Segunda-feira, 05 De Julho,2010

LEI DE AÇÃO E REAÇÃO NÃO É LEI DE CAUSA E EFEITO

O primeiro procedimento adotado por Allan Kardec na abertura da gigantesca obra da Codificação foi se preocupar com as questões filosóficas, desta forma, o mestre inaugura a Doutrina dos Espíritos em seu primeiro parágrafo:

Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. L.E - Introdução.

Pode-se notar que evitar ambiguidades era uma das tarefas a ser cumpridas.

Para minha surpresa, ao pesquisar para este artigo, não encontrei, formalmente, em nenhuma parte da Codificação ou na Revista Espírita a definição Lei de causa e efeito.

Encontramos o axioma (*): para todo efeito existe uma causa e não há causa sem efeito. Essa máxima vulgarizada nas obras do mestre como um princípio, foi transformada em lei por espíritos pós-codificação, isto é, a partir deste axioma se torna, facilmente, dedutível a lei implícita. A Lei de causa e efeito, ensinada por alguns espíritos tem um caráter moral e também físico; ao agirmos no universo, cada ato tem uma consequência, cada gesto, cada pensamento se reflete no universo micro e macro cósmico. O fato de refletir não traz a ideia de uma reação imediata e implacável, por exemplo, quando alguém deseja um mal, o objeto receptor, não tem a obrigação de devolver o mal na mesma moeda, desta forma, uma ação pode desencadear infinitas possibilidades de consequências.

Confunde-se a 3ª Lei de Newton, que é uma restrita lei física, já que as leis de Newton não valem nos limites quânticos nem relativísticos, com o princípio de causa e efeito. Define

Newton, em sua obra Principia, o princípio da Ação e reação:

A qualquer ação se opõe uma ação igual, ou ainda, as ações mútuas de dois corpos são sempre iguais e se exercem em sentidos opostos.

Se um dedo aperta uma pedra, a pedra apertará o dedo, se um cavalo puxa uma corda, a corda puxará o cavalo. Aplicado ao pé da letra, em todas as situações ocorreriam da mesma forma; como exemplo, se uma pessoa te feriu, ela deverá ser, por você, ferida da mesma forma e com a mesma intensidade. Outra questão é que a lei de ação e reação atua em corpos diferentes e nunca se anulam. A reação sendo “positiva ou negativa” nunca poderia anular a ação, logo, o mal nunca poderia anular o bem.

 

O princípio de causa e efeito, ensinado pelos espíritos, diz que quando há abuso do livre-arbítrio, a causa e o efeito estão na pessoa; quando se faz o bem, a causa está em na pessoa, e o efeito também. Quando afirma-se: Aquilo que plantar, isso mesmo irá colher. O que significa colher? Sofrer as consequências do ato, sendo este bom ou mau. Sabemos da misericórdia Divina que perdoa e ensina, não sendo necessário que uma pessoa que matou tenha que morrer nas mesmas circunstâncias. Mesmo se fosse, não seria uma aplicação da lei de ação e reação, sendo a lei de Talião, proclamada por Moisés, mais próxima deste princípio.

 

Causa e efeito material: Poderia usar infinitos exemplos, porém, contentar-me-ei apenas com um: se uma pessoa de tez branca ficar exposta à irradiação solar, sem proteção alguma, por horas e horas, ela estaria sujeita a dois tipos de efeitos possíveis: os efeitos determinísticos que são os que aparecem imediatamente, como queimadura e insolação, e os efeitos estocásticos que podem se manifestar ou não, como o câncer.

 

Causa e efeito moral: sabemos que os efeitos estocásticos podem estar relacionados com os problemas morais, pois somos seres trinos (espírito, perispírito, corpo-físico). Uma pessoa que matou não tem a necessidade de morrer, podendo passar por dificuldades e saldar sua dívida. Quando alguém nos deseja o mal, podemos anular os efeitos, em nós, pela oração e prática no bem, mas os efeitos no agente cabe, a ele mesmo, minimizá-lo pela reforma interior.

 

Lei do Carma: Alguns espíritos espíritas, como Bezerra de Menezes, utilizaram essa expressão, mas não é um termo do vocabulário Kardequiano, visto que o codificador conhecia a expressão, mas não utilizou devido às suas formas de serem interpretadas. Ensina-nos Herculano Pires:

A palavra carma (em sânscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas religiosas, significa em primeira instância “ação”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma ação, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de ações (vidas) passadas se refletindo no presente.

Na concepção hindu, carma quer dizer “destino” (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascerão através de uma mulher brâmane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos os atos foram maus, renascerão de uma mulher pária (castas inferiores) e sofrerão muitas desgraças, acabando como simples escravos. (2)

A lei do carma aproxima-se da interpretação da Lei de ação e reação, porém, mesmo essa “lei”, nunca será igual à lei Newtoniana.

Nós, espíritas brasileiros, temos facilidade em aceitar conceitos novos e sofrermos influência das novidades ou tendência a agregar a nossa cultura a termos estrangeiros ou alienígenas à codificação. Esse é um erro que cometemos, muitas vezes repetimos frases de efeito, máximas e nem nos detemos em reflexões, para após essas reflexões e um estudo baseado na codificação tirarmos consequências. Mesmo que esses termos sejam velhos como a história, devemos ter cuidado. O cuidado não significa um vão preciosismo, sendo um zelo sem sectarismo.

A Lei de causa e efeito é totalmente conforme o Espiritismo, já a lei de ação e reação está totalmente disforme aos princípios que o Espiritismo veio proclamar. Fujamos dos modismos e abracemos a simplicidade, para, desta forma, errarmos menos.

 

(*) O termo axioma é originário da palavra grega αξιωμα (axioma), que significa algo que é considerado ajustado ou adequado, ou que tem um significado evidente. A palavra axioma vem de αξιοειν (axioein), que significa considerar digno. Esta, por sua vez, vem de αξιος (axios), significando digno. Entre os filósofos gregos antigos, um axioma era uma reivindicação que poderia ser vista como verdadeira sem nenhuma necessidade de prova.

_Lei, no sentido cientifico, é uma regra que descreve um fenômeno que ocorre com certa regularidade.

_Princípio: Lei fundamental.

 

Jorge Medeiros, estudante de Física (UFRJ)

 

 

Referências bibliográficas

1. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, O que é o espiritismo, A Gênese, O Livro dos médiuns, O Céu e o Inferno, Obras póstumas, o Evangelho segundo o espiritismo.

O principiante espírita, Manual prático de médiuns e evocadores, O espiritismo na sua mais simples expressão, Revista Espírita - 12 volumes.

2. O Verbo e a carne - Herculano Pires

3. Sabedoria do Evangelho - 8 volumes - Carlos Torres Pastorino.

4. Física básica - Lucie, Pierre. Editora Campus Ltda.

5. SIR Isaac Newton - Os pensadores. Editora abril cultural.

6. Ação e reação - André Luiz FEB.

7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Axioma

8. http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%28ci%C3%AAncias%29

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:31
link do post | comentar
Sábado, 08 De Maio,2010

FALAR CONTRA O ESPÍRITO - Mat. 12:31-37

 

31. Por isso digo-vos: "Todo erro e má palavra será relevada aos homens; mas a má palavra do Espírito não será relevada.

32. E quem profira um ensino contra o filho do homem, lhe será relevado, mas o que diga contra o Espírito Santo não lhe será relevado nem neste ciclo nem no vindouro.

33. Ou supondes a árvore boa e seu fruto bom, ou supondes a árvore má e seu fruto mau; porque a árvore é conhecida pelo fruto.

34. Filhos de víboras, como podeis falar boas coisas, sendo maus? porque da abundância do coração a boca fala.

35. O homem bom do bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.

36. Digo-vos, pois, que qualquer palavra inútil que tenham falado os homens, darão conta desse ensino no dia da discriminação.

37. Porque por teus ensinos serás justificado e por teus ensinos serás condenado".

 

Marc. 3:28-30

28. "Em verdade vos digo, que serão relevados aos filhos dos homens todos os erros e palavras mas que profiram, 29. Mas quem falar mal contra o Espírito, o Santo, não tem resgate neste ciclo mas é réu do erro do ciclo".

30. Porque diziam: "tem espírito não purificado".

 

Este é um dos trechos mais discutidos no Novo Testamento, pois inclusive os grandes Espíritos não satisfizeram a muitos, com sua exegese. Agostinho, por exemplo, no decurso de suas obras, hesitou a seu respeito, apresentando, sucessivamente, seis explicações diferentes, do que ele chamava "o pecado contra o Espírito-Santo": 1) impenitência final; 2) desespero; 3) obstinação no mal; 4) combate consciente à verdade; 5) presunção; 6) inveja. Não pretenderemos, nós também, encerrar a questão: daremos, apenas, mais uma opinião, para ser meditada pelos estudiosos.

 

Começa Jesus falando de erro (harmartía) e blasfêmia (blasphêmía). Literalmente, hamartía é "erro" no sentido de "errar o alvo" ou "desviar-se do caminho certo", isto é, perder-se (no deserto, no mato), enganando-se de rumo; e blasphêmía é a palavra de mau augúrio, a "praga", ou as palavras más proferidas contra coisas sagradas: a palavra que não era lícito pronunciar durante uma cerimônia religiosa, ou dirigida contra deuses e espíritos, exprimindo, ainda, a maledicência contra outras criaturas. À blasphêmía (palavra má) opunha-se a euphêmía (palavra boa), o elogio, o louvor. Desta, conservamos o resquício em português, quando usamos uma palavra bonita, por eufemismo, em lugar de uma feia ou pesada. Em grego, blasphêmós é o desbocado desrespeitoso, o difamador, tanto de coisas sagradas, quanto de outras criaturas.

Ora, o primeiro versículo parece-nos claro: pãsa hamartía kai blasphêmía aphethêsetai tois anthrôpois "todo erro e blasfêmia será relevado aos homens"; hê dé toú pneúmatos blasphêmia ouk aphethêsetai: "mas a blasfêmia do Espírito não será relevada”.

 

O verbo grego aphíêmi (composto de apó e iêmi) significa literalmente "jogar fora", isto é, deixar ir, libertar, soltar; daí poder chegar-se a "relevar" ou "perdoar". Então temos, na primeira parte: "todo erro e blasfêmia será relevado aos "homens".

 

Na segunda parte encontramos: "mas () a blasfêmia (hê blasphêmía) do Espírito (toú pneúmatos) não será relevada". Forçando-se o texto, pode realmente interpretar-se "do Espírito" como genitivo objetivo, e daí chegar-se, por comparação com o versículo seguinte, a blasfêmia contra o Espírito. Mas acontece que no versículo seguinte a expressão é clara: eipêi kata toú pneúmatos "falar contra o Espírito".

 

Se o autor desejasse dar, ao versículo anterior o mesmo sentido que no seguinte, a construção teria sido a mesma, com a mesma preposição katá, "contra". Se a não usou, é porque o sentido é outro: trata-se, mesmo, de um genitivo subjetivo. De fato, com o verbo blasphêmeín são usadas as preposições eis, perí e katá; ou o acusativo, quando tem o sentido de “difamar" alguém; com o substantivo blasphêmía é usada a preposição prós, além das três acima citadas: jamais o genitivo objetivo.

 

Compreendemos, então, que os erros e blasfêmias dos "homens", isto é das personagens, serão relevadas.

 

Mas quando provêm do âmago, do Espírito, não serão relevadas. Os erros das personagens liquidam-se nas personagens: são coisas leves, transitórias, presas a uma única encarnação, e com ela se enterram para sempre: o Espírito não os leva consigo, não os fixa em si, e não produzem carmas negativos porque, de modo geral, não prejudicam a terceiros nem trazem fixação mental danosa. É o que a teologia cataloga como "pecados veniais". Já a ação proveniente do Espírito, procedente do coração, revestida de maldade intrínseca, ou que cause prejuízos a outrem, ou que provoque fixações mentais negativas com influência nas futuras encarnações, essa não será relevada isto é, SERÁ levada em conta - porque a Lei é inexorável, e tudo se paga até o último ceitil.

 

Escolhemos o verbo "ser relevado", em lugar de "ser perdoado", que aparece nas traduções correntes, exatamente para que não nos prendamos a um "perdão" que NÃO EXISTE. Para certa teologia, concedido o perdão pelo sacerdote (por exemplo, na confissão), fica tudo em ordem. Mas sabemos que o perdão da confissão se refere à culpa, não à pena: é um alívio que conforta a alma (emocional) mas que, nem por isso, garante à criatura a isenção do posterior resgate cármico imposto pela Lei. Nesses casos, o perdão é garantido pelo arrependimento (ou seja, pela metánoia) que é exatamente a mudança de direção da mente que, ao invés de caminhar na direção contrária a Deus (direção errada, isto é, hamartía) se volta para Ele, demonstrando querer buscá-lo. Portanto "relevar o erro" é bem mais verídico, corresponde muito mais à realidade, do que "perdoar"; essa palavra "perdoar" pode levar a criatura a uma interpretação errônea: como se alguém pudesse "ofender a Deus", e Deus, generosamente, o perdoasse. Ora, ninguém jamais poderá ofender a Deus, já que, sendo Deus imutável e inatingível por nossos atos, jamais pode ofender-se nem magoar-se, nem entristecer-se. Nem jamais poderia perdoar o que suporia uma "modificação" em Deus, que é imutável. A mutação de sentimentos e atitudes é inconcebível em Quem é imutável e impessoal. Então, melhor é "relevar", ou seja, "deixar passar". (sentido literal, aliás, de aphíêmi), não dar importância, não levar em conta. não registrar.

 

O versículo seguinte é muito mais forte em tudo. Trata-se de um lógos de um "ensino". Examinemos a letra: kaí hòs eàn eipêi lógon katà toú hyioú toú anthrópou - "e quem diga um ensino contra o filho do homem” - aphethêsetai autõi "ser-lhe-á relevado": hòs d'àn katà tou pneúmatos toú hagíou "mas quem diga um ensino contra o Espírito, o Santo", ouk aphethêsetai autôi, "não lhe será relevado", oute em toutõi tõi aiõni oute en tôi méllonti, "não lhe será relevado nem neste ciclo nem no vindouro".

 

Não se trata, pois, de palavras, mas da responsabilidade do ensino. Jesus falava aos discípulos, àqueles a quem mandara ensinar, e ao clero israelita, (fariseus, escribas e doutores da lei) cuja principal tarefa era, precisamente, o ensino religioso das massas. Estes últimos estavam ensinando ao povo, mas erradamente, prevalecendo-se, para a "blasfêmia" (atribuir a satanás uma obra de Deus) da posição especial de que desfrutavam perante o povo. Jesus é de uma clareza contundente: aqueles que ensinarem errado acerca do filho do homem (e aqui, neste ensino, "filho do homem” tem o sentido exotérico de "homem", e não o sentido iniciático, ver vol. 1), isso lhes será relevado. Mas os que ensinarem errado a respeito de Deus, o Absoluto (o Espírito Santo), a esses a maldade não lhes poderá ser relevada, nem neste ciclo evolutivo (eon) nem no vindouro.

 

A inversão que os homens fizeram do ensino claro de Jesus, é que trouxe a confusão e causou obscuridade ao texto. Tendo ensinado que o maior era o Pai, seguido do Filho, e que a última pessoa, a 3.ª era o Espírito Santo e julgando que o "filho do Homem” era a 2.ª pessoa divina encarnada, eles não conseguiam compreender por que uma b1asfêmia contra o Filho seria perdoada, mas não no seria uma contra o Espírito-Santo ... Tivessem tido a percepção exata e correta dos três aspectos divinos: em que o Absoluto Imanifestado é o Espírito Santo, que se manifesta como Verbo Criador (Pai, segundo aspecto) e como Filho (produto da criação do Pai), ser-lhes-ia fácil perceber o sentido profundo da lição.

 

No texto de Marcos há pequenas variantes: "Em verdade vos digo (amên légô humín) que todas as coisas (hóti pánta) serão relevadas aos filhos dos homens (aphethêsetai tois tõn anthrôpân): os erros e as blasfêmias que blasfemarem (tà hamartêmata kai hai blasphêmíai hósa eàn blasphêmêsôsin). Mas aquele que blasfeme ao Espírito Santo) (hòs d'àn blasphêmêsêi eis tò pneuma tò hágion) não tem libertação no ciclo (ouk échei áphesin eis tòn aiôna) mas é réu do erro do ciclo (allà enochôs estin aiôníou harmartêmafos).

 

Essas palavras demonstram-nos com clareza que, neste passo, “filhos do homem” é sinônimo de "homens", confirmando nossa interpretação de Mateus. Marcos interpreta as palavras de Jesus, que lemos em Mateus, dizendo que o ensino contra o Espírito Santo constitui uma blasfêmia. Mas também esclarece que os ensinos (erros ou blasfêmias) dos filhos dos homens contra os filhos dos homens, esses serão relevados: não se revestem de extraordinária gravidade.

 

Fica, assim, esclarecido o ensinamento de Jesus, que podemos resumir em linguagem atual da seguinte maneira: "Erros, ensinos e maledicências de homens contra homens, serão relevados: mas ensinos espirituais contra Deus não no serão, nem neste ciclo evolutivo, nem no próximo: terão que ser resgatados".

 

Jerônimo, interpretando o pensamento generalizado da igreja, atribui aqui a expressão "Filho do Homem" a Jesus, e explica o texto colocando nos lábios do Mestres a seguinte paráfrase: "Quem fala contra o Filho, escandalizado por minha carne e supondo-me apenas homem - sob pretexto de que sou filho de um carpinteiro, tendo como irmãos Tiago, José e Judas - um homem que come e bebe vinho, essa opinião blasfematória, embora errada e culpável, todavia merece perdão, por causa de minha aparência" (Patrol. Lat. vol. 26. col. 81). Louis Pirot (o. c. vol. 9.º pág 160) diz que "o pecado contra o Espirito Santo é chamar diabólico ao que é divino, confundindo o princípio do bem com o princípio do mal”, exatamente como fazem muitos companheiros seus, em relação ao Espiritismo.

 

Para que conheçamos bem, sem perigo de engano, quem está ensinando certo ou errado, é-nos fornecida uma norma infalível: assim como conhecemos a árvore, boa ou má, pelos frutos que produz, também sabemos que os homens que só produzem coisas boas, são os que geralmente têm o conhecimento correto da Divindade. E a prova é dada de imediato, com uma expressão forte: "filho de víboras", prosseguindo: como pode o homem mau falar coisas boas? O homem só fala aquilo de que seu coração está cheio e transbordando. E só virão coisas boas, se o seu coração (seu tesouro) estiver repleto de coisas boas. Sendo verdadeiro também o contrário. Trata-se pois de um metro-padrão, com que podemos aquilatar os “mestres” que aparecem, perambulando pelo planeta.

 

E Jesus prossegue no mesmo tom de autoridade, afirmando que os homens encarregados do ensino serão responsáveis pelas palavras inúteis, pelo tempo perdido, no grave dever de preparar e acelerar a evolução humana. De grande interesse observar que o evangelista mede as palavras, sempre que cita as frases de Jesus. Note-se que não se fala em "ensino" inútil, mas em “palavra" (rêma) inútil. Mas que essas palavras (rêmata) inúteis não devem ser proferidas, quando cabe dar um “ensino” (lógos). Daí a severidade: quando, "o invés dos ensinos (lógoi) se proferem palavras (rêmata) inúteis, isso será objeto de peso no dia da discriminação, quando houver a separação, por sintonia e dissintonia, entre bons e maus.

 

Também aqui a interpretação de Jerônimo difere da nossa. Ele define "palavra inútil": "é a que se profere sem proveito para quem a diz e para quem a ouve, por exemplo, se, omitindo coisas sérias, falemos de coisas frívolas e narremos fábulas antigas" (Patrol. Lat. vol. 26, col. 82). Essa interpretação o defeito de apresentar extremo rigorismo, sobretudo vindo ao lado da outra afirmativa: a de que falar contra o Filho do Homem (na interpretação dele) seria um gesto relevável. A contradição é flagrante nessa interpretação: se falar contra a segunda pessoa da trindade, nada acontecerá; mas se proferir uma palavra inútil, terá que dela prestar contas! Daí deduzimos que a interpretação não é a correta.

 

Com a nossa interpretação, desaparece, também. a contradição com a palavra de Jesus em Mat. 25:31 e seguintes, onde se diz que o homem será justificado por suas obras (e não pelas palavras inúteis).

 

Compreendemos, pois, que na realidade a justificação vem pelas obras (os frutos, que classificam as árvores) e pelos ensinos, quando o tem como tarefa especifica.

 

A frase final, também severa, afirma que, pelos ensinos ministrados serão os discípulos (e os que se consideram "mestres" na Terra) declarados "justos” (dikaiôthêsêi), isto é, ajustados à sintonia do Pai (Som) ou desajustados com essa sintonia (katadikaiôthêsêi).

 

Anotemos, ainda, que neste passo encontramos, pela primeira vez em Marcos a fórmula hebraica amên(ver vol. 1). No Antigo Testamento ela aparecia sempre depois (cfr. Núm. 5:22 (2x): Deut. 27.15 a 26 (12x); 1.º Reis, 1:36: 1.º Crôn. 16:36; 2.º Esdr. 5:13; 8:6 (2x): 13:31; Tob. 9:12; 13:23; Is. 25:1: 6.5:16; Jer. 11:5; 28:6) . Nos Evangelhos a fórmula vem sempre antes da afirmativa (exceto em Luc. 24:53).

 

Nas Epístolas e no Apocalipse, também aparece sempre depois. No Evangelho de João, é sempre repetida, em duplicata: “amên, amên".

Ainda em Marcos, o versículo 30 nos esclarece que essas palavras de Jesus foram proferidas a propósito do que estudamos no capítulo anterior, quando o Mestre foi acusado de estar possuído por um espírito atrasado.

 

Quando estudarmos, alguns capítulos adiante, as invectivas contra os "mestres" – fariseus, escribas e doutores - veremos totalmente confirmada nossa interpretação.

 

Após as explicações minuciosas do texto, devemos salientar a importância atribuída ao ensino das coisas espirituais. Enquanto se exige preparo técnico e profissional comprovado para o ensino das matérias humanas, qualquer criatura se julga em condições de doutrinar nos assuntos espirituais. E, pior ainda, nas escolas que existem de formação de mestres de religiões (os seminários das religiões organizadas) o ensino de Jesus é distorcido, para adaptar-se aos dogmas criados por homens. Desse ensino, terão os responsáveis que prestar contas.

 

A advertência enquadra, com severidade, todos aqueles que, tendo recebido a iniciação (como os discípulos ali presentes) são pelo Mestre encarregados de transmiti-los aos pósteros. A honestidade da interpretação deve estar acima de todas as nossas idéias preconcebidas. Temos que ler o que está realmente escrito, mesmo que contradiga nossos pontos-de-vista anteriores, e fazer o comentário rigorosamente dentro do que está escrito, com absoluta sinceridade. E é nessa leitura honesta e nessa interpretação sincera, que vamos aprendendo sem distorções a doutrina verdadeira do Mestre sublime, os legítimos ensinos do Cristo, genuínas revelações divinas que até nós chegaram. Qualquer falsa interpretação ou contribuição de nossas convicções pessoais, assume incalculável gravidade, e dela temos responsabilidade total.

 

A primeira parte do ensino também se torna clara com a exposição feita. Palavras de homens sobre e contra homens, coisas das personagens, que não são carregadas pelo Espírito, mas permanecem na planície no planeta e são enterradas com o corpo: não têm maior importância.

Entretanto, tudo aquilo que se refira ao Espírito, quer dele parta, quer lhe diga respeito, quer contra ele vá, tudo é contabilizado; não que no mundo superior do Espírito haja contabilistas, mas porque essas coisas se fixam na memória espiritual da própria criatura, e dali só poderão ser retiradas com ações da mesma intensidade em sentido contrário, isto é, por meio de resgates cármicos futuros.

 

Há coisas que não provocam fixação. Essas não importam, são relevadas, são "deixadas ir" (aphíêmi), sejam elas pensamentos, palavras ou ações. Outras, entretanto, se impregnam de tal forma, que precisam de um resgate cármico, para que delas nos libertemos; ou atraem, por sua vibração, um choque de retorno, ou prejudicam outras criaturas, que nos vêm cobrar posteriormente o débito que com elas contraímos.

Essa a distinção entre os erros e blasfêmias dos filhos dos homens, contra os filhos dos homens, de personagens contra personagens, e os erros e blasfêmias do Espírito contra o Espírito Santo.

 

O que vale, na evolução, é a bondade intrínseca e natural, não a forçada nem a interesseira. O bem praticado por exigência da natureza da criatura, não por motivos outros, de "ganhar o céu", ou de esperar "recompensas", ou de "evitar o inferno".

 

A virtude é a força que surge espontânea nas criaturas evoluídas, quando exatamente não mais se pensa em praticar o bem: ele é produzido da mesma maneira que as ações instintivas, pela necessidade vital com que se respira. Se houver uma luta consigo mesmo, ou qualquer hesitação entre agir de um maio ou de outro. isso revela que ainda não existe virtude nem evolução, embora já se observe louvável esforço para consegui-las.

 

Exatamente por esse fruto (a bondade natural e espontânea, sem esforço nem intenções de recompensa, sem afetação nem desejo de louvor) é que podemos conhecer a "árvore".

 

Lição prática, objetiva. fácil de pôr em prática.

 

Sabedoria do Evaqngelho V

Carlos Pastorino

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar
Sexta-feira, 07 De Maio,2010

LEI DE CAUSA E EFEITO

 

Mat. 7:7-12

7. Pedi e vos será dado procurai e achareis; batei e vos será aberto;

8. Pois todo o que pede, recebe; o que procura, encontra; e a quem bate, lhe será aberto

9. Ou qual de vós homens que, se um filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?

10. E se pedir peixe lhe dará uma cobra?

11. Ora, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto vosso Pai que nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?

12. Portanto, tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o assim também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas

 

Luc. 11:5-13

5. Disse-lhes ainda: Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: “Amigo, empresta-me três pães,

6. Porque um amigo meu acaba de chegar a minha casa de uma viagem, e nada tenho que lhe oferecer"

7. E se do interior o outro lhe responder: "não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos estão deitados na cama comigo, não posso levantar-me para dar-lhos".

8. Digo-vos: embora não se levante para dar-lhos por ser seu amigo, ao menos por causa de sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães precisar.

9. E eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e achareis; batei e vos será aberto, 10. pois todo o que pede, recebe; todo o que procura, encontra; e ao que bate, lhe será aberto.

11. Qual de vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra, ou se pedir peixe, lhe dará, em vez de peixe, uma cobra?

12. Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?

13. Ora, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas vossos filhos, quanto mais vosso Pai, o do céu, dará um espírito bom aos que lho pedirem!

 

Luc. 6:31

31. Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vos também a eles.

 

Os comentadores atribuem, de modo geral, a este trecho, um sentido de "regras para a oração". Realmente, o sentido mais evidente é esse: quem se volta para Deus, pedindo algo, obtém. São uma espécie de apoftegmas que apresentam ligeiras gradações: o pedido simplesmente verbal; a procura, que supõe esforço pessoal; e o bater que exprime insistência maior. Lucas coloca essas expressões após a parábola do "amigo importuno", para confirmar qual deve ser nosso modo de proceder, quando desejamos alguma coisa. Não basta pedir ligeiramente e esquecer o pedido: é indispensável MENTALIZAR com insistência, batendo na mesma tecla com pertinaz constância, concentrando-nos no que desejamos, sem duvidar, sem hesitações, sem variações. Existem muitas obras a respeito da mentalização, revelando-nos os segredos a utilizar para obter o de que necessitamos. São de domínio público, e constituem uma realidade, no domínio do intelecto.

A parábola, em Lucas, é elucidativa. O amigo procurado não pode atender ao que pede: perturbaria o sossego da família e muito se incomodaria. Mas o solicitante insiste de tal forma, que acaba obtendo.

Diz Agostinho que devemos insistir no pedido, porque "Deus tem mais desejo de dar-nos, do que nós de receber" (plus vult dare, quam nos recipere); mas, por vezes, adia a doação, para que não se apequene pelo recebimento imediato (quod dare vult, differt, ut amplius desideres dilatum, ne vilescat cito datum. Patrol. Lat 38. 619).

Não vemos muita ligação deste trecho com a prece, pois Jesus ensina que não é pelas repetições inúteis" (Mat. 6:7) que recebemos. Haveria nisto até uma contradição. Por isso compreendemos que o trecho se refere, realmente, ao ensino da mentalização.

Vem depois alguns exemplos, que nos esclarecem que jamais receberemos coisas ruins, se mentalizarmos coisas boas. Ninguém receberá pedra, se pedir pão, nem cobra se pedir peixe, nem escorpião, se pedir ovo. Ou seja, os males que nos chegam são devidos a mentalizações errôneas de nossa parte.

Se mentalizarmos certo, recebemos do Pai que habita nos céus (em nosso interior, em nosso coração), somente coisas boas. Se os homens, maus por sua ignorância e incapacidade, não cometem essas maldades com seus filhos, como o faria o Pai, que é o Bom e o Amor absolutos e Infinitos?

Lição preciosa para nós, que vivemos a queixar-nos da vida, das doenças, das dificuldades e – apesar dessas mentalizações negativas - pretendemos que tudo nos corra com facilidades. Somos responsáveis únicos de nossos erros, e colhemos o que plantamos, pois somos exatamente o que pensamos. Somos hoje a obra de nossa mentalização de ontem, e colhemos hoje o que ontem plantamos com a nossa mente deficiente e ignorante.

A individualidade colhe outras lições ainda dessas palavras cheias de sabedoria: é a revelação da técnica da lei de causa e efeito.

De fato, essa Lei é baseada na mentalização. Julgam muitos que a Lei de causa e efeito é provocada pelos atas e pelas palavras de alguém. Entretanto, o que mais provoca a reação da Lei é o pensamento, muito mais forte que qualquer palavra ou gesto ou ato. Matéria produz matéria, espírito produz espírito: "o que nasce da carne é carne, o que nasce do espírito é espírito" (João, 3:6). Então, o carma provocado por palavras e atos é físico, mas o carma criado pelo pensamento é espiritual, inerente ao .espírito".

Sabemos, pois, que o que fazemos traz consequências agradáveis ou desagradáveis, dependendo de nossa força de pensamento na ocasião, e de sua persistência e intensidade.

Se a parábola de Lucas pode evidentemente referir-se à prece - ou melhor, aos pedidos", porque "prece" não é apenas pedir - as frase, sentenciosas que vêm a seguir têm outros sentidos, também.

Quem pede, recebe o que pede, bem ou mal. Quem procura, encontra o que busca, bem ou mal. E a quem bate, será aberta a porta que leva à alegria ou à dor, dependendo da direção de nossas batidas.

Portanto, aí se encontra a essência última da Lei de Causa e Efeito: o efeito corresponderá à causa que tivermos colocado livremente; mas o efeito não poderá ser modificado por nenhuma ação ou situação externa: colocada a causa, com livre arbítrio, virá o efeito inevitável e exatamente correspondente.

Lição oportuníssima para a individualidade, responsável pelos pensamentos: tudo o que esta inculcar à personalidade, voltará como sofrimentos para o "espírito", na mesma existência ou em vidas posteriores.

A personalidade talvez não colha os resultados, pois em vida posterior já não mais existe; mas o "espírito" é sempre o mesmo, e portanto o sofrimento o colherá em cheio, não podendo escapar do que haja plantado - a não ser que suba de plano. pela evolução.

 

SABEDORIA DO EVANGELHO

Carlos Pastorino

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
link do post | comentar
Domingo, 11 De Abril,2010

ANJOS E DEMÔNIOS

       “Daimonion”e“daimon”, palavras gregas correspondentes hoje ao ariman (mal), oposto de Mazda (Deus), de Zoroastro. Inicialmente, elas designavam alma e guia. Sócrates era protegido por seu demônio (anjo da guarda).
         Diabo (Grego“diabolos”) e satanás (Hebraico“satã) significam adversários, coisas do nosso ego, não sendo, pois, espíritos. Jesus chamou Pedro de satanás, e Judas de diabo. Pedro, porque não queria a sua morte, e Judas, justamente porque ajudou a tramá-la. Lúcifer (Grego “eosforos”, porta-luz) também não é espírito. E foi traduzido por São Jerônimo para o Latim da Vulgata por “lucis” (de luz) e “ferre” (transporta), “porta-luz.. Mas se trata de metáfora, e tem a conotação de nossa inteligência e também de aurora. Assim, na verdade, Cristo é que é o nosso Lúcifer, o nosso Porta-Luz! Dão também a Lúcifer e ao diabo o nome de serpente, que simboliza, igualmente, a inteligência. “Sede mansos como as pombas, mas prudentes (inteligentes) como as serpentes”. O que tentou Eva foi, pois, a sua inteligência, e não uma serpente. E Jesus tirou das pessoas demônios, mas nunca tirou satanás, diabo, satã, lúcifer e serpente de ninguém! A Árvore do “Conhecimento do Bem e do Mal” simboliza também a inteligência. Só que o conhecimento é causa e não conseqüência do pecado. A palavra Adão vem do Sânscrito: “adi” (primeiro) e “Ahan” (ego), ou seja, o homem do primeiro ego, depois que adquiriu sua inteligência. E é o ego que gerou o orgulho (desobediência) do primeiro casal bíblico.
          Até os autores bíblicos fizeram uma confusão dos diabos com a história dos diabos. Confundiram a chamada queda dos anjos com a do homem. Anjo não peca! E Jesus disse que o diabo é homicida e pai da mentira, desde o início. Seja espírito ou o nosso ego, deve haver subida (evolução) e não queda! “Deus cria a luz e as trevas” (Isaias 45, 7). “Quando um ímpio maldiz seu adversário (diabo), é a si mesmo que maldiz.” (Eclesiástico ou Sirácida 21, 27). E a confusão não é só bíblica. Platão concluiu que o mundo é uma mistura (meixis)! Dante e Milton quase fizeram dos demônios deuses do mal. “Todas as coisas procedem de Deus” (Stº Agostinho). “Sine diabolo nullus Dominus” (“Sem o diabo, não existe Deus”, autor ignorado). “Deus teria usado até mesmo o diabo para a criação do supremo bem” (Stº Tomás de Aquino). “Abraxas gerou a verdade e a mentira” (Jung, “Sete Sermões aos Mortos”). “O mal é um preço a ser pago por um cosmo não-estático” ( Stº Tomás de Aquino). “O diabo é a personificação do mal” (Kant). E a Igreja Ortodoxa Oriental, Orígenes, Teilhard de Chardin e o escritor italiano Giovanni Papini crêem que os demônios converter-se-ão a Deus. E como disse Helena Blavastky, as trevas, quanto maiores, mais brilha a luz!
          E por que os demônios, que são espíritos humanos atrasados, não evoluiriam, se Jesus foi pregar para eles no inferno, e se só Deus, que é amor, teria condições de mantê-los na eternidade do erro?

Autor de “A Face Oculta das Religiões” (Ed. Martin Claret) ,
entre outros livros. E-mail: escritorchaves@ig.com.br
tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 21:13
link do post | comentar

A REENCARNAÇÃO E AS PENAS ETERNAS


Confesso que a Bíblia é para mim um livro de inestimável valor, mas que não é literalmente, como dizem, a palavra de Deus, pois os erros que ela contém constituem prova provada de que ela não o é.


E a reencarnação aparece na Bíblia com o nome de ressurreição, que é do espírito e não da carne (são Mateus 16,13 e 14; 17,13; 11,14; são Lucas, 1,17; 1 Coríntios 15,44; 15,50; são João 6,63; Eclesiastes 12,7; Sabedoria 8, 19 e 20; Jó 8,9; e Salmo 104,29).  As chamadas penas eternas não são intermináveis, mas apenas de duração indefinida.E o espírito ressuscita ora no mundo espiritual, ora na carne (reencarnação).


O termo bíblico hebraico “ôlam”, do verbo “âlam” (ocultar), traduzido por eterno, quer dizer oculto, de duração desconhecida. Também o adjetivo grego “aiônios” e o latino “eternus”, eterno em português, significam um período longo, mas não sem fim. Se eterno nas penas bíblicas tivesse o sentido de um tempo sem fim, como muitos leitores da Bíblia ainda hoje entendem, nela deveria estar empregada a palavra grega “aidios” (para sempre) e, em latim, “sempiternus (para sempre). Também os substantivos grego “aêon” e latino “eternitas” significam eternidade, que, como vimos, é um tempo indefinido, e não é uma só. Por isso se diz “as eternidades”. “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade a eternidade” (Salmo 106,48). Ademais, o verbo latino “castigare” (castigar), a cuja raiz pertencem castigo e castidade, tem o sentido de podar, purificar. Pena é, pois, poda ou purificação, o que jamais poderia ser para todo o sempre, e visa a regeneração (nosso livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, EBM Ed., São Paulo).


As penas sem fim e sem nossa regeneração são mitológicas, e parecem-nos próprias do Deus do Velho Testamento. Já a lei cármica reencarnacionista de Jesus, que dá a cada um segundo suas obras e que permite a nossa recuperação, é própria do nosso Deus Pai de amor!

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 05:10
link do post | comentar

A FÉ É A ÚNICA CHAMA QUE NÃO SE APAGA NUNCA

A FÉ É A ÚNICA CHAMA QUE NÃO SE APAGA NUNCA

 

EM LEMBRANÇA AOS 110 ANOS DO DESENCARNE DE

ADOLFO BEZERRA DE MENEZES CAVALCANTI,

OCORRIDA EM 11 DE ABRIL DE 1900, ÀS 11h30min.

 

 

 

 

Bezerra de Menezes

 

Diante de um jardim belo, coberto de roseiras perfumadas, o dono do jardim as espera florescer. Não pensa na quantidade enorme de espinhos que seu tronco possui, toma cuidado com eles, mas espera o florir das rosas. Quando uma única rosa brota, enfeitando toda aquela roseira cheia de espinhos, o dono do jardim olha, avidamente, outros que podem surgir, sabendo que serão rosas a enfeitar amanhã.

Nós trazemos cravados na alma muitos espinhos do ontem, mas somos rosas, na essência sublime de Deus; nós também vamos florir em alegria. Se essas alegrias são poucas e as dores são muitas, alegrias aconteceram em nossas vidas e alegrias acontecerão sempre. Mesmo que sejam momentos, dias, algum tempo, mas como as roseiras, o sorriso brota, a paz chega e nós nos transformamos num canteirinho de paz.

Mas, existe o tempo, às vezes longo, em que só permanecem espinhos, o vendaval da dor assola e as pétalas de nossas esperanças, de nossas alegrias, caem pelo chão. Mas, não devemos nos esquecer de que essas pétalas caídas serão adubo amanhã. Esse adubo precioso que mantém nosso espírito vivo, que mantém a roseira forte, que mantém a possibilidade de ela florir.

Nós trazemos muitos compromissos assumidos de vidas passadas, não podemos deixar que o desânimo, a tristeza, a desesperança nos domine. Porque só receberemos, realmente, um auxílio completo, à medida em que tivermos total confiança no alto. Aí sim, será possível Jesus nos estender as mãos e nós, desse amor imenso, desse grande médico de Deus que foi o mestre, recebermos a ajuda de que precisamos, lembrando de que toda a dor é cura para nossos corações, que toda separação é prognóstico de união, que todas as experiências são bênçãos preciosas que amealhamos no espírito.

Por isso, mantenham a chama da fé sempre acesa. A fé é a única chama que não se apaga nunca.

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 04:53
link do post | comentar
Sexta-feira, 09 De Abril,2010

O ESPIRITISMO E O PROGRESSO DA HUMANIDADE

"Entrevista com Raul Teixeira"

Médium de Niterói, Rio de Janeiro

 

1 - O Espiritismo é uma doutrina milenarista? Há algo de especial na virada do calendário para o próximo milênio?
(Goiânia - GO, fev./1997)

 

Raul - Por suas características, o Espiritismo não se mostra como uma doutrina milenarista. Sua proposta pretende ser perene, relativamente ao estado da alma terrestre.

A virada do calendário representará tão somente a continuação das peripécias das sociedades terrenas. Em cada período teremos sempre a colheita do que se fez no período anterior, ao mesmo tempo que se estará fazendo a sementeira do que se colherá mais á frente.
Nada de espetaculoso. Nada de sobrenatural. Nada que não corresponda aos passos naturais da criatura humana.

 

2 - Noticia-se que está acontecendo com a Terra o que aconteceu com Capela no passado. Para onde estarão indo ou irão os nossos degredados? O que fazer para não sermos um deles?
(Goiânia -GO, fev./1997)


Raul -
O que conseguimos acompanhar, pelo que informam os Nobres Benfeitores, é que o nosso planeta vem atingindo um estágio de mais profundas transformações, tanto em termos geológicos, com as acomodações telúricas necessárias, quanto em termos espirituais, em função da marcha em que nos encontramos sobre sua crosta.

Certamente, em função de termos informações por via mediúnica, desse distanciado planeta vinculado à estrela Capela, que teria, em dado momento de sua evolução, vivido experiências do nível das que estamos vivendo na Terra, tudo nos leva a fazer paralelos, comparações, etc...
Como nos informou Jesus Cristo que "na casa de meu pai há muitas moradas ", conforme se lê no texto do Evangelista João, 14:1-3, temos uma única certeza: o nosso alocamento em qualquer outra "casa sideral" diferente da atual, onde nos ajustemos às realidades com as quais ainda nos identificamos, quando não nos seja possível acompanhar as transformações iminentes da nossa morada terrena.
Importante considerar, na eloqüente nota que Allan Kardec ajunta à questão 789 de O Livro dos Espíritos, a seguinte explanação: “Quando todos os povos estiverem no mesmo nível quanto ao sentimento do bem, a Terra só abrigará bons Espíritos, que viverão em união fraterna. ·Os maus, tendo sido repelidos e deslocados, irão procurar nos mundos inferiores o meio que lhes convêm, até que se tornem dignos de voltar ao nosso meio, transformados”:

" Parece-nos, então, que o que nos cabe fazer, para merecermos permanecer na Terra feliz do futuro, é manter o passo na trilha dos próprios deveres, vivendo com dignidade e propósitos no bem, sem espetáculos de "santice", francamente despropositados, mas com o objetivo honesto de lutar contra as nossas inclinações inferiores.



3 - Este século assistiu a duas guerras mundiais e a mudanças vertiginosas na vida social. O que ainda nos espera? Haverá catástrofes, como muitos predizem?

(Goiânia - GO, fev./1997)


Raul -
Os Espíritos do Senhor, que nos trouxeram a Codificação Espírita, não são alarmistas.

Não anunciam catástrofes que o nosso livre-arbítrio não possa conjurar, uma vez que o ensino do Cristo garante que "a cada um será dado conforme suas obras".

Esclarece-nos O Livro dos Espíritos que a predominância da natureza animal sobre a espiritual, junto à satisfação das paixões, é o que motiva a guerra(2)...

Então, podemos admitir que o que nos leva à guerra é a ação sempre nefasta do egoísmo.

Quanto mais trabalharmos no sentido de transformar esse vício, fazendo desenvolver-se em nós o altruísmo, como oposição natural, mais iremos nos situando em níveis morais de tal ordem que já não estaremos sujeitos a perecer apanhados nas malhas dos fenômenos planetários, que costumam tornar-se flagelos destruidores.

Muitíssimo válida é a reflexão da comunidade espírita em torno do fato de que estamos reencarnados num planeta, em fase tal de estabilização cósmica, com seus movimentos sísmicos, climáticos, etc.., que ficamos sujeitos aos seus variados movimentos naturais, ao mesmo tempo que esses mesmos fenômenos, quando nos alcançam, permitem-nos resgates de diversa monta e acertos com as leis reequilibradoras da vida sideral. Por suas características próprias, a Terra não nos pode oferecer a felicidade perfeita, exatamente pelo fato de que ainda não conquistamos o devido mérito(3). Quanto às chamadas catástrofes, essas sempre existiram e continuarão a existir, podendo, em dada ocasião, levar em sua voragem incontáveis criaturas que estejam na faixa das necessidades expiatórias, via sofrimento.

1 - Mt. 16:27

2 - KARDEC Allan. O livro dos espíritos, perg. 742

3 - Idem, perg. 920



4 - A humanidade passa, atualmente, por uma crise sem precedentes. As instituições humanas parecem estar em fase de desestruturação e a vivência ético-moral vai cedendo lugar a comportamentos levianos e irresponsáveis. Qual a visão espírita desse processo?

(Jornal Oásis, Vitória da Conquista - BA, maio/1996)


Raul -
Os ensinamentos da Doutrina Espírita nos levam à compreensão de que estamos vivendo na Terra situações que caracterizam os estertores derradeiros de uma fase complexa, qual a de provas e expiações.

Fazendo parte do grupo dos espíritos imperfeitos, portadores de incontáveis perturbações, é compreensível que soframos o ricochete desses tempos difíceis, muito embora o desejo de grande número de criaturas de ajustar-se nos projetos felizes de Jesus Cristo no mundo.
O Espiritismo vem permitir que se torne possível esse ajustamento, pela lucidez que empresta ao nosso entendimento, pela clareza que permite à nossa visão.

Essas são as épocas preditas por Jesus em suas expressões relativas ao final dos tempos.

Esses são os tempos da "separação do joio do trigo" ou da "separação dos bodes das ovelhas", querendo dizer que vivemos situações que, de fato, avaliam a nossa disposição de libertar-nos das densas sombras que pairam sobre o planeta.




5 - Qual a principal mensagem espírita?

(Divinópolis - MG, maio/1995)


Raul -
A mais excelente mensagem espírita se configura na proposta de renovação espiritual da pessoa humana.

Para o Espiritismo, o fenômeno mais importante que se pode dar com o indivíduo é o do seu progresso para Deus, o que se opera mediante o desenvolvimento intelectual, a fim de que conheça as leis que regem o nosso universo material, e o desenvolvimento moral, que se caracteriza pelo devido cumprimento das leis morais, ou seja, aquelas que regem a vida da alma.


6 - Como poderemos ter certeza de que a futuro será melhor; do ponto de vista social, do que o presente?

(Goiânia - GO, fev./1997)


Raul -
Quando, em O Livro dos Espíritos, no item 800, o Codificador Allan Kardec perguntou aos Guias da Humanidade: "Não é de temer que o Espiritismo não consiga vencei-a indiferença dos homens e o seu apego ás coisas materiais? ", os Nobres Espíritos foram muito claros ao responder-lhe que somente quem conhecesse bem pouco os seres humanos poderia supor que eles se transformam como por encanto.

Asseveraram esses Guias que as idéias se modificam pouco a pouco, com a modificação dos indivíduos, e que são necessárias algumas gerações, para que os resquícios dos velhos costumes se apaguem.
Não podemos ter dúvidas quanto a essa melhoria das condições gerais da sociedade, partindo das considerações que já fizemos, referentes ao fato de o mundo moral terrestre estar melhorando gradualmente, a fim de alcançar os fins assinalados pela Divindade, que são o nosso efetivo e esférico progresso.

Apoiados no que disseram os Nobres Espíritos a Kardec, admitimos que só os que sofrem de ansiedade imediatista ou os pessimistas por sistema poderão supor que os tempos porvindouros serão piores que os atuais.



7 - O que pensar das profecias de que tanto se comenta, como as de Nostradamus? Como distinguir, nesse campo, as revelações verdadeiras das mistificações?

(Goiânia -GO, fev./1997)


Raul -
Em todos os tempos do mundo, houve aqueles que, dotados de uma particular aptidão psíquica, lograram sintonizar com freqüências onde estavam "inscritas" as epopéias ou episódios diários de variadas sociedades ou mesmo da humanidade.

Essa possibilidade decorre do fato de que, a partir do ponto em que os indivíduos ou grupos humanos operam ações importantes, ou de certa gravidade, nos campos das próprias vidas, acionam a conhecida "roda do carma", passando a inscrever-se nesse ou naquele trilho de ocorrências, o que se dava com esses profetas é que eles "captavam", "liam", "decodificavam" esses registros, que as diversas formas de energia "imprimiam" nessa tela cósmica, dando-lhes interpretações que correspondiam a sua cultura, a sua maturidade intelectual e/ou a suas experiências religiosas, o que tornava sempre muito vulnerável a veracidade de tais comunicações.

Dentro do que propõe o Espiritismo, será sempre indispensável que utilizemos o bom senso, sempre que estejamos diante de questões dessa ordem.

Partindo do entendimento de que os Nobres Espíritos nunca têm o objetivo de amedrontar, de impor pelo pavor, de nos dobrar à força, mas, ao contrário, estão sempre dispostos a sugerir, a orientar, a propor sem nada exigir, teremos material bastante considerável para verificar se tal ou qual "profeta', "médium", ou qualquer outro nome que desejemos dar, está trazendo ou não uma mensagem coerente, uma mensagem de Deus.

Parafraseando a proposta do Evangelista João, quando nos sugeriu não crer em todos os espíritos, mas verificar, antes, se eles são de Deus, dizemos: não creiamos em todos os "profetas", mas certifiquemo-nos, antes, se eles são coerentes com o bem e com a lucidez, e não marcados por lamentável exotismo e desejo neurótico de exibição.

8 - Coma deve o homem agir para não mergulhar nessa onda de pessimismo que assola a nossa sociedade?

(Diário de Votuporanga, Votuporanga -SP. março/1995)


Raul -
Ser atencioso para com os ensinamentos do Mestre Jesus, que é o Modelo e Guia para todos nós, registrando no intimo de si mesmo os fortes elementos do "Sermão da Montanha", analisando com lucidez, com maturidade, as observações do Espírito da Verdade, ao longo de toda a Codificação Espírita, no caso de ser esse homem um homem espírita.

Enquanto não nos dermos conta de que "é preciso que o mal atinja o excesso, a fim de que os homens se interessem pelo bem e pelas reformas", estaremos mergulhando em continuadas ondas de pessimismo, sem divisar soluções á frente. Voltemos ao Amigo Jesus, ao propor-nos: "Tende bom ânimo E tudo nos irá falando, então, de esperança de tempos melhores para todos.


9 - As dificuldades econômicas, o crescimento da violência e a descrença do povo dos sistemas políticos em nível mundial; as seitas fanáticas que pregam a desordem, o orgulho,- o adultério e outras chagas morais tão difundidas corno moda pelas mídias, tudo isso deixa claro que há urna crescente doença moral na Humanidade. Diante disso, como você acredita que se dará a passagem da Terra para o mundo de regeneração?

(A Voz do Espírito, S.J. do Rio Preto -SP, 1996)


Raul -
Essa passagem já está ocorrendo, há muito tempo no mundo, consoante informam generosos Benfeitores do Invisível.

O mundo de regeneração não surgirá de inopino, como se fosse uma explosão. Advirá, pouco a pouco, como se, da intensa escuridão da noite, víssemos o raiar de formoso dia, sem podermos estabelecer os limites de onde termina uma e começa o outro. (Do livro Atualidade do Pensamento Espírita)

Fonte: Colônia Espírita Nosso Lar

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:39
link do post | comentar
Quinta-feira, 08 De Abril,2010

NÃO MATARÁS

 

Diante da constância com que a morte é apresentada nos veículos de comunicação de massa, na maioria das vezes de forma violenta, como guerras, assassinatos e suicídios, o ser humano vem-se acostumando com a rotina e passa, gradativamente, a considerar normal o fato de se pretender eliminar a vida de seu semelhante ou mesmo a sua, por qualquer motivo.

Puro engano. A visão materialista da vida leva a essa postura, mas não representa a realidade.

Ao destruir o corpo físico, acredita-se que o Ser é eliminado. Na verdade o Ser, mesmo, não se destrói: é Espírito imortal, indestrutível. E toda violência contra a vida retorna sempre de forma dolorosa àquele que a praticou: seja através de perseguições obsessivas das vítimas, nos casos de assassinatos; seja através de profundos sofrimentos auto-aplicados, nos casos de suicídio; seja pelos dramas de consciência decorrentes do desrespeito à Lei de Deus.

Não é sem razão que a Providência Divina, há quatro mil anos, através dos Dez Mandamentos, vem alertando o homem de forma inquestionável: Não matarás!

Os sábios da Antiguidade já observavam quanto à necessidade de o homem conhecer-se a si mesmo. E a ciência humana, hoje, já vem constatando que o homem é um Espírito imortal que viveu inúmeras reencarnações.

Tentar destruir o próximo ou a si mesmo é um erro de graves conseqüências, que retarda por séculos o progresso humano, retardando, conseqüentemente, o recebimento dos benefícios que ele a todos traz.

Assim, a única alternativa sensata que nos resta, em qualquer situação mais dolorosa com que a vida se nos apresenta, é aceitar os desafios de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, procurando desenvolver as virtudes ainda incipientes que existem em nós e conquistar os conhecimentos que ainda não adquirimos.

Numa época em que a violência é promovida pela invigilância, todos buscam paz. A paz, porém, não se encontra pronta, nos ensina Jesus; é necessário construí-la no nosso dia-a-dia, vivenciando os ensinos do Evangelho.

Divulgar, pois, a Doutrina Espírita, esclarecedora do que somos, de onde viemos, para onde vamos e quanto nos cabe fazer para bem atender ao objetivo da existência terrena, é a caridade maior que devemos praticar, pois liberta o ser humano de muitos enganos comprometedores da sua existência, mostrando a vida como manifestação do amor de Deus, que não delegou a ninguém o direito de eliminá-la.

Construamos a Paz, preservando a Vida e promovendo o Bem!

 

Transcrito do Reformador de Setembro.03

 

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:38
link do post | comentar
Quarta-feira, 07 De Abril,2010

ADVERSÁRIOS

Ninguém, na Terra, que esteja indene à vigilante presença deles.

Transitam pelo caminho de todos, inspecionando as imperfeições alheias e fazendo exigências, acoimados por sentimentos torpes, em faina de desforço contínuo de que não se saciam nunca.

Sorriem, alguns, dissimulando reações contraditórias de animosidade, que os atormenta. Parceiros de folguedos ou de atividades, constituem premente aflição que estruge a cada passo em bem urdido programa ou precipitados revides de idiossincrasia que não conseguem superar.

A grande maioria ignora a razão por que se fazem adversários - como se razão alguma houvesse ou justificasse o culto da inimizade.

Simplesmente se deixam afetar pelos sentimentos inferiores e intoxicam-se pelos vapores que procedem das fixações mentais enfermiças com que se acreditam realizados emocionalmente.

Porque alguém logre determinadas metas que eles não conseguiram, derrapam nas vias da insensatez, que faculta a vigência da inveja e do despeito, investindo, em desalinho, na condição de sicários impiedosos.

Sob a injunção de problemas íntimos que dão origem a complexos negativos e recalques pessimistas, supõem-se traídos, subestimados, enveredando pelos difíceis caminhos da ira, que fomenta a rebeldia, traduzindo-se como rudes opositores.

Não desejando oferecer as necessárias quão preciosas quotas de sacrifício e abnegação que outros se concedem para as lutas do quotidiano, deslizam pelo ciúme até o bordo da antipatia, revelando-se verazes censores e perseguidores sistemáticos.

A mágoa que se permitem conservar algumas pessoas, anestesiadas nos centros do discernimento pela presunção, convertem-nas em problemas para o próximo, vitalizando as paixões subalternas que as transformam em singulares desafetos ...

... Sempre se podem encontrar motivos para opor-se a outrem. Falsos argumentos de que se utiliza a fraqueza moral, para dar vazão às próprias imperfeições que transfere para o próximo, face à falta de coragem para enfrentar-se e corrigir-se, adquirindo valores para a própria ascensão, de cujo elevado posto as perspectivas mudam de configuração, assumindo os seus aspectos reais.

A visão das baixadas é limitada pelos horizontes estreitos, quanto os exames e considerações em torno das atitudes alheias, se apresentam com as cores das lentes com que são observadas ...

Os idealistas de todos os portes sofreram na face o pesado guante que lhes foi atirado.

Os heróis de todo cometimento experimentaram a agudeza das suas lanças e as suas múltiplas farpas.

Os santos e os apóstolos de todos os matizes foram afligidos pelo zurzir do látego e dos doestos deles.

Os missionários da Ciência e os sacerdotes do saber estiveram sob a alça-de-mira das suas armas e não poucos expiaram nos suplícios infames que lhes impuseram.

Se te alças à glória da redenção pelo amor ou se desces à sombra para o auxílio, não te concederão trégua, porquanto preferem o parasitismo e a inutilidade em que se detêm.

A ação do bem incomoda-os.

Isto porque ainda predominam no homem as heranças inferiores das faixas primevas de onde procede ...

Pensam esses acratas que é mais fácil perseguir e inquietar do que apaziguar e erguer.

Não sabem o que fazem, ou preferem, por enquanto, não sabê-lo.

Pululam entre os encarnados e estão presentes além da forma física, prosseguindo na nefanda irrisão e fantasia inditosa a que se renderam, infantis.

Todos lhes sofrem as investidas.

São, no entanto, benfeitores indiretos, se conseguires aproveitá-los.

Sem o saberem auxiliar-te-ão no descobrimento das falhas morais que deves corrigir; chamar-te-ão a atenção para gravames que afeiam a tua conduta; apontar-te-ão debilidades do caráter e senões do comportamento de que ainda não te deste conta; dir-te-ão com acrimônia as incidências cometidas neste ou naquele erro e que te passaram despercebidas; impor-te-ão exercícios de paciência e renúncia, exprobrando-te equívocos irrelevantes e enganos de pequena monta; exigir-te-ão austeridade no exemplo e otimismo no proceder, concitando-te à humildade ... Exagerarão nos informes infelizes e não te darão repouso nem trégua ... Com isto te libertarás deles.

O importante é não ser adversário de ninguém, perseguidor de pessoa alguma, mergulhando no imo a fim de extirpar os reais inimigos da paz, que residem no cerne de cada criatura, onde proliferam, e enfrentar as refregas, resistindo a não poucos embates, até a vitória ...

Quando alguém reage, revidando contra o agressor, passa a sintonizar com ele, mantendo ambos estreita e perniciosa interdependência psíquica, em desditoso comércio mental de ódio dissolvente, que termina por subjugá-los sem reversão.

O esforço exigido, sem dúvida, será contínuo, porquanto esses antagonistas Íntimos nascem e renascem, multiplicando-se facilmente nos porões da alma.

Por tal razão, recomendou o Senhor a oração e a vigilância a fim de que o homem supere as tentações.

Nessa luta sem quartel muitas dores se somarão, advindo, posteriormente, a saúde total e a total alegria da paz.

Para esse tentam e, esforça-te por disciplinar o caráter, fixando hábitos salutares e realizações abençoadas.

Transformarás os inimigos que te criam dificuldades, a pouco e pouco, pelo exemplo de fé, amor e caridade, em auxiliares do teu progresso, e, quiçá, em verdadeiros irmãos do trabalho, se te dispuseres a não revidar o mal com o mal seja em atos ou em pensamentos, amando-os e considerando-os amigos enfermos aos quais deves ajudar para a tua e a felicidade deles.

Joanna de Ângelis
tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:51
link do post | comentar

O QUE É CARMA?

"KARDEC NUNCA ESCREVEU SOBRE CARMA"
(PARA O KARDECISTA, É A LEI DE CAUSA E EFEITO)

 

O oriente medita há milênios sobre o sofrimento. Tempo suficiente para surgirem superstições sobre o carma. Muitos espíritas, importando esse termo da Ìndia, incorporaram também equívocos e crendices populares. Conheça a interpretação espírita da justiça divina e das causas do sofrimento.

Pode parecer estranho, mas Allan Kardec jamais mencionou a palavra CARMA em seus livros, nem mesmo nas páginas da Revista Espírita, periódico mensal que editou por dez anos e utilizou para ensaio e pesquisa da Doutrina Espírita. Há algumas décadas, o carma começou a ser utilizado no movimento espírita brasileiro por influência das religiões orientais e de doutrinas esotéricas ocidentais como a Teosofia, criada em 1875 por H. P. Blavatsky.

Há milhares de anos o homem tenta entender a origem do sofrimento e das desigualdades da vida humana. Pobreza, doença, morte prematura e deficiências físicas assustam, geram dúvidas e abrem espaço para meditações filosóficas, científicas e religiosas. Foi inspirado por essas questões que um dos mais antigos povos da Terra, o indiano, criou os conceitos em torno do carma e da reencarnação. Mas a história religiosa da Índia conta milhares de anos, tempo suficiente para surgirem idéias discordantes sobre o tema, e até interpretações equivocadas dos conceitos filosóficos. Alguns indianos evitam auxiliar um faminto que lhe pede um pão para não atrapalhar os compromissos cármicos daquela criatura. Outros se afastam da família, abandonam sua vida social e erram pelas florestas com o objetivo de se livrar do ciclo de reencarnações e dos sofrimentos. Há quem acredite no castigo voluntário para pagar suas dívidas cármicas e mortificam seus corpos, deixam as unhas ou cabelos crescerem até proporções monstruosas, enterram-se por dias.

No Brasil, junto com a apropriação do carma, muitos espíritas incorporaram também conceitos equivocados desse termo decorrentes de interpretações populares e suupersticiosas das filosofias orientais, entrando em contradição com a proposta evolutiva, libertária e fraterna do Espiritismo.

 

"ENQUANTO NO CONCEITO POPULAR DO CARMA,
A CAUSA DO SOFRIMENTO ESTÁ NAS AÇÕES DO
PASSADO, NA DOUTRINA ESPÍRITA A CAUSA DO
SOFRIMENTO ESTÁ NAS IMPERFEIÇÕES DO ESPÍRITO".

 

Os conceitos espíritas - como a reencarnação - são antigos como o mundo, e é por isso que os encontramos por toda parte. Isso porque "o espírito encarnado, conservando a intuição do seu estado de Espírito, tem a consciência instintiva do mundo invisível. Mas quase sempre ela é faiscada pelos preconceitos, e a ignorãncia mistura a ela a superstição, explicam os Espíritos no livro homônimo. (...)

 

 Revista Universo Espírita

tags:
publicado por SÉRGIO RIBEIRO às 01:48
link do post | comentar

mais sobre mim

pesquisar

 

Novembro 2011

D
S
T
Q
Q
S
S
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

últ. comentários

  • Também não gosto dessas igrejas evangélicas (prote...
  • Este texto bonito. escrever é uma terapia natural ...

blogs SAPO


Universidade de Aveiro