqueles de quem tanto esperavam no inverno de suas vidas.

Jesus! É certo que não temos a pena de morte em nosso país. Mas há coisa pior do que as vítimas do esquecimento do Poder Público, que apodrecem nas prisões sem as mínimas condições de se reabilitarem perante a vida social? É por isso que intercedemos em favor desses relegados dos poderes constituídos, abandonados nos cárceres, para que sejam restabelecidos a dignidade e o respeito que devemos a esses irmãos em humanidade.

Médico de nossas almas! Rogamos pelos enfermos, esquecidos nas filas dos hospitais, para serem atendidos não se sabe quando, e pelos que são deixados nos corredores à míngua de socorro e atendimento, em flagrante desrespeito às suas dores e, sobretudo, à sua inconteste condição humana.

Governador do Planeta Terra! Embora tenhas sido relegado ao esquecimento pelos Doutores da Lei, pelos poderosos de Tua época e pelos falsos líderes religiosos, jamais esqueceste dos humildes, dos pecadores, dos sofredores de toda a sorte, pois sempre acolheste a todos eles através do Teu Verbo tocado de infinito amor e profunda compreensão.

Além de endereçarmos esta rogativa pelos esquecidos deste mundo, rogamos também em favor, das crianças que estão ainda por nascer, pois existem parlamentares querendo assassiná-las, por meio de aprovação de uma lei que permitirá, infelizmente, a prática do aborto indiscriminado. Ou seja: “esquece-las” pelo resto da vida.

Neste NATAL, vem Senhor, amparar todos os esquecidos que se encontram aflitos e sobrecarregados neste planeta, a fim de aliviares suas dores causadas pela ambição dos insaciáveis, pela indiferença dos egoístas e pela falta de compaixão dos insensíveis.

Vem, portanto, Senhor, confortar o coração dos que foram vencidos pela miséria, pela fome, pela enfermidade, pelas injustiças, porque eles não possuem voz para aclamar por piedade aos “vencedores” da Terra!   

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 03:03
link do post | comentar
Domingo, 24 De Outubro,2010

"DUAS VIDAS" - UM INDIVÍDUO

Narra-nos o eminente sábio Gabriel Delanne, considerado o Gigante do Espiritismo Científico, que um doente foi, em pleno consultório, acomedido de ataque epilético. Breve recobrou os sentidos, mas esquecido de haver pago de antemão a consulta médica. Outro epilético, caindo numa loja, levantou-se presto, e fugiu, deixando chapéu e carteira.

“Só voltei a mim – dizia -, depois de percorrer um quilômetro; procurava o chapéu em todas as lojas, mas na verdade, sem noção do que fazia. Esta, a bem dizer, só me veio uns dez minutos depois, quando chegava à estação do caminho de ferro”.

Um empregado de escritório foi, em plena atividade, e sem outro qualquer distúrbio, assaltado por idéias confusas. Lembrava-se, apenas, de haver jantado no restaurante, e depois disso nada lhe ocorria. Voltou ao restaurante e disseram-lhe que jantara, pagara e saíra bem disposto, como se nada sentisse. A obnubilação durara três quartos de hora, mais ou menos.

Examinemos este último caso, que explica os outros.

Durante quarenta e cinco minutos, a vertigem epiléptica subtraiu ao paciente a consciência de seus atos, mas lhe deixou o automatismo cerebral, e, aos olhos do público, era como se nada de extraordinário lhe houvera acontecido.

Que se passou, então? Acabamos de ver que, no estado normal, cada indivíduo tem, segundo a sua constituição fisiológica, uma tonicidade nervosa que lhe é peculiar, mediante a qual se lhe registram na consciência as sensações, com um mínimo de intensidade e outro mínimo de duração: ora, esse homem, atingido subitamente por um ataque epiléptico, tem, de inopino, modificadas as condições de funcionamento normal do sistema nervoso, de sorte a se modificarem, concomitantemente, a força vital e as vibrações perispirituais correspondentes: as sensações inscrevem-se-lhe no perispírito, e a alma as percebe, mas de outra maneira que não a normal.

De modo que, voltando a si, o paciente não tem noção do que sucedeu durante o ataque, enquanto, paralelamente, o automatismo cerebral, criado pelo hábito, levava-o a proceder como se o fizesse conscientemente. Acentuemos bem que não há duas individualidades nesse homem, que o eu é sempre o mesmo; mas durante o acesso, o ritmo no perispírito variou, as sensações inscreveram-se no organismo fluídico, modificado.

Quando o perispírito volta à tonicidade normal, isto é, cessada a crise, a alma não mais tem consciência do que ocorreu, pois as relações normais se restabeleceram, as sensações passam ao inconsciente, perdeu-se a memória.

É um fenômeno que pode se assimilado ao do sonho. Enquanto dormimos, nossa alma mantém-se em incessante atividade, mas as sensações internas são extremamente fracas, e, se parecem fortes, não é porque na realidade o sejam, mas porque nenhum estado forte existe para relegá-las a segundo plano.

Desde que recomece o estado de vigília, as imagens que não tiverem senão um mínimo de intensidade passam ao inconsciente: o sonho é esquecido. No exemplo do empregado de escritório, há dois gêneros de vida a se sucederem no mesmo indivíduo, ignorando-se uma à outra; mas, a existência extranormal não durou mais do que um quarto de hora e nós ignoramos se ela se reproduziu. BIBLIOGRAFIA: “A Evolução Anímica”- Gabriel Delanne.
 

O SEMEADOR – Outubro/1996

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar
Sábado, 23 De Outubro,2010

A VERDADE DE CADA UM

É inadmissível, que nos dias atuais, às vésperas do 3º milênio, quer através da imprensa escrita, falada e televisiva, vejamos "fiéis" de determinadas religiões desenvolverem verdadeiras batalhas contra profitentes de outras crenças. Alguns, para alcançarem seus objetivos - aniquilar o inimigo - não titubeiam em lançar mão dos argumentos mais descabidos, até mesmo da mentira, se necessário for. Aqui comigo penso: se os religiosos, que pregam o entendimento, o perdão e paz, agem dessa maneira, imaginem os demais ...

Não há nenhum constrangimento em que sejam expostas as mazelas do próximo nos programas de TV, para depois então, mostrar a "religião salvadora". A dor e os problemas das pessoas são tratados como "produtos" na busca de conversões, num "marketing" proselitista sem pudor nem antecedentes, verdadeiro comércio da fé.

É lamentável que os homens "ainda sejam tão crianças no entendimento", como no dizer de São Paulo, perdendo tempo com discussões improdutivas, que não conduzem a lugar algum. Esquecem-se, que mais importante do que o rótulo é o conteúdo; mais importante que as aparências, são as atitudes. Depois, cada um tem o direito - inclusive assegurado pela Constituição do nosso país -,  no que diz respeito às crenças e cultos, de seguir o caminho que bem entender, de acreditar no que bem quiser.

Por uma questão de respeito à liberdade de pensamento, temos o dever de aceitar o posicionamento religioso dos outros; se não por isto, pelo menos por educação. Afinal, o preconceito e a discriminação já fizeram milhões e milhões de vítimas ao longo da história da humanidade.

A Idade Média ficou para trás, graças a Deus. Os tempos das "cruzadas" e da "santa inquisição", quando  tentavam impor "verdades" à custa de ferro e fogo, fazem parte apenas de um período obscuro e lamentável da nossa historicidade.

Os habitantes da Terra, lá para o final do 3º milênio, custarão a acreditar que um dia, homens foram escravos de outros homens; que existiu segregação racial nos Estados Unidos, motivo de vergonha para a maior "democracia" do mundo; que uns, por terem nascidos judeus, foram perseguidos e dizimados pelo Reich alemão; que outros, por serem arábes, foram vistos com desconfiança; que na Irlanda, católicos e protestantes, travaram uma guerra secular, sangrenta e desumana, pela disputa do poder em nome do Cristo. E, que ainda se achavam civilizados ...

Chega! É preciso que alguém grite, chamando todos a uma profunda reflexão, revendo conceitos e valores. De que valeram - é bom que se pergunte - os exemplos de Jesus, Buda, Krisna, Francisco de Assis e tanto outros iluminados que passaram pela Terra? De que valeram os sacrifícios de Ghandi, Martin Luther King e outros que ofereceram voluntariamente a própria vida em nome dos direitos humanos, de uma sociedade mais justa e da paz? De que têm valido os ensinamentos vivos que nos foram legados por Albert Schweitzer (evangélico), Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce (religiosas católicas) e por Chico Xavier (espírita), todos desenvolvendo incansáveis tarefas humanitárias?

Numa entrevista concedida à Revista Planeta, um dos grandes pensadores dos nossos dias, Frei Leonardo Boff, cita uma frase creditada ao Dalai Lama, líder espiritual do Tibet que, acredito, pode ser uma luz a clarear o entendimento dos religiosos ortodoxos: "A melhor religião é a que te faz melhor."

Entretanto, cada um quer ser dono da verdade, se possível, com exclusividade reconhecida. E, isso, convenhamos, é uma tola presunção de quem quer impor seus pontos de vista. Quem tenta convencer ao outro é aquele que ainda não conseguiu convencer a si mesmo.

Geralmente, os que já percorreram o caminho e já atingiram o objetivo, são serenos, justos, e neles, a humildade é um estado natural. Não criticam nem julgam, porque têm a consciência de que aqueles que vem atrás, mesmo tropeçando e caindo, também chegarão ao objetivo desejado, independente do caminho que tenham escolhido. Sabem, que a Luz não se impõe - é conquista de cada um.

Nem mesmo Jesus, em toda a sua sabedoria, quando questionado por Pilatos, se arriscou a definir a Verdade, preferindo silenciar. Talvez, porque a Verdade não deva ser conceituada, mas sim, vivenciada em toda a sua plenitude, através de uma busca incessante, de um constante caminhar, como no dizer de Sérgio de Souza Carvalho, em o Mestres da Terra: "O caminho dever ser percorrido e não discutido. A compreensão vem do fazer e não do falar:"

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" - afirmou Jesus - mas, não a definindo, deixou claro que cada um terá que encontrar sua própria Verdade, escolher sua trajetória particular para poder atingi-la. Assim, a coragem libertará o medroso; a cura libertará o doente; a educação libertará o ignorante; a reparação da falta libertará o criminoso; a esperança libertará o pessimista; a hulmidade libertará o orgulhoso e, desse modo, cada um encontrará a "sua verdade", ao seu modo, tempo e lugar. Portanto, ninguém tem o direito de querer "impor" a sua verdade - ou o que julga ser verdade -, a quem quer que seja.

Se ainda não somos sábios o suficiente para fazermos nossas as palavras de Sócrates, "Só sei que nada sei", ao menos sejamos educados, respeitando as convicções de cada um. É o mínimo exigido pelo bom senso.

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 13:49
link do post | comentar
Quarta-feira, 13 De Outubro,2010

DA EXISTÊNCIA DE DEUS

 

Teomatia

Do grego: Théos – Deus; mathein – conhecimento.

Quando se formula um novo estudo, não há dúvida de que se torna necessário da r as devidas denominações às coisas e às ideias e não se permitir que usem conceitos dúbios ou que sirvam para definir outros aspectos distintos do que se vá estudar, para que não se misturem esses conceitos.

Na atualidade, com o rigorismo, não se admite a existência de um mesmo termo para definir ideias distintas ou que não sejam afins, embora muitos, por ignorância, reajam contra as mudanças que se tenham de fazer; no rigor, chega-se a ponto de padronizar conceitos e delimitá-los, excluindo noções extensivas que não correspondam com precisão à conceituação estabelecida.

Na Teologia, o capítulo referente ao estudo da existência de Deus é denominado Teologia Dogmática, completamente incompatível com os princípios espíritas que não aceitam nenhum dogma, por impositivo. A razão acima de tudo, apesar dos teólogos espíritas.

De qualquer forma, pode-se analisar a existência de Deus pelos três aspectos, o religioso, o filosófico e o científico.

 

Aspecto religioso

De um modo extensivo, todas as religiões, mesmo as d itas politeístas, admitem um Deus único, supremo, reinando sobre os demais, que não passam de seus vassalos ou seres subordinados inferiores. O mesmo ocorre com as seitas e religiões monoteístas, só que nestas, os demais componentes da corte celestial não têm regalias de deuses nem prerrogativas desse jaez.

Contudo, um conceito geral une todas as ideias: – Deus seria um Ente todo poderoso, responsável por tudo o que exista no imenso Universo.

Para algumas correntes, Deus cria os seres e as coisas pelo simples sopro; seria uma sopradela geral.

Outras dão atributo de “obreiro” e, com esses predicados, Deus faz tudo. E mais, governa o Universo, deleita-se com isso, determina o que deva ocorrer, até a hora em que as folhas das árvores devam cair, predispõe as coisas e manda que isso aconteça com poderes absolutistas. É o Deus antropomórfico, afinal teríamos sido feitos à sua imagem.

Em ambos os casos, trata-se de um Deus pensante que fala com privilegiados, que consagra a seita que o venera, denotando preferência s em detrimento das demais, que dispõe e repõe que comete toda série de vontades, mas que, ao mesmo tempo, é Pai. Pai da Criação: castiga os maus ou os ímpios, os que não se guiam através da respectiva seita e manda punir os hereges.

Bastante discricionário, convenhamos.

O Deus religioso é capaz de cometer uma série de iniquidades em nome da Religião que o professe e ser violento com aqueles que não o aceitem. Não é, pois, de se admirar que o ateísmo tenha sérios argumentos para se contrapor à existência de tão ignóbil criatura; ademais, Ele nunca foi encontrado no Universo pelos pesquisadores, senão pelos religiosos, inspirados, ungidos, potentados da Religião, que chegam a conversar com Ele, tudo sem comprovação, sem esteio, pelo prisma dogmático da aceitação tácita, porque foi o inspirado que o revelou. Deus que chegou a escrever livros, inclusive a Bíblia.

O erro, porém, está nos homens sacerdotais que impingem tal balela e nos fanáticos que a aceitam sem discutir.

Uma outra grave incorreção religiosa é achar que Deus só se preocupa com a Terra, como se fôramos o centro do Universo – influência ptolomaica – e das atenções do Criador, daí a ideia de que tenhamos sua similitude, e todo o resto cósmico, existindo, apenas, para nosso deslumbramento.

Destaca-se ainda um aspecto de circunspecção e adoração a Deus; algumas seitas limitam-se à veneração, outras chegam ao exagero de afirmar que o princípio da sabedoria é temer a Deus – Timor Domini –; enfim, o medo de desagradá-Lo como se o Criador fosse atreito a susceptibilidades dessa natureza, predicado assaz peculiar a muita gente. E temos que amá-Lo adorá-Lo, divinizá-Lo, enfim, arrastarmo-nos submissos a um Senhor que, por essas lendas, exigiria do homem uma subserviência extrema.

Entretanto, o mais curioso, a inda, é dar-Lhe personalidade humana.

Justifica-se tudo isso com uma única explicação: o desconhecimento total do que venha a ser o Supremo Criador. Junte-se a isso uma necessidade imperiosa e premente de se acreditar no Poder extranormal de um Ente que esteja acima de tudo, com predicados humanos, que governe com pulso firme nossos destinos, dispondo a seu bel entender, com um critério duvidoso de justiça, misto de vontades e determinações. E que possa nos ajudar em nossos momentos de aflição, mesmo, por simples apelo do sofredor.

Justifica-se, pois, isso porque o homem, na sua fragilidade, precisa de algo que, para ele, defenda–o contra tudo, até mesmo contra seus defeitos.

Há, contudo, uma conclusão categórica: Deus é eterno.

 

Aspecto filosófico

Do fanatismo religioso ao pragmatismo filosófico relativo à existência de Deus, a distância é mínima, porque, apesar de usar a razão, escopo da lógica, para garantir que exista um Criador como causa e o Universo como efeito, o filósofo que reflete não encontra explicação para sua afirmativa. Simplesmente assevera que existe. Apesar de usar o critério da verdade pela verdade em seu valor prático, não admitindo que ela seja absoluta, pelo menos, dentro dos nossos conhecimentos, tem Deus absolutista.

Não lhe dá predicados teológicos nem personalidade humana, não lhe cria barbas, deixando à razão de cada um aceitá-Lo como aprouver ou entender.

Surgem, assim, inúmeros pensadores emitindo opiniões em grande parte gritantemente antagônicas, o que não permite que se tenha com exatidão a posição específica da interpretação filosófica a respeito da existência de Deus. Justificam-se: trata-se de correntes de pensadores.

Ele criou as suas leis, afirmam uns; alguns que outros defendem a ideia de que Deus só existe dentro de nós, que Ele seja mero princípio matemático que regulamenta a existência de tudo; há os que O tenham com poderes específicos para dispor o Universo; destaca-se, ainda, o pensamento de que possa ser uma divindade criadora que tudo faz a seu prazer.

Na Teodicéia, a grande preocupação é provar que Deus é justo, em tudo o que ocorre, como já foi dito. E finalmente, para Immanuel Kant, a própria vida em si supõe a existência de Deus; para Blaise Pascal, opondo-se ao jesuitismo da sua época, não entendíamos Deus porque ele é perfeito; David Hume, no seu empirismo, contrapondo-se à razão pura, achava que era uma questão de fé; René Descartes apresentava a prova ontológica para justificar Deus; sem falar no célebre conceito anônimo de que Deus seria o próprio universo.

 

Aspecto científico

Atualmente, o materialista ateu é tido como a negação da cultura, a desatualização do conhecimento, o pedestal da vaidade; um contraste, sem dúvida, com a posição científica de algumas poucas décadas atrás.

As ciências exatas provam que o Universo não veio do nada, que, por si só, a energia cósmica não poderia se alterar para formar os seres e as coisas; sem ser um princípio espiritualista existencial, garantem que, para que a vida biológica possa existir, por trás dela haverá uma inteligência que transcende à energia dita material, pois a matéria só poderá se apresentar como ser vivo se tiver uma causa (ou agente) atuando sobre ela.

O grande problema tem sido conciliar a concepção do Deus religioso, dominante e predominante na nossa imaginação, prepotente e absoluto, com o que tenha tido o poder e a capacidade de instituir um sistema sideral tão perfeito, com leis imutáveis que nenhuma Vontade Superior seja capaz de modificá-lo.

Daí o grande escrúpulo de designar este ser criador perfeito p elo epíteto religioso e personalístico de Deus.

Há, portanto, o Deus em que os religiosos acreditam o Ente Supremo de que filósofos cogitam e o Agente Estruturador que a ciência admite. No final, são o mesmo, com conotações distintas.

Talvez, por isso, a fim de não ferir susceptibilidades, os maçons, os rosa cruzes e os templários prefiram chamá-lo de Grande Arquiteto do Universo.

A opinião científica que possa se ter desse Supremo Arquiteto do Universo, ou o Agente Criador Maior, ou ainda, a Causa Suprema da formação universal – para evitar chamá-Lo escrupulosamente de Deus e confundi-Lo com a forma religiosa –, parte do discutido e contestado Big-Bang, apesar disso, teoria mais aceita para a formação dos mundos, destinada a justificar a formação cósmica:

Antes da existência do nosso universo (poderia haver outros com outros deuses), admite-se que toda essa energia que se acha em expansão – e que não provém do nada – dando origem às nossas existências, deveria estar integrando outro sistema dominial físico a partir do que um Agente Físico Estruturador – o Deus –, com seus predicados específicos que fogem a qualquer conhecimento do qual possamos dispor, passou a reuni-la sob forma de implosão, num fulcro central (admitido por todos como origem da expansão) até os limites suportáveis de implosão, a partir do qual teria havido a grande explosão ou qualquer outro fenômeno de partida.

Lembra o efeito de um motor a diesel onde este combustível é borrifado dentro de um pistão limitado e comprimido por seu êmbolo; no ponto máximo de compressão o diesel explode, sem necessidade de nenhuma centelha.

Qualquer raciocínio lógico parte da premissa de que, para que se tenha a implosão, necessário se torna a existência do agente implosor. A Ele dá-se, apenas, um predicado muito simples: foi capaz de realizar o fenômeno criando o universo.

É mais do que claro de que esse Deus científico está muito longe do que os religiosos elaboram em sua mente porque Ele não comanda com punhos de ferro, como se fora o timoneiro de um barco, levando-o a seu destino, contra as intempéries das correntezas. O dito Agente Físico, apenas, teria criado o Universo com leis imutáveis, as quais têm que ser rigorosamente cumpridas por tudo e por todos os que possam integrar seu orbe sideral.

O que se oponha a elas será imediatamente corrigido, configurando o que se possa ter como punição contra um ato de rebeldia. Apenas, a cosmo física não admite esse conceito de punição: tudo ocorre segundo os desígnios da lei de equilíbrio que rege o Espaço celeste à qual também estamos sujeitos em nossas prerrogativas existenciais conhecidas como livre-arbítrio.

E, se lembrarmos que, segundo Werner Heisenberg, as partículas também têm vontade própria, não é de se pasmar que o homem, possuidor de uma personalidade mais altiva, incomparavelmente superior, possa também tê-la; e que arque com ela.

Um outro aspecto importante da concepção científica é que o Deus Criador não possui nenhuma identidade com os homens já que, provavelmente, nessa imensidão universal existam seres bem superiores a nós e, como tal, não estando sujeitos à nossa mediocridade, seriam incompatíveis com um Criador antropomórfico. Ou estariam acima Dele, o que se torna inadmissível.

Também se considera que seu domínio de existência – habitação – não seja o ambiente cósmico, isto é, não esteja Ele em seu interior, nem se manifeste à criatura humana, por incompatibilidades de correspondência dominial. Algo matemático.

Veja-se que, em qualquer religião, o seu Deus particular – já que cada uma tem o seu, distinto – está sempre em contato com o missionário que prega a respectiva seita, fala com ele, dá-lhe orientações e determina como deva ensinar seus seguidores. Por vezes, como no caso do Pentateuco, ouve, até, conselhos de Moisés, para que se volva da sua ira.

Nada disso existe em Ciência, porque Deus não tem nem pode ter defeitos humanos, ou seja, os predicados que lhe sejam imputados, mesmo anexos ao prefixo oni que O tornaria superior a tudo. Não pode, ainda, ter privilégios nem ser monopólio de nenhuma corrente ou de nenhuma seita, não se envolve com casos particulares e, como o próprio nome da criação indica, universaliza tudo dentro de um mesmo princípio.

Para isso, há que estar por fora da Criação; eis porque nenhum telescópio, nenhum aparelho de sondagem irá localizar sua habitação. E nenhum cientista terá a infantilidade de colocá-Lo num monte ou numa constelação inatingível como fizeram os gregos com o Olimpo, na treda ilusão de que seus aparelhos jamais possam alcançar tal ponto para verificar a irrealidade da afirmativa.

Conclusivamente, pode-se dizer que esse Agente, o Deus científico, nada se assemelha ao homem, possui predicados próprios compatíveis com seu poder criador, estabeleceu, no ato da formação, todas as leis de equilíbrio universal. Por ser externo ao Universo, não pode ser compreendido pelos humanos nem pesquisado por seus aparelhos.

E, considerando-se que os Espíritos desencarnados são personalidades com os mesmos predicados do encarnado, sem as vestes corpóreas, também eles – que somos nós quando libertos do corpo – não têm esse acesso à compreensão superior.

Universo pulsante e anisotrópico

Ao contrário do que diz a Bíblia e do que afirmam as religiões, as novas descobertas astrofísicas a partir dos estudos de Edwin Powell Hubble, astrofísico norte-americano natural do Missouri, a respeito da curvatura do Universo, este, na forma por que se apresenta, não pode ter sido criação de nenhum Deus, principalmente antropomórfico porque ele é apenas uma fase de uma existência pulsante e que, como tal, vem a ser a repetição de outras existências.

Por que pulsante?

Em decorrência dos estudos, pôde-se verificar que o Universo é uma certa massa de energia em expansão e que, como tal, para se expandir, inicialmente, ela teria que ser implodida em um fulcro central, o que definiria, então, duas etapas, a de implosão e a de expansão que ocorrerá até que se esvaia sua condição de massa de energia comprimida.

Por que anisotrópica?

Porque a implosão não é inversa da expansão. Ou seja, o caminho percorrido nu m caso não é o caminho inverso do outro. O pêndulo vai e volta num movimento isotrópico.

Já o Universo, para ter toda sua energia concentrada no fulcro central, teve algum Agente Supremo atuante que a teria implodido até este fulcro central para dar-lhe condição de existência. Este Agente substituiria o Deus religioso e por ser puramente físico acima de tudo o que exista no Universo, sem sentimentos humanos, teria a perfeição que o Deus antropomórfico não possui. Assim, é capaz de estruturar o Universo a partir do momento em que, depois de reunida no aludido fulcro central, a energia passa a se expandir, segundo leis imutáveis. Eis a perfeição.

Há duas hipóteses, ainda em vigor, a respeito da origem desta etapa em que vivemos. A mais antiga, defendida, dentre outros, por Stephen Hawking, baseia-se na existência dos buracos negros que se transformam em estrelas novas. O Universo seria algo como um buraco negro cuja propriedade vem a ser a de atrair toda energia universal para seu interior, explodindo, em seguida. É o Big-bang analisado sob diversos aspectos e a partir dessa explosão, durante a expansão, seria desencadeada uma série de reações produzidas pelo efeito explosivo, reações essas capazes de estruturar os astros e a vida em si, formando os mundos.

Peca pela própria definição, porque a expansão universal é homogênea e contínua, enquanto que a grande explosão faria dela irregular por causa do distúrbio provocado pela mesma. O fenômeno que se vê quando ocorre qualquer explosão que libere fumaça: ela não s ai de forma constante e uniforme, em todas as direções e sentidos, mas, em catadupa, que não é o que ocorre com a energia universal.

A segunda hipótese surgiu depois que Murray Gell Mann, à frente do acelerador de partículas (FermiLab) da Stanford University, descobriu que as partículas atômicas sofrem influência de agentes – ditos estruturadores – externos ao Universo e que comandam suas ações.

Estes agentes – atualmente chamados de frameworkers – justificariam a formação da partícula sem necessidade de nenhuma outra ação. Viria a ser “a alma” da mesma e que, atuando sobre a energia amorfa do Universo, teria essa capacidade estrutural.

O fenômeno se enquadra na famosa equação de Einstein: E = mc²

Estes agentes pertenceriam a um domínio externo – provavelmente o que chamamos de mundo espiritual – intimamente ligado ao domínio dito material e, como tal, comandaria a existência de tudo, inclusive da “vida” biológica.

Ambas as teorias se encaixam perfeitamente dentro do conceito de existência do Universo, quer pulsante, quer anisotrópico.

Com isso, toda reformulação religiosa se faz necessária para que não se tenha a ideia de que um “Espírito” Supremo, antropomórfico, seja o grande e único responsável por tudo o que existe no espaço sideral. Essa estrutura do Universo está muito acima de qualquer concepção divina e de qualquer super dote de um simples Deus religioso.

O Universo atual seria mera consequência de um outro anterior que, como o nosso, todavia, teria se expandido até esvair-se, quando, então, entraria a “mão de Deus” para fazer com que novamente ele implodisse para recomeçar um novo ciclo de existência.

Esta hipótese elimina a incoerência de um Deus onipotente a fazer tudo a partir da formação do Universo (atual estágio de existência, que seria único) para seu gáudio e prazer, senão, pela necessidade da dar prosseguimento ao processo evolutivo da existência em si.

É difícil aceitar tal hipótese para quem se imbuiu das teses religiosas, só que ela está estribada em observações científicas que comprovam que existem agentes externos à energia cósmica atuando sobre ela e modulando-a, sem dúvida, não só para elaborar um novo sistema planetário – como é o caso do que o observatório Keck II do Haway detectou – em torno da estrela Alfa Centauro, agregando a poeira cósmica, como ainda, a partir da comprovação da curvatura celeste, a conclusão de que este Universo terá fim, quando sua energia atingir à expansão máxima.

E o que resultaria da existência de tudo o que está contido dentro dele? Extinguir-se-ia segundo a “vontade” de um Deus religioso? Ou teria continuidade, como prevê a hipótese científica? E como ficaríamos todos nós?

Na hipótese de se extinguir, para que, então, o processo evolutivo, se tudo acabaria? É, portanto, mais lógico admitir-se que tudo isso terá que ser reaproveitado em nova existência; e se isto é mais provável a ocorrer, também o será como antecedente ao atual estágio por que atravessa todo o sistema cósmico.

Tal posição científica é cômoda para o Espiritismo primeiro, porque, admitindo a existência de um outro domínio externo ao material onde habitariam os estruturadores, assim, estaria a um passo de reconhecer a Espiritualidade como causa de tudo. Destruiria, porém, a hipótese de que o princípio de existência se restringiria apenas à espiritual das criaturas humanas e incluiria, também, os vegetais, os minerais até as partículas subatômicas mais elementares como possuidores deste mesmo princípio, guardadas as equivalências. Isto é assunto para outro capítulo.

E o mais importante de tudo é que obedeceria à lei reencarnatória, ou seja, até a vida do Universo se daria por etapas e formações distintas de novo corpo de existência.

Dessa hipótese, o que não se pode contestar são as descobertas científicas, principalmente as de Gell Mann, que destrói por completo qualquer hipótese materialista da existência das coisas, como supõe Hawking e seus colegas de ideia.

Porém, a necessidade que têm as criaturas em crer num Deus absoluto, onipotente, tido como “pai amantíssimo”, feito à imagem e semelhança do homem, como reza na Bíblia, é que impede que a grande massa humana possa antever nos estudos científicos uma verdade para que se medite no porquê de nossa existência decorrente da formação do Universo a partir de ciclos evolutivos e não mais como uma “criação” divina feita para satisfazer a vontade do Criador.

É mais fácil, contudo, e mais cômodo, bem como conveniente, admitir-se um Deus de “ternura e bondade” capaz de perdoar todos os nossos defeitos, do que nos curvarmos ante a realidade de que teremos que nos reformular por esforços próprios, como admite Kardec ao pregar a “reforma íntima” para que possamos acompanhar a fase evolutiva das existências. Esta hipótese obriga-nos a resgatar os erros para compensá-los – como determina a lei do equilíbrio universal –, o que não é deveras nada agradável.

O homem gosta de se iludir.

 

Aspecto espirítico (ou teonômico)

Quando Allan Kardec afirmou que Deus seria a causa primária de todas as coisas, apenas, antecedeu-se ao estudo científico, admitindo que nada exista sem que tenha sido por Ele estruturado.

Evidentemente, a grande influência do Cristianismo na formação doutrinária de espíritas fá-los seguir, quase integramente, os preceitos doutrinários estabelecidos pela corrente predominante, mesmo sem o devido amparo filosófico científico.

Kardec foi sóbrio e prudente e, como são suas obras a base natural do Espiritismo, é nelas que temos que buscar a concepção de Deus, contida em O Livro dos Espíritos (LE). Temos que levar em conta, ainda, que nosso estudo se restringe ao nosso Universo e tudo o que se refira a ele, posto que, a existência de algo mais fora dele é mera hipótese.

Assim, Deus, perante o universo, é Incriado, pois é seu criador.

Se Ele existe, deve haver uma causa; mas, se nem sequer conseguimos imaginá-Lo, quanto mais do que decorra!? Além disso, há que se partir de um ponto referencial. Para nós, este é Deus.

Os conceitos de Infinito e Eterno são inteiramente impróprios, por serem, como consta no LE, abstratos e indefinidos perante a concepção humana que não conhece o que possam ser ambas as coisas por inexistentes em seu domínio. Mesmo sendo matematicamente explicáveis, são figuras e, como tais, abstracionistas.

O grande predicado de Deus, conhecido por nós, é ser Único. Evidencia-se isso pela coerência universal: tudo obedece à mesma lei de equilíbrio. Se tivéssemos uma obra feita por diversos autores  notar-se-ia, de imediato, a contribuição individual de cada um e não uma unidade contínua. E tudo é válido independente da forma pela qual o Universo tenha surgido.

Os outros predicados são mera formalidade, como explica o aludido livro de Kardec:

Imaterial - todo Espírito o é; só a energia condensada, como se sabe atualmente, é que se transforma em matéria. De qualquer forma, tem-se como mundo material a tudo o que seja formado pela energia (cósmica) em expansão.

Todo poderoso - conceito medíocre que se Lhe dá o homem porque, sendo único e criador, tudo tem que girar em função do seu poder de criação.

 

PANTEÍSMO

Do grego: pan – tudo; théos – Deus, o Panteísmo é um sistema de doutrina que identifica Deus e o mundo e cuja expressão máxima é Baruc Spinoza (1632 -77), filósofo holandês de origem portuguesa, para o qual não há diferença entre Deus e o mundo, pensamento pontificado em sua obra Tractatus theologico-politicus.

O Panteísmo manifesta-se sob uma forma religiosa e grandiosa nas doutrinas da Índia, segundo a Enciclopédia e, entre os gregos, define uma doutrina filosófica para o estoicismo e o neoplatonismo.

Contudo, ainda é Spinoza que encontra sua expressão mais vigorosa e mais coerente com a ideia de que Deus é único em tudo; é necessariamente uno infinito, independente, simples e indivisível. Em si, possui dois atributos conhecidos por nós: o pensamento e o entendimento. Os seres são nódulos desse atributo.

As substâncias divinas desenvolvem-se conforme as leis essenciais da natureza. Deus é determinado por si próprio, mas dentro de um senso único e irrevogável.

Com Spinoza, tem como consequência o determinismo universal.

Outros autores importantes e de destaque a admitirem o panteísmo são John Gottlieb Fichte (1762 - 1814), alemão de Berlim, discípulo de Kant e Hegel (1770 -1831) – alemão de Stutgart – com seu monismo, considerado uma doutrina científica e que mais recentemente vem apresentar uma hipótese relativista que reconhece os resultados da crítica e do conhecimento.

A eles junta-se Friedich Willelm Joseph Schelling (1775 -1854), também alemão, de Wurtenberg que segue a mesma escola dos compatriotas.

O panteísmo é considerado uma doutrina metafísica que ultrapassa a experiência e pretende atender a essência das coisas. Popularizou-se culpando Deus de tudo.

Sua grande dificuldade é a de não distinguir a causa e seus efeitos. Além do mais, não se pode aceitar a hipótese de que tudo esteja sob-responsabilidade de Deus e nada aconteça sem que Ele o determine (para cada caso) ou assim o queira, pois fere, dentre outros aspectos, o livre-arbítrio. E, ainda, determina que seja ele o responsável, também, pela dor do que sofre.

É um absurdo supor que Deus se preocupe com tudo e com cada coisa, minuciosamente, que possa ocorrer e que venha a dar uma solução para cada caso, de acordo com seu julgamento, o que tornaria um paradoxo ter um Criador perfeito reunindo predicados antagônicos: ser onipotente e não evitar que ocorram fatos contrários à sua doutrina, como o religioso o prega. Fazer com que tudo aconteça segundo Sua vontade é negar a própria lei de criação, é admitir que permita a maldade a seu prazer, e que o destino de cada um seja por Ele traçado e determinado.

E onde ficaria a lei universal? Seria contrariada a cada instante, como se fosse uma lei de trânsito que se possa desrespeitar impunemente, se o guarda não vir. Enfim, por absurdo e contrário ao determinismo e ao livre arbítrio, os conceitos panteísta s são antagônicos ao que se tenha como perfeito.

 

Conclusão – Finalmente, é tácito, como afirmaram os Espíritos a Kardec, que o homem não pode compreender nem fazer ideia do que seja Deus porque, para tanto, falta-lhes sentido. Estamos restritos, segundo os pesquisadores modernos, a dezoito deles, faltando uma série já caracterizada, como o sentido que detectaria a quarta dimensão energética e, com estes, restringimo-nos ao que nos cerca. E tudo indica que essa situação prevaleça na Erraticidade.

Quanto às dimensões, basta lembrarmos que, se perdermos um dos três aneizinhos de nossos ouvidos, perderemos também a noção dimensional a ele correspondente. Nós não possuímos os anéis dimensionais necessários para penetrarmos no domínio de existência de Deus.

Em Teonomia teremos que nos contentar com as especulações científicas e as prudentes observações do LE.

Resumindo, o que se pode afirmar é que Deus está acima de tudo e de qualquer compreensão humana.

Suas leis imutáveis comandam a existência universal dentro do que todos nos enquadramos e que, como tal, a elas estaremos sujeitos. Tudo o que possa ocorrer conosco se restringe ao cumprimento único de tais leis. A perfeição será esse fiel cumprimento. Enfim, o que se define como sofrimento não é senão a consequência natural das determinações de equilíbrio a que estamos sujeitos e que nos leva às devidas correções do que tenhamos feito de errado.

Carlos Imbassahy – obra: E... Deus Existe?

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 14:47
link do post | comentar
Terça-feira, 12 De Outubro,2010

CONVERSÃO AO ESPIRITISMO

 

Apesar das dificuldades que enfrenta contra o preconceito e a ignorância, o Espiritismo triunfará.
Como os Espíritos Superiores disseram a Allan Kardec, o Espiritismo está em a natureza e nada se lhe poderá opor.

Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, o Espiritismo não logrará a adesão das massas aos seus postulados, qual se, de um instante para o outro, todos se lhe rendessem à lógica insofismável.
A conversão à Doutrina Espírita, semelhante ao que aconteceu com o Cristianismo, acontecerá de maneira individual, subordinando-se ao amadurecimento de cada alma.
É o que temos visto acontecer em toda parte...

Chegado o momento, mesmo sem terem sequer conhecimento da existência da filosofia espírita, os homens, intuitivamente, abraçam os seus princípios e tornam-se partidários da Reencarnação, da Lei de Causa e Efeito, da Mediunidade, da Pluralidade dos Mundos Habitados...

Acontece com os homens de hoje, em relação à conversão espírita, o que aconteceu com os cristãos dos primeiros tempos, quando, deixando tudo o que estavam fazendo, decidiam-se a seguir o Senhor, atraídos pela sinceridade de suas palavras.

Neste sentido, ainda queremos ressaltar que, embora o fenômeno mediúnico seja um caminho para a conversão dos homens às realidade do Mundo Invisível, a conversão genuína que se opera em profundidade é aquela que é fruto da razão. Os que se convencem porque viram poderão duvidar mais tarde, crendo-se vítimas da ilusão, mas os que se convertem porque entenderam jamais desfalecerão na fé, sejam quais forem os motivos à decepção que venham sofrer.

Assim, prossigamos na tarefa da divulgação espírita, sem outra ansiedade que não seja a de vivenciarmos os postulados da Terceira Revelação.

Preocupando-nos com a construção da Reino de Deus em nós, estaremos dando a nossa mais efetiva colaboração para a sua edificação sobre a Terra.
Abracemos o Espiritismo com tranqüilidade, sem a preocupação de impormos a nossa fé aos outros, porque a violência não consta das Leis que regem a Vida.

Enquanto não teve a sua "entrevista pessoal" com o Cristo, na solidão do deserto escaldante, Paulo não converteu-se ao Evangelho do qual tornou-se fiel defensor até o fim de seus dias...
Muitos dos que tiveram a abençoada oportunidade de ouvir o Senhor não aceitaram a Verdade que ele anunciava senão depois de serem chamados a reflexões mais profundas através da dor.

Semeemos a boa semente e deixemos, com Deus, o seu crescimento.

A nossa tarefa é a de, incansavelmente, semear, na certeza de que as sementes que caírem em terreno fértil haverão de germinar a seu tempo.

Meditemos que, passados dois mil anos, o Senhor pacientemente ainda espera que os homens descerrem o coração à Boa Nova, na expectativa do despertar de cada consciência.


Deolindo Amorim
(Do livro "Irmãos do Caminho", - Carlos A. Baccelli - Espíritos Diversos"

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar
Sexta-feira, 01 De Outubro,2010

O BISPO E OS ESPÍRITOS

 

 

 

- Papai, acabo de tomar uma dose de LSD. Será que você quer sentar-se comigo e me guiar na minha "viagem"? 

 

A pergunta era dirigida ao famoso Bispo da Califórnia, James A. Pike, do ramo americano da Igreja Anglicana. Não havia outra coisa a fazer senão ajudar Jim na sua aventura alucinante sob o efeito da droga. Não era mais segredo para o Bispo que seu filho de 19 anos de idade há algum tempo vinha tomando drogas. Tudo havia sido feito para subtrair o rapaz daquele pesadelo. No momento em que a pergunta lhe foi dirigida, encontravam-se pai e filho na Inglaterra, afastados do resto da família, que ficara nos Estados Unidos. Era uma tentativa a mais de quebrar o hábito maldito de fugir à realidade que o jovem Pike adotara. Seu pai já fizera todos os exames de consciência para procurar saber onde havia falhado, passara por todas as aflições por ver assim truncado o destino do filho para o qual certamente sonhara com realizações até mesmo superiores às suas próprias. 

 

A narrativa, densa e dramática, duma sinceridade e franqueza comoventes, está no livro intitulado "The Other Side" ("O Outro Lado"), publicado em 1968 nos Estados Unidos. O Bispo Pike morreu tragicamente no ano seguinte, quando em viagem pela Terra Santa. A sua grande paixão era escrever sobre as origens do Cristianismo. Foi uma figura eminente na sua Igreja. Dinâmico, muito combativo e franco no expressar suas opiniões, teve problemas com colegas e superiores mais ortodoxos que certa vez chegaram a julgá-lo por heresia. 

 

Depois de uma temporada em Londres, onde pai e filho conviveram por alguns meses, fazendo intensos estudos universitários, resolveram regressar separadamente aos Estados Unidos. O pai para participar de uma convenção de sua Igreja (depois retornaria à Inglaterra) e o filho para matricular-se na Universidade de São Francisco. 

 

Estava o Bispo oficiando na sua igreja quando recebeu como uma punhalada a notícia de que Jim suicidara-se num quarto de hotel em Nova Iorque. 

 

A tragédia atingiu em cheio aquele homem de sensibilidade e cultura, membro destacado de uma organização religiosa que, no entanto, confessa que não tinha condições de dar nenhum conforto à família "na base de uma crença na vida após a morte. " Não será a única vez no livro que declara essa posição de descrença em face da sobrevivência do espírito, a despeito de ser líder religioso de uma extensa comunidade cristã. Já dissera páginas antes que "à falta de outra evidência.., tinha de admitir, com toda a honestidade, que não dispunha de dados suficientes sobre os quais pudesse basear uma afirmação de vida após a morte". 

 

Certamente toda a estrutura do pensamento religioso que constituía objeto de sua vida e de sua pregação, é baseada na crença de que nós sobrevivemos à morte do corpo, mas crença não é evidência, e, para um espírito lúcido e habituado ao trato das idéias, não basta a crença quando o homem confronta com o problema da morte. 

 

Nessa altura, porém, a dramática história do Bispo Pike estava apenas começando. De volta à Inglaterra para dar prosseguimento aos seus estudos, levou seu capelão David Barr e a Sra. Maren Bergrud, da Diocese da Califórnia, e que já uma vez o ajudara a preparar um dos seus vários livros. Os três foram ocupar o mesmo apartamento onde por algum tempo viveram Pike e o filho. 

 

Uma noite, ao entrarem em casa, encontraram, sobre o chão, dois cartões postais colocados de modo a formarem um ângulo de 140 graus. (Mais tarde descobriu-se que a posição dos cartões indicava - ou pelo menos coincidia com - a posição dos ponteiros do relógio no momento em que Jim se suicidara). Naturalmente que Jim tinha mania de cartões postais e a primeira coisa que fazia, ao chegar a uma cidade em visita, era comprar alguns deles que, segundo o pai, jamais punha no correio. Era estranho encontrar aqueles cartões, e a mulher que fazia a limpeza do apartamento afirmou categoricamente que nada tinha a ver com eles. Era de toda a confiança, honesta e muito cuidadosa em tudo quanto fazia. O incidente, embora estranho, não tinha grande significação. Ou pelo menos assim pensaram todos e Pike confessa que "jamais nos ocorreu que ele (Jim) poderia, de alguma forma, estar relacionado com os cartões". 

 

Na terça-feira, 22 de Fevereiro, outro estranho acontecimento: a Sra. Bergrud apareceu de manhã para o café com parte de seus cabelos queimados. A surpresa foi grande e geral, inclusive dela mesma que ainda não dera pelo fato. Uma mecha na altura da testa fora queimada em linha reta, ficando com as pontas pretas, mas nenhum sinal havia de queimadura na pele. Mistério. 

 

Na manhã seguinte novas porções do cabelo da Sra. Bergrud apareceram também queimadas. Depois de muita especulação, ela parecia conformada e disse: 

 

- Bem, algumas pessoas não gostavam de meu cabelo em franjinhas mesmo; por isso talvez seja melhor assim como está. 

 

A frase sacudiu Pike, pois ele se lembrou perfeitamente de Jim comentando com ele certa vez que não gostava das franjinhas de Maren e chegara mesmo a propor a ela que as cortasse. 

 

Dias depois, a Sra. Bergrud amanheceu com ferimentos sérios nas mãos. Parecia que um instrumento perfurante havia sido introduzido sob suas unhas. Uma estava quebrada e realmente caiu mais tarde; outra não se quebrara, mas a carne sob ela estava ferida. 

 

Na discussão que se seguiu e na preocupação com os curativos, não observaram senão depois que o resto das franjinhas da Sra. Bergrud tinha desaparecido! 

 

Eram apenas os primeiros fenômenos, as primeiras manifestações evidentes de um Espírito em desespero e confusão, tentando transmitir, a pessoas inteiramente despreparadas para o problema, sinais de sua sobrevivência. 

 

- Eu apenas gostaria - diz o Bispo aos seus amigos - de compreender o que está acontecendo aqui. 

 

No meio da conversa que se seguiu, descobriram que o próprio Bispo - ao que tudo indica para nós espíritas - tinha servido de médium a uma manifestação do Espírito do filho. 

 

Para grande surpresa sua e de seus amigos, não se lembrava absolutamente de nada do que dissera em estado de transe, mas os pensamentos expressos foram muito chocantes para os que ouviram as palavras pronunciadas, pois revelavam atitudes mentais inteiramente diferentes das habituais no Bispo. Segundo lhe contaram, Pike, depois de deitar-se à noite, sentara-se na cama e começara a falar daquela maneira estranha, como se estivesse monologando. Não seria difícil reconhecer naquelas palavras a expressão do pensamento de Jim e não do velho Pike, razão pela qual a Sra. Bergrud ficou tão chocada ao ouvi-las pronunciadas pelo seu amigo, pois desconhecia totalmente a origem e razão do fenômeno.

 

Pike começou então a admitir a possibilidade de que aquela série de acontecimentos tivesse a ver algo com o filho morto. Mas por onde começar a investigação cuidadosa e consciente dos fatos? Nenhuma idéia, nenhum preparo, nenhuma orientação. Era um Bispo protestante, dedicara toda a sua vida à Igreja e à sua teologia e certamente sempre tivera o hábito de pôr de lado, sem exame, os fenômenos e as referências que tivessem qualquer relação com o mundo dos Espíritos. Ouvira falar, por exemplo, em "poltergeist", mas não tinha idéia precisa do que fosse. Ao que se lembrava vagamente, a coisa tinha algo a ver com distúrbios provocados pelo Espírito de uma pessoa morta na casa onde residira em vida. Seria isso? Viu-se então, "pela primeira vez, diante da possibilidade real de que a fonte de tudo quanto estava acontecendo poderia ser o meu filho - morto, mas ainda vivo". 

 

Esse ponto era uma encruzilhada e não faltou ao Bispo Pike a coragem necessária para seguir adiante, nas suas pesquisas, estranhas e desusadas pesquisas para um "príncipe" da Igreja Reformada. Suas confissões são às vezes de comovente sinceridade -: "Custei muito a acertar a possibilidade de que se tratava de Jim, pois não acreditava que ele continuasse a viver". (Grifo meu). E mais: nem Maren, sua secretária, nem David, seu capelão, acreditavam na vida póstuma! "Contudo, diz Pike, não podíamos pensar em outra explicação - resultado, que agora compreendo - da nossa ingenuidade e da falta de sofisticação em relação a todo o campo dos fenômenos psíquicos". 

 

A quem recorrer numa emergência dessas? Lembrou-se então do Reverendo Pearce-Higgins que entendia dessas coisas em virtude de suas experiências psíquicas e da sua participação na organização de sua igreja que patrocina essas pesquisas. 

 

E assim, na manhã de 28 de Fevereiro, o Bispo Pike ligou para o Rev. Pearce-Higgins, narrou-lhe os acontecimentos e pediu orientação. 

 

Pearce-Higgins explicou ao eminente amigo, neófito em coisas dessa natureza, que. havia duas explicações plausíveis para os fenômenos: ou eram expressão de uma hostilidade a alguém que viera ocupar a casa em que vivera o Espírito, ora desencarnado, ou recursos para chamar a atenção de alguém. Em suma, para encurtar a história, Pearce-Higgins marcou hora para o Bispo Pike com uma médium muito conhecida em Londres, a Sra. Ena Twig, e, através dela, Pike pôde, afinal, conversar, digamos assim, face a face com o filho morto. 

 

Os preconceitos do Bispo com relação à prática mediúnica começaram a cair. Esperava encontrar, na casa da Sra. Twig, cortinas pesadas, abajures de seda com babados, ornamentos exóticos e uma semiobscuridade atravancada de objetos e móveis; enfim, a caricatura cinematográfica e anedótica da mediunidade. Ao contrário, o cômodo era tão simples e comum que, ao escrever seu livro, mais tarde, ele nem se lembrava dos pormenores para descrevê-lo. 

 

Seria impraticável reproduzir toda a conversação e aquela natural aflição por dizer muita coisa em poucas palavras, num espaço exíguo de tempo. E' fácil, porém, imaginar a cena: de um lado da vida, o filho suicida, recém-retirado de uma existência sem horizontes sob a terrível pressão das drogas; de outro lado, um pai aflito, presenciando um fenômeno que lhe era inabitual e ao qual apenas umas semanas antes jamais teria pensado em assistir, muito menos provocar. 

 

A sessão contou com a presença algo surpreendente do Espírito do eminente teólogo Paul Tillich, amigo de Pike e que parecia estar ajudando Jim no mundo espiritual. O Bispo sentiu um verdadeiro choque emocional ao ser revelada a presença do seu grande amigo, recentemente desencarnado. E ainda: como é que a médium poderia saber que o novo livro de Pike, que estava sendo lançado naquele momento nos Estados Unidos, tinha uma dedicatória a Paul Tillich? 

 

- O rapaz - disse Tillich - era um visionário, nascido fora de seu tempo. Encontrou uma sociedade desconcertante, na qual a sensibilidade é classificada como fraqueza. 

 

A uma pergunta do Bispo sobre se seria boa coisa divulgar a realidade da sobrevivência e da comunicabilidade, a resposta veio de Paul Tillich e muito cautelosa: 

 

- O fogo na planície pode causar o caos se não for controlado. Trabalhe cuidadosamente, mas conserve em mente as palavras -: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!" 

 

E nesse tom terminou a primeira sessão mediúnica a que assistiu o Bispo James A. Pike. 

 

Daí em diante, atirou-se ele com disposição e inteligência ao estudo dos fenômenos, à leitura de livros e aos contatos com quem pudesse instruí-lo sobre a matéria. Voltaria a servir-se de médiuns, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos. Sob estranhas condições, tal como previra o Espírito de seu filho, encontraria nos Estados Unidos uma organização, também ligada à Igreja, que o ajudou nos seus estudos. 

 

E aqui vemos, em toda a sua crua realidade, as dificuldades que enfrenta o conhecimento da verdade que, segundo o Cristo, um dia nos libertará. Aquele homem notável, Bispo de uma grande comunidade cristã, autor de livros de sucesso na sua especialidade, pregador eminente de uma doutrina apoiada no fato, básico da sobrevivência do Espírito humano, confessa não acreditar nessa idéia e admite jamais ter lido um único livro ou ensaio que cuidasse de qualquer aspecto da experiêncis psíquica, hoje tão amplamente divulgada. 

 

O resto do livro - e são ainda cerca de 200 páginas das 300 e tantas que o compõem - é uma narrativa fiel, descrevendo passo a passo a longa e penosa busca da verdade contida no fenômeno psíquico, tão familiar aos espíritas. 

 

Sua primeira surpresa foi a extraordinária quantidade de livros existentes sobre o assunto, coisa que até então lhe passara inteiramente despercebida. Sua conclusão, depois de muito estudar, meditar e assistir a manifestações de variada natureza, se resume, em suas próprias palavras, da seguinte maneira: "Minhas experiências pessoais, juntamente com os fatos que fui levado a pesquisar como resultantes delas - tanto quanto as análises feitas por cientistas respeitáveis nos seus campos de atividade que também dedicaram cuidadosa atenção aos dados em mais de uma área psíquica - me habilitam a afirmar a vida após a morte como coisa "natural" a esperar-se da psique humana que parece estar desde já na vida eterna". Prossegue dizendo que essa era uma afirmativa que ele não estivera em condições de fazer no seu último livro. E mais: que as crenças suscitadas pela evidência dos fatos eram poucas, na verdade, mas baseadas em fundações muito sadias e experimentais. 

 

Deve causar-nos verdadeira revolução interior descobrir que tudo aquilo quanto serviu de base, à estrutura do nosso pensamento e da nossa vida, de repente não serve mais. E que a nova verdade descoberta precisa ser meditada, encaixada no arcabouço das nossas idéias e finalmente proclamada, num depoimento leal e sincero. E' necessário abrir espaço para ela em nosso espírito e jogar fora as velharias que o atravancam e obscurecem. Por isso, o Espírito do jovem Pike, depois de aquietadas as suas angústias no novo plano de vida e certamente muito ajudado pelos seus amigos. declarou através da mediunidade de George Daisley: 

 

- Sinto-me tão feliz ao verificar que você resolveu enfrentar o desafio... estimulando outros a saírem em busca dos seus entes queridos. Diga-lhes para terem todo o cuidado na verificação dos fatos. 

 

E mais adiante: 

 

- Estou esforçando-me duramente para aprender que estar morto é na realidade estar mais vivo. É uma excelente idéia essa de narrar os fatos. Já há muito deveria ter sido feito isso. 

 

E, uma a uma, começam a chegar as verdades que a Doutrina Espírita já nos ensinou há tanto tempo. Por exemplo: numa tentativa de entrar em contacto com o Espírito de Maren Bergrud, sua secretária, que também se suicidara, o Bispo é avisado de que ela ainda está muito confusa e sem condições de falar. Os Espíritos estavam cuidando dela com todo o afeto e atenção, mas Maren sofria bastante e estava mergulhada num estado de grande confusão mental. "Isto era perturbador - escreve Pike -, mas refletia o que eu aprendera ser comum: que aqueles que morrem de morte violenta, ou que se suicidam, encontram maior dificuldade em ajustarem-se do outro lado". 

 

Ao cabo de algum tempo e depois de um programa gravado para a televisão canadense com o famoso médium Arthur Ford, a coisa explodiu na imprensa, como uma bomba, nas manchetes escandalosas: O Bispo Pike afirmava ter conversado com o filho morto! Como se fosse a maior novidade do mundo alguém conversar com Espíritos... 

 

A reação de amigos, conhecidos e desconhecidos, foi pronta e abundante. Cartas, telegramas e telefonemas choviam sobre o Bispo. Uns para ajudar, para oferecer consolo, sugestões, narrar fatos semelhantes; outros para dizer os maiores abusos e impropérios. Um colega sacerdote escreveu um artigo para "provar" que Pike não havia falado com o Espírito do filho e sim com o Demônio. Nesse artigo, até mesmo fatos que eram do domínio público, porque haviam sido narrados pelos jornais, estavam truncados. Uma lástima... Quem poderia, no entanto, convencer um pai de que o Espírito com quem falou era do Demônio e não do seu filho? Não conhecemos os modismos, as expressões, as tendências, as preferências e antipatias dos nossos filhos? 

 

Muitos cristãos, comenta Pike, algo aturdido, não acreditam na comunicabilidade dos Espíritos, mas aceitam a "ressurreição" do Cristo. Era de esperar-se, prossegue, que esses cristãos acolhessem com enorme alegria a "prova de que a sua fé não é em vão". Em lugar disso, a reação é predominantemente negativa, cheia de paixão e intolerância. 

 

Ao cabo dessa longa e penosa aventura, o Bispo estava convencido da sobrevivência do seu filho Jim. Muitas perguntas ainda lhe restavam sem respostas adequadas, mas é de admitir-se que depois de uma vida dedicada aos dogmas e ao pensamento ortodoxo que imobilizou em fórmulas o Cristianismo do Cristo, muita coisa ficasse mesmo por compreender e aceitar. Agora, porém, o Bispo James A. Pike também se encontra no mundo espiritual. Lá está, certamente, dando prosseguimento aos seus estudos e pesquisas. Algum dia ele voltará como Espírito manifestante ou reencarnado para contar o resto do seu drama. Vai ser uma história muito conhecida de todos nós espíritas: a de que o Espírito preexiste, sobrevive e reencarna-se. Que as leis de Deus são justas e infalíveis e não eivadas de dogmatismos intolerantes. Que somos todos irmãos em busca de luz e de paz. 

 

Fonte: Reformador - julho/1970 - pg. 151 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar
Quinta-feira, 30 De Setembro,2010

PARÁBOLA DA FIGUEIRA ESTÉRIL

 

“Pela manhã, ao voltar Jesus à cidade, teve fome. E vendo uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas; e disse-lhe: Nunca jamais nasça de ti frutos, no mesmo instante secou a figueira. E vendo isto os seus discípulos maravilharam-se e perguntaram: Como é que repentinamente secou a figueira? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que se tiverdes fé e não duvidardes, fareis não só o que foi feito à figueira, mas até se disserdes a este monte: Levanta te e lança-te ao mar, isto será feito; e tudo o que, com fé, pedirdes em vossas orações, haveis de receber.”

(Mateus, XXI 18-22. – Lucas, XIII, 6-9.)

 

Magnífica parábola! Estupendo ensinamento! Qual lições aprendemos nestes poucos versículos do Evangelho!

Se encararmos a narrativa pelo lado científico, observaremos a morte de uma árvore em virtude de uma grade descarga de fluidos magnéticos, que imediatamente secaram a mesma.

A Psicologia Moderna, com suas teorias edificantes e substanciosas, e com seus fatos positivos, mostra-nos o poder do magnetismo que utiliza os fluidos do Universo para destruir, conservar e vivificar.

A cura das moléstias abandonadas pela Ciência Oficial e a mumificação de cadáveres, pelo magnetismo, se acham registrados nos anais da História, não deixando mais dúvida a esse respeito.

No caso da figueira não se trata de uma conservação mas, ao contrário, de uma destruição, semelhante à destruição das células prejudiciais e causadoras de enfermidades, como na cura dos dez leprosos, e outras narradas pelos Evangelhos.

A figueira não dava fruto porque sua organização celular era insuficiente ou deficiente, e Jesus, conhecendo se mal, quis dar uma lição a seus discípulos, não só para lhes ensinar a terem fé, mas também para lhes fazer ver que os homens e as instituições infrutíferas, como aquela árvore, sofreriam as mesmas conseqüências.

Pelo lado filosófico, realça da parábola a necessidade indispensável da prática das boas obras, não só pelas Instituições, como pelos homens.

Um indivíduo, por mais bem vestido e mais rico que seja, encaramujado no seu egoísmo, é semelhante a uma figueira, da qual, em nos aproximando, não vemos mais que folhas.

Uma instituição, ou uma associação religiosa, onde se faça questão de estatuto, de cultos, de dogmas, de mistérios, de ritos, de exterioridades, mas que não pratique a caridade, não exerça a misericórdia; não dê comida aos famintos, roupa aos nus, agasalho e trato aos doentes; não promova a propaganda do amor ao próximo, da necessidade do erguimento da moral, do estabelecimento a verdadeira fé, essa instituição ou associação, embora tenha nome de religiosa, embora se diga a única religião fora da qual não há salvação (como acontece com o Catolicismo de Roma), não passa de uma “figueira enfolhada, mas, sem frutos”

O de que precisamos da árvore são os frutos. O de que precisamos da religião são as boas obras.

Os dogmas só servem para obscurecer a inteligência; os sacramentos, para falsear os ensinos do Cristo; as festas, passeatas, procissões, imagens, etc., para consumir dinheiro em coisas vãs e iludir o povo, com um culto que foi condenado pelos profetas dos tempos antigos, no Velho Testamento, e por Jesus Cristo, no Novo Testamento.

A Religião do Cristo não é a religião das “folhas” mas, sim, a dos frutos!

A Religião do Cristo não consiste nesse ritual usado pelas religiões humanas.

A Religião do Cristo é a da Caridade, é a do Espírito é a da Verdade!

A fé que o Cristo preconizou, não foi, portanto, a fé em dogmas católicos ou protestantes, mas, sim, a fé na Vida Eterna, a fé na existência de Deus, a fé, isto é, a convicção da necessidade da prática da Caridade!

Aquele que tiver essa fé, aquele que souber adquiri-la, tudo o que pedir em suas orações, sem dúvida receberá, porque limitará seus pedidos àquilo que lhe for de utilidade espiritual, assim como se tornará apto a secar figueiras, dessas figueiras que perambulam nas ruas seguidas de meia dúzia de bajuladores; dessas figueiras, como as religiões sem caridade, que iludem incautos com promessas ilusórias, e com afirmações temerosas sobre os destinos das almas.

A figueira sem frutos é uma praga no reino vegetal, assim como os egoístas e avarentos são pragas na Humanidade, e as religiões humanas são pragas prejudicialíssimas à Seara do Senhor.

Não dão frutos; só contêm folhas.

Estudada pelo lado científico, a parábola é um portento, porque, de fato, Jesus, com uma palavra, fez secar a figueira. Nenhum sábio da Terra é capaz de imitar o Mestre!

Encarada pelo lado filosófico, a lição da figueira que secou é um aviso do que vai acontecer aos homens semelhantes à figueira sem frutos; e às religiões que igualmente só têm folhas!

Nesta Parábola aprende-se ainda que a esterilidade, parece, é mal inevitável! Em todas as manifestações da natureza aqui e ali, se vê a esterilidade como que desnaturando a criação ou transviando a obra de Deus!

Nas plantas, nos animais, nos humanos, a esterilidade e é a nota dissonante, que estorva a harmonia universal. Na Ciência, na Religião, na Filosofia, até na Arte e a Mecânica, o ferrete da esterilidade não deixa de gravar o seu sinal infamante!

Acontece, porém, que chegado o tempo propício, a obra estéril desaparece para não ocupar inutilmente o campo de ação onde se implantou.

A figueira estéril da Parábola é a exemplificação de todas essas manifestações anômalas que se desdobram às nossas vistas.

Para não sair do tema em que devemos permanecer constitui o objeto deste livro, vamos comparar a figueira estéril com as Ciências humanas e as religiões sacerdotais A primeira vista não parece ao leitor que a Parábola adapta perfeitamente a estas manifestações do pensamento absoluto e autoritário?

Vemos uma árvore, reconhecemos nessa árvore uma figueira; está bem entroncada, bem enfolhada, bem adubada, vamos procurar figos e nem uma fruta encontramos!

Vemos uma segunda “árvore”, que deve ser a da Vida, reconhecemos nela uma religião que já permanece há muitos anos e vem sendo transmitida de geração a geração; procuramos nela verdades que iluminem, consolos que fortifiquem, ensinos que instruam, fatos que demonstrem, e nada disso achamos, a despeito da grande quantidade de adubo que lançam em redor dessa mesma “árvore”!

O que falta ao Catolicismo Romano para assim se encontrar desprovido de frutos? Faltam- lhe porventura igrejas, fiéis, dinheiro, livros, sabedoria?

Pois não tem ele seus sacerdotes no mundo todo, suas catedrais pomposas, seus templos?

Não tem elo com o seu papa a maior fortuna que há no mundo, completamente estéril, quando deveria converter esses tesouros, que os ladrões alcançam, naquele outro tesouro do Evangelho, inatingível aos ladravazes e aos vermes? Não tem ele milhões e milhões de adeptos que sustentam toda a sua hierarquia?

Por que não pode a Igreja dar frutos demonstrativos do verdadeiro amor, que é imortal? Por que não pode demonstrar a imortalidade da alma, que é a melhor caridade que se pode praticar?

E o que diremos dos seus ensinos arcaicos e irrisórios, semelhantes às folhas enferrujadas de uma figueira velha? do seu dogma do Inferno eterno; do seu artigo de fé sobre a existência do Diabo; dos seus sacramentos e mistérios tão caducos e absurdos, que chegam a fazer de Deus um ente inconcebível e duvidoso?!

E assim como é a religião, é a ciência de homens, desses mesmos homens que, embora completamente divergentes dos ensinos religiosos dos padres, por preconceito e por servilismo andam com eles de braços dados, como se cressem na “fé” pregada pelos sacerdotes! Essa ciência terrena que todos os dias afirma e todos os dias se desmente!

Essa ciência que ontem negou o movimento da Terra e hoje o afirma; que preconizou a sangria para depois condená-la; que proclamou as virtudes do emético para anos depois execrá-lo como um deprimente; que hoje, de seringa em punho, transformou o homem num laboratório químico, para, amanhã ou depois, condenar como desumano esse processo!

E o que falta à Ciência para solucionar esse problema da morte, que lhe parece como fantasma funesto? Faltar-lhe-á “adubo”? Mas não estão aí tantos sábios? não tem ela recursos disponíveis para investigação e experiência? não lhe aparecem a todos os momentos fatos e mais fatos de ordem supra-materiais, meta-materiais para serem estudados com método?

Senhor! Está vencido o ano que concedeste para que cavássemos em roda da “árvore” e deitássemos adubo para alimentar e fortificar suas raízes! Ela não dá mesmo frutos e os adubos que temos gasto só têm servido para tornar a árvore cada vez mais frondosa e enfolhada, prejudicando assim o já pequeno espaço de terreno! Manda cortá-la e recomenda a teus servos que não só o façam, mas que também lhe arranquem as raízes! Ela ocupa terreno inutilmente.

Em três dias faremos nascer em seu lugar uma que preencha os seus fins, e tantos serão seus frutos que a multidão que nos rodeia não vencerá apanhá-los!

A esterilidade é mal incurável, que se manifesta nas coisas físicas e metafísicas. Há pessoas que são estéreis em sentimentos afetivos, outras em atos de generosidade, outras o são para as coisas que afetam a inteligência. Por mais que se ensinem, por mais que se exaltem, por mais que se ilustrem, as mesmas, permanecem como a figueira da Parábola: não há esterco, não há adubos, não há orvalho, não há água que as façam frutificar! Estas, só o fogo tem poder sobre elas!

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:36
link do post | comentar
Terça-feira, 28 De Setembro,2010

MESTRE, REPRENDE OS TEUS DISCÍPULOS

   

 

 

“Sabendo primeiramente isto: que ne­nhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.” (II Pedro, 1:20.)

 

“É razoável que as interpretações se diferenciem na exposição das afirmativas individuais. Nas letras sagradas, a escada de Jacó não é simbolo inútil. Cada ser des­cortinará o horizonte, segundo a posição em que se encontre na jornada ascendente do Espírito.”

“Ainda que estejamos aparentemente dis­tanciados uns dos outros no setor das defi­nições doutrinárias, encontramo-nos substan­cialmente identificados na mesma realização, porque somos discípulos imperfeitos do mes­mo Mestre e humildes servos do mesmo Senhor.”

 (Mensagem de Bittencourt Sampajo, pelo médium Francisco Cândido Xavier, pu­blicada em “Reformador” de julho de 1946.)

 

 

ESTUDANDO O CAPITULO SÉTIMO de João, vamos encontrar o Senhor em Je­rusalém, depois de ter percorrido a Galiléia. Nos seus cinquenta e três versículos identi­ficamos os mais profundos ensinamentos do Cristo, em meio às gerais murmurações dos fariseus e dos que com eles se achavam inte­grando a multidão. Quase todos lançavam suas definições sobre o Divino Mestre, apre­ciando-o segundo pontos de vista firmados em realidades de duvidosa autenticidade. As autoridades do Sinédrio mandam os guardas prender o Messias, mas eles retornam sem trazê-lo, justificando-se aos sacerdotes do templo: “Jamais homem algum falou como este homem! .. .”  

Em Lucas, analisando as ocorrências da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (19:36 a 40), divisamos as manifestações de alegria da multidão dos discípulos, em altas vozes: ‘Bendito é o rei que vem em nome do Senhor! paz no céu e glória nas maiores alturas!“, mas outras vozes se fizeram igual­mente ouvir: “Mestre, repreende os teus dis­cípulos. Mas ele lhes respondeu: Assegu­ro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras  clamarão.”

Ainda hoje, quase dois milênios após os sucessos que vimos de recordar, há os que louvam e os que negam, os que estudam e os que se abstêm... Não faltam, também, embora poucos, aqueles que se omitem e pos­tulam repreensão aos que estudam e per­quirem.

O Evangelho, em espírito e verdade, é estudado e divulgado no Brasil pela Federa­ção Espírita Brasileira, desde a sua fundação, quando foi mantida orientação idêntica àque­la que já era observada no “Grupo dos Hu­mildes”, mais tarde “Grupo Ismael”, do qual se originou a Casa do Legado do Cristo na “Pátria do Evangelho”.

É do Estatuto da FEB:

“Art. 2º — Para os estudos a que se refere o n. l do artigo antecedente, a Fe­deração realizará duas ordens de sessões:

1 — doutrinárias, nos dias e pelo modo que o Regulamento interno determinar, ver­sando o estudo sôbre as obras de Allan Kardec, a de J. B. Roustaing e outras subsi­diárias e complementares da Revelação, aten­ta à sua progressividade e, notadamente, o estudo metódico, sistemático e intensivo do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo;”

  A Casa de Ismael, ciente e consciente de suas responsabilidades no ciclópico programa de espiritualização da Humanidade, prosse­gue proclamando o Cristo de Deus, à luz da Revelação do Consolador, com a tranquila certeza de sua missão no mundo terreno. E de que, portanto, as pedras continuarão silen­ciosas...

Em relação ao Evangelho e à personali­dade do Divino Fundador do Cristianismo, a atitude humana, muita vez, continua sendo aquela da época em que o nosso pequeno globo era considerado o centro do universo: os mesmos sentimentos que nortearam o geo­centrismo revivem num antropocentrismo in­congruente, que tudo quer reduzir ao nível e às proporções acanhadas de um estágio evo­lutivo ainda insatisfatório para o próprio homem.

O Cristianismo, durante 13 séculos, des­de o Imperador Focas à Codificação Karde­quiana, não conseguiu maiores sucessos, não motivou os espíritos mais profundamente porque os sacerdotes não souberam comunicar-lhes o Espírito do Cristo e da sua Men­sagem, na genuína expressividade da sua grandeza divina, em sua progressiva mani­festação de celeste vitalidade. Ao invés disso, agindo como infantes das coisas espirituais, atrelaram-se á letra, subestimaram o espíri­to, contrariando os ensinos do Mestre, e cria­ram um Cristo e uma teologia à sua própria imagem e semelhança. Um Cristo humano, frágil, morto, com uma doutrina que sone­gava até mesmo os textos escriturísticos. “O sacerdócio organizado costuma ser o ca­dáver do profetismo.” “A teologia, na maior parte das vêzes, é o museu do Evangelho” (Jesus e César, mensagem de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, “Reformador” de outubro de 1944).

No prefácio do excelente estudo sôbre a “Vida de Jesus” (2ª edição da FEB), de Antônio Lima, Emmanuel (médium: Fran­cisco Cândido Xavier; psicografia de 28 de outubro de 1936) nos dá, entre outros esplên­didos pensamentos, os seguintes: “Todos os séculos estão cheios de livros, de poemas e referências ao Cordeiro de Deus. Mas os ho­mens sômente o têm visto, como vêem o Sol, através dos imperfeitos telescópios dos seus limitados conhecimentos.” “Éle é a claridade          que as criaturas humanas alnda não pude­ram fitar e nem conseguiram compreender.

Guiadas, em tôdas as épocas, pela sua infi­nita misericórdia, elas não sabem apreen­   der-lhe a grandeza espiritual e, se muito já se disse no mundo a respeito de sua vida na Terra e de sua personalidade, muito ainda se terá a dizer até que os homens lhe compreendam a excelsitude do ensinamento.” “Até que consigamos a realização do nosso ideal (cris­tianização para o renovamento das energias do mundo), que se elucide, que se ensine e, sobretudo, que se ame muito, dentro do Evangelho.  Da sua prática depende o sentimento de compreensão acêrca do Divino Mestre.”

Antes de prosseguir neste trabalho — para nós amena e luminosa jornada pelo mundo fascinante do livro espírita, de ilimitado ho­rizonte, empreendida sob a convicção de que “o Espiritismo nos solicita uma espécie per­manente de caridade — a caridade da sua própria divulgação” (Emmanuel), e de que           “depois da oração, o livro é a única escada pela qual o Céu pode descer à Terra” (Ir­         mão X) —,  devemos repetir que o nosso pro­pósito não é o de discutir o mérito das teses que se contém na obra “Os Quatro Evange­lhos”, de J. B. Roustaing, mas examinar o que existe sôbre o assunto, suscitando o estudo que gera o esclarecimento e a divulga­ção das referidas teses. É que, no mérito, penetram outros estudiosos, de competência incontestável (O Evangelho Redivivo, “Re­formador” de março de 1971).  Prevenindo dúvidas, declaramo-nos desde já, porque des­de sempre, adepto das referidas teses que reputamos de alto mérito.

A família espírita é fraterna por forma­ção e é a ela, na simplicidade das suas assem­bléias, e, individualmente, aos seus membros, no silêncio de suas meditações, que nos diri­gimos, inspirados nestes ensinos: “Outros expositores da Verdade e do Bem serão ouvidos de cátedras e tribunas, através de sim­pósios e multidões, porquanto nós todos pre­cisamos da Verdade e do Bem, do vértice à base da pirâmide da Vida. A ti, porém, coube a tarefa de explicá-los nas assembléias fami­liares do dia-a-dia, conchegando o povo ao regaço da própria alma. Recorda, no entan­to, que se Jesus foi infinitamente grande no tope dos montes ou nos cenáculos privativos para as revelações do Evangelho, jamais foi menor nos barcos humildes ou no clima poei­rento da estrada, quando atendia aos irmãos que o buscavam, sedentos de consôlo e fa­mintos de luz” (“Encontro Marcado”, de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, 3ª edição da FEB).

É  interessante demonstrarmos a plena viabilidade, entre estudiosos sinceros e leais, no campo do Espiritismo, do entendimento fraterno, evangélico, não obstante naturais divergências a respeito de determinados pon­tos. Referimo-nos a divergências sem dissen­sões, como é desejável na vivência entre es­píritos que aspiram ao conhecimento de si mesmos. Cairbar Schutel, o valoroso espírita de Matão, SP, num de seus inúmeros livros de divulgação evangélica, assim se pronun­ciava, quando encarnado: “O conhecimento de Jesus só se pode ter pela Revelação” (pá­gina 79). “O corpo de Jesus é uma dessas questões que têm provocado celeuma, mesmo entre espíritas ilustrados. Esses discussões, longe de serem perniciosas, são indispensáveis para o esclarecimento da inteligência e se apresentam no presente momento como demonstrações do pensamento livre, tenden­do, portanto, à verdade, pela evolução” (os grifos são nossos). “É claro que, para nós, o corpo de Jesus era muito mais aperfeiçoado do que o nosso, pois diz o provérbio: “mens sana in corpore sano”...... (pág. 254 de “O Espírito do Cristianismo”, 4ª edição de O Clarim). No entanto, Cairbar Schutel pre­fere não tratar dessas questões e declara que para não negar Jesus êle não lhe nega natu­reza material. Hoje, como Espírito sem os liames da carne, naturalmente terá percebido que só por mera sutileza de interpretação não concluíra com o apóstolo Paulo que “nem tôda carne é a mesma carne”, embora tenha iniciado correto raciocínio nesse sentido.

O Espírito Neio Lúcio, referindo-se às peregrinações humanas junto aos túmulos de Maomé, Carlos V e Napoleão; em que se conservam ossos ou cinzas, recordando efê­meros triunfadores no mundo, assevera: “Com Jesus, todavia, é diferente. No túmulo de Nosso Senhor, não há sinal de cinzas huma­nas. Nem pedrarias, nem mármores de preço, com frases que indiquem, ali, a presença da carne e do sangue. Quando os apóstolos visi­taram o sepulcro, na gloriosa manhã da Res­surreição, não havia ai nem luto, nem tris­teza. Lá encontraram um mensageiro do rei­no espiritual que lhes afirmou: “nao está aqui”. E o túmulo está aberto e vazio, há quase dois mil anos” (“Alvorada Cristã”, psicografia de Francisco Cândido Xavier, 4ª edição da FEB). E se a Ressurreição não é a da carne...

Depois de algumas transcrições de Au­tores espirituais de incontestável sabedoria, alguns leitores poderão objetar: por que êsses Espíritos não expõem ainda mais direta e claramente o seu pensamento, de sorte que não reste a mínima dúvida na mente de cada um? Pois está parecendo que, reunidos os elementos esparsos, as teses por inteiro re­cebem a irrestrita ratificação do Alto. Para não nos alongarmos, diríamos simplesmente que, além dos próprios Evangelistas, dos Apóstolos e de Moisés, responsáveis pelos di­tados da obra “Os Quatro Evangelhos” (pre­cisaríamos de alguma autoridade além da dos Evangelistas?), coordenados por J. B. Roustaing, os Espíritos Humberto de Cam­pos e Emmanuel foram incisivos: o primei­ro, quanto à missão de Roustaing na Codifi­cação Kardequiana (cf. “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”) e o outro, que é o orientador da obra do livro espírita, quan­to à tese mesma, no prefácio ao livro “Vida de Jesus”, cuja leitura, na íntegra, a todos recomendamos. Diríamos, ainda, que no to­cante às questões mais complexas, profundas, os Grandes Mentores se pronunciam com extrema habilidade, a fim de que as nossas inquietações e insuficiências não turvem, por movimentação desordenada, o rio de linfa pura que nos há de dessedentar. Diríamos mais, concluíndo, que os Espíritos Superiores, recomendando-nos insistentemente a oração, a meditação, o estudo, a prática do bem, de­sejam justamente que nos aprimoremos espi­ritualmente, capacitando-nos a maior ampli­tude de percepção da Verdade: “À medida que nos integramos nas próprias responsabi­lidades, compreendemos que a sugestão dire­ta nas dificuldades e realizações do caminho devem ser procuradas com o Supremo Orien­tador da Terra. Cada Espírito, herdeiro e Filho do Pai Altíssimo, é um mundo por si, com as suas leis e características próprias. Apenas o Mestre tem bastante poder para traçar diretrizes individuais aos discípulos” (“Obreiros da Vida Eterna”, de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier, págs. 48/9 da 8ª edição da FEB).

Os leitores que conhecem a maioria dos livros psicografados em Pedro Leopoldo e Uberaba, por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, sabem que Emmanuel, com a sua sublime responsabilidade de dirigente es­piritual do programa global do livro espírita, é o prefaciador de cada publicação original, ressalvados um ou outro caso de obra psico­fônicamente obtida ou de alguma antologia de ditados mediúnicos já publicados. Mas, há um caso especial, o do Espírito Humberto de Campos, cujos livros, com exceção de um único, não contém prefácios seus: são doze obras, as últimas sete sob o pseudônimo Irmão X. A exceção a que nos referimos é nada mais nada menos que o importantissimo li­vro-programa do Brasil: “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. E não é só. Sôbre o referido livro, Emmanuel faz ainda menção em “A  “A Caminho da Luz”, infor­mando que êle “foi a revelação da missão co­letiva de um país”, enquanto que o seu “con­sistirá, tão-sômente, em apontamentos à mar­gem da tarefa de grandes missionários do mundo e de povos que já desapareceram, esclarecendo a grandeza e a misericórdia do Divino Mestre”.

Pois o livro revelador da missão coletiva do Brasil é justamente aquêle que declara ter sido João Batista Roustaing o incumbido de “organizar o trabalho da fé”, coadjuvando o Apóstolo Allan Kardec na Codificação do Es­piritismo, e que apresenta, em detalhes, a atividade do Anjo Ismael, como Legado do Cristo, coordenando e orientando os aconte­cimentos no âmbito de suas responsabilida­des junto aos Espíritos que lhe foram con­fiados, inclusive no atinente à organização e funcionamento de sua Casa e à convocação de seus dirigentes, até Bezerra de Menezes.

Estudiosos das verdades celestes, bus­quemos a inspiração das Esferas Sublimadas, que nos abra perspectivas de compreensão ao Espírito naquilo que transcende às aspirações do imediatismo contemporâneo, porque só assim seremos dignos de “seguir as pegadas de Jesus”, pois “é preciso muito esfôrço do homem para ingressar na academia do Evan­gelho do Cristo, ingresso que se verifica, quase sempre, de estranha maneira — êle só, na companhia do Mestre, efetuando o curso difícil, recebendo lições sem cátedras visíveis e ouvindo vastas dissertações sem palavras articuladas” (“Nosso Lar”, de André Luiz, por Francisco Cândido Xavier, 12ª edição da FEB). 

 

Revista: Reformador,  Número 1, Janeiro 1972

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:57
link do post | comentar
Domingo, 26 De Setembro,2010

ALERTA AOS NEÓFITOS

Entre os espíritas, há sempre muita preocupação com as doutrinas que atacam o Espiritismo.

 

Para desfazer equívocos ou defender-se das críticas, os espíritas participam de reuniões ecumênicas. Isso nos surpreende, porque o Espiritismo tem propostas que conflitam com os demais credos. São leis que fazem a espinha dorsal da doutrina espírita. A reencarnação, uma delas, única justificativa para as desigualdades do mundo, se aceitarmos que Deus é todo justiça, amor e caridade, é menosprezada pelas outras seitas cristãs.

A lógica do Espiritismo atrai mais e mais adeptos, a cada dia. Encontramos hoje nas casas espíritas doutores de todas as áreas e jovens que sempre contestaram as religiões, porque são dogmáticas e agridem a racionabilidade.

Depois de um culto na igreja, ao ouvir uma palestra espírita, a pessoa de bom senso percebe logo a diferença. Enquanto os primeiros oferecem o céu com facilidade, o Espiritismo cobra do praticante um esforço titânico de melhoramento individual. Dá-lhe receitas para o sucesso da tarefa e mostra-lhe as conseqüências dessa luta íntima. É mais justo, porque representa a colheita do que é plantado e não um favorecimento com privilégios de merecimento duvidoso.

Ao chegar no Centro Espírita, o novo praticante, pela lógica, conclui que o Espiritismo detém a perfeição. Procura adaptar-se e participar das atividades da casa para poder, na prática, chegar à almejada evolução.

Nesse momento, esbarra no nosso comportamento de espíritas com anos de casa, fincados nos velhos hábitos, sem que o Espiritismo possa modificar-nos. Da teoria que conhecemos, pouco praticamos.

Allan Kardec advertiu que, por sua natureza,  o homem quer ligar seu nome às obras e que no Espiritismo nada seria diferente. E o que vemos nos nossos agrupamentos é exatamente isso. Pessoas vaidosas, desgastadas pela luta dos cargos, pelas honras, pelos títulos, pelas palmas e todo tipo de evidência, sem perceber que afrontam a doutrina e são mau exemplo. Especialmente para os recém-chegados, que têm uma visão do espírita como homem de virtude, com destaque para a humildade. Diante desse comportamento, desiludem-se.

O alerta que fazemos aos noviços, apesar de ainda sermos dos que navegam entre a teoria e a prática, é para que não se desencantem com a doutrina com base nos espíritas. O Espiritismo é divino e os espíritas, humanos. E estão entre os maiores devedores, corrigindo erros por meio de repetidas provas e expiações. Mas, apesar dos obstáculos que lhe criamos, o Espiritismo seguirá sua trajetória. Na Parte III do seu livro “Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, A. Wantuil de Freitas declara: “Sejam quais forem as barreiras que os homens lhe oponham, o Espiritismo cumprirá sua missão de transformação do mundo: com os homens sem os homens ou apesar dos homens”.

Não aconselhamos a que alguém que não se sinta bem num agrupamento ali  permaneça em nome da caridade, em auto-agressão. Se vamos ao Centro preocupados com um certo alguém com quem não simpatizamos, por falha dele ou nossa, devemos tomar alguma providência. Primeiro, verificar o que é possível fazer para harmonizar-nos. Quase sempre temos sucesso. Mas se for impossível, busquemos outro grupo para colaborar porque os espíritos do bem  não trabalham em lugares onde há desarmonia.

O objetivo deste comentário é dizer que se buscamos  santos nos agrupamentos espíritas, seguramente ali não os encontraremos. Jamais confundir o Espiritismo com o espírita, deixando que as atitudes de dirigentes, oradores, aconselhadores, professores,  médiuns e pessoas em geral, interfiram nos propósitos de buscar o conhecimento doutrinário, porque à medida que avançamos no saber espírita, melhor compreenderemos a imperfeição dos companheiros de jornada e também a nossa. Somos todos espíritos inferiores em luta contra as imperfeições.

Diante do fracasso do confrade, não abandone o Espiritismo, porque o prejuízo será seu. O outro continuará ouvindo as lições e conseguirá, mais dia menos dia, o almejado progresso. Se fizer o mesmo, cuidando de melhorar-se antes de tentar consertar o mundo, receberá do Espiritismo tudo o que ele pode nos dar.

Rogue a Jesus que ampare cada um de nós, velhos ou novos de casa, para que colaboremos com esta notável revelação que é a Doutrina dos Espíritos. Tenha paciência e, com o tempo, verá que valeu a pena.

 

Olho 1 – A lógica do Espiritismo atrai mais e mais adeptos, a cada dia. Encontramos hoje nas casas espíritas doutores de todas as áreas e jovens que sempre contestaram as religiões, porque são dogmáticas e agridem a racionabilidade.

 

Olho 2 - Allan Kardec já advertiu que, por sua natureza,  o homem quer ligar seu nome às obras e que no Espiritismo nada seria diferente. E o que vemos nos nossos agrupamentos é exatamente isso. Pessoas vaidosas, desgastadas pela luta dos cargos, pelas honras, pelos títulos, pelas palmas, e todo tipo de evidência, sem perceber que afrontam a doutrina e são mau exemplo.

 

(Artigo originalmente publicado na Revista Internacional do Espiritismo, Março de 2003)

 

publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar

mais sobre mim

pesquisar

 

Novembro 2011

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

últ. comentários

  • Também não gosto dessas igrejas evangélicas (prote...
  • Este texto bonito. escrever é uma terapia natural ...

mais comentados

subscrever feeds

blogs SAPO


Universidade de Aveiro