Terça-feira, 18 De Maio,2010

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA

A tendência do homem é acusar e condenar os outros ao invés de olhar para seus próprios defeitos. É colocar-se numa atitude de superioridade e do alto de seu orgulho, apontar pecados alheios e pedir para eles a sentença da condenação. Ouve-se por aí: os outros estão errados, nós é que estamos certos.

Quem somos nós para julgar os outros? Para apedrejá-los com nossas acusações descaridosas? Deixemos a Deus o julgamento e aprendamos do próprio exemplo de Jesus a condenar o pecado e salvar o pecador. Quando alguns fariseus e escribas repletos de ódio e despeito acusaram a mulher adúltera exigindo seu apedrejamento, o Mestre ergue-se e diz: “O que está puro entre vós atire a primeira pedra” (Jo 8:7). Com essa postura devolve a eles o julgamento da mulher adúltera. A lei de Moisés previa o apedrejamento da mulher flagrada em adultério. A indagação daqueles fariseus se devia ou não apedrejar a adúltera era uma autêntica cilada.

Se o Mestre sentenciasse: “Podem apedrejá-la”, estaria negando todos os ensinos misericordiosos de sua doutrina. No entanto, se dissesse: “Não devem matá-la”, seria imediatamente acusado perante as autoridades como desrespeitador das Leis Mosaicas, o que na época constituía-se em falta grave e verdadeira heresia. A cilada estava preparada. A trama estava bem urdida, o plano tinha requintes de astúcia e não podia falhar. Aparece, então, a sabedoria do Mestre Divino: nem manda que eles cumpram a lei e apedrejem a mulher e nem se coloca contra a lei, condenando a lapidação.

Em vez dessas duas alternativas, a primeira vista inevitáveis, lança-lhes um desafio: “Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”(Jo 8:7). “E eles se foram retirando envergonhados um a um, a começar pelos mais velhos” (Jo 8:8).

Quanto mais evoluído é um espírito, tanto maior é sua capacidade de perdoar.

Quando perdoamos e amamos somos envolvidos pelo amor, quando não perdoamos e odiamos, somos envolvidos pelo ódio. É uma lei imutável. Se semearmos perdão, colheremos tolerância. Reprovar infelizmente é a ação que mais praticamos. Condenar, torna-se mais fácil que ser solidário. Aceitar o erro como um possível caminho para o acerto é muito difícil, no tribunal injusto de nossa personalidade egoísta. Nossa tendência é sempre ver o erro nos outros e nunca em nós mesmos. Ao invés de acusar, deveríamos estar prontos para entender a fraqueza de nosso semelhante, pois também, nós muito erramos. Conforme o próprio Cristo afirmou: “Quem tiver sem pecado, que atire a primeira pedra” (Jo 8:7).

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Segunda-feira, 17 De Maio,2010

DESENCARNE NA GUERRA

 

 

 

     Quando o Espírito do jovem militar se manifestou pela primeira vez, sucedeu o que quase invariavelmente acontece nessas circunstâncias, como o sabem todos os que experimentam, isto é, que o Espírito, reabsorvendo fluidos humanos e volvendo parcialmente às condições terrestres, quais as em que se achava no termo da sua existência, não pôde deixar de ressentir e, por conseguinte, de transmitir ao médium os sintomas que lhe caracterizaram a agonia. Dessa vez, a mão do médium foi presa de tremores e de impressionantes arrancos convulsivos, que lhe faziam saltar o braço em todas as direções. Quando, por fim, essas convulsões se acalmaram, ditou o Espírito o que segue:

     “Foi o que se deu comigo, quando caí mortalmente ferido pelos estilhaços de um obus. Disseram-me que a minha morte ocorreu em menos de um minuto; as convulsões da agonia foram, pois, muito curtas, embora eu tenha tido a impressão de durarem longas horas. Não te assustes; isto não te trará conseqüências más. Quando a mim, estou perfeitamente bem; mas, voltando ao meio terrestre e pensando na minha morte, não posso evitar se reproduzam os sintomas que a acompanharam”.

     Quando fui ferido, achava-me à borda de uma trincheira e, quando as convulsões cessaram, estava morto. Senti-me então, como antes, em perfeito estado de saúde. Via-me trajando o uniforme militar. Meu primeiro pensamento foi para “Bem” (seu filhinho) e, ao pensar nele, vi-me logo transportado à minha casa, onde o contemplei a dormir na sua caminha, ao lado de Carrie (a mãe). Distinguia-os tão bem como com os olhos do corpo; em seguida te vi e a John (o marido). Pensei em minha mãe e logo me achei ao seu lado. Vi-a acordada na cama e lhe dirigi a palavra, porém ela nenhum sinal deu de me ter ouvido. Voltei então para a França, para a trincheira.

     Sabia-me morto... e um caso estranho me acontecia: via passar diante de meus olhos todos os acontecimentos da minha vida, em os quais me comportara mal... Logo depois, divisei um Espírito que me vinha ao encontro... Era meu pai; porém, não o reconheci. Entretanto, quando me chamou pelo meu nome: “Will”, imediatamente o reconheci e me lancei a chorar nos seus braços. Sentia-me extraordinariamente comovido e não sabia o que lhe dissesse. Nada posso dizer com relação ao tempo que ali permanecemos. Lembro-me apenas de que, durante esse tempo, deixei de ver os meus camaradas, de ouvir o ruído da batalha. Via, no entanto, os pensamentos daqueles camaradas; verifiquei, assim, que muito os havia impressionado a minha morte. Quando meu amigo Franck se aproximou do meu cadáver, para se certificar de que eu estava realmente morto, ainda uma vez o distingui como com os olhos do corpo. Meu pobre amigo desejava estar em meu lugar e não ligava importância à vida, senão por amor de sua Dora...

     Não me seria possível dizer se estive nalguma outra parte, durante a minha permanência naquele lugar. Encontrava-me num estado de completa confusão de idéias; o que me rodeava parecia ao mesmo tempo muito nítido e muito incerto. Meu pai se conservava ao meu lado, a me animar e a me dizer que não tardaria a readquirir equilíbrio mental. Conduziu-me depois á sua habitação, onde presentemente vivemos juntos, aguardando que a mamãe venha para a nossa companhia...

     Outro dia, disse-me ele: “Queres ver tua avó?” - Eu ainda não a encontrara no mundo espiritual. Ela se achava, ao que parece, numa localidade muito afastada de nós. Papai acrescentou: “Formula intensamente o desejo de estar com ela e o de que eu lá esteja por minha vez.” Fizemo-lo simultaneamente e saltamos com a rapidez do relâmpago, através do espaço. Em menos de um segundo estávamos ao lado de minha avó. Ela vive com meu avô e com o meu tio Wálter, a quem não conheci na Terra; logo, porém percebi que o conhecia muito bem, porque, quando vivo, eu o ia freqüentemente ver durante o sono; era meu pai quem me levava...”

     O que se acaba de ler é extraído da primeira mensagem do irmão morto de Mrs. Hope Hunter. Numa segunda mensagem, acrescentou ele copiosos detalhes acerca do momento de sua morte. Limitar-me-ei a transcrever esta passagem que completa a precedente:

     “Muitos de meus camaradas se acharam mortos sem o saberem e, como não logravam perceber certas coisas, supunham que estavam a sonhar. Eu, ao contrário, me inteirei imediatamente da minha morte, porém não conseguia compreender o fato de ser absolutamente o mesmo que anteriormente. Antes de ir para a guerra, jamais cogitara das condições prováveis da existência espiritual; durante a vida nas trincheiras, pensava nisso algumas vezes, mas longe estava de imaginar a verdade. Como era natural, tinha na cabeça os “coros celestes”, as “harpas angélicas”, de que falam as Santas Escrituras. O que sobretudo havia de mais incompreensível para mim era me ver e sentir absolutamente o mesmo indivíduo de antes, quando, na realidade, me achava transformado numa sombra. Em compensação, não podia igualmente compreender uma outra circunstância, a de que, quando vinha ver a vocês, os via como se todos fossem sombras, ao passo que eu não o era. Quando estive em casa, mal acabara de morrer, vi a vocês como os via quando vivo; mas, depois, pouco a pouco, todos se foram tornando cada vez mais evanescentes, até não passarem de puras sombras. Em suma não posso distinguir, nos seres vivos, senão a parte destinada a sobreviver ao corpo...

     Bem calculadas as coisas, muito de verdadeiro havia no que dizia o nosso pastor em seus sermões... Há realmente uma vida eterna. É, pelo menos, o que todos cremos; enquanto que aqueles que na Terra viveram honesta e virtuosamente vão para um lugar que se pode comparar a um paraíso, aqueles cuja existência transcorreu depravada e má vão acabar em outro lugar que se pode exatamente definir como um inferno...

     Acho-me aqui ativamente ocupado. O mesmo se dá com todos, mas suspendemos o trabalho quando nos sentimos fatigados. Atende, entretanto, a que, quando falo de cansaço, não me refiro ao que vós aí experimentais. É coisa muito diversa. Quando estamos fatigados, pensamos em nos distrair, segundo os nossos pendores. Nenhum de vós poderia imaginar em que consistem os nossos descansos... Se eu pudesse tornar a viver (mas absolutamente não o desejo) e se soubesse o que sei agora, viveria de maneira muito diferente. Doutra feita, falar-te-ei das minhas ocupações. Por hoje, boa-noite!”

     O Espírito-guia do médium, a pedido deste, ponderou:

     “Teu irmão, desde que o feriram os estilhaços do obus, conheceu que lhe chegara a hora da morte. O desconhecido que o esperava se lhe apresentou terrivelmente, nos espasmos da agonia... Quando se comunicou mediunicamente, viveu esses terríveis momentos. Daí os tremores convulsivos de tua mão e os arrancos do teu braço, que tanto te impressionaram...

     A crise da morte é, fundamentalmente, a mesma para todos; contudo, no caso de um soldado que morre de maneira quase fulminante, as coisas diferem um pouco, porém não muito. Quando chegou o instante fatal, o “corpo etéreo”, que penetra o “corpo carnal”, começa gradualmente a se libertar deste último, à medida que a vitalidade o vai abandonando... Quem ainda não viu uma borboleta emergir da sua crisálida? Pois bem! o processo é análogo... Desde que o “corpo etéreo” se haja libertado do “corpo carnal”, outros Espíritos intervêm para auxiliar o recém-desencarnado. Trata-se de um nascimento, em tudo análogo ao de uma criança no meio terrestre, o que faz que o Espírito recém-nascido tenha necessidade de auxílio. Ele se sente aturdido, desorientado, aterrado e não poderia ser de outro modo... Quase sempre julga que está sonhando. Ora, o nosso primeiro trabalho consiste em convencê-lo de que não está morto. É o de que geralmente se encarregam os parentes do recém-chegado, o que as mais das vezes, não serve para confirmar, no morto a idéia de que está sonhando...

     Teu irmão diz que se transportou imediatamente a Samerset; que falou com sua mãe; que viu o filho e te viu com teu marido. Vou tentar explicar-te como isso ocorre. Logo após o instante da morte, o Espírito ainda se acha impregnado de fluidos humanos. Pelo que sei (e não é grande coisa) este fato significa que ele ainda está em relação direta com o meio terrestre. Mas, ao mesmo tempo, está despojado do corpo carnal e revestido unicamente do “corpo etéreo”. Basta, pois, que dirija o pensamento a determinado lugar, para que seja instantaneamente transferido aonde o leva o seu desejo. O primeiro pensamento de teu irmão foi dirigido, com grande afeto, à sua mulher e seu filhinho; achou-se portanto, instantaneamente, com eles; estando ainda impregnado de fluidos humanos, pôde vê-los como com os olhos do corpo...

     Além disso, refere teu irmão: “Vi passarem diante de meus olhos todos os acontecimentos da minha vida, em os quais me comportara mal”. Trata-se de um fenômeno muito notável da existência espiritual. Geralmente, isso preludia a sanção a que todos nos temos que submeter, pelo que toca às nossas faltas. A visão se desenrola diante de nós num rápido instante, mas nos oprime pelo seu volume e nos abala e impressiona pela sua intensidade. Quase sempre, vemo-nos tais quais fomos, do berço ao túmulo. Não me é possível dizer-te como isso se produz; porém, a razão do fato reside numa circunstância natural da existência terrena, durante a qual toda ação que executamos, todo pensamento que formulamos, quer para o bem, quer para o mal, fica registrado indelevelmente no éter vitalizado que nos impregna o organismo. Trata-se, em suma, de um processo fotográfico; com isto imprimimos e fixamos vibrações no éter e este processo começa desde o nosso nascimento...

     Teu irmão continua, referindo como encontrou o pai. Tudo isso se produziu num instante do vosso tempo; mas, para ele, que calculava o tempo pela intensidade e pelo concurso dos acontecimentos, os segundos pareceram horas. A princípio, não reconheceu o pai, o que freqüentemente acontece. Com efeito, os desencarnados não esperam encontrar-se com seus parentes; ao demais, o aspecto destes tem geralmente mudado. Entre nós, também existe um desenvolvimento do “corpo etéreo”... um bebê cresce até chegar à maturidade. Contrariamente, um velho alcança a seu turno a idade viril, rejuvenescendo. Teu pai e dele, morreu na plenitude da idade adulta; apesar disso, o filho não o reconheceu, porque muitos anos haviam passado e o pai atingira, no mundo espiritual, um estado de radiosa beleza. Reconheceu-o, todavia, assim aquele lhe dirigiu a palavra. Ninguém pode enganar-se no mundo espiritual.

     Outra afirmativa de teu irmão é de si mesma clara.

     Observa ele: “Eu podia ver o que pensavam os meus camaradas”. O fato se dá, porque, na vida espiritual, a transmissão do pensamento é a forma normal de conversação entre os Espíritos; depois, porque muitos pensamentos se exteriorizam da fronte daquele que os formula, revestindo formas concretas, correspondentes à idéia pensada, formas que todos os Espíritos percebem...

     Informou-te, afinal, de que vivia com o pai, na habitação deste último. É absolutamente exato. Já noutra mensagem te expliquei que no mundo espiritual o pensamento e a vontade são forças por meio das quais se pode criar o que se deseje...”(Ernesto Bozzano - Obra: A Crise da Morte). 

 

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Sábado, 15 De Maio,2010

O FENÔMENO DAS APARIÇÕES

 

O fenômeno das aparições apresenta-se hoje sob um aspecto, de certo modo, novo, e projeta uma viva luz sobre os mistérios da vida de além-túmulo. Antes, porém, de abordar os estranhos fatos que vamos referir, julgamo-nos obrigados a reiterar, completando-as, explicações dadas anteriormente.

Não se deve perder de vista que, durante a vida, o Espírito está unido ao corpo por uma substância semi-material, que constitui um primeiro envoltório, o qual designamos como perispírito. Tem, pois, o Espírito dois envoltórios: um grosseiro, pesado e destrutível — o corpo; outro etéreo, vaporoso, indestrutível — o perispírito. A morte não é mais que a destruição do invólucro grosseiro; é a roupa de fora que deixamos, por usada; o invólucro semi-material persiste e constituí, por assim dizer, novo corpo para o Espírito.

Essa matéria eterizada é bom frisar — absolutamente não é a alma; não passa de seu primeiro envoltório. A natureza íntima dessa substância ainda não nos é perfeitamente conhecida, embora a observação nos haja colocado na via de algumas de suas propriedades. Sabemos que ela representa um papel capital em todos os fenômenos espíritas; que, após a morte, é o agente intermediário entre o Espírito e a matéria, assim como o corpo durante a vida. Por aí se explicam uma porção de fenômenos até aqui insolúveis. Veremos em artigo subseqüente o papel por ele representado nas sensações do Espírito. Ainda mais: a descoberta, se assim podemos dizer, do perispírito, permitiu que a Ciência espírita desse um passo enorme e entrasse numa rota inteiramente nova.

Talvez nos perguntem se esse perispírito não será uma criação fantástica da imaginação; se não será uma dessas suposições feitas tantas vezes para explicar uns tantos efeitos. Não: não é obra da imaginação, pois foram os próprios Espíritos que o revelaram; não é uma idéia fantástica, porque pode ser constatado pelos sentidos, porque pode ser visto e tocado. A coisa existe; nossa é apenas a denominação. Para as coisas novas necessitamos de vocábulos novos. E os próprios Espíritos os adotam nas comunicações que estabelecem conosco.

Por sua natureza e em estado normal, o perispírito é para nós invisível, mas pode sofrer modificações que o tornem perceptível, ou por uma espécie de condensação, ou por uma mudança na disposição molecular. É então que nos aparece sob uma forma vaporosa. A condensação — mas, por falta de expressão, não seja tomada ao pé da letra — a condensação, dizíamos nós, pode ser tal que o perispírito adquira as propriedades de um corpo sólido e tangível; este pode, entretanto, instantaneamente retomar o seu estado etéreo e invisível. Podemos fazer uma idéia deste efeito pelo vapor, que pode passar do estado de invisibilidade ao estado brumoso, depois ao líquido e ao sólido e vice-versa. Estes diferentes estados do perispírito são o pro­duto da vontade do Espírito e não de uma causa física exterior. Quando ele nos aparece é que dá ao seu perispírito a propriedade necessária para o tornar visível; e esta propriedade ele a pode estender, restringir e fazer cessar à vontade.

Uma outra propriedade da substância do perispírito é a penetrabilidade. Nenhuma matéria lhe oferece obstáculo: ele as atravessa a todas, como a luz atravessa os corpos transparentes.

Separado do corpo, o perispírito afeta uma forma determinada e limitada e esta forma normal é a do corpo humano; mas não é constante; o Espírito pode, à vontade, dar-lhe as mais variadas aparências, inclusive a de um animal ou de uma chama. Aliás isto se concebe muito facilmente. Não vemos homens que dão ao rosto as mais diversas expressões, imitando a voz a ponto de nos enganarmos, assim como a expressão de outras pessoas, parecerem obesas, coxas, etc.? Quem reconheceria na cidade certos atores que só costuma ver caracterizados no palco? Se, pois, assim pode o homem dar ao seu corpo material e rígido aparências tão contrárias, com mais forte razão pode fazê-lo o Espírito com um envoltório eminentemente plástico e flexível e que pode prestar-se a todos os caprichos da vontade.

Os Espíritos, pois, geralmente nos aparecem sob uma forma humana; em seu estado normal esta forma nada tem de muito característico, nada que os distinga uns dos outros de maneira muito marcada; nos bons Espíritos esta forma ordinariamente é bela e regular: longos cabelos flutuantes sobre as espáduas e amplas túnicas envolvendo-lhes o corpo. Mas se desejam tornar-se conhecidos, tomam exatamente todos os traços sob os quais foram conhecidos e, até, quando necessário, a aparência da vestimenta. Assim, por exemplo, como Espírito, Ésopo não é disforme, mas se for evocado como Ésopo, posto tivesse tido posteriormente, várias existências, aparecerá feio e corcunda, vestindo à maneira tradicional. É talvez a roupagem o que mais admira; se, entretanto, considerarmos que ela faz parte do envoltório semi-material, compreende-se que a esse envoltório possa o Espírito dar a aparência de tal ou qual vestimenta, como a de tal ou qual fisionomia.

Os Espíritos tanto podem aparecer em sonho quanto em vigília. As aparições em estado de vigília nem são raras nem novas; houve-as em todos os tempos e a História as registra em grande número. Sem remontar ao passado, entretanto, elas hoje são muito freqüentes e muitas pessoas no primeiro instante tomaram tais visões por alucinações. São freqüentes, principalmente, nos casos de morte de pessoas ausentes, que vêm visitar parentes e amigos. Muitas vezes não têm um objetivo determinado, mas em geral pode-se dizer que os Espíritos que assim nos aparecem são seres para nós atraídos pela simpatia. Conhecemos uma jovem senhora que muitas vezes via em sua casa e no seu quarto, com ou sem luz, homens que aí entravam e saíam, embora estivessem fechadas as portas. Ficava muito espantada e isto a tinha tornado de uma pusilanimidade que tocava as raias do ridículo. Um dia ela viu distintamente o seu irmão, que se achava vivo na Califórnia, prova de que o Espírito dos vivos pode vencer as distâncias e aparecer num lugar, enquanto o corpo se acha em outro. Depois que esta senhora foi iniciada no Espiritismo, já não tem medo, porque se dá conta das visões e sabe que os Espíritos que vêm visitá-la nenhum mal lhe podem fazer. É provável que, ao lhe aparecer, o seu irmão estivesse adormecido; se ela pudesse ter explicado a sua presença, poderia ter estabelecido uma conversação com ele, da qual este tivesse conservado uma vaga lembrança ao despertar. É provável, ainda, que nesse momento ele tivesse sonhando que se achava ao pé da irmã.

Dissemos que o perispírito pode adquirir tangibilidade. Falamos sobre isto a propósito das manifestações produzidas pelo Sr. Home. Sabe-se que por diversas vezes ele fez aparecerem mãos que podiam ser apalpadas como se fossem vivas, mas que de repente se extinguiam como uma sombra; mas não se tinham visto ainda corpos inteiros sob essa forma tangível. Contudo não é coisa impossível. Numa família do conhecimento íntimo de um dos nossos assinantes, um Espírito ligou-se à filha daquela família, criança de dez a onze anos, sob a forma de um belo rapaz da mesma idade. É-lhe visível como uma pessoa comum e, à vontade, torna-se visível ou invisível às outras pessoas. Presta-lhe toda sorte de bons serviços, traz-lhe brinquedos, bombons, faz o trabalho doméstico, vai comprar aquilo de que necessitam e que é mais dispendioso. Isto não é uma lenda da mística Alemanha, nem uma história medieval: é um fato atual, que se passa neste momento em que escrevemos, numa cidade da França e numa família respeitável. Chegamos a fazer sobre este caso estudos especiais, cheios de interesse e que nos forneceram revelações muito originais e as mais imprevistas. Brevemente, entreteremos os nossos leitores de modo mais completo em artigo especial.

Revista Espírita de Allan Kardec

Dezembro, 1858

 

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Sexta-feira, 14 De Maio,2010

FALTA DE CARIDADE

839. Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele?

 “Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento.”

 

 

 

Surgem de novo o orgulho e o egoísmo, monstros da discórdia e da prepotência. Todo aquele que menospreza as opiniões alheias, por não compatibilizarem com as suas, está cheio de vaidade e desconhece os direitos alheios. Isso é falta de caridade e atenta contra a liberdade de pensamento. Vemos nos fatos que ocorrem em todo o mundo, Deus deixando que o homem aplique seus pensamentos, mesmo que depois sofra as conseqüências dos seus atos errôneos, para mostrar-lhe que pode ter liberdade e reconhecer no Senhor um Pai de Amor e de Bondade.

Quando notamos companheiros que somente acreditam no seu modo de pensar e sentir, estampam em seu ser plena ignorância sobre a vida. É preciso que reconheçamos que fazemos parte de um todo, e que cada alma tem uma tarefa diferente da outra. Os dons dados por Deus para o Espírito são diversos, mas ainda carecem de ser despertados e esse despertamento é gradativo, mas em alternância que não para.

Certos dons estão em atividades em uns, enquanto em outros dormem. É nesse sentido que não podemos viver sozinhos, pois ternos necessidade uns dos outros para a paz de todos. Nunca podemos julgar a ninguém porque tivemos e ainda vamos ter muitas vidas na Terra, para o despertamento completo dos nossos valores. é falta de caridade, de amor, condenar alguém porque esse alguém não aceita os nossos pensamentos. Onde está a liberdade de pensar e sentir que a vida nos deu?

Todos buscamos a liberdade, no entanto, não podemos ser livres de Deus, porque sem Ele não podemos viver. Em Paulo, quando falava aos Coríntios, por sua primeira epístola, notamos a diversidade entre as raças. Vejamos o capítulo um, versículo vinte e dois, que assim diz:

Porque tanto os Judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria.

E podemos acrescentar: uns buscam o direito, outros o amor, alguns a caridade, outros a paciência, e ainda outros lutam para conquistar a santidade. E é nessa corrida que buscamos e encontramos a perfeição no passar dos evos, porque a vida nos entregará a felicidade somente nos caminhos da perfeição espiritual.

No "Evangelho Segundo o Espiritismo" encontramos essa frase luminar:

"Fora da caridade não há salvação."

Quem falta com ela, como pode se libertar dos entulhos que lhe pesam na consciência? Somente ficamos livres dos fardos pesados e do jugo que nos incomoda obedecendo às leis de Deus, andando dentro delas. Aí é que a paz nasce em nós e por nós.

Seja quem for, respeitemos sua liberdade de pensar. Não é com isso que vamos nos esquecer de dar exemplos dignificantes. O exemplo no bem é a voz de Deus pelos nossos recursos de amor. Os pensamentos e a própria vida consciencial estão no silêncio, para serem ouvidos pelo seu portador, e ele mesmo deve tirar as suas deduções para o que lhe cabe viver.

A Doutrina Espírita não veio ao mundo revelar todas as leis de Deus, mas dar continuidade à revelação, que é gradativa, de acordo com o crescimento das criaturas.

 

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RESPEITO ÀS CRENÇAS

 

838. Será respeitável toda e qualquer crença, ainda quando notoriamente falsa?

 “Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzam ao mal.”

 

 

Toda religião carece do nosso respeito, desde quando ela inspire seus profitentes ao bem e ao amor. É preciso que se saiba que o sistema religioso é um celeiro, onde seus crentes recolhem e passam a semear, no entanto, é preciso notar que a colheita é viva e pertence ao semeador.

Existem, bem o sabemos, aquelas crenças que, melhor que as outras, ensinam mais a amar aos semelhantes. Quem mais obedecer às leis naturais, mais colherá frutos dignificantes. Quando uma religião ou filosofia tem por norma combater a outra, cujos ensinamentos não lhe soam bem, é falta de respeito aos pensamentos alheios, por querer oprimir a consciência daqueles que não pensam igual a eles. Isto é querer violentar o modo de pensar dos irmãos em caminho. Na verdade, eles têm Jesus como guia, mas esquecem Seus preceitos de não desejar aos outros o que não querem para si mesmos.

O nosso maior desejo deve ser cuidar de nós mesmos. Se cada criatura se interessar pelo seu próprio aperfeiçoamento, tudo se regulará na harmonia divina. Enquanto o homem atender à inferioridade de oprimir seu irmão com o seu modo de pensar e sentir a vida, ele ainda dorme pelo magnetismo da ignorância.

Vamos reproduzir aqui o que o Espírito de Verdade respondeu ao querido codificador do Espiritismo, na pergunta em estudo:

"Toda crença é respeitável, quando sincera e conducente à prática do bem. Condenáveis são as crenças que conduzem ao mal."

Quando os discípulos de Jesus condenaram alguém que curava em nome d'Ele e expulsava demônios também em Seu nome, foram falar com o Mestre. Ele não aceitou a condenação, porque aquele estava fazendo o bem aos que sofriam. Por que condenar outros sistemas religiosos, se estão buscando a paz das criaturas e as inspirando para o amor?

Inspirado pelo Mestre, Paulo escreveu em sua carta aos Romanos, no capítulo treze, versículo sete:

Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.

Tanto o senhor Jesus falava aos Seus discípulos no respeito às crenças, como igualmente orientava quanto às organizações da Terra, mostrando que o sistema político tem seus objetivos que, com o tempo, vai se aprimorando até chegar aos Seus preceitos, de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Fugir das leis de Deus estabelecidas no universo e plasmadas em todas as consciências, é afastar-se da própria felicidade. A Doutrina dos Espíritos tem a missão de levar a humanidade para o conhecimento de Deus em tudo, mostrando por experiências que ninguém morre. A vida continua depois do túmulo e no mundo espiritual se encontra a verdadeira vida do Espírito e a liberdade de consciência em Deus.

O Mestre dos mestres disse que voltaria no terceiro dia, e voltou, provando assim para a humanidade que a vida atravessa o túmulo. Os sensitivos são, muitas vezes, pessoas iletradas e escrevem o que os doutos não escreveriam na sua postura de mestres. A razão falará mais alto àqueles que pesquisam a verdade. Aos que não se interessam por essa verdade, Jesus já respondeu, dizendo que têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem.

 

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LIBERDADE DE PENSAR

 

833. Haverá no homem alguma coisa que escape a todo constrangimento e pela qual goze ele de absoluta liberdade?

 

“No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr- lhe peias. Pode-se-lhe deter o vôo, porém, não aniquilá-lo.”

 

 

O que nos parece, examinando a questão, é que o homem tem plena liberdade de pensar e de sentir, no entanto, mesmo que nada possa aniquilar tal valor espiritual dado por Deus, Ele tem meios diversos de tolher essa liberdade, para o bem do próprio Espírito. É o caso de certas provas pelas quais o Espírito deve passar na carne, como a idiotia congênita, em que a alma não encontra no aparelho de carne o instrumento necessário para expressar suas idéias. Ele sofre, com isso, no silêncio dos dias, por vezes de anos e séculos, dado que pode levar para o outro lado da vida o reflexo desses mesmos impedimentos, não tendo liberdade de pensar. Esse entrave é provação pelo mau uso que fez do seu instrumental da razão, praticando a arbitrariedade com seus irmãos menores. Ninguém consegue burlar a lei de justiça.

Em muitos casos, existem os que pensam, e muitos, no entanto, o fazem em circuito fechado, somente para eles, de modo a se cansarem de pensar e de ouvirem na acústica da própria alma, não conseguindo fazer chegar suas idéias aos ouvidos alheios, por terem desencaminhado muitos em outras épocas. A Doutrina Espírita, sob a influência do Cristo, vem nos ensinar a usar o verbo qual o fez Jesus, ensinar a usar o dom de escrever para confortar os sofredores e usar a vida para ajudar os que sofrem. Desta forma, seremos bem-aventurados, despertando em nós a luz divina para a nossa felicidade, tornando felizes os outros.

Entretanto, nada pode "botar peias" à mente do Espírito, fazendo desaparecer para sempre a força da alma no sentido de pensar, porque Deus é perfeição e não iria fazer algo de divino que não se mostrasse com a mesma expressão da Sua luz. Temos liberdade de pensar, mas responderemos pelos pensamentos nascidos na nossa engrenagem mental. Somos muito mais responsáveis, porque a matéria que usamos para pensar vem ungida pelo beijo de Deus, pelos canais da natureza e sob a responsabilidade, podemos dar aos pensamentos a direção que entendermos. Eis aí a nossa liberdade, porém, devemos conhecer a lei. Os pensamentos são sementes que saímos a semear. Eles são filhos de quem pensa e sempre voltam à casa paterna.

Nós, quando usamos mal os pensamentos, estamos negando a Deus e a Jesus, e se negamos, recebemos negação onde quer que estejamos. Observemos a anotação de Lucas, no capítulo doze, versículo nove: Mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos Anjos de Deus.

Na posição em que os homens se encontram, não podemos lhes pedir o que eles não podem dar, no entanto, a boa vontade de melhorar, nós devemos incentivar todos os dias, para que se acostumem a ser mais justos e bem melhores que antes. Se nos esforçarmos para aperfeiçoar nossas qualidades, encontraremos sempre em nossos caminhos, motivos para melhorar, da parte dos Anjos do Senhor.

No pensamento, goza o homem de muita liberdade; essa liberdade somente não avança nos segredos que não podem suportar ou que ainda desconhecem. Mas, já é uma faculdade grandiosa, a de pensar e de recordar. Tanto o pobre como o rico podem pensar o que desejarem, mas fiquem sabendo que a mente em atividade já coloca o que se deseja em caminho.

 

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Terça-feira, 04 De Maio,2010

ORIGEM DOS EVANGELHOS

 

São os resultados desses trabalhos o que exporemos resumidamente aqui, sob uma forma que esforçaremos por tornar mais simples que a dos exegetas protestantes.

O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos, foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois da sua morte. Uma tradição religiosa popular formou-se pouco a pouco, tradição que sofreu constante evolução até o século IV

Durante esse período de trezentos anos, a tradição cristã jamais permaneceu estacionária, nem a si mesma semelhante. Afastando-se do seu ponto de partida, através dos tempos e lugares, ela se enriqueceu e diversificou. Efetuou-se poderoso trabalho de imaginação; e, acompanhando as formas que revestiram as diversas narrativas evangélicas, segundo a sua origem, hebraica ou grega, foi possível determinar com segurança a ordem em que essa tradição se desenvolveu e fixar a data e o valor dos documentos que a representam. Durante perto de meio século depois da morte de Jesus, a tradição cristã, oral e viva, é qual água corrente em que qualquer se pode saciar. Sua propaganda se fez por meio da prédica, pelo ensino dos apóstolos, homens simples, iletrados.

Não é senão do ano 60 ao 80 que aparecem as primeiras narrações escritas, a de Marcos a princípio, que é a mais antiga, depois as primeiras narrativas atribuídas a Mateus e Lucas, todas, escritos fragmentários e que se vão acrescentar de sucessivas adições, como todas as obras populares.

Foi somente no fim do século I, de 80 a 98, que surgiu o evangelho de Lucas, assim como o de Mateus, o primitivo, atualmente perdido; finalmente, de 98 a 110, apareceu, em Éfeso, o evangelho de João.

Ao lado desses evangelhos, únicos depois reconhecidos pela Igreja, grande número de outros vinha à luz. Desses, são conhecidos atualmente um vinte; mas, no século III, Orígenes os citava em maior número.

Lucas faz alusão a isso no primeiro versículo da obra que traz o seu nome.

Por que razão foram esses numerosos documentos declarados apócrifos e rejeitados? Muito provavelmente porque se haviam constituído num embaraço aos que, nos séculos II e III, imprimiram ao Cristianismo uma direção que o devia afastar, cada vez mais, das suas formas primitivas e, depois de haver repelido mil sistemas religiosos, qualificados de heresias, devia ter como resultado a criação de três grandes religiões, nas quais o pensamento do Cristo jaz oculto, sepultado sob os dogmas e práticas devocionais como em um túmulo.

Os primeiros apóstolos limitavam-se a ensinar a paternidade de Deus e a fraternidade humana. Demonstravam a necessidade da penitência, isto é, da reparação das nossas faltas. Essa purificação era simbolizada no batismo, prática adotada pelos essênios, dos quais os apóstolos assimilavam ainda a crença na imortalidade e na ressurreição, isto é, na volta da alma à vida espiritual, à vida do espaço.

Daí a moral e o ensino que atraíam numerosos prosélitos em torno dos discípulos do Cristo, porque nada continham que se não pudesse aliar a certas doutrinas pregadas no Templo e nas sinagogas.

Com Paulo e depois dele, novas correntes se formam e surgem doutrinas confusas no seio das comunidades cristãs. Sucessivamente, a predestinação e a graça, a divindade do Cristo, a queda e a redenção, a crença em Satanás e no inferno, serão lançados nos espíritos e virão alterar a pureza e a simplicidade ao ensinamento do filho de Maria.

Esse estado de coisas vai continuar e se agravar, ao mesmo tempo em que convulsões políticas e sociais hão de agitar a infância do mundo cristão.

Os primeiros Evangelhos nos transportam à época perturbada em que a Jesus, 'idéia, sublevada contra os romanos, assiste à ruína de Jerusalém e à dispersão do povo judeu (ano 70). Foi no meio do sangue e das lágrimas que eles foram escritos, e as esperanças que traduzem parece irromperem de um abismo de dores, enquanto nas almas contristadas desperta o ideal novo, a aspiração de um mundo melhor, denominado "reino dos céus", em que serão reparadas todas as injustiças do presente.

Nessa época, todos os apóstolos haviam morrido, com exceção de João e Filipe; o vínculo que unia os cristãos era bem fraco ainda. Formavam grupos isolados entre si e que tomavam o nome de igrejas (ecclesia, assembléia) , cada qual dirigido por um bispo ou vigilante escolhido eletivamente.

Cada igreja estava entregue às próprias inspirações; apenas tinha para se dirigir uma tradição incerta, fixada em alguns manuscritos, que resumiam mais ou menos fielmente os atos e as palavras de Jesus, e que cada bispo interpretava a seu talante.

Acrescentemos a estas tão grandes dificuldades as que provinham da fragilidade dos pergaminhos, numa época em que a imprensa era desconhecida; a falta de inteligência de certos copistas, todos os males que podem fazer nascer à ausência de direção e de crítica, e facilmente compreenderemos que a unidade de crença e de doutrina não tenha podido manter-se em tempos assim tormentosos.

Os três Evangelhos sinóticos acham-se fortemente impregnados do pensamento judeu-cristão, dos apóstolos, mas já o evangelho de João se inspira em influência diferente. Nele se encontra um reflexo da filosofia grega, rejuvenescida pelas doutrinas da escola de Alexandria.

Em fins do século 1, os discípulos dos grandes filósofos gregos tinham aberto escolas em todas as cidades importantes do Oriente. Os cristãos estavam em contato com eles, e frequentes discussões se travavam entre os partidários das diversas doutrinas. Os cristãos, arrebanhados nas classes inferiores da população, pouco letrados em sua maior parte, estavam mal preparados para essas lutas do pensamento. Por outro lado, os teoristas gregos sentiram-se impressionados pela grandeza e elevação moral do Cristianismo. Daí uma aproximação, uma penetração das doutrinas, que se produziu em certos pontos. 0 Cristianismo nascente sofria pouco a pouco as influências gregas, que o levava a fazer do Cristo o verbo, o Logos de Platão.

 

Essa tradução oficial, que devia ser definitiva segundo o pensamento de quem ordenara a sua execução, foi, entretanto, retocada em diferentes épocas, por ordem dos pontífices romanos. O que havia parecido bom, do ano 386 ao de 1586, o que fora aprovado em 1546 pelo concílio ecumênico de Trento, foi declarado insuficiente e errôneo por Sixto V, em 1590. Fez-se nova revisão por sua ordem; mas a própria edição que daí resultou, e que trazia o seu nome, foi modificada por Clemente VIII em uma nova edição, que é a que hoje está em uso e pela qual têm sido feitas as traduções dos livros canônicos, submetidos a tantas retificações através dos séculos.

Convém lembrar também os protestantes, digo Lutero, um monge católico que se rebelou contra a igreja católico e fundou o protestantismo, a e nisso acrescentou diversos livros e adulterou ainda mais a bíblia protestante.

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Domingo, 02 De Maio,2010

SOMOS TODOS IGUAIS

“O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do Senhor: basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o Senhor."

Aos olhos do Senhor eterno são iguais todas as condições sociais; conseguintemente, o senhor não é mais do que o servo. Só tem maior valor aquele que pratica, com humildade, a lei de amor que vos é ensinada. Só será igual ao mestre em moral aquele que praticar a moral.

Compreendam bem os homens, no seu princípio, no seu objetivo e nas suas consequências, a lei natural e divina da reencarnação, que lhes vem ensinar serem a vida humana e as condições sociais, para cada um deles, uma provação, ou uma expiação.

Compreendam e não esqueçam nunca que, pela pluralidade das existências e conformemente ao grau de culpabilidade, as provações e as expiações, tendo por fim a purificação e o progresso são apropriadas às faltas cometidas nas encarnações precedentes. Assim, por exemplo, o senhor de ontem, duro e arrogante, que faliu nas suas provas como senhor fossem quais fossem, dentro da ordem social, sua posição ou seu poder na terra, é o escravo, o servo, ou o criado de amanhã. O sábio que ontem, materialista e orgulhoso, abusou da sua inteligência, da sua ciência, para desencaminhar os homens, para perverter as massas populares, é o cego, o idiota ou o louco de amanhã. O orador de ontem, que abusou gravemente da palavra para arrastar os homens ou os povos a erros profundos, é o surdo-mudo do dia seguinte. O que ontem dispôs da saúde, da força, ou da beleza física e gravemente abusou de tudo isso, é o sofredor, o doente, o raquítico, o deserdado da natureza, o enfermo de amanhã. Se é certo que os corpos procedem dos corpos, não menos certo é que são apropriados às provações e às expiações por que o Espírito haja de passar e que a encarnação se dá no meio e nas condições adequados ao cumprimento de tais provações e expiações. É o que explica como e porque, na mesma família, dois filhos, dois homens, nascidos do mesmo pai e da mesma mãe, se encontram em condições físicas tão diversas, tão opostas. De igual modo a diferença nas provações, a disparidade do avanço realizado nas existências precedentes explicam porque e como, do ponto de vista moral ou intelectual, esses dois irmãos se acham em condições tão diversas, tão opostas.

Compreenda o homem e não esqueça nunca que o mais próximo e mais querido parente de ontem, que o mais caro amigo da véspera podem vir a ser e são muitas vezes o estranho, o desconhecido do dia seguinte, que ele a todo instante poderá encontrar, acolher ou repelir.

Que, pois, os homens, cientes e compenetrados de que a vida humana e as condições sociais são provações e ao mesmo tempo meio e modo de amparo e de concurso recíproco nas vias da reparação e do progresso, pratiquem a lei de amor, partilhando mutuamente o que possuam de natureza material ou intelectual, dando aquele que tem ao que não tem, dando de coração o auxílio do coração, dos braços, da bolsa, da inteligência, da palavra e sobretudo do exemplo. Então, quando tal se verificar, estarão cumpridas em toda verdade, sob os auspícios e a prática da fraternidade recíproca e solidária, estas palavras de Jesus:

”Basta ao discípulo ser como o mestre e ao servo como o senhor”.

 

Os Quatro Evangelhos – Roustaing livro II pag. 192

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Sábado, 01 De Maio,2010

O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE NÓS

LUCAS, Cap. XVII, vv. 20-24

 

V. 20. Como os fariseus lhe perguntassem: Quando vem o reino de Deus? ele respondeu: O reino de Deus não virá de modo a que possa ser notado. — 21. Não se dirá: Ele está aqui ou está ali, porquanto o reino de Deus está dentro de vós. — 22. E disse aos discípulos: Tempo virá em que querereis ver um dos dias do filho do homem e não o vereis. — 23. Dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ei-lo ali; não vades, não os sigais; — 24, pois, tal como o relâmpago, que brilha de um lado a outro do céu, assim será o filho do homem no seu dia.

 

(V. 20.) O reino de Deus o homem o traz em si mesmo, pois que é no exercício de suas faculdades que se lhe depara o meio de alcançá-lo, isto é: de atingir a perfeição moral: Não virá de modo a ser notado, por isso que só lentamente, de progresso em progresso, de ascensão em ascensão, pode o homem aproximar o advento daquele reino. a perfeição moral humana o fará vir. Nenhum brusco abalo o trará. Só por um trabalho demorado, penoso, incessante o homem o conquistará.

 

(V. 21.) O reino de Deus não é um lugar circunscrito, qual o imaginaram os homens. Não é uma habitação feliz, onde logrem penetrar. É a imensidade na virtude. O reino de Deus está em vós, está entre vós, mas não sabeis descobri-lo. O reino de Deus é a união das almas depuradas. Depurai, pois, as vossas, para o possuirdes.

 

(V. 22.) E Jesus disse a seus discípulos: "Tempo virá em que desejareis ver um dos dias do filho do homem e não o vereis." Estas palavras não eram dirigidas aos discípulos unicamente, mas ao povo que os cercava e, por extensão, às gerações então futuras que sentiram e sentem ainda o desejo de ver renovados os atos de Jesus, para crerem depois que virem.

O Mestre dava suas instruções aos que o cercavam e, dentre estes, os discípulos eram sempre os que lhe ficavam mais perto. Daí vem o ter o evangelista usado desta expressão: E disse aos discípulos.

Apreendei bem o sentido daquelas palavras, que foram igualmente pronunciadas para o futuro. Muitas vezes tem já o homem aspirado à liberdade santa, filha do amor e da caridade. Muitas vezes tem procurado em vão fazer que luza ainda um daqueles dias em que Jesus pregava e exemplificava a sua moral. Esse desejo o assalta sempre que ele compreende que o único remédio para os males da humanidade consiste na prática dos dois grandes preceitos do amor e da caridade — prática que implica, dentro da unidade e da solidariedade, a da justiça, do mútuo auxílio sob o ponto de vista do trabalho material, moral e intelectual, assim como a prática da fraternidade.

Aqueles dias, porém, não voltaram. Ainda os esperais, vós outros espíritas, e para eles apelais com todas as vossas forças. Muito, entretanto, tardarão ainda em vir, porque ainda não sois bastante clarividentes, para a luz deles; porque os vossos entendimentos ainda se não desapegaram das influências e dos apetites da matéria, fontes do orgulho, do egoísmo, do sensualismo e da sensualidade, de modo a poderem assimilar a moral do filho do homem. Enfim, ainda não amadurecestes suficientemente para essa era nova em que o filho do homem volverá ao vosso meio e em que vereis renascer o seu dia.

 

(V. 23.) Dir-vos-ão: "Ei-lo aqui, ei-lo ali; não vades, não os sigais". Estas palavras se aplicavam aos abusos que, no correr dos tempos, viria a sofrer e sofreu a doutrina de Jesus, com o emprego do seu nome e da sua autoridade para se transviarem ou cegarem os fracos e os crédulos. Toda adição feita à lei está fora da lei. Tudo o que se afastou do caminho traçado é transviamento. Tudo o que está fora da lei de amor e de caridade é abuso. É abuso tudo o que esteja fora da lei de fraternidade, de igualdade e de liberdade, pela justiça, pelo amor e pela caridade, fontes de todo direito e de todo dever recíprocos e solidários, a se exercerem e cumprirem sob os auspícios e a prática do perdão, do esquecimento das injúrias e ofensas, do devotamento da liberdade de consciência, da liberdade da razão e de exame.

 

(V. 24.) Pois, tal como o relâmpago, que brilha de um lado ao outro do céu, assim será o filho do homem no seu dia. O filho do homem personifica, a sua lei, a sua moral. No momento oportuno, essa lei pura, suave, será despojada dos falazes ornamentos com que a cobriram e se mostrará repentinamente aos homens em toda a sua pureza. Sua luz então, como a do relâmpago, brilhará de um extremo a outro do horizonte. Nessa ocasião estará próximo a verificar-se entre vós o predito advento do filho do homem.

Os falazes ornamentos com que cobriram a pura e suave lei de Jesus são os aditamentos de culto externo que lhe fizeram, despojando-a do culto espiritual; são tudo o que tendeu a materializar o que está e não pode deixar de estar submetido à inteligência e ao coração dos homens. A lei de Jesus foi feita para a inteligência e para o coração. À inteligência e ao coração ela se dirige e se dirigirá sempre.

O momento oportuno, de que falamos, em que essa lei pura e suave, despida dos falazes ornamentos com que a cobriam, se mostrará repentinamente aos homens em toda a sua pureza, é a época em que se fará a reforma do pessoal dos cultos. Deus proverá a isso mediante as encarnações necessárias de Espíritos em missão, os quais conduzirão a humanidade a conhecer em espírito e em verdade, o pai, o filho e o Espírito Santo.

Essa reforma determinará o desaparecimento dos diversos cultos externos que dividem e separam os homens e os levará à união num culto único: o da adoração sincera do pai, Deus, uno, indivisível, por meio da prece do coração e não dos lábios somente, da prece espiritual, que tem por fundamento os atos de uma vida íntegra e pura diante do Senhor; por meio do jejum espiritual, pela prática do amor ao mesmo Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Semelhante adoração se expressará ainda pelo amor, pelo respeito e pelo reconhecimento para com o filho — Jesus, protetor e governador do vosso planeta e da humanidade terrena, Jesus por quem sois tudo o que sois.

Expressar-se-á também pela invocação e pelo apoio da sua poderosa proteção; pela invocação feita a Deus e ao seu Cristo para que conceda a suas criaturas o auxílio, o concurso e a proteção do Espírito Santo, dos bons Espíritos. Tal reforma dará cumprimento a estas palavras do Mestre: "Tempo virá em que não será mais no cume do monte nem em Jerusalém que adorareis o pai."

Tornados então os verdadeiros adoradores que o pai reclama, os homens o adorarão em espírito e verdade. E todos esses lugares que designais pelos nomes de — sinagogas, igrejas, mesquitas, templos, se tornarão indistintamente lugares de reunião, de prece, de instrução, onde, impelidos pelos sentimentos da humildade, do amor e da caridade, todos se congregarão em assembléia para, sob a influência e a proteção dos bons Espíritos, elegerem unanimemente o mais digno, o mais esclarecido, o de maior merecimento para a ela presidir.

O Universo é o templo do Senhor. Não antecipemos o futuro.

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Sexta-feira, 30 De Abril,2010

OS DEZ LEPROSOS

LUCAS, Cap. XVII, vv. 11-19

 

V. 11. Ora, sucedeu que, dirigindo-se para Jerusalém, teve Jesus que atravessar a Samaria e a Galiléia. — 12. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos que pararam ao longe, — 13, e lhe bradaram: Jesus, Mestre, tem piedade de nós. — 14. Assim que os viu, Jesus disse: Ide mostrar-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. — 15. Vendo-se curado, um deles retrocedeu, glorificando a Deus em altas vozes. — 16. E se prostrou, rosto em terra, aos pés de Jesus, rendendo-lhe graças. Esse era samaritano. — 17. Perguntou-lhe Jesus: Os dez não ficaram limpos? Onde estão os outros nove? — 18. Então, nenhum mais, senão este estrangeiro, voltou para glorificar a Deus? — 19. E, dirigindo-se ao estrangeiro, disse: Levanta-te, vai, tua fé te salvou.

 

Aí tendes mais um fato que, para ensinamento dos homens, se produziu, tendo Jesus em mente provar que não basta a quem quer que seja haver nascido sob uma lei religiosa qualquer, aceitar, praticar mesmo seus dogmas, para adquirir méritos perante o Senhor.

 

Qual, daqueles leprosos, o que deu testemunho do seu reconhecimento, rendeu graças a Deus pelo benefício que recebera? Um cismático, que a lei repelia como estrangeiro. Entretanto, sem a lei, mau grado à lei, que ele não aceitava, a fé o salvou.

Não esqueçais nunca este exemplo.

 

Quer estejais, quer não, submetidos à lei, todos sois filhos do Altíssimo, filhos de Deus e todos lhe deveis o culto do vosso reconhecimento, do vosso amor. A cada nova graça que o Senhor vos conceda, fazei como o Samaritano: em vez de prosseguirdes no caminho para dar cumprimento a uma fórmula vã de culto exterior, retrocedei, vêde o que éreis, o que sois, o que o Senhor vos fez e prostrai-vos a seus pés num ímpeto de reconhecimento e de amor.

 

A cura se operou materialmente no momento mesmo em que Jesus pronunciou as palavras: "Ide mostrar-vos aos sacerdotes".

 

Não vos admireis de que, só algum tempo depois de operada a sua cura material, haja dado por ela o leproso samaritano. Jesus regulara a ação dos fluidos e seus efeitos e foi sob a influência espírita que o Samaritano apreciou a sua própria cura. Impelido então pelo reconhecimento, voltou atrás.

 

Que pode haver de espantoso em que os leprosos só se tenham inteirado de estarem curados algum tempo depois de efetuada a cura? Alguém vos disse que eles já iam longe? Jesus ainda se achava no local onde a cena se passara. Não podiam, portanto, estar já muito distantes os leprosos, quando o Samaritano deliberou voltar.

 

Como é, DIZEM, que Jesus, sabendo ser Samaritano o leproso que voltou a lhe render graças, o aconselhou a ir mostrar-se aos sacerdotes? Por um lado, não podia ignorar que esse leproso preferiria fugir-lhes a ir mostrar-se aos sacerdotes e, por outro lado, não ignorava que o ato que lhe recomendava ia de encontro a todas as convicções do Samaritano.

 

Os que assim falam não compreenderam nem as palavras de Jesus, nem o pensamento que as ditou. Mandando que fossem apresentar-se aos sacerdotes, o Mestre falava a todo o grupo dos leprosos. Aquela recomendação, porém, ele a fez somente aos que, dentre os dez, obedientes à lei de Moisés, como Judeus que eram, tinham que cumprir a formalidade de que se trata. Não falou a cada um dos indivíduos. O Samaritano partiu juntamente com os outros, não para preencher a dita formalidade, mas para voltar a sua casa. Foi então que o reconhecimento se manifestou.

 

TAMBÉM DIZEM nada haver de censurável no procedimento dos nove leprosos israelitas. Eles, como o Samaritano, tinham igualmente fé em Jesus, tanto que disseram: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós". Tomaram ao sério as palavras do Mestre e, obedecendo-lhe, foram mostrar-se aos sacerdotes. Sendo judeus, deram-se pressa, obedientes à ordem de Jesus, em cumprir uma obrigação legal. Pensavam que, para testemunhar obediência e reconhecimento ao seu benfeitor, que consideravam um simples profeta, nada de melhor podiam fazer do que, executando pontualmente a ordem recebida, irem, sem voltar atrás, como o Samaritano, satisfazer às prescrições legais, com o que acreditavam agradecer a Deus.

 

Tiveram fé, porém, reconhecimento, não. Deveis compreender que Jesus conhecia o sentimento íntimo que ditava o proceder de cada um e de antemão conhecia também o ensinamento que havia de resultar do fato.

 

PRETENDEU-SE que Jesus se transformou numa espécie de divindade diante da qual o Samaritano se foi prostrar; que, assim, não é o culto de Deus o que se exige, mas o de Jesus.

 

Há aqui ainda um erro. Se os que assim argumentam houvessem querido lembrar-se de que a cena se desenrolou no Oriente e que lá era costume os inferiores se prosternarem diante dos superiores, teriam compreendido o ato do Samaritano que, reconhecendo embora a ação poderosa de Deus, não se julgou menos devedor de gratidão para com aquele que o Senhor considerara digno de lhe servir de intermediário junto dos homens. Diverso não fora o procedimento dos outros leprosos, se o reconhecimento houvesse primeiro ocupado lugar em seus corações.

 

Com o ser, para os leprosos, um profeta, Jesus, para eles, era apenas um instrumento de que o Senhor se utilizava. A Deus é que se dirigiam as ações de graças e não à personalidade de Jesus. Se um soberano vos mandar por um de seus ministros qualquer favor, o ministro não será como que um laço entre vós e o rei que o enviou? E não é ao ministro que apresentais os vossos agradecimentos para que ele os transmita ao soberano? Atentai no que disse Jesus, quando o Samaritano voltou à sua presença: "Os dez não ficaram limpos? Onde estão os outros nove? Então nenhum mais, senão este estrangeiro, voltou para glorificar a Deus? E o Mestre não disse sempre aos homens que ele era o enviado do pai, que deste é que tudo lhe vinha e que nada podia senão pelo pai?

 

PRETENDEU-SE também que os homens, em conseqüência de suas falsas interpretações, de fato substituíram o culto de Deus, Criador universal, UNO, único e indivisível, pelo culto de Jesus transformado em divindade.

 

O fato com que nos vimos ocupando contribuiu para isso e constituiu um dos elos dessa cadeia. Mas estes elos são numerosos. O principal é o titulo de filho de Deus, que Jesus dava a si mesmo, mal interpretado em face destas palavras que foram tomadas ao pé da letra e entendidas segundo a letra: "Meu pai".

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