Domingo, 22 De Março,2009

O ESTRANHO MUNDO DOS SUICIDAS


Freqüentemente somos procurados por iniciantes do Espiritismo, para explicações sobre este ou aquele ponto da Doutrina. Tantas são as perguntas, e tão variadas, que nos chegam, até mesmo através de cartas, que chegamos à conclusão de que a dúvida e a desorientação que lavram entre os aprendizes da Terceira Revelação partem do fato de eles ainda não terem percebido que, para nos apossarmos dos seus legítimos ensinamentos, havemos de estabelecer um estudo metódico, parcelado, partindo da base da Doutrina, ou exposição das leis, e não do coroamento, exatamente como o aluno de uma escola iniciará o curso da primeira série e não da quarta ou da quinta.
Desconhecendo a longa série dos clássicos que expuseram as leis transcendentes em que se firmam os valores da mesma Doutrina, não somente nos veremos contornados pela confusão, impossibilitados de um sadio discernimento sobre o assunto, como também o sofisma, tão perigoso em assuntos de Espiritismo, virá em nosso encalço, pois não saberemos raciocinar devidamente, uma vez que só a exposição das leis da Doutrina nos habilitará ao verdadeiro raciocínio.
Procuraremos responder a uma dessas perguntas, de vez que nos chegou através de uma carta, pergunta que nos afligiu profundamente, visto que fere assunto melindroso, dos mais graves que a Doutrina Espírita costuma examinar. A dita pergunta veio acompanhada de interpretações sofismadas, próprias daquele que ainda não se deu ao trabalho de investigar o assunto para deduzir com a segurança da lógica. Pergunta. o missivista
- Um suicida por motivos nobres sofre os mesmos tormentos que os demais suicidas? Não haverá para ele uma misericórdia especial?
E então respondemos
- De tudo quanto, até hoje, temos estudado, aprendido e observado em torno do suicídio à luz da Doutrina Espírita, nada, absolutamente, nos tem conferido o direito de crer que existam motivos nobres para justificar o suicídio perante as leis de Deus. O que sabemos é que o suicídio é infração às leis de Deus, considerada das mais graves que o ser humano poderia praticar ante o seu Criador. Os próprios Espíritos de suicidas são unânimes em declarar a intensidade dos sofrimentos que experimentam, a amargura da situação em que se agitam, conseqüentes do seu impensado ato. Muitos deles, como o grande escritor Camilo Castelo Branco, que advertiu os homens em termos veementes, em memorável comunicação concedida ao antigo médium Fernando de Lacerda, afirmam que a fome, a desilusão, a pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais angustiosa que seja,, sobre a Terra, ainda seria excelente condição "comparada ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio".
Durante nosso longo tirocínio mediúnico, temos tratado com numerosos Espíritos de suicidas, e todos eles se revelam e se confessam superlativamente desgraçados no Além-Túmulo, lamentando o momento em que sucumbiram. Certamente que não haverá regra geral para a situação dos suicidas. A situação de um desencarnado, como também de um suicida, dependerá até mesmo do gênero de vida que ele levou na Terra, do seu caráter pessoal, das ações praticadas antes de morrer.
Num suicídio violento como, por exemplo, os ocasionados sob as rodas de um trem de ferro, ou outro qualquer veículo, por uma queda de grande altura, pelo fogo, etc., necessariamente haverá traumatismo perispiritual e mental muito mais intenso e doloroso que nos demais. Mas a terrível situação de todos eles se estenderá por uma rede de complexos desorientadores, implicando novas reencarnações que poderão produzir até mesmo enfermidades insolúveis, como a paralisia e a epilepsia, descontroles do sistema nervoso, retardamento mental, etc. Um tiro no ouvido, por exemplo, segundo informações dos próprios Espíritos de suicidas, em alguns casos poderá arrastar à surdez em encarnação posterior; no coração, arrastará a enfermidades indefiníveis no próprio órgão, conseqÜência essa que infelicitará toda uma existência, atormentando-a por indisposições e desequilíbrios insolúveis.
Entretanto, tais conseqÜências não decorrerão como castigo enviado por Deus ao infrator, mas como efeito natural de uma causa desarmonizada com as leis da vida e da morte, lei da Criação, portanto. E todo esse acervo de males será da inteira responsabilidade do próprio suicida. Não era esse o seu destino, previsto pelas leis divinas. Mas ele próprio o fabricou, tal como se apresenta, com a infração àquelas leis. E assim sendo, tratando-se, tais sofrimentos, do efeito natural de uma causa desarmonizada com leis invariáveis, qualquer suicida há de suportar os mesmos efeitos, ao passo que estes seguirão seu próprio curso até que causas reacionárias posteriores os anulem.
No caso proposto pelo nosso missivista, poderemos raciocinar, dentro dos ensinamentos revelados pelos Espíritos, que o suicida poderia ser sincero ao supor que seu suicídio se efetivasse por um motivo nobre. Os duelos também são realizados por motivos que os homens supõem honrosos e nobres, assim como as guerras, e ambos são infrações gravíssimas perante as leis divinas. O que um suicida suporia motivo honroso ou nobre, poderia, em verdade, mais não ser do que falso conceito, sofisma, a que se adaptou, resultado dos preconceitos acatados pelos homens como princípios inabaláveis.
A honra espiritual se estriba em pontos bem diversos, porque nos induzirá, acima de tudo, ao respeito das mesmas leis. Mas, sendo o suicida sincero no julgar que motivos honrosos o impeliram ao fato, certamente haverá atenuantes, mas não justificativa ou isenção de responsabilidades. Se assim não fosse, o raciocínio indica que haveria derrogação das próprias leis de harmonia da Criação, o que não se poderá admitir
Quanto à misericórdia a que esse infrator teria direito como filho de Deus, não se trataria, certamente, de uma "misericórdia especial". A misericórdia de Deus se estende tanto sobre esse suicida como sobre os demais, sem predileções nem protecionismo. Ela se revela no concurso desvelado dos bons Espíritos, que auxiliarão o soerguimento do culpado para a devida reabilitação, infundindo-lhe ânimo e esperança e cercando-o de toda a caridade possível, inclusive com a prece, exatamente como na Terra agimos com os doentes e sofredores a quem socorremos. Estará também na possibilidade de o suicida se reabilitar para si próprio, através de reencarnações futuras, para as duas sociedades, terrena e invisível; as quais escandalizou com o seu gesto, e para as leis de Deus, sem se perder irremissivelmente na condenação espiritual.
De qualquer forma, com atenuantes ou agravantes, o de que nenhum suicida se isentará é da reparação do ato que praticou com o desrespeito às leis da Criação, e uma nova existência o aguardará, certamente em condições mais precárias do que aquela que destruiu, a si mesmo provando a honra espiritual que infringira.
O suicídio é rodeado de complexos e sutilezas imprevisíveis, contornado por situações e conseqüências delicadíssimas, que variam de grau e intensidade diante das circunstâncias. As leis de Deus são profundas e sábias, requerendo de nós outros o máximo equilíbrio para estudá-las e aprendê-las sem alterá-las com os nossos gostos e paixões.
Assim sendo, que fique bem esclarecido que nenhum motivo neste mundo será bastante honroso para justificar o suicídio diante das leis de Deus. O suicida é que poderá ser sincero ao supor tal coisa, daí advindo então atenuantes a seu favor. O melhor mesmo é seguirmos os conselhos dos próprios suicidas que se comunicam com os médiuns: - Que os homens suportem todos os males que lhes advenham da Terra, que suportem fome, desilusões, desonra, doenças, desgraças sob qualquer aspecto, tudo quanto o mundo apresente como sofrimento e martírio, porque tudo isso ainda será preferível ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio. E eles, os Espíritos dos suicidas, são, realmente, os mais credenciados para tratar do assunto.
Reformador – Março de 1964.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:43
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Segunda-feira, 23 De Fevereiro,2009

DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL

"Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição".
"A explicação dos fatos que o espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado". Allan Kardec. ( "O Livro dos Médiuns", Primeira Parte. Cap.II, Itens 10 e 14, n.º 7º)
Os fenômenos mediúnicos são de todos os tempos e estão em todas as raças. Ao longo da história dos povos a intervenção dos Espíritos é como um sopro forte, agitando, sacudindo, alterando o clima psíquico dos homens.
Essas presenças imateriais, constantes, vivas e atuantes entrevistas por muitos, pressentidas por outros, transformam-se, ao sabor das fantasias de mentes imaturas, em fatos maravilhosos e sobrenaturais coloridos com as tintas fortes da imaginação.
E à medida que o tempo avança a tradição oral se encarrega de transmitir os fatos maravilhosos de geração em geração, naturalmente acrescidos dos matizes regionais, o que depois veio a constituir-se no folclore característico de cada região. Muita coisa hoje considerada folclórica teve a sua origem em fatos mediúnicos, destes decorrendo superstições as mais diversas, profundamente enraizadas na alma do povo. Desde o feiticeiro, na mais antiga, remota e primitiva das aldeias indígenas, que pratica a sua medicina numa tentativa de esconjurar os maus Espíritos e atrair os bons, até o nosso sertanejo, o homem simples do povo, que e apega às simpatias e sortilégios para garantir a sua defesa contra os mesmos maus Espíritos e granjear a proteção dos bons, vemos o conhecimento espontâneo, intuitivo e natural que o ser humano tem da imortalidade da alma e da comunicabilidade entre os "mortos"e os vivos. Desta certeza originam-se, evidentemente, os cultos afros, tão difundidos em nosso país, mas herança de uma pátria distante, numa amálgama muito bem elaborada de religião e folclore.
Muitas lendas - algumas bem antigas - são até hoje bastante propaganadas em nosso sertão. É o caso, por exemplo, da "mula-sem-cabeça"que ainda prossegue apavorando, pois vez que outra a lenda se vitaliza com a notícia de novas aparições da monstruosa criatura. A lógica nos faz deduzir que tal lenda nasceu da aparição de algum Espírito zombeteiro e maldoso que se deixava ver nesta forma para aterrorizar as pessoas, com que se diverte e compraz. igualmente as aparições de lobisomens, sacis, boitatás, etc.
Allan kardec elucida a respeito, em "O Livro dos Médiuns".
"(...) Mas, também já temos dito que o Espírito, sob seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as espécies de formas, para se manifestar. Pode, pois, um Espírito Zombeteiro aparecer com chifre e garras, se assim lhe aprouver, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa."(Cap. VI, Item 113-ª)
Embora muitas crendices tenham-se originado de fatos mediúnicos, há ainda uma enorme variedade de superstições que nada têm a ver com eles e são conseqüência da ignorância e do temor ante o desconhecido.
Em decorrência surgiram as fórmulas mágicas, as simpatias, os talismãs como recursos de defesa.
Assevera kardec:
"Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita". (Cap. II da Primeira Parte, Item 13. Ob. Cit.)
A Doutrina Espírita tem explicação lógica e racional para todas as coisas e situações da vida. lançando luz sobre problemas considerados inextricáveis, esclarece com raciocínio claro e insofismável tudo o que está ao alcance da mente humana. Essas explicações são simples e objetivas, despojadas de misticismo e quaisquer crendices. Não se justifica, portanto, que entre os espíritas sejam cultivadas certas crenças , sejam adotadas atitudes que constituem um misto de ritualismo superstições. É exatamente na prática mediúnica que mais se encontram estes resquícios.
A fé, sob o domínio do pensamento mágico, é novamente envolvida nos véus dos mistérios e, não sendo raciocinada, deixa de esclarecer e libertar.
Concessões vão sendo feitas, gradativamente, até que ao final já não exista quase nada que lembre a Doutrina Espírita qual a deturpação e práticas estranhas enxertadas.
Não se justifica que a mediunidade seja encarada em nosso meio como alguma coisa sobrenatural e os médiuns como pessoas portadoras de um dom maravilhoso que as torna seres da parte, diferentes dos demais. Tudo isto é fruto, unicamente da falta de estudo doutrinário. E quando a Codificação jaz esquecida e os postulados básicos da Doutrina Espírita sequer são conhecidos, restará apenas o mediunismo ou o sincretismo religioso. Neste campo o maravilhoso e o sobrenatural imperam.
A Doutrina Espírita não é isto. Não podemos contemporizar quanto ao nosso testemunho de fidelidade doutrinária. E este testemunho deve ser prestado, sobretudo, dentro da Casa Espírita, no seu dia-a-dia. Por essa razão não se pode postergar o estudo da obra de kardec, estudo este que deve ser metódico e constante.
Pode ser que assim, penetrando no sentido cada vez mais profundo do que seja o Espiritismo no seu todo global, abrangente, consigamos um pouco do bom senso, da lógica e da firmeza que eram apanágio do Codificador.

Revista REFORMADOR, abril de 1995, FEB.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 19:46
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Domingo, 01 De Fevereiro,2009

DEFENDENDO A VIDA

Desde o mês de agosto passado a Federação Espírita Brasileira iniciou campanha enfatizando a necessidade de o Movimento Espírita empenhar-se decisivamente em defesa da vida humana.
Nesse sentido, foi expedida Carta-Circular a todas as Federações, Uniões e demais Entidades Espíritas componentes do Conselho Federativo Nacional, convidando-as a se engajarem nessa campanha, na qual a Federação pretende contar com o apoio maciço dos Centros e Instituições Espíritas em geral.
O órgão REFORMADOR, em seus editoriais e trabalhos de colaboração, tem procurado levar aos leitores e às instituições o porquê e oportunidade desse esforço, apelando aos espíritas para que nos irmanemos nessa atividade generosa em favor da vida e contra todas as formas de depreciar e desrespeitar esse dom da Deus.
Em Brasília, no dia 5 de setembro último, ao iniciar-se o seminário sobre “Saúde Integral’, ministrado por Divaldo Franco especialmente convidado, lançamos a Campanha na Sede Central da FEB, perante cerca de 1.000 pessoas.
Portanto, por parte de nossa Casa, está dado o sinal de partida para essa maratona de esclarecimento espiritual contra a ignorância, a descrença, o materialismo e a indiferença que prejudicam os cuidados com a vida e com o seu entendimento no seu sentido transcendente.
O Movimento Espírita reflete a sabedoria da Doutrina que lhe dá causa, mostra-se firme e coeso na defesa do bem da Vida. Em comparação outras correntes de pensamento, é a única que se apresenta unida nesse particular, não havendo em seu seio multiplicidade de posicionamento no tocante à necessidade de proscrever-se todas as formas de ação que atentam contra esse bem inefável.
Daí a ser curial e lógico que o Movimento Espírita manifeste seu pensamento e utilize a força decorrente de sua unidade em favor de uma causa superior e nobre, fundamentada nas leis divinas.
À violência multiforme tem marcado as épocas de transição vividas pela Humanidade, como a atual.
Mas a violência gera novas formas de violência, nos indivíduos e nos grupos sociais despreparados para estancá-la ou exauri-la.
Esta é uma hora de profundas transformações nas sociedades humanas. Elas se fazem sentir nas ciências, no seio das religiões tradicionais, nas leis humanas e sobretudo nos usos e costumes dos povos.
O Espiritismo preconiza a reforma moral do homem como a única solução capaz de estancar a violência e outras formas de procedimentos amorais de manifestações do feroz egoísmo humano, individual e coletivo.
Enquanto a reeducação moral não se implanta no Mundo, com a aceitação e prática pela maioria da população, da regra eterna de “amar o próximo como a si mesmo”, os que já entenderam a necessidade de vivenciá-la não devem cruzar os braços diante do grande poder do mal e da ignorância.
Cumpre aos espíritas e às suas instituições, na hora presente, resistir a todas os formas de manifestação do mal, alimentadas pela ignorância das leis divinas.
A vida no Planeta é um bem inviolável outorgado pelo Divino Poder. Seu desrespeito constitui crime.
Somente à Lei Suprema cabe determinar as condições e o momento de sua cessação. Os homens precisam convencer-se dessa norma superior e obedecê-la.
Enquanto houver violência contra a vida, este Orbe e seus habitantes não se furtarão à condição de inferioridade e de atraso, com todas as conseqüências de sofrimento e dores daí decorrentes.
Homicídios, suicídios, abortos provocados, eutanásia, eutanásia, por determinação legal, guerras, atentados terroristas são crimes perante a Lei divina, mesmo que não o sejam perante as leis humanas.
Por isso os homens precisam ser esclarecidos para que não cometam violações e delitos justificáveis perante suas leis e instituições.
O “não matarás” da lei mosaica, de inspiração divina, ordenação das mais antigas que a Humanidade conhece, tem conotação ampla e irrestrita. Nem por isso foi obedecida pelo povo hebreu e pelos povos que receberam a influência benéfica dos mandamentos divinos, aceitaram a herança da antiga lei, reforçada e esclarecida pela Mensagem inigualável do Cristo de Deus, deram-lhes a interpretação e a execução desejada pela Providência Divina. Ainda hoje essas igrejas estão divididas no tocante à aplicação da pena de morte e no entendimento do aborto, crimes perante a Lei de Deus.
Nós, espíritas, temos convicção firme e posição definida inconfundível, em favor da vida e contra todas as justificativas que acolhem a sua supressão.
A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, institui, no seu artigo 5º, um princípio que atende às aspirações espíritas, ao garantir o mais importante dos direitos naturais - o direito à vida.
Além dessa garantia expressa, a mesma Carta, em seu artigo 60, Parágrafo 4º, inciso IV, proíbe qualquer emenda que suprima direito individual.
Esses avanços consignados em nossa Carta Magna precisam ser preservados a todo custo, pois representam na legislação humana, a defesa da vida tal como nós, espíritas, pretendemos de forma irrestrita.
Ao se executar a revisão constitucional ora em curso, cumpre-nos defender aqueles dispositivos, para que não se altere o fundamento jurídico da defesa da vida.
Como a vida é considerada em amplitude, sem restrições, pela atual Constituição, quaisquer projetos modificativos dessa extensão tornar-se-ão inconstitucionais, o que facilita muito a luta dos que defendem a vida humana.
Em conseqüência, o projeto existente no Congresso Nacional, instituindo a pena de morte, mesmo que acolhido em plebiscito, esbarraria no dispositivo constitucional.
Além disso, para nós, espíritas, e para outras correntes filosóficas e científicas, a vida humana começa desde a concepção do ser e não desde o nascimento com vida, como pretendem outras correntes.
Ora, comprovada a vida desde a concepção, o que não se torna difícil, em face dos atuais conhecimentos da própria ciência materialista, o ser concebido entra imediatamente na proteção da lei.
Nesse caso fica proscrito o aborto provocado e inviáveis, por inconstitucionais, os infelizes projetos de sua legalização.
O suicídio e a eutanásia são outras duas formas de destruição da vida, que se devem, como os demais, à ignorância, à descrença, à indiferença e ao ateísmo,
À luz da Doutrina Espírita, nossos irmãos propensos ao suicídio e à prática da eutanásia precisam ser instruídos sobre a enormidade dos crimes que, na grande maioria dos casos, são praticados com absoluto desconhecimento das conseqüências que eles produzem.
Estamos contando com as Casas Espíritas e com os companheiros de ideal de todo o Brasil nessa jornada de esclarecimentos generosos.
Vamos juntar nossos esforços para beneficiar o maior número possível de irmãos nossos, dentro e fora das Instituições Espíritas.
A FEB suprirá os Centros com cartazes, volantes, trabalhos específicos da Campanha e apela para que, ao lado das tarefas normais de cada Casa, seja promovida a abordagem doutrinária sobre os crimes contra a vida, através de seminários, simpósios, revistas, artigos para a imprensa escrita, falada e televisada, e ou em outras formas apropriadas.
Defendamos e glorifiquemos a Vida, dizendo NÃO à pena de morte, ao aborto, ao suicídio, à eutanásia,
A serviço do Cristo de Deus, vamos ajudar nosso Mundo, com suas ásperas provas e expiações, a atravessar esta terrível hora de transição, apressando a chegada de uma era de mais compreensão e fraternidade e de menos sofrimento para todos.
Juvanir Borges de Souza
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 15:28
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Sábado, 31 De Janeiro,2009

DO MARAVILHOSO E DO SOBRENATURAL

"Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição".
"A explicação dos fatos que o espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado". Allan Kardec. ( "O Livro dos Médiuns", Primeira Parte. Cap.II, Itens 10 e 14, n.º 7º)
Os fenômenos mediúnicos são de todos os tempos e estão em todas as raças. Ao longo da história dos povos a intervenção dos Espíritos é como um sopro forte, agitando, sacudindo, alterando o clima psíquico dos homens.
Essas presenças imateriais, constantes, vivas e atuantes entrevistas por muitos, pressentidas por outros, transformam-se, ao sabor das fantasias de mentes imaturas, em fatos maravilhosos e sobrenaturais coloridos com as tintas fortes da imaginação.
E à medida que o tempo avança a tradição oral se encarrega de transmitir os fatos maravilhosos de geração em geração, naturalmente acrescidos dos matizes regionais, o que depois veio a constituir-se no folclore característico de cada região. Muita coisa hoje considerada folclórica teve a sua origem em fatos mediúnicos, destes decorrendo superstições as mais diversas, profundamente enraizadas na alma do povo. Desde o feiticeiro, na mais antiga, remota e primitiva das aldeias indígenas, que pratica a sua medicina numa tentativa de esconjurar os maus Espíritos e atrair os bons, até o nosso sertanejo, o homem simples do povo, que e apega às simpatias e sortilégios para garantir a sua defesa contra os mesmos maus Espíritos e granjear a proteção dos bons, vemos o conhecimento espontâneo, intuitivo e natural que o ser humano tem da imortalidade da alma e da comunicabilidade entre os "mortos"e os vivos. Desta certeza originam-se, evidentemente, os cultos afros, tão difundidos em nosso país, mas herança de uma pátria distante, numa amálgama muito bem elaborada de religião e folclore.
Muitas lendas - algumas bem antigas - são até hoje bastante propaganadas em nosso sertão. É o caso, por exemplo, da "mula-sem-cabeça"que ainda prossegue apavorando, pois vez que outra a lenda se vitaliza com a notícia de novas aparições da monstruosa criatura. A lógica nos faz deduzir que tal lenda nasceu da aparição de algum Espírito zombeteiro e maldoso que se deixava ver nesta forma para aterrorizar as pessoas, com que se diverte e compraz. igualmente as aparições de lobisomens, sacis, boitatás, etc.
Allan kardec elucida a respeito, em "O Livro dos Médiuns".
"(...) Mas, também já temos dito que o Espírito, sob seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as espécies de formas, para se manifestar. Pode, pois, um Espírito Zombeteiro aparecer com chifre e garras, se assim lhe aprouver, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa."(Cap. VI, Item 113-ª)
Embora muitas crendices tenham-se originado de fatos mediúnicos, há ainda uma enorme variedade de superstições que nada têm a ver com eles e são conseqüência da ignorância e do temor ante o desconhecido.
Em decorrência surgiram as fórmulas mágicas, as simpatias, os talismãs como recursos de defesa.
Assevera kardec:
"Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita". (Cap. II da Primeira Parte, Item 13. Ob. Cit.)
A Doutrina Espírita tem explicação lógica e racional para todas as coisas e situações da vida. lançando luz sobre problemas considerados inextricáveis, esclarece com raciocínio claro e insofismável tudo o que está ao alcance da mente humana. Essas explicações são simples e objetivas, despojadas de misticismo e quaisquer crendices. Não se justifica, portanto, que entre os espíritas sejam cultivadas certas crenças , sejam adotadas atitudes que constituem um misto de ritualismo superstições. É exatamente na prática mediúnica que mais se encontram estes resquícios.
A fé, sob o domínio do pensamento mágico, é novamente envolvida nos véus dos mistérios e, não sendo raciocinada, deixa de esclarecer e libertar.
Concessões vão sendo feitas, gradativamente, até que ao final já não exista quase nada que lembre a Doutrina Espírita qual a deturpação e práticas estranhas enxertadas.
Não se justifica que a mediunidade seja encarada em nosso meio como alguma coisa sobrenatural e os médiuns como pessoas portadoras de um dom maravilhoso que as torna seres da parte, diferentes dos demais. Tudo isto é fruto, unicamente da falta de estudo doutrinário. E quando a Codificação jaz esquecida e os postulados básicos da Doutrina Espírita sequer são conhecidos, restará apenas o mediunismo ou o sincretismo religioso. Neste campo o maravilhoso e o sobrenatural imperam.
A Doutrina Espírita não é isto. Não podemos contemporizar quanto ao nosso testemunho de fidelidade doutrinária. E este testemunho deve ser prestado, sobretudo, dentro da Casa Espírita, no seu dia-a-dia. Por essa razão não se pode postergar o estudo da obra de kardec, estudo este que deve ser metódico e constante.
Pode ser que assim, penetrando no sentido cada vez mais profundo do que seja o Espiritismo no seu todo global, abrangente, consigamos um pouco do bom senso, da lógica e da firmeza que eram apanágio do Codificador.
Suely Caldas Schuber
Revista REFORMADOR, abril de 1995, FEB.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 22:01
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Quinta-feira, 29 De Janeiro,2009

GOSTAR DO QUE SE FAZ: UMA MANEIRA DE PREVENÇÃO!

“Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido (...) (grifos originais.) (“O Livro dos Espíritos”) (1)
Examinando a problemática do suicídio, somos forçados a pensar nos fatores considerados como indutores (suicidógenos) a tão funesto ato. Partindo do aval dos Espíritos da Codificação (2) e reforçando a argumentação por constatações as mais diversas, encontramos na ociosidade um dos mais arraigados fatores predisponentes ao auto-aniquilamento. É sobre esse, mesmo sabendo que muitos outros fatores também implicam diretamente na questão em foco, que iremos tratar.
Consultando o Aurélio (3), temos por definição de ociosidade a “qualidade ou estado de ocioso, de quem gasta o tempo inutilmente; inatividade (...) Podemos daí inferir que a inutilidade de nosso tempo, quer por preguiça, mau uso ou incompatibilidade com nosso potencial, determina em nós um certo “estado de ociosidade”(4). É comum ouvirmos pessoas dizerem que estão com preguiça, sem que sejam, necessariamente, preguiçosas; que criaturas existem usando mal seu tempo sem que tenham, obrigatoriamente, se envolvido com atividades más, embora improdutivas ou pouco produtivas; por fim, há indivíduos que se perturbam muito, mesmo produzindo o bom e o bem, em decorrência de estarem agindo sem a satisfação que se adquiro quando “se faz o que gosta”ou “se gosta do que faz”.
Afirma um ditado popular que “em cabeça vazia só entra o que não presta”. Apesar da generalização ser muito forte, é certo que os maus pensamentos encontram numa mente ociosa ambiente propício para se instalarem e se desenvolverem, criando verdadeiras ‘‘colônias’’ mentomagnéticas de atração pulsantemente (auto) obsessiva. O cuidado por bem ocupar a mente deve ser tomado com a dimensão que o sentido implica, pois, por mente ociosa, não se deve entender apenas aquela que não está voltada a uma atividade qualquer, mas o mau uso ou o uso indevido dos recursos mentais pode (e deve) ser igualmente catalogado como uso ocioso.
Como não pretendemos escrever um tratado sobre o assunto, mesmo porque não nos sentimos capacitados para tal desiderato, tomaremos tão somente as três situações acima colocadas, as quais, acreditamos, englobam um universo muito vasto de casos afins.
A preguiça, pernicioso elemento de personalidades ainda fragilizadas ante a necessidade de evoluir, induz o homem a um imobilismo degradante, já que se insurge contra a lei natural que nos sugere o “movimento”, a ação. Sua presença de uma forma mais constante na vida de uma criatura propicia uma visão distorcida da realidade, fazendo-a observar a agilidade, o trabalho e a produção como um erro da Natureza. Desse estado facilmente chega à ira contra os “sistemas”, os ativos e os capazes; por se sentir “por fora”, inativo e incapaz, distorce os fatos e vê na necessidade de agir uma imposição descabida, na ajuda que se lhe queira dar, uma intromissão indevida, e na realização dos outros um menosprezo vaidoso. Sentir-se cansado e parar para um repouso é parte da própria Lei Natural; parar para não fazer nada e depois deitar-se para descansar do cansaço produzido pelo nada feito é malbaratar a vida.
Usar mal o tempo, ainda que obtendo satisfações de apetites menos felizes, também repercute desastrosamente na personalidade humana, posto que O sentido de ser útil é necessidade básica de todos. Quando voltado apenas à satisfação pessoal, arroja-se à saciedade, outro fator suicidógeno; se praticado por desatenção ou irreflexão, a produtividade final sai comprometida, deixando a desagradável sensação de “tarefa não cumprida” ou “obrigação mal feita”. Repercutindo no psiquismo mais profundo do ser - onde não se consegue mentir para si mesmo, corre o risco de se sentir inútil, desnecessário, dispensável. Ou seja: abrem-se comportas à obsessão, ou auto-obsessão, dando fácil guarida às idéias suicidas.
Mas algumas criaturas ativas e dispostas, que usam bem seu tempo, também se vêem às turras com um sentido de ociosidade, mesmo quando trabalham tanto que mal lhes sobra tempo para o descanso diário recomendado. São os que estão na labuta honesta, produtiva, mas não satisfatória. Falta-lhes o prazer do “fazer aquilo que gosta ou gostaria”. Sofrem sem saber por que, ou quando sabem, por se sentirem incapazes de mudar. E dessa forma se entregam, desesperadamente, a um trabalho que não dá satisfação e, embora comumente elogiados, se deprimem.
Se juntarmos os três fatores citados, veremos que estão intimamente interligados, sendo que na base vige a falta de satisfação real. Basta olhemos os exemplos diários que a vida nos apresenta e reconheceremos antigas fortunas hoje em situação modesta, mas realizadas; senhores em anterior posição de mando, atualmente serventes, porém, com sorrisos nos lábios; criaturas antes indolentes e pessimistas, agora ativas e harmonizadas. Qual o ponto em comum nesses exemplos? Tão somente a
descoberta da satisfação de se fazer o que se gosta. Mas, poder-se-ia perguntar: seria isso tudo? Estaria aí a solução de tão intrincado problema? É óbvio que não. Mesmo porque o fazer o que se gosta também está subordinado a outros fatores, alguns deles por vezes intransponíveis numa determinada reencarnação. Contudo, se o fazer o que se gosta é possível, não compromete moralmente o indivíduo e o faz render o falado “algo mais”, não nos cabe opor obstáculos; ao contrário, é dever nosso descobrir e apresentar as oportunidades.
Muitas vezes, as idéias suicidas podem ser combatidas apenas com o preenchimento do vazio que habita o tendencioso ao ato, e esse vazio é comumente nutrido pela falta de satisfação pessoal - no nosso ver, uma das variantes do ócio. Falamos de satisfação pessoal no sentido nobre do termo, aquela satisfação que, encontrada em todos os povos, lugares e condições, está à disposição de todas as criaturas, desde que se disponham a fazer o que gostam ou aprendam a gostar do que fazem. Para tanto, basta buscar agir e se desenvolver, de forma e com fim útil, nas “aptidões naturais”, como, de ordinário, sugerem os Bons Espíritos da codificação do Espiritismo. A despeito de adquirir-se novos hábitos ser, por vezes, dificultoso, se o objetivo é pretendido e valioso - e como a própria vida é e deve ser dos mais valiosos objetivos do homem - tudo nos impele, de forma natural, às adaptações necessárias; ou seja: quando se quer fazer o que se gosta, busca-se solução; quando não encontrada, faz-se a adaptação para que aquilo que se faz, faça-se com prazer. Assim agindo, muitas idéias suicidas não resistirão, por lhes faltar o “clima” gerado pelo ócio.
Jacob Melo
Fonte: Reformador nº1976 – Novembro/1993
1 - KARDEC, Allan - Desgosto da vida. Suicídio. In: “Livro dos Espíritos”, Parte 4ª, Cap. 1, Questão 943, pág. 439, 73ª ed., abril 1993, FEB-Rio/RJ.
2 - Ver toda a Questão 943 reproduzida na página seguinte.
3 - FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. In: “Novo Dicionário da Língua Portuguesa”, pág. 1212, 2ª ed., 1986. Editora Nova Fronteira - Rio/RJ.
4 - A expressão é valida, posto que não convém confundirmos ser ocioso com estar ocioso.
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 10:51
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